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CAPÍTULO I – METODOLOGIA DA PESQUISA

CAPÍTULO 4 – PESQUISAS COM EGRESSOS DE PROGRAMAS DE PÓS-

4.2 Egressos de Programas de Pós-graduação em Educação: o que os estudam revelam?

De forma mais específica, a próxima seção apresentará estudos que envolvem programas de pós-graduação em Educação, pesquisas que integram tanto mestrado como doutorado nacional e internacional.

4.2 Egressos de Programas de Pós-graduação em Educação: o que os estudam

Desse modo, segundo a autora:

[…] los estudios de egresados son el puente entre el mundo de la educación y el campo de trabajo. Describen las características de la inserción y desempeño laboral, para efectos de evaluar y retroalimentar los programas educativos que han cursado. (FLORES, 2009, p. 1).

Assim sendo, os estudos com egressos contribuem de forma significativa para o PPG, uma vez que estes apresentam subsídios importantes acerca da formação e da sua inserção no campo profissional. Conforme a autora, esses estudos com egressos compõem “una de las estrategias más adecuadas para retroalimentar los programas de formación de profesionales e investigadores en instituciones educativas” (FLORES, 2009, p. 2). Logo, por meio dessa perspectiva, é importante que os PPG acompanhem o desenvolvimento, a trajetória acadêmica e profissional dos egressos, a partir de projeto que inclua a gestão, com o intuito de acompanhar e avaliar ações, como também diretrizes pedagógicas dos cursos de pós-graduação, articulado às demandas da sociedade contemporânea.

Estreitamente ligada a essa questão, Sanchez (2019) investigou mestres e doutores egressos do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), concluintes no período de 2004 a 2014, tendo como objetivo principal conhecer as trajetórias acadêmicas e profissionais dos egressos. O estudo se distingue por duas características: a primeira, por seu caráter metodológico – trata-se de uma pesquisa que faz uso da Plataforma Lattes como fonte de coleta de dados. A segunda, porque preenche uma lacuna na literatura sobre pesquisa com egressos nos programas de pós-graduação em Educação no país. Para a autora, “é importante destacar a escassez de estudos sobre egressos de programas de pós-graduação em educação” (SANCHEZ, 2019, p. 17).

Ademais, a pesquisadora constatou que os egressos do PPGE da Unicamp quase não são sujeitos de pesquisas acadêmicas, ressaltando que “nos últimos vinte anos, localizamos apenas um estudo a respeito desses estudantes, embora o programa seja um dos maiores do país, computando hoje cerca de 600 alunos, entre mestrandos e doutorandos, e 117 professores credenciados” (SANCHEZ, 2019, p.

15).

Em relação aos resultados obtidos, especialmente, os que envolvem a trajetória profissional, o estudo destaca alguns tipos, sendo o primeiro – um deslocamento

vertical do titulado no sistema educacional – o estudante de mestrado que já atuava como professor na Educação Básica, após a obtenção do título, passava a atuar como docente no Ensino Superior em instituições privadas. No segundo tipo de trajetória profissional ocorre – um deslocamento horizontal no sistema de Ensino Superior – o estudante de mestrado que já atuava como docente em instituição de ensino privada, após a obtenção do título de mestre, permanecia na carreira acadêmica; ao concluir o doutorado ingressava como docente em universidade pública.

Sobre o exposto, Sanchez assevera que:

Enquanto os mestres se direcionam verticalmente no sistema em direção ao ensino superior e, em geral, para instituições privadas, os doutores encaminham-se preferencialmente para instituições públicas, em especial, para universidades federais, localizadas em diversos estados do país. (SANCHEZ, 2019, p. 119).

No mais, Sanchez (2019) destaca, também, os terceiro e quarto tipos como não tendo deslocamento na trajetória profissional do titulado, mesmo após a obtenção do título. Assim, no terceiro tipo há uma expansão dos espaços de atuação do titulado no sistema educacional – que já atua como professor na Educação Básica –, e que após a aquisição do título de mestre passa a atuar também em instituições de Educação Superior, em geral a atuação se faz nas entidades privadas. Já no quarto tipo, o então mestrando, atua como professor na Educação Básica, na área que se graduou, e permanece neste nível de ensino mesmo após a obtenção do título de mestre (SANCHEZ, 2019).

Também nesse viés de estudo, Caldeira et al. (2011) realizaram uma pesquisa sobre egressos do PPGE/FaE/UFMG. Trata-se de um estudo que proporciona um diálogo com a presente pesquisa. Nele, os autores analisaram as repercussões do mestrado e do doutorado na trajetória profissional de 305 egressos do PPGE/FaE/UFMG, no período de 1977 a 2006. Como procedimento metodológico, foi utilizado um questionário a partir do qual os autores obtiveram informações referentes às atividades profissionais dos egressos. Os resultados foram analisados por decênios e revelaram que a docência na Educação Superior é a ocupação majoritária dos egressos. Portanto, os doutores concentram-se na academia e em instituições de pesquisa; já os mestres estão em instituições de Educação Superior, na Educação Básica e em atividades autônomas. Outro aspecto apresentado no estudo é que mestres e doutores avaliam positivamente a formação em pesquisa e a sua passagem

pela FaE, além de considerarem a pós-graduação um lugar de formação do pesquisador e de produção de conhecimento.

Observa-se que essa pesquisa foi realizada em 2011, e os autores ressaltaram que os avanços na pós-graduação já estavam sendo largamente reconhecidos e um dos fatores que interferiram desde aquela época até a atualidade, é a avaliação pela qual os Programas estão submetidos. Assim, “essas avaliações destacam a produção científica e o fluxo de titulação, que são certamente elementos fundamentais, mas deixam de lado aspectos menos palpáveis, como as repercussões profissionais”

(CALDEIRA et al., 2011, p. 130). Como se percebe, os autores focalizam a trajetória profissional, para eles, a formação e a vida profissional estão interconectadas. Desse modo, “a pós-graduação tem entre seus objetivos não só a formação de pesquisadores como também a qualificação profissional de docentes, sobretudo para o ensino superior” (ibidem.).

Além disso, esse estudo traz informações imprescindíveis ao evidenciar o PPGE/FaE/UFMG como um dos maiores, mais antigos e consolidados do país, e os autores asseveram que “mais do que interesse em si, ele é tomado como um caso significativo da pós-graduação em Educação no Brasil” (CALDEIRA et al., 2011, p.

131). Dessa forma, os dados levantados foram organizados em três décadas, considerando separadamente mestres e doutores. Em consonância com as outras metodologias apresentadas em outros estudos, utilizam-se da Plataforma Lattes para complementar e atualizar as informações obtidas na secretaria do PPGE.

Quanto à análise das repercussões do ponto de vista da atuação profissional dos egressos, os autores constataram que:

Alguns depoimentos indicam que a ampliação do campo de atuação profissional com o mestrado ocorre de forma um pouco mais restrita, pois, nos grandes centros urbanos, passa-se a exigir o doutorado, especialmente para contratações nas IFES, fazendo com que o título de mestre já não represente um diferencial, como foi nas décadas anteriores. Assim, apesar de expressarem um sentimento de maior segurança teórica ao lidar com as questões educacionais, um crescimento pessoal e a aquisição de novos saberes, não se pode dizer que tais ganhos tenham levado necessariamente a uma ascensão funcional. (CALDEIRA et al., 2011, p. 145).

Como se vê, os apontamentos indicados pelos egressos do PPGE/FaE/UFMG, desse estudo, acerca do mestrado, estão presentes nas percepções dos egressos da

pesquisa em pauta. Uma vez que, com o passar dos anos, são maiores as exigências no campo da formação.

No que se refere aos estudos realizados com egressos de programas de pós-graduação em Educação, pode-se afirmar que os resultados revelam a trajetória dos egressos tanto na época da formação quanto após a conclusão do curso, permitindo, assim, compreender o processo de inserção profissional desses sujeitos. Uma vez que a formação e a vida profissional estão consolidadas na vivência e no percurso dos egressos. Outro ponto relevante são os avanços da pós-graduação no Brasil, assim como as mudanças acerca da avaliação a que os Programas são submetidos, que nos últimos anos incluiu a consulta aos egressos.

Outrossim, em todos os estudos apresentados, os egressos ressaltaram a satisfação em participar do processo de pesquisa. Pois eles puderam, de certa forma, contribuir e trazer suas experiências para a instituição a qual fizeram parte, sendo possível, portanto, avaliar o campo das ações de formação dos Programas, entre outras coisas.