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4. ESTUDO DE CASO: A CRISE DE MOBILIDADE URBANA NO BRASIL E A ASCENSÃO DO UBER

4.1 A PARTICIPAÇÃO INCLUSIVA E O USO DO APLICATIVO DIGITAL UBER

A análise do trabalho permitiu anteriormente o conhecimento acerca da inserção do cidadão enquanto agente participativo do meio social, bem como as motivações desse fenômeno. A realidade, com efeito, mostra o novo perfil do cidadão brasileiro, cujo perfil se mostra como sendo mais qualificado e informatizado em diversos setores, se for comparar com outros contextos históricos e políticos no cenário nacional. É possível verificar, além disso, que as pessoas passaram a se importar não apenas com as suas atividades particulares, mas, sobretudo, com assuntos de ordem coletiva. O modo como serão alcançadas as melhorias para

217 HAYES, Adam. The Economic Fundamentals Of The Sharing Economy. Investopedia, 22 jan.2015. Disponível em: <https://www.investopedia.com/articles/investing/012215/economic-fundamentals-sharing- economy.asp>. Acesso em: 24 ago. 2016.

218 AZEVEDO. Paulo Furquim de. Uber: o dilema de crescer com uma inovação disruptiva. Disponível em: < https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2016/11/estudo-de-caso-Uber-crescer-inovacao-disruptiva.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2018, p. 6.

a coletividade incitaram debates públicos e grupos organizados para repensar certas estruturas dotadas de deficiências e responsáveis por causar sérios danos sociais.

Nesse ponto do estudo, convém ressaltar a relação existente entre o exercício da cidadania com a tecnologia, sobressaindo-se, nesse contexto, o conceito da terminologia ‘Cidadania Inteligente’, o qual segundo Gartner é um dos principais vetores de foco na estratégia operacional governativa. A construção das cidades inteligentes, deveras, é um campo com múltiplos pilares a serem construídos, mas, possivelmente, as pessoas são o alicerce de todo esse projeto, pois além de construtores, são agentes cada vez mais participativos em temáticas de ordem coletiva219.

Alguns urbanistas acreditam que mesmo havendo a adoção de uma postura passiva por

parte dos cidadãos, a falta de atuação do poder público coloca-o em posição de relevância, porque ele não hesitará em agir diante das omissões dos agentes públicos. Em sua intelecção, esse fator é positivo, pois “significa que há uma maior maturidade das diferentes formas de organização cívica, há uma certa profissionalização da cidadania”. Salienta, contudo, o perigo que esse pensamento traduz, tendo em vista a possibilidade de o estado ser visto como desnecessário e, diante disso, o interesse coletivo seja colocado em análise, que, em seu ver, ainda é defendido pelo Estado, e não pelos cidadãos220.

Sobre o lugar do governo e àquele ocupado pelo cidadão, Braga acredita que o desafio do governo baseia-se em adequar-se ao ritmo do cidadão e, para tanto, faz-se necessário uma equipe de servidores voltada para a participação em debates e qualificada para responder aos questionamentos e demandas do público, inclusive quando tratar-se de temáticas inviáveis de acordo com o interesse público. Sendo assim, segundo ele, é relevante que Estado se afaste de funções burocráticas e assuma uma postura de diálogo – semelhante ao que fora discutido em relação à concepção de governança contemporânea -, análise de sugestões, orientações e

aceitação quanto aos comportamentos colaborativos mútuos221.

219 CARDOSO, Filipa. #Cidadãos: os novos líderes urbanos. Smart Cities, Portugal, 7 dez. 2016. Disponível em:

<http://smartcities.pt/noticias/1cidadaolideresurbanos03/?utm_source=Smart%20Cities%2001&utm_campaign= 88522ec249-SC_07122016&utm_medium=email&utm_term=0_f1f713330c-88522ec249

56950893&ct=t%28SC_07122016%29&goal=0_f1f713330c88522ec24956950893&mc_cid=88522ec249&mc_ eid=fbfdd42aef >. Acesso em: 29 mar. 2018.

220 Idem.

221 GISOLDI, Robson Luiz. Reclame Aqui Cidades: inovações da mídia social para o exercício da

cidadania. São Caetano do Sul, 2013. Disponível em: <

http://repositorio.uscs.edu.br/bitstream/123456789/349/4/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Robson%20Luiz%20Gi soldi.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2018, p. 34-35.

Com o processo de consolidação de um modelo de gestão pública caracterizado pela emergência de ideias inovadoras e associadas às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s), a resolução das questões de ordem pública deixou de ser particular e unicamente solucionada pelos administradores públicos e passou a admitir a atuação do cidadão como um agente integrante e participativo. O panorama atual, a exemplo do êxito das economias de compartilhamento, negócios e projetos empreendidos por particulares, vem provando que não é necessário depender de instituições centralizadas para desenvolver problemas complexos aptos a gerar soluções de bem estar para a sociedade222.

Em alusão à temática central desse estudo, especificamente sobre a mobilidade urbana,

há diversas iniciativas nesse sentido, como Waze, Moovit, Getaround, e o próprio Uber223. Em

síntese, esses aplicativos estão destinados à consecução de melhorias na mobilidade urbana e possuem em comum o intento de facilitar a locomoção nas grandes cidades, seja por transporte público, ou até mesmo, pelas bicicletas, informando onde há maior incidência de trânsito ou acidentes, além de expor rotas de ônibus, metrôs e horários de cada linha do transporte público. Importa suscitar, efetivamente, que a participação inclusiva do cidadão em conjunto com os órgãos públicos tem sido satisfatória e vem proporcionando melhorias. Nesse esteio, acredita-se que a inovação digital tem mudado os paradigmas comunicacionais quando segmenta ‘desintermedeia’ ou corta transversalmente as tradicionais relações da sociedade em diversas dimensões e facetas. A comunicação nesta nova configuração permite que todos os atores sejam emissores e receptores, num elevado nível de interatividade entre as partes e, em tese, com os mesmos graus de visibilidade e de oportunidade224”.

Ao concluir pelo êxito da participação inclusiva no contexto delimitado, é pertinente detalhar o modo como se operacionaliza essa atuação cidadã na prática, notadamente em relação ao Uber e sua ascensão no mercado nacional. Assim, serão expostas as consequências desse crescimento para os brasileiros, bem como as particularidades afetas ao tema.

222 WU. Canton Farias Braga; SILVA, Daniely Andressa da. Cidades inteligentes: uma construção colaborativa.

Disponível em: <

http://www.seplag.pe.gov.br/c/publicador_repositorio_documento/get_file?p_l_id=199474&folderId=199645&n ame=DLFE-3427.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2018.

223 HADDAD, Camila. 31 projetos colaborativos que estão revolucionando o mundo como o conhecemos

hoje, 2014. Disponível em: <https://papodehomem.com.br/31-projetos-colaborativos-que-estao-revolucionando-

o-mundo-como-o-conhecemos-hoje/>. Acesso em: 30 mar. 2018.

224 BRITO, José Augusto Pereira. Cibercidadania: a virtualização na Comunicação Pública Contemporânea,

2006. Disponível em:

<http://www.eca.usp.br/departam/crp/cursos/posgrad/gestcorp/organicom/re_vista4/106.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2018, p. 113.

4.2 A ASCENSÃO DO UBER: UMA ANÁLISE PARTICULAR DO APLICATIVO E