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A pesquisa e a Intervenção aliança que tem dado certo

No documento A saúde coletiva em destaque (páginas 138-145)

CURRICULAR EM ENFERMAGEM

Estação 3: A pesquisa e a Intervenção aliança que tem dado certo

pela diversidade cultural e social existentes para além da sala de aula, para o extra muro, para o território dinâmico e cultural dos serviços de saúde brasileiro.

Estação 3: A pesquisa e a Intervenção aliança que tem dado

é executada a ação planejada de modo processual, colaborativo, compartilhado e avaliado por todos os participantes (trabalhadores do serviço, discentes, docentes, usuários).

Nesta tríade planejamento-execução-avaliação instala-se o desafio. O desafio de estabelecer pesquisa-ação continuada ao longo dos semestres letivos, o desafio de manter-se motivado para dar seguimento ao que foi pensado e idealizado com o grupo de outrora, de comprometer-se, de continuar e negociar sempre que necessário.

Ao longo desta trajetória do ESI na Atenção básica, a pesquisa-ação foi experiência de diferentes modalidades: modo pontual (uma única intervenção, quando acabou o semestre letivo do estágio, acabou a intervenção) e modo processual (independente do estágio, a intervenção continuava) sendo necessário algumas vezes voltar ao ponto central da situação e onde almejava-se chegar. Vários foram os projetos de pesquisa-ação e que foram desenvolvidos na trajetória do ESI, será apresentado a seguir algumas destes, permitindo ao leitor a reflexão sobre a relevância e as inovações executáveis no cotidiano da gerência e da gestão da saúde da família.

A primeira pesquisa-ação relatada é na área de saúde da criança. Com diagnóstico situacional na área de abrangência da USF, notou-se alta incidência de crianças de 0 a 4 anos que não tem acesso às consultas multiprofissionais (enfermeiro, médico, cirurgião dentista) na unidade de saúde da família estudada. Então emerge a ação para organizar e qualificar o acompanhamento do Crescimento e desenvolvimento de Crianças (ACD), modo multidisciplinar para crianças de 0 a 4 anos. Discentes, trabalhadores de saúde e docente que integravam o Estágio Supervisionado daquela unidade, decidiram construir um fluxograma das consultas de ACD, que assemelha-se com um jogo infantil denominado “jogo de amarelinha”. Cada retângulo do fluxograma (cada casa do jogo de amarelinha) representava um período da vida (de 0 a 4 anos) e o que a criança necessita durante esta fase, possibilitando os cuidadores e os profissionais seguirem um passo a passo, de como acompanhar a criança na saúde da família. Após a criação fluxograma de modo

lúdico, foram criadas outras estratégias para adesão da ação. São elas: treinamento em serviço com os trabalhadores da unidade para operacionalização do cronograma, educação em saúde de modo individual e coletivo, com os cuidadores das crianças no território adscrito. O resultado desta pesquisa-ação aumento do número de crianças, para as consultas multidisciplinar nas semanas seguintes a implantação do projeto. Conclui-se que ações como estas, precisam de adesão de todos os integrantes da saúde da família, de modo coeso com a universidade para juntos, fortalecerem o serviços de saúde da atenção básica e consequentemente promover qualidade de vida e saúde para a comunidade.

A segunda experiência de pesquisa-ação envolve a gerência de enfermagem nos serviços de saúde. O diagnóstico situacional foi realizado através da metodologia do Planejamento Situacional Estratégico, que resultou na priorização de problemas relacionados à organização dos serviços ofertados na Unidade de Saúde da Família. Seguido do diagnóstico desenvolve-se a ação: construir protocolos de atendimento na atenção básica, denominado de Procedimentos Operacionais Padrão (POP). Os POP foram construídos coletivamente (estagiários, docente e trabalhadores de saúde da família), nos quais o discente apresentava a proposta da padronização de acordo com arcabouço teórico, realizavam educação em serviço sobre o conteúdo estudado e os trabalhadores da saúde apontavam as limitações e juntos, construíam um procedimento adaptado a realidade do serviço, sem ferir a técnica científica.

Nesta forma de desenvolver a ação, ao final foram construídos três POP de diferentes setores e que compõe o serviço oferecido na unidade de saúde: POP sala de vacina, POP sala de procedimentos, POP recepção e central de material de esterilização. Ao final da intervenção, os trabalhadores sugerem uma intensificação das atividades de Educação Permanente no munícipio, bem como, uma maior interação entre profissionais das USF e gestores de saúde, para troca de informações sobre as dificuldades vivenciadas no serviço.

Conclui-se que há necessidade de fortalecer a integração

ensino-serviço, para promoção de processos educativos mais próximos a realidade do sistema de saúde que temos e que idealizamos ter.

Neste sentido, a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, através do Estágio Supervisionado na Atenção Básica, tem experienciado na sua trajetória ações que possibilitam a indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão e que fortalecem ainda mais o sistema de saúde, que busca ser universal, equânime, descentralizado e participativo. Nosso Sistema Único de Saúde construído por todos!

Algumas considerações sobre o aprendizado

A modelagem do Estágio Curricular em enfermagem ao longo destes dez anos de UFRB, tem sido flexível, capaz de ajustar-se às diferentes situações e circunstâncias, que por diversas vezes nos paralisa e impulsiona à reflexão. O que dizer da greve dos estudantes, dos docentes e dos servidores técnicos, que em momentos distintos, buscaram melhorias para o ensino e para o trabalho decente? O que dizer quando um componente curricular como ESI se depara com a transição de governo municipal e mudam-se 90% dos preceptores dos serviços, os gestores da atenção básica e novas articulações de integração de ensino serviço têm que recomeçar?

O ensino e a aprendizagem através do método da problematização, a extensão, a pesquisa e a Intervenção no ESI, formam contribuições importantes para a saúde coletiva no âmbito municipal. Para o centro de ciências da Saúde da UFRB, a indissociabilidade entre ensino-pesquisa e extensão está apenas começando. O desafio apresenta-se na articulação constante entre, pesquisa-ensino e extensão no cotidiano do serviço precarizado, com vínculos trabalhistas frágeis, onde a rotatividade do preceptor faz-se presente e onde a lógica da produção quantitativa é sobreposta à qualitativa, que limita a atuação do estagiário e enfermeiro na Atenção Básica.

Muitos são os desafios, que vai desde a alta carga horária do docente, até a institucionalização dos cenários de prática na perspectiva de SUS escola, correlacionando com o plano de carreira para o SUS. Os desafios existem. Para superá-los, todos precisam caminhar juntos. A universidade (docentes, discentes e técnicos administrativos e gestores) e a comunidade (cidadão brasileiro trabalhadores ou não), unidas para a construção de um mundo melhor.

Agradecimentos

Agradecemos a todos os docentes, discentes e trabalhadores de saúde que imprimiram seu tom nesta trajetória de Estágio Supervisionado e que está apenas começando. Um brinde!

Referências

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(EducaSaúde). Curso de Especialização em Docência na Saúde: O protagonismo docente diante dos compromissos da formação com o SUS. Porto Alegre: UFRGS/EducaSaúde, 2014c. Material de apoio do Curso de Especialização Docência na Saúde.

Disponível em: <https://moodle.ufrgs.br>. Acesso em: 16 out.

2014.

No documento A saúde coletiva em destaque (páginas 138-145)