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AS MUTAÇÕES URBANAS DE CAMPINAS: DELINEAMENTO DO FENÔMENO

Campinas é a terceira cidade mais populosa do estado de São Paulo, com população estimada para 2018 de 1.194.094 habitantes1. É sede da Região Metropolitana de Campinas (RMC), umas das mais novas do Brasil, que surgiu no despontar da globalização técnica-científica-informacional na década de 1980 (SILVA NETO, 2008), ou seja, imersa no ideal de fluidez do território. Na sua região periférica, a urbanização é fragmentada, dispersa e potencializada pelos eixos rodoviários (REIS, 2006; MARANDOLA JR., 2008; PIRES, 2007, BENFATTI et al., 2011). É uma cidade com uma ampla malha rodoviária que compõe um extenso anel viário que circunda todo seu perímetro urbano (Figura 9).

Esse capítulo tem o objetivo de analisar a cidade de Campinas através das categorias de Solà-Morales (2002), identificando áreas que possam ser entendidas como mutações urbanas. Para isso, o capítulo é divido em cinco tópicos, que seguem as categorias analíticas: Fluxos, Terras Vagas, Contenedores, Habitações e Mutações Urbanas. Nesses tópicos são apresentados e analisados os resultados da coleta de dados.

4.1. FLUXOS

A categoria ‘Fluxos’ é a base para a formação das mutações, a forma do movimento das pessoas, bens e informação. Aqui foram analisados os fluxos materiais compostos pelas malhas ferroviária (os trechos ainda existentes) e rodoviária, bem como os seus principais pontos de intercâmbios: os terminais rodoviários e aeroportos (Figura9). A malha ferroviária de Campinas é composta por três principais linhas das antigas companhias de estradas de ferro Mogiana, Sorocabana e Paulista, que cortam o município de norte a sul e de leste a oeste. Poucos trechos dessa malha ainda estão em uso, os demais estão abandonados ou já foram incorporados ao tecido urbano, com outros usos. Já a malha rodoviária é extensa e é composta por 10 rodovias, sendo que quatro delas formam um anel rodoviário que circunda toda a região central e seus bairros periféricos (rodovias Dom Pedro I, José Roberto Magalhães Teixeira, Adalberto Panzan e a rodovia dos Bandeirantes).

Campinas possui dois aeroportos, o Aeroporto Internacional de Viracopos, localizado na região sudoeste da cidade de Campinas, na beira da rodovia Santos Dumont, e o Aeroporto Campo dos Amarais, localizado na região noroeste, na beira da rodovia Dom Pedro I. O primeiro aeroporto é um dos principais do Brasil, com voos nacionais e internacionais, já o segundo é um pequeno aeroporto destinado à pequenas aeronaves, táxi aéreo e treinamento para pilotos. No quesito terminais rodoviários, a cidade possui uma rodoviária intermunicipal, o Terminal Multimodal Ramos de Azevedo, localizado no bairro Vila Industrial, na região centro-sul de Campinas, e onze terminais urbanos, sendo dois na região central (terminais Central e Mercadão), um no distrito de Barão Geraldo (terminal Barão Geraldo), dois nos maiores shopping centers (terminais Iguatemi e Dom Pedro) e seis terminais em bairros periféricos de baixa renda (terminais Padre Anchieta, Vila União, Ouro Verde, Campo Grande, Itajaí e Vida Nova).

4.2. TERRAS VAGAS

Campinas é uma cidade relativamente nova, com 243 anos, e apresenta poucas áreas que podem ser categorizadas como terras vagas. O objetivo de localizar essas áreas é situá-las na cidade e entender se existe alguma relação de proximidade com as outras categorias, e não sugerir sua intervenção ou transformação. A pesquisa localizou quatro áreas com essas características, que estão abandonadas ou parcialmente abandonadas, e que possuem um legado histórico para a cidade (Figura10).

Duas delas são heranças do período cafeeiro de Campinas e compunham a malha ferroviária da cidade, desativada devido à decadência da economia do café e o crescente investimento no transporte rodoviário. O Complexo Ferroviário da Companhia Mogiana está localizado no atual bairro do Guanabara, próximo ao centro da cidade, e foi inaugurado em 1894 e desativado em 1982 (Santos & Oliveira, 2015). A área e todos seus edifícios foram tombados pelo CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) em 2004. Atualmente, a estação tem sido usada como Centro Cultural de Inclusão e Integração Cultural (CIS – Guanabara), os demais edifícios e o pátio ferroviário permanecem sem uso. Já o Complexo Ferroviário da Companhia Paulista, Estação Central, localizado no centro de Campinas, foi inaugurado em 1872 e desativado em 2001 (Pozzer, 2005). A área e todos seus edifícios foram tombados pelo CONDEPACC em 1982. Hoje o edifício da estação abriga o Centro Cultural Prefeito Antônio da Costa Santos, vários edifícios e parte do pátio ferroviário permanecem sem uso, entretanto a linha férrea ainda é utilizada para passagem de trens de carga.

As outras duas são heranças do período da industrialização de Campinas (Donadon, 2009). Na Vila Industrial estão localizados os edifícios remanescentes dos curtumes Cantúsio e Firmino Costa, inaugurados em 1911 e 1915 respectivamente, que margeavam a linha de trem da Companhia Sorocabana. Os curtumes foram totalmente desativados na década de 1990 e, apesar do tombamento dos edifícios que compunham o curtume Cantúsio, permanecem abandonados e num estágio de degradação avançado. No bairro Swift está localizado o último resquício industrial do local, parte da antiga fábrica de ração Anhanguera, que margeava a linha de trem da Companhia Paulista. A fábrica foi desativada em 2005, e parte do seu terreno já foi cedido ao mercado imobiliário, assim como as demais áreas industriais que existiam no seu entorno. O que resta dessa fábrica está abandonado.

Figura 9. Mapa com a localização dos fluxos visíveis e suas principais infraestruturas.

4.3. CONTENEDORES

Foram encontrados quatro tipos de contenedores. O principal é o shopping center, que será analisado de forma mais profunda nesse tópico. Os demais - Grandes Lojas e Hipermercados, Mall e Condomínios Comerciais / Industriais - serão descritos aqui, porém suas quantificações e análises espaciais serão feitas no tópico Mutações Urbanas em Campinas, focado nas áreas de estudo.

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