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A Polícia Civil e as Necessidades da Comunidade

CAPÍTULO V – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

5.4 FATORES PREJUDICIAIS À AÇÃO DA POLÍCIA CIVIL

5.4.2 A Polícia Civil e as Necessidades da Comunidade

Finalmente, buscaram-se sugestões no sentido de conseguir maior integração entre a Polícia Civil e a Comunidade. Foi esta a pergunta: “Que sugestão você daria para que houvesse maior integração entre a Polícia Civil e a Comunidade, visando uma melhor eficiência na manutenção da segurança pública?”

Ao observar os dados da Tabela 21, verificou-se que a sugestão mais apontada pela Corporação foi o desenvolvimento de um trabalho de aproximação e conscientização entre a Polícia e a Comunidade nas Sociedades de Amigos de Bairros, associações, clubes de mães e outros, através da participação dos policiais em reuniões, palestras, debates, cursos e seminários, objetivando orientar a integração eficaz desses organismos na participação de ações que auxiliem na manutenção da ordem pública, formando uma relação de confiabilidade e solidariedade (45,6%).

TABELA 21 – SUGESTÕES DA POLÍCIA CIVIL VISANDO UMA MAIOR INTEGRAÇÃO COM A COMUNIDADE – 2000

CATEGORIA TENDÊNCIA INTEGRANTESN.º DE (1) %

Reuniões, palestras, debates Aproximação da Polícia à Comunidade. 52 45,6

Investimento do Governo Que o governo do Estado olhe para a segurança

pública, invista mais na Polícia Civil e Militar.

23 20,2

Colaboração da Comunidade Colaboração como testemunhos e informação

disque-denúncia 21 18,4

Participação Polícia Æ Comunidade 20 17,5

Seleção, educação, treinamento Dos profissionais 13 11,4

Divulgação Melhor divulgação do desempenho e das funções

exercidas pela Polícia

8 7,0

Conselho Comunitário Criação do Conselho Comunitário de Segurança de

Bairro

5 4,4

Postos Policiais Implantação de Postos Policiais 5 4,4

Outras sugestões(2) 9 7,9

FONTE: Pesquisa de campo

(1) Questão de múltiplas respostas. 114 casos válidos dentre um total de 132 pesquisados. (2) Na categoria “outras sugestões” foi considerada a freqüência absoluta abaixo de 4.

Destacaram-se, ainda: que o Governo do Estado olhe para a segurança pública, invista mais na Polícia Civil e Militar, implantando um trabalho que dê resultado de verdade para se ter paz no bairro e na cidade como um todo. Pensam assim 20,2% dos pesquisados. A colaboração da Comunidade em relação aos testemunhos e com ligações informativas no disque-denúncia, ajudando a Polícia Civil e Militar a elucidar os fatos delituosos, cuja ausência vêm contribuindo para a impunidade dos crimes, bem como uma maior veiculação através da imprensa, sobre as maneiras, como pode estreitar-se o elo de ligação entre a Polícia e a Comunidade (18,4%); maior participação da Polícia nos meios comunitários (17,5%); através de uma pedagogia apropriada, selecionar, educar, treinar e integrar os profissionais que farão parte do quadro dos integrantes da Polícia Civil no trabalho comunitário. (11,4%); melhor divulgação do desempenho e das funções específicas exercidas por membros das Polícias (Civil, Militar e Federal), através de palestras,

programas de rádio e TV, jornais, propagandas etc. (7,0%); criação imediata dos Conselhos Comunitários de Segurança nos Bairros (4,4%); implantação de postos policiais no bairro com permanência, melhor orientação e atendimento à Comunidade. (4,4%)

Na categoria “outras sugestões” foram apontadas ainda: reorganização funcional e operacional da Polícia Civil; que os policiais trabalhem no próprio bairro onde residem, pelo menos por um bom tempo e que cada um tenha humildade e se coloque no lugar do outro irmão que necessita do seu trabalho, para assim, adquirir a confiança da Comunidade; espelhar-se em outros países, onde se possa obter resultados satisfatórios para que seja implantado um modelo de trabalho que melhore as condições de segurança pública, integrando Polícia Civil x Comunidade; criação de uma Polícia única, para que não haja o fator do militarismo, que afasta a Comunidade das Polícias pelo medo do autoritarismo, pois a Polícia deve ganhar o respeito e não o medo da sociedade; que a Comunidade olhe o policial como um ser humano e guardião da sociedade, não como um monstro ameaçador; um Secretário de Segurança Pública digno; criação de possíveis órgãos (municipais ou estaduais), que possibilite troca de informações na área da criminalidade; estímulo para os informantes* da Polícia; diminui o preconceito que a sociedade tem com a Polícia; o Fundo Especial da Segurança Pública deveria ser descentralizado, devendo, numa cidade como Campina Grande ser investido aqui mesmo, assim não ficaríamos tão dependentes da capital para tudo. Dinheiro é essencial em todos os setores e o dinheiro do FESP é uma grande contribuição da Comunidade, que deseja ver o retorno do que dá. Sem esquecer que tudo isso com salário digno. O policial não pode ter “inveja” do bandido.

Ao analisar-se as sugestões apontadas pela Polícia Civil, conclui-se que, os próprios integrantes da Corporação defendem a idéia de uma Polícia participativa, uma Polícia que seja

* Indivíduos, as mais das vezes, de passado duvidoso, agem quer por interesse (gratificações ou tolerância

para com eles) quer movidos por sentimento de inveja ou vingança, dão indicações à Polícia, as quais permitem identificar ou prender determinados delinqüentes. Todas as Polícias do mundo recorrem, em grau maior ou menor, a esses informantes. Na gíria são chamados de alcagüete, dedo-duro, língua preta, alma.

considerada realmente, como um serviço público e não como uma força pública, e que, deve se constituir em um princípio doutrinário a idéia da Polícia a serviço da Comunidade, protegendo e garantindo aos cidadãos o usufruto dos seus direitos constitucionais. A lei da sociedade é uma lei natural, vez que nenhum homem vive sem interagir com o outro. Enquanto seres pensantes, dotados de razão, o homem é superior aos animais que só agem por instinto. É imprescindível, portanto, que numa sociedade que se diz democrática, a conscientização da organização policial de uma prestação de serviço ao cidadão que lhe permita angariar a confiança e o respeito do povo. É necessário uma nova postura, caminhando para um sistema policial que se identifique com o povo, e que também os integrantes da Polícia sejam respeitados, e não, temidos.