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A NEXO A: D ADOS G ERAIS DOS P ARTICIPANTES

1) O primeiro participante, é uma criança do sexo masculino, com 10 anos de idade, no 5º ano de escolaridade a residir nos arredores de Lisboa com os pais e com a irmã. Esta criança manifestou um período de gaguez por volta dos 4 anos de idade, tendo-se atenuado e voltado aparecer recentemente. Nunca recorreu à terapia da fala, nem teve qualquer tipo de acompanhamento psicológico. A sua atitude face à gaguez parece ser de aceitação, não implicando alterações na sua vida diária. Esta criança, pareceu-nos um pouco insegura, imatura, nervosa e com baixa auto-estima, talvez devido à excessiva protecção por parte das figuras parentais. Contudo, aparenta ser uma criança que estabelece relações com facilidade, é comunicativa, delicada na sua forma de ser e estar, carinhosa e com sentido de humor. Esta verbalizou ter uma melhor relação com a figura materna, sendo a figura paterna vista como uma figura de conflito.

2) O segundo participante, é uma criança do sexo feminino, com 8 anos de idade, que frequentava o 3º ano e residia na área de Lisboa com a mãe e o padrasto, tendo uma figura paterna ausente a viver fora de Portugal. Esta criança manifestou gaguez aos 4/5 anos e tinha acompanhamento por parte de uma terapeuta da fala. A sua atitude face à gaguez é de aceitação, recorrendo frequentemente a estratégias para a ultrapassar segundo as orientações da terapeuta da fala. É uma criança muito comunicativa, com grande facilidade de estabelecer relações, demonstrando uma grande necessidade de agradar o outro, chegando mesmo a idealizar e a criar histórias que não correspondem à realidade que a envolve. Denota-se alguma necessidade de atenção, de ser ouvida, tendo falado quase que ininterruptamente durante toda a entrevista. Utiliza também como defesa, a idealização da figura paterna, para colmatar a sua ausência e desinteresse. Por outro lado, valoriza a figura materna, sendo esta figura o seu “porto seguro”.

3) O terceiro participante, é uma pré-adolescente do sexo feminino, com 13 anos de idade, que frequentava o 8º ano escolar e residia nos arredores de Lisboa com os pais. A sua gaguez manifestou-se aos 3/4 anos e recebia acompanhamento por parte de uma terapeuta da fala. Manifesta uma atitude de aceitação face à gaguez, uma atitude aparentemente confiante e sem complexos. Denota-se contudo alguns conflitos associados à sua gaguez por parte das figuras parentais, apesar do pai também ser gago, sendo este o único caso no nosso grupo de participantes, em que algum dos progenitores também tem gaguez. Aparentou ser uma pessoa segura de si, determinada, com elevada auto-estima e extrovertida. Para esta, a figura materna

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parece ser uma figura de conflito, controladora e intrusiva, contrariamente à figura paterna com a qual se identifica.

4) O quarto participante, é uma criança de sexo masculino, com 8 anos de idade, que frequentava o 3º ano e residia nos arredores de Lisboa com os pais. Esta criança recebia acompanhamento por parte de uma terapeuta da fala desde os 4 anos de idade, manifestando além da gaguez, dificuldade em articular alguns sons, contudo, registaram-se progressos consideráveis. A sua atitude face à gaguez é de aceitação, mas apesar disso, demonstra um grande desejo em melhorar a sua condição. Aparentou ser uma criança insegura, imatura, introvertida e tímida, talvez devido à sua gaguez. É uma criança simpática e que demonstrou grande necessidade de afecto e atenção.

5) O quinto participante, é um pré-adolescente de sexo masculino, com 12 anos de idade, que frequentava o 8º ano escolar, filho de pais separados e residente na área de Lisboa com a mãe e o padrasto. Contudo passa alguns fins-de-semana em casa do pai, com o irmão que reside com o mesmo e a madrasta, demonstrando uma grande idealização da figura paterna e do irmão, ao contrário da figura materna que vê como exigente e controladora. A sua gaguez manifestou-se quando tinha 6/7 anos de idade, estando a receber acompanhamento de uma terapeuta da fala. Demonstra aceitação face à sua gaguez, recorrendo frequentemente a estratégias para a ultrapassar e demonstrando também um desejo de mudança. Aparenta ser um rapaz, um pouco inseguro, com grande necessidade de atenção e baixa auto-estima. É também uma criança muito comunicativa, simpática e com facilidade em estabelecer relações. 6) O sexto participante, é um pré-adolescente de sexo masculino, com 11 anos de idade, que frequentava o 6º ano de escolaridade, filho de pais separados e residente nos arredores de Lisboa com a sua mãe. Passa alguns fins-de-semana com o pai, com a madrasta e duas “irmãs emprestadas”, como este assim as apelida, fruto de outra relação da sua madrasta. A sua gaguez manifestou-se quando este tinha 6/7 anos de idade, tendo-se intensificado mais actualmente, contudo não recebe qualquer tipo de acompanhamento. A sua atitude face à gaguez, é de aceitação, sendo um rapaz simpático, confiante, determinado, comunicativo, extrovertido e aparentando elevada auto-estima, demonstrando também algum nervosismo e agitação motora.

7) O sétimo participante, é um pré-adolescente de sexo masculino, com 12 anos de idade, que frequentava o 5º ano de escolaridade e residia nos arredores de Lisboa, com a mãe, com o padrasto e a irmã. A sua gaguez manifestou-se quando este tinha 8 anos de idade e estava a receber acompanhamento por parte de uma terapeuta da fala. Este rapaz revelou uma

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atitude de não-aceitação face à gaguez, manifestando atitudes de desagrado e insatisfação, notórias ao longo da entrevista. É uma criança com alterações de humor, estando muitas vezes zangada com as pessoas à sua volta e com a vida em geral, manifestando essa insatisfação, nomeadamente nas sessões de acompanhamento com a terapeuta da fala. Segundo esta, este rapaz, por vezes também tem alucinações e recorre a amigos imaginários, não recebendo contudo qualquer acompanhamento psicológico. Revela-se como uma criança insegura, muito imatura para a sua idade, vivendo num mundo de “super heróis” e um pouco limitada a nível cognitivo. Demonstra uma identificação ao seu padrasto que considera como um pai.

8) O oitavo participante, é uma criança de sexo masculino, com 9 anos de idade, que frequentava o 4º ano e residia nos arredores de Lisboa, com os seus pais e irmã. A sua gaguez tinha-se manifestado recentemente e estava a receber acompanhamento por parte de uma terapeuta da fala há cerca de um ano. Esta criança manifesta uma atitude de negação, insatisfação e revolta face à sua gaguez, encarando-a como algo negativo. Aparenta ser uma criança insegura, com baixa auto-estima, muito introvertida e chega a fugir das pessoas e do contacto com elas, afim de evitar a comunicação, para que estas não percebam que é gago. Contudo, é uma criança simpática, expressando-se muito através da comunicação não verbal e demonstrando algum nervosismo e agitação motora.

9) O nono participante, é uma criança do sexo feminino, com 9 anos de idade, gémea de outra criança que compõe a nossa amostra (participante 10), que frequentava o 4º ano e residia nos arredores de Lisboa, com os seus pais e com a sua irmã. A sua gaguez manifestou-se quando tinha 6/7 anos de idade e estava a receber acompanhamento de terapia da fala. A sua atitude face à gaguez, é de aceitação, demonstrando contudo, um desejo mudar e melhorar a sua situação. Apresenta-se como uma criança confiante, determinada, com elevada auto- estima, extrovertida, comunicativa e com grande facilidade em estabelecer relações, aparentando ser líder relativamente à sua irmã. Demonstra também uma proximidade relativamente à figura paterna.

10) O décimo participante, é uma criança de sexo feminino, com 9 anos de idade, que frequentava também o 4º ano e residia nos arredores de Lisboa, com os pais e a respectiva irmã. A sua gaguez manifestou-se quando tinha 6/7 anos de idade, tendo recebido acompanhamento de terapia da fala e apresentando neste momento uma melhoria bastante considerável, o que mudou a sua atitude face à gaguez. Assim, neste momento, esta criança manifesta uma atitude positiva e de aceitação. É uma criança calma, meiga, simpática,

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comunicativa, com facilidade em estabelecer relações. Esta criança demonstra uma identificação com a figura materna, ao contrário da sua irmã.

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