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A Opinião dos Empreendimentos

No documento Secretaria Nacional de Economia Solidária (páginas 147-152)

1. ANÁLISE DAS INCUBADORAS

1.4 DESEMPENHO DAS INCUBADORAS

1.4.4 A Opinião dos Empreendimentos

Sabe-se que o desempenho das incubadoras deve ser visualizado por várias dimensões, tais como a dimensão ins- titucional, a qual, por sua vez, se refere a aspectos de produ- ção acadêmica, formação e disseminação de conhecimentos sobre Economia Solidária, bem como a aspectos institucio- nais de penetração na tríade ensino-pesquisa-extensão, com foco na Economia Solidária, dentre outros. Também o desem- penho das incubadoras está relacionado com sua capacidade de desenvolver metodologias e tecnologias sociais atreladas ao processo de incubação, assim como a sua sistematização e replicação. Além de todos esses aspectos, analisados em capítulos anteriores, o desempenho das incubadoras também está, em parte, relacionado com o desempenho dos próprios empreendimentos incubados, mesmo sabendo que a susten- tabilidade desses empreendimentos não depende apenas da ação das incubadoras, mas de uma série de fatores que restringem suas possibilidades de avanço em uma economia capitalista, que se caracteriza por enormes desigualdades de direitos e oportunidades.

As incubadoras não podem fazer milagres. Além disso, os meios e as condições de que dispõem para realizar seu tra- balho também são restritivas. Dizemos isso porque a dimen- são da avaliação relativa ao eixo das incubadoras também se conecta com a dimensão da avaliação relativa à gestão do Programa PRONINC - o qual dispõe de poucos recursos, não regulares, e existem barreiras burocráticas e institucionais que limitam um apoio mais efetivo às incubadoras. Para fi ns de avaliar os efeitos de sua ação sobre os empreendimentos, fi ca difícil então isolar restrições a montante e a jusante das incubadoras, além daquelas de falta de reconhecimento insti- tucional no interior das universidades.

Entretanto, uma forma mais simples de averiguar isso foi perguntar diretamente aos representantes dos empreendi- mentos o que opinam sobre o trabalho das incubadoras. Isso foi feito ao longo das entrevistas, tanto na forma de perguntas mais objetivas e diretas, quanto de forma mais subjetiva, ten- tando confi rmar relatos, informações e extrair sugestões de melhoria.

Em termos gerais, pode-se afi rmar que os empreendi- mentos estão muito satisfeitos com o trabalho das incubado- ras, as veem como aliadas e parceiras em seus objetivos e têm muito orgulho de participar desse processo de incubação.

A propósito, a pergunta fi nal da entrevista foi “que tipo de ajuda as incubadoras poderiam dar aos empreendimentos?”, em outras palavras, o que os empreendimentos ainda espe- ram em termos de ajuda das incubadoras. As respostas foram livres, posteriormente sendo agrupadas conforme demonstra- do na Tabela abaixo.

TABELA 32 - TIPO DE AJUDA QUE A INCUBADORA

PODERIA DAR AO EMPREENDIMENTO Tipo de Ajuda Quantidade de Respostas % de Em- p r e e n d i - mentos (N = 142) N %

Capacitação técnica e profi ssional,

assistência técnica e assessoria 33 12,8% 23,2% Capacitação e assessoria administra-

tiva e fi nanceira, gerencial e contábil 29 11,3% 20,4% Apoio/assessoria na comercializa-

ção, mercado e marketing 37 14,4% 26,1%

Capacitação em Economia Solidá-

Captar recursos ou elaborar proje- tos para captar equipamentos/ in- fraestrutura

44 17,1% 31,0%

Articulação com outros empreendi-

mentos 3 1,2% 2,1%

Articular com outras entidades 20 7,8% 14,1% Acompanhar mais os empreendi-

mentos e assistência continuada 20 7,8% 14,1% Apoiar legalização e apoio jurídico 12 4,7% 8,5% Assistência em informática/internet 2 0,8% 1,4%

Certifi cação 1 0,4% 0,7%

Continuar o mesmo apoio 27 10,5% 19,0%

Acesso a crédito 10 3,9% 7,0%

Total 257 100,0% -

A pergunta não pretendeu medir nível de satisfação dos empreendimentos, mas tão somente ouvir dos empreendi- mentos que tipo de apoio eles mais precisam das incubadoras daqui para frente. A partir da análise das respostas agrupadas e abstraindo-se da missão institucional de uma incubadora, listamos, a seguir, o que as incubadoras poderiam avançar em seu apoio:

• Captação de recursos e acesso a crédito. Mesmo as incubadoras não sendo responsáveis diretas por essa complexa equação, elas poderiam traçar estratégias mais agressivas de acesso ao capital, tanto capaci- tando e assessorando os empreendimentos em nível local, como articulando com entidades fi nanceiras ofer-

tantes sobre as especifi cidades dos empreendimentos, apontando subsídios para outras esferas de poder e tomadores de decisão. Ademais, poderiam avançar na construção de instituições/sistemas microfi nanceiros solidários de base territorial, conectados com a política pública.

• Comercialização e acesso a mercados. Reforçar a formação nessa temática e a compreensão do funcio- namento dos mercados. Assessorar na defi nição das estratégias a serem tomadas pelos empreendimentos para avançar, seja deslocando intermediários, agre- gando mais valor e poder de barganha nas cadeias produtivas convencionais, seja diferenciando seus pro- dutos e ampliando espaço em mercados capitalistas, ou ainda construindo mercados solidários. Apoiar pla- nos de comercialização e marketing para a execução das estratégias defi nidas.

• Articulação de assistência técnica específi ca e tecnolo- gias adequadas à realidade dos empreendimentos. Mes- mo sabendo que não compete às incubadoras a presta- ção de serviços técnicos especializados, é fundamental que apoiem na construção da oferta desses serviços, para que se efetivem de forma adequada às demandas dos empreendimentos, seja por dentro da própria univer- sidade ou por meio de outras instituições especializadas. • Formação e assessoria em gestão administrativa, fi nan- ceira e contábil, obviamente aplicada a empreendimen- tos econômicos solidários, inclusive o fortalecimento da gestão cooperativa e os princípios da Economia Solidá- ria. Acredita-se que a formação focada no fortalecimen- to da gestão cooperativa e busca de resultados poderá ajudar a resolver muitas das barreiras já mencionadas anteriormente.

• Articulação com outras entidades e empreendimentos. Os empreendimentos ainda não se sentem informados, capacitados e empoderados para fazer articulações em busca de parcerias e acesso a outras políticas e pro- gramas públicos, necessitando, para tanto, de apoio e respaldo institucional das incubadoras, inclusive junto ao poder local.

• Inserção, em seu plano de trabalho, de mecanismo de acompanhamento, mesmo para aqueles empreendi- mentos que já estão em fase de desincubação.

Essas sugestões não esgotam as recomendações que advirão desta avaliação e se relacionam com outras recomen- dações apresentadas nas seções anteriores.

1.5 INCUBAÇÃO DE GRUPOS DIFERENCIADOS

No documento Secretaria Nacional de Economia Solidária (páginas 147-152)

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