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CAPÍTULO I – METODOLOGIA DA PESQUISA

CAPÍTULO 2 – POLÍTICA DE PÓS-GRADUAÇÃO NO BRASIL

2.2 A organização e o funcionamento dos programas de pós-graduação no Brasil

contribuições significativas para o avanço do conhecimento no campo educacional (SAVIANI, 2000).

Portanto, ao se falar da pós-graduação, no Brasil, esta é considerada uma das maiores titulações do Ensino Superior no país. Nesse nível de formação educacional, analisa-se e questiona-se o que era considerado já alicerçado, como também busca-se respostas às hipótebusca-ses e aos problemas sociais contemporâneos.

No próximo tópico, será possível compreender um pouco mais sobre os programas de pós-graduação no Brasil, em relação à organização e ao funcionamento, bem como a avaliação dos PPG e a sua expansão nos dias de hoje.

2.2 A organização e o funcionamento dos programas de pós-graduação no

Desse modo, stricto sensu é compreendido como dois níveis independentes e terminais de formação, que concede ao discente diploma de mestre e de doutor.

Sendo que o mestrado pode constituir a etapa inicial para o doutorado, a critério da instituição de ensino, a duração da pós-graduação stricto sensu foi determinada a partir do mínimo de um ano para o mestrado e dois para o doutorado (MOROSINI, 2009, p. 130).

Nesse contexto, Saviani (2000) destaca que:

Os cursos de pós-graduação lato sensu, embora oferecidos em alguns casos sob a forma de extensão, assumem dominantemente as formas de aperfeiçoamento e especialização e constituem uma espécie de prolongamento da graduação. Em contrapartida, a pós-graduação stricto sensu, organizada sob as formas de mestrado e doutorado, possui um objetivo próprio, distinto daquele dos cursos de graduação sendo, por isso mesmo, considerada como a pós-graduação propriamente dita. Nessa condição, diferentemente dos cursos de graduação que estão voltados para a formação profissional, a pós-graduação stricto sensu se volta para a formação acadêmica traduzida especificamente no objetivo de formação de pesquisadores.

(SAVIANI, 2000, p. 2).

Outro ponto interessante acerca da trajetória da pós-graduação no Brasil, em especial a stricto sensu, a qual tem como perspectiva a pesquisa e a docência, é a questão do período histórico, ela é considerada contemporânea, sendo efetivada no contexto brasileiro a partir do século XIX. De acordo com Morosini (2009, p. 147), “a pós-graduação, resultado de políticas públicas com visão estratégica de desenvolvimento científico nacional, é bastante recente”. Dessa maneira, os programas de pós-graduação do país vêm ganhando, progressivamente, visibilidade no âmbito nacional e internacional, tendo como finalidade manter a qualidade e o desenvolvimento no campo da pesquisa científica, formando mestres e doutores em diversas áreas do conhecimento.

Quanto ao trabalho final que visa a obtenção do grau acadêmico de mestre e/ou de doutor, os mestrandos, por sua vez, desenvolvem a dissertação, já os doutorandos a tese, ambos os níveis de titulação são orientados por professores experientes, vinculados a uma linha de pesquisa de um programa de pós-graduação.

Nessa perspectiva, Martins (2002) afirma que:

O resultado dessa estrutura acadêmica tem permitido um forte crescimento da produção científica que, em várias áreas do

conhecimento, tem possibilitado a renovação de campos específicos do saber e contribuído para a introdução de novas questões para investigação. A pós-graduação, por outro lado, liga a vida acadêmica nacional a centros relevantes da produção científica nacional.

(MARTINS, 2002, p.78).

Para tanto, a fim de preservar o aspecto de qualidade dos Programas, a gestão e a avaliação dos PPG são realizadas pelo Mec, via Capes4, Agência Executiva do Mec, órgão responsável pela elaboração de Planos Nacional de Pós-graduação stricto sensu. Assim sendo, a Capes foi criada com o objetivo de assegurar a existência de pessoal especializado em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades dos empreendimentos públicos e privados que visam ao desenvolvimento do Brasil (CAPES, 2020).

Dessa forma, a ampliação e o desenvolvimento da pós-graduação brasileira podem ser considerados expressivos, uma vez que a partir de 2003 houve um crescimento significativo. De acordo com o Mec, eram 112.237 estudantes matriculados na pós-graduação, sendo 66.959 de mestrado acadêmico, 5.065 de mestrado profissional e 40.213 de doutorado. As áreas com maior número de estudantes são ciências humanas; engenharia; saúde e computação, e o número de cursos de pós-graduação aprovados pela Capes tem crescido, aproximadamente, 9%

ao ano (BRASIL, 2020a). No ano de 2017, conforme estatísticas gerais do Censo da Educação Superior, realizada pelo Mec, o número de matriculados nos cursos de pós-graduação stricto sensu era de 210.305 em instituições federais e de 92.217 estaduais (BRASIL, 2018).

Em relação ao número de Programas no Brasil, a partir dos anos de 2000 até 2017, houve um crescimento de 1.430 para 3.557, isso significa um aumento de 148,7% (LOPES, 2019). Conforme os dados apurados no ano de 2021, verificou-se no território brasileiro 4.570 programas de pós-graduação, destes 2.330 oferecem mestrado e doutorado; 1.333 oferecem apenas mestrado e 80 doutorado.

Indubitavelmente, tais resultados são considerados importantes, tanto no âmbito nacional quanto internacional, já que a pós-graduação brasileira, também, apresenta qualidade, excelência esta que é motivo de orgulho para as autoridades públicas, para os docentes, pesquisadores, estudantes e para a sociedade de forma

4 A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é uma fundação vinculada ao Ministério da Educação do Brasil que atua na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu em todos os estados brasileiros.

geral (BALBACHEVSKY, 2005). Ademais, é importante ressaltar que em relação aos programas de pós-graduação em Educação “os dados mostram uma expressiva desigualdade regional: concentração na região sudeste, seguida pela região sul”

(SANCHEZ, 2019, p. 55). Dessa forma, na região sudeste há o maior número de PPG nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, seguido por Minas Gerais. Assim, evidenciando uma desigualdade regional, principalmente, nas regiões norte e nordeste.

Verificou-se, a partir de um levantamento, que no ano de 2020, o número de matriculados na região sudeste, sobretudo, do estado de Minas Gerais, foi de 13.840 estudantes matriculados no mestrado e 11.547 no doutorado. No campo da Educação, especificamente, os dados atestam 7.516 mestrandos e 6.869 doutorandos. Na UFMG, foi possível identificar que ao todo há 3.525 discentes vinculados ao mestrado, 4.671 ao doutorado e 521 ao mestrado profissional5, em diversas áreas do conhecimento.

Consequentemente, o número crescente de mestres e de doutores, dos programas de pós-graduação, está relacionado também às agências de fomento estaduais e nacionais, que proporcionam bolsas aos estudantes, tencionado, assim, a dedicação destes com a intenção de manter a qualidade e o aperfeiçoamento dos PPG. Dessa maneira, tanto a Capes como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) são agências que têm maior atuação na formação dos mestres e dos doutores no país (MARTINS, 2002). No ano de 2020, a Capes manteve 99,6 mil bolsistas no país e no exterior, e aumentou o número de benefícios em 41% dos cursos de pós-graduação, isto é, 3.386 bolsas nos mestrados e doutorados. Além disso, o Sistema Nacional de Pós-graduação (SNPG) stricto sensu teve um acréscimo de 164 novos cursos de mestrado e doutorado (BRASIL, 2020b).

Contudo, cabe mencionar que a Capes e o CNPq não reajustam os valores das bolsas desde o ano de 2013, nesse sentido pode-se considerar uma redução dos investimentos no campo da pesquisa, uma vez que com o passar dos anos os valores são alterados por conta da inflação, isto é, o aumento dos preços de produtos e serviços. Outro fator observado é que mesmo considerando o aumento numérico de títulos de doutores crescendo anualmente no Brasil, desde 1996, conforme dados da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), os recém

5 Nessa modalidade de formação de pós-graduação há ênfase em estudos e técnicas voltados ao desempenho de um alto nível de qualificação profissional.

doutores encontram no país dificuldades para inserção no mercado de trabalho, em decorrência dos baixos investimentos públicos e das poucas opções de trabalho no setor privado, o que provoca a migração de pesquisadores brasileiros para outros países (UFMG, 2022).

Mesmo com os desafios contemporâneos, faz-se importante destacar que a pós-graduação brasileira é considerada fundamental para o desenvolvimento da ciência; para o crescimento da universidade; para a inserção do sujeito no mercado profissional; para o pensamento reflexivo e crítico, bem como para a produção científica no Brasil, entre outros. De modo que “a pós-graduação se constituiu em um espaço privilegiado para o incremento da produção científica”, esta, por sua vez, se desenvolve a partir de “uma tendência crítica, gerando estudos consistentes”

(SAVIANI, 2005, p. 37).

2.3. Programas de pós-graduação em educação no Brasil: perspectivas e