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5.4. A Percepção dos Turistas sobre a Resex de Corumbau

Quando questionados se tinham conhecimento da existência da Reserva Extrativista Marinha da Ponta do Corumbau (Figura 15), 52% dos turistas abordados, tanto em Cumuruxatiba, como em Corumbau sabiam da existência da Resex. Em Caraíva, a percentagem dos turistas que já ouviram falar da Resex foi reduzida para 39% dos entrevistados. No entanto, a grande maioria dos que responderam positivamente à questão não sabiam ao certo o que esta Unidade de Conservação representa.

A Figura 16 apresenta o reconhecimento de vantagens ou desvantagens da existência da Reserva Extrativista Marinha da Ponta do Corumbau, entretanto, a grande maioria dos entrevistados não soube responder a esta questão (48% em Cumuruxatiba, 54% em Corumbau e 55% em Caraíva). Vantagens representaram 39% das opiniões em Cumuruxatiba, 44% em Corumbau e 36% em Caraíva, as quais foram relacionadas à proteção dos recursos naturais, ao monitoramento da pesca, à proteção contra os barcos de fora, à preservação cultural, a união de grupos de ambientalistas e uma maneira de cobrar a fiscalização ambiental dos governantes. Desvantagens representaram 13% das opiniões em Cumuruxatiba, 2% em Corumbau e 9% em Caraíva. Foram associadas como desvantagens em relação à Resex: a falta de fiscalização; dificuldades de implementação do manejo; falta de integração com os outros moradores locais e conflitos entre turistas e nativos; desinformação com relação aos objetivos da Resex; e ainda, os poucos benefícios diretos observados para comunidade. Em Caraíva, diretamente relacionada à questão do turismo, a desvalorização do imóvel foi apontada como uma desvantagem da existência da Resex.

“Forma inteligente de exploração, respeitando o ciclo do ambiente”. “Turista mata peixe para comer e nativo mata para vender!”

“É sempre vantagem, embora os órgãos oficiais não fiscalizem porque não têm estrutura”.

“Não sei se os objetivos que vi na placa estão sendo alcançados”.

As Figuras 17 e 18 apresentam, respectivamente, o percentual de turistas dispostos a realizar passeio e pescaria em barco artesanal, caso esta atividade fosse legalizada perante a Capitania dos Portos. Em Corumbau, 79% dos turistas

entrevistados afirmaram que estariam dispostos a realizar tal passeio e em Caraíva, a disposição para realizar passeio atingiu 93% dos turistas abordados. Em Corumbau 62% dos turistas abordados estariam dispostos a observar uma pescaria tradicional, enquanto em Caraíva o interesse em observar uma pescaria atingiu 79% dos entrevistados. Os comentários realçam a necessidade destes passeios serem planejados levando se em conta a segurança do barco, e alertam para possíveis mudanças culturais que podem ocorrer se os pescadores deixarem de pescar para servir ao turismo.

“Em Ilha Grande-RJ, os barcos pesqueiros passaram a fazer turismo e acabou que não tem mais peixe para comer, pois acabam ganhando mais com o turismo”.

“O passeio teria que ser num barco à parte, o de pesca tem um certo desconforto. Se interessasse a pescaria, observaria, mas o pescador não pescaria normalmente... perderia a liberdade do pescador”.

“Sou totalmente a favor. São eles que conhece melhor... além do contato com a natureza tem o contato cultural”.

“Acho o passeio legal, desde que instruído e equipado... é fonte de renda local. Tem muita gente que gosta de pescaria, vale a pena... puxa emprego. O barco tem que estar arrumado para poder conhecer a atividade, o dia a dia do pescador”.

Verificou-se uma elevada disposição dos entrevistados em estar realizando tanto o passeio, quanto observando a pescaria, ressalvadas as medidas de segurança necessárias. No entanto, o interesse em observar pescaria é reduzido em relação ao do passeio, devido aos horários de pesca e à prolongada exposição ao Sol, às condições de segurança do barco, ao forte odor do pescado, às condições do tempo, o medo de alto mar e indisposição ao embarcar.

De acordo com o Plano de Gestão Participativa (IBAMA, 2003), a idéia de realização de passeios em barcos artesanais já vem sendo trabalhada. É indicado, por este Plano, a capacitação dos extrativistas e a adequação das embarcações de pesca artesanal para a atividade turística, para que seja proporcionado um contato direto dos visitantes com as comunidades e com o ambiente marinho, favorecendo a sua sensibilização ambiental. A fim de concretizar esta proposta, é necessária a permissão do uso duplo da embarcação (pesca e turismo), pela Capitania dos Portos de Porto

Seguro: “Após a instalação dos equipamentos de segurança necessários, será encaminhada uma proposta à Marinha do Brasil para a regulamentação específica, para atuação dentro RESEX, conforme existe em outras áreas do litoral” [...] “O projeto piloto de ecoturismo, diagnosticando as potencialidades, promovendo a capacitação e subsidiando a equipagem de embarcações para o desenvolvimento destas atividades pelos extrativistas, propiciará a inserção das comunidades locais nesta atividade que hoje é realizada apenas por “pessoas de fora” da região. Este programa piloto poderá atender até 30 famílias, 15 do setor sul e 15 do setor norte da RESEX, nas etapas de oferta e venda do produto” (IBAMA, 2003).

No entanto, ações mais simples como instruções básicas sobre o meio ambiente local, não tem atingido a maioria dos entrevistados (Figura 19). Em Cumuruxatiba, 84% dos turistas declararam não ter recebido nenhum tipo de instrução ou informação sobre o meio ambiente nesta localidade, enquanto em Corumbau esse percentual atingiu 88% e em Caraíva, 90% dos entrevistados. Dos poucos que declararam ter recebido informações, estas foram adquiridas informalmente, muitas vezes por interesse do próprio turista. A empresa Aquamar foi citada como fonte de informações tanto em Cumuruxatiba, quanto em Corumbau.

(1) No passeio da Aquamar e na pousada... fomos perguntar sobre os cuidados... mas nada formal.

(2) No barco da Aquamar, para não jogar lixo no mar e que não pode trazer nada dos recifes.

(3) De amigos pescadores que me informaram que não pode mais fazer caça-submarina.

A falta de orientação também é verificada com relação às comunidades locais e sua cultura (Figura 20). Tanto em Cumuruxatiba como em Caraíva, 81% dos turistas declararam não ter recebido nenhum tipo de instrução ou informação a respeito da comunidade local e em Corumbau esta desinformação representou 73% das declarações. Novamente, turistas que declaram ter recebido informações sobre as comunidades, muitas vezes se mostraram interessados em conhecê-las.

(1) Conhecemos um senhor indígena.

(2) Conheci logo pois estou hospedado em casa de pescador. (3) Já tinha lido sobre a comunidade indígena.

Cumuruxatiba Corumbau Caraíva Sim 52% Não 48% Sim 52% Não 48% Sim 39% Não 61%

Figura 15: Percentual de conhecimento sobre a Reserva Extrativista Marinha da Ponta do Corumbau.

Cumuruxatiba Corumbau Caraíva

Vantagens 39% Desvantagens 13% Não sabe ou Não respondeu 48% Vantagens 44% Desvantagens 2% Não sabe / Não

respondeu 54% Vantagens 36% Desvantagens 9% Não sabe / Não respondeu 55%

Figura 16: Percentual de vantagens e desvantagens na existência da Reserva Extrativista Marinha da Ponta do Corumbau.

Cumuruxatiba Corumbau Caraíva

NÃO FOI APLICADA

Sim 79% Não 21% Sim 93% Não 7%

Figura 17: Disposição a realizar passeio em barco de pesca.

Cumuruxatiba Corumbau Caraíva

NÃO FOI APLICADA

Sim 62% Não 38% Sim 79% Não 21%

Cumuruxatiba Corumbau Caraíva Sim 16% Não 84% Sim 12% Não 88% Sim 10% Não 90%

Figura 19: Percentual de turistas que receberam instruções com relação ao meio- ambiente.

Cumuruxatiba Corumbau Caraíva

Sim 19% Não 81% Sim 27% Não 73% Sim 19% Não 81%

...A novidade era o máximo! Um paradoxo estendido n’areia. Alguns a desejar seus beijos de Deusa, outros a desejar seu rabo pra ceia...

Gilberto Gil