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2 CONCEITUAÇÃO

2.2 O AMBIENTE DE HEMODIÁLISE

2.2.2 A organização física e o layout

Os métodos de projeto do ponto de vista do controle do processo de projeto são uma forma de criar um sistema auto-organizado, capaz de substituir a busca cega de alternativas por uma busca inteligente, visando encontrar atalhos em um território desconhecido. É mais amplo e flexível, pois permite melhor adaptação às diversas situações de projeto, além de agregar as vantagens do modo sistemático e as flexibilidades e particularidades das atividades criativas. (RUSCHEL et al., 2011)

Atualmente, conforme Bianchi (2017), existe uma evolução dos projetos arquitetônicos e um aumento da preocupação gradativa pela humanização, necessidades que se justificam pelo grande período em que o paciente passa em tratamento hemodialítico, o que o debilita emocionalmente de forma considerável, ora pela dependência da máquina, ora pela longevidade do tempo em tratamento ou pelo risco eminente de óbito. A referida autora também relata as necessidades de distrações para o paciente, como internet, livros e, principalmente, organizar o posicionamento das salas de terapias voltadas para áreas externas, para que possam ter conforto visual, iluminação eficiente, passagem da luz natural, cores agradáveis com a intenção de acalmar, proporcionando a sensação de aconchego. Entretanto, neste caso, ela trata da iluminação no que se limita a satisfação das iluminâncias mínimas fixadas pelas normas, que são pouco consideradas pelos projetistas e, com isso, é percebido que os hospitais provocam, às vezes, mal estar pela falta de iluminação e cores encontradas. (BIANCHI et al., 2017). Além disso, também trabalhou-se nesta dissertação com a visão de Lawson, que escreve:

Não existe uma solução ótima para um problema de projeto, mas sim uma grande variedade de soluções aceitáveis, algumas mais e outras menos satisfatórias em alguns aspectos e para diferentes clientes ou usuários (LAWSON, 2005, p.123).

Dentre os serviços de saúde, o serviço dialítico é considerado de alta complexidade. Para que o doente renal crônico possa fazer a sessão de diálise deve ter o espaço físico adequado, equipamentos tecnológicos específicos e sofisticados, tratamento da água em conformidade, etc. Há uma importância que o usuário dá ao ambiente, principalmente relacionado aos aspectos como a falta de conforto. Em alguns casos, dentro das salas de HD, o usuário ouve ruídos, sente o ambiente muito frio e a há uma falta de lazer durante o tempo em que está submetido ao tratamento dialítico. Mesmo sendo percebido pela equipe como uma boa e apropriada estrutura ambiental, essa percepção não é recíproca pelos pacientes. Além disso,

o referido autor faz apontamentos para esta pesquisa com relação aos aspectos da dinâmica organizacional em um ambiente físico hemodialítico para que sejam repensados (PIETROVSKI et al., 2006).

De acordo com Grebin et al. (2018), o tratamento junto a recepção no hospital e clínica foi o aspecto de maior importância para os pacientes em tratamento hemodialítico, em seguida, estão as características do ambiente (sala) em que está a máquina, os procedimentos de uso, a integração paciente-máquina e os aspectos externos percebidos. Para os autores, isso pode influenciar a maneira como o paciente percebe o uso da máquina e o ambiente. As percepções dos pacientes podem, ainda, influenciar na maneira como eles são tratados pela equipe, o conforto com que recebem o tratamento (alguns sentados em poltronas, outros deitados em camas) ou na segurança que sentem quanto aos procedimentos realizados. Os autores subdividem a percepção do ambiente de acordo com o quadro 3:

Quadro 3 – Percepção do ambiente

Aparência da máquina:

Tamanho da máquina;

Higiene da máquina;

Dispositivos, fios e tubulações de água.

Interação paciente-máquina:

Capilares conectados para conduzir sangue;

Dispositivo e visualização dos sinais visuais da máquina;

Percepção dos sinais sonoros da máquina.

Ambiente:

Higiene do ambiente;

Temperatura do ambiente;

Luminosidade do ambiente;

Espaço entre as máquinas no ambiente;

Conforto da poltrona para o paciente.

Atendimento:

Número de paciente na sala;

 Número de pessoas externas dentro da unidade;

Atendimento da equipe de agendamento;

Cordialidade e preparação da enfermagem

Procedimentos:

Preparo para a sessão;

Monitoramento durante a sessão;

Término e desligamento após a sessão;

Confiança nos procedimentos

Neste contexto, o layout usual das salas de tratamento de HD é um salão aberto (figura 3), pois trata e organiza como as máquinas de hemodiálise, poltronas e mobiliário estão dispostos no ambiente físico, além dos equipamentos e dos materiais de insumos que se concentram junto a outros produtos que serão utilizados. Nele, a equipe fica no posto de enfermagem no centro ou ao fundo da sala.

Figura 3 – Layout sala de HD

Legenda de mobiliário e equipamentos:

Fonte: Planta adaptada pela autora com base no SOMASUS vol. 4 (2014), 2018

Conforme a Portaria no2.042/1996, para os pacientes portadores de HIV, não será

permitido o reuso dos dialisadores e linhas arteriais e venosas. Para fins de controle do reuso e descarte, dialisadores e linhas arteriais e venosas devem ser tratados como um único conjunto que deve ser devidamente registrado e assinado pelo paciente. Toda limpeza e desinfecção ambiental deve ser realizada de acordo com as instruções contidas no Regulamento Técnico, na legislação sanitária pertinente e nos manuais técnicos publicados pelo Ministério da Saúde.

As Unidades de Diálise devem dispor, em local de fácil acesso e em plenas condições de funcionamento, no mínimo, dos seguintes materiais e equipamentos para atendimento de emergência médica:

a) Eletrocardiógrafo;

b) Carro de emergência composto de monitor cardíaco e desfibrilador; c) Ventilador pulmonar manual (ambu com reservatório);

d) Medicamentos para atendimento de emergências; e) Ponto de oxigênio ou cilindro com carrinho. f) Aspirador portátil.

g) Material completo de entubação: tubos endotraqueais, cânulas, guias e laringoscópio com jogo completo de lâminas (BRASIL, 1996, p.10).

A otimização é importante para uma maior produtividade e, consequentemente, uma redução de desperdícios e perdas de tempo dentro do espaço. A logística interna das clínicas está relacionada com a disposição espacial e as adaptações, feitas conforme as necessidades. Em alguns casos, a balança de precisão encontra-se no corredor interno ou na entrada da clínica, a recepção não comporta o número de pessoas que ali aguardam e o trânsito de usuários aumentou consideravelmente devido ao crescimento do número de pacientes.

A logística interna no que tange a materiais e pessoas está intrinsecamente relacionada com a disposição do arranjo físico. [...]

De acordo com Slack et al. (2002), definir um arranjo físico é decidir onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção. [...]

Segundo Muther (1978), o foco fundamental do arranjo físico é a integração entre as áreas produtivas no ambiente interno da empresa. Não é somente uma disposição racional dos equipamentos, mas, também, o estudo das condições humanas de trabalho, de espaços projetados corretamente e de como evitar controles desnecessários (BILBY et al., 2010, p.3).