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Integração, Eficiência e Participação da Polícia Civil

CAPÍTULO V – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

5.2 ATUAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL DE CAMPINA GRANDE-PB

5.2.3 Integração, Eficiência e Participação da Polícia Civil

Verificou-se que 55,3% da Corporação não considera eficiente os serviços da Polícia Civil; 81,1% se sentem integrados com sua equipe de trabalho; quase a unanimidade, 95,5%, opinaram que se o trabalho da Polícia Civil fosse integrado com a Comunidade os problemas relacionados com a segurança seriam reduzidos; apenas 28,0% participam ou já participaram de algum grupo ou Associação Comunitária de Bairro, e 40,2% afirmaram não estar preparados profissionalmente para o desempenho do trabalho integrado à Comunidade, necessitam de treinamento. (Tabela 15)

TABELA 15 – AVALIAÇÃO SUBJETIVA DA EFICIÊNCIA DA POLÍCIA CIVIL, TRABALHO INTEGRADO E PARTICIPAÇÃO EM ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DE BAIRRO – 2000

N.º DE INTEGRANTES

SIM NÃO

TOTAL INTEGRAÇÃO, EFICIÊNCIA E PARTICIPAÇÃO

% % %

Baseado em sua experiência profissional, você considera

eficiente os serviços da Polícia Civil? 59 44,7 73 55,3 132 100,0

Você se sente integrado com sua equipe de trabalho? 107 81,1 25 18,9 132 100,0

O trabalho integrado Polícia Civil e Comunidade ajudará a

reduzir os problemas relacionados com a segurança? 126 95,5 6 4,5 132 100,0

Você participa ou já participou de algum grupo ou

Associação Comunitária de Bairro? 37 28,0 95 72,0 132 100,0

Você se considera preparado para trabalhar integrado à

Comunidade? 79 59,8 53 40,2 132 100,0

FONTE: Pesquisa de campo

Observa-se que apesar de haver integração entre as equipes de trabalho, a pesquisa revelou que no que diz respeito à integração com a comunidade apenas uma minoria (28,0%) participa ou já participou de algum grupo ou Associação Comunitária de Bairro, fato que provaria a maior ou menor sensibilidade do policial para os aspectos comunitários. A pesquisa revelou, ainda, que a maioria (95,5%) demonstrou interesse de conhecer a realidade do bairro, as aspirações, necessidades e problemas da Comunidade e ao mesmo tempo deseja que os cidadãos a conheçam e também participem da identificação e solução dos problemas. Para isso, o preparo profissional adequado é um ponto de fundamental importância para o desempenho do trabalho integrado à Comunidade e para o restabelecimento da credibilidade e eficiência da Polícia.

Sabe-se que o senso de Comunidade implica a colaboração com os outros, realismo, lógica no modo de pensar, prontidão para o trabalho em grupo e sobretudo disponibilidade para a responsabilidade. Significa agir levando em consideração o aspecto de utilidade que a vida oferece, lutar pelos próprios interesses e ao mesmo tempo interessar-se pelos outros e pelos seus interesses, ter-se o desejo da perfeição global e a vontade de ajudar os outros, na busca da

realização de si e da Comunidade. Pode-se até mesmo afirmar que o senso de Comunidade é o parâmetro da assim chamada normalidade. Dele depende a riqueza de relacionamentos interpessoais harmoniosos. Portanto, dentre as vantagens do trabalho integrado Polícia Civil e Comunidade, almeja-se um conhecimento mútuo e uma convivência maior dos policiais com a Comunidade, constituindo assim a chamada Polícia Comunitária.

Em relação aos treinamentos necessários para o trabalho integrado à Comunidade, a pesquisa revelou que a opção do maior percentual, (66,0%) dos integrantes da Polícia Civil, foi por cursos de formação e desenvolvimento profissional, voltados para a implantação de uma cultura que valorize o respeito à lei e aos direitos humanos, destacando-se, ainda, cursos sobre a filosofia e o papel do Policiamento Comunitário (64,2%), e noções de Direito (35,8%). (Tabela 16)

TABELA 16 – TREINAMENTOS NECESSÁRIOS PARA O TRABALHO INTEGRADO À COMUNIDADE – 2000

TREINAMENTO NECESSÁRIO INTEGRANTESN.º DE (1) %

Cursos de formação e desenvolvimento profissional, voltados para a implantação de uma cultura que

valorize o respeito à lei e aos direitos humanos 35 66,0

Cursos sobre a filosofia e o papel do Policiamento

Comunitário 34 64,2

Noções de direito 19 35,8

Treinamento com defesa pessoal 16 30,2

Cursos de informática 15 28,3

Treinamento de tiro ao alvo 14 26,4

Cursos de psicologia básica 13 24,5

Cursos de línguas estrangeiras 9 17,0

FONTE: Pesquisa de campo

(1) Questão de múltipla escolha. 53 casos válidos dentre um total de 132 pesquisados.

A escolha dos treinamentos, demonstra que os integrantes da Polícia Civil necessitam constantemente de uma permanente reciclagem para o bom desempenho de suas atividades profissionais. Entretanto, faltam recursos financeiros, são poucos os policiais experientes, com vocação e formação profissional completa e compatível com a realidade social contemporânea.

De acordo com artigo 17 da Lei n.º 4.216/80, que dispõe sobre a estrutura organizacional básica da Secretaria da Segurança Pública do Estado da Paraíba, compete a Academia de Polícia Civil proporcionar cursos de aperfeiçoamento e treinamento constante para os seus servidores a fim de mantê-los sempre atualizados, realizar planos, estudos e pesquisas que visem ao estabelecimento de doutrinas orientadoras, em alto nível, das atividades policiais do Estado. Entretanto, verifica-se que na prática, há um enorme descompasso entre o que está escrito na lei e a realidade da sua aplicação, numa demonstração de total descaso com a própria Instituição, com seus servidores e, principalmente, com a segurança da Comunidade. Prova-se com isso, o motivo de tanta descrença popular nas instituições policiais. Portanto, far-se-á necessário mudar a relação entre os policiais civis e a Comunidade, realizando treinamentos e cursos que permitam aos policiais adequar-se melhor ao trabalho integrado à Comunidade e também aos outros órgãos que compõem a segurança pública do Estado com o objetivo de capacitá-los para o desempenho de suas funções. Para que saibam, também, transmitir à população uma sensação de segurança e de conforto, levando em conta o respeito aos direitos humanos inerentes tanto à Comunidade quanto ao próprio policial que, também é cidadão de direitos e, como todo cidadão também merece respeito, já que é tratado quase sempre com desprezo pela própria Comunidade a que serve, socialmente discriminado, considerado por muitas autoridades, professores, doutores [!] como “lixo”, “monstro”, “selvagem”, “pistoleiro”, “cão-de-guarda” e tantos outros termos.

Contudo, mesmo sem uma boa formação, falta de condições materiais para o trabalho, sem nenhuma reciclagem e treinamento adequado, o policial se vê obrigado a trabalhar na prevenção e repressão ao crime, realizar investigações com pacatos cidadãos e com toda a espécie de malfeitores de alta periculosidade, dedicar atenção especial aos mais vulneráveis tais como deficientes, adolescentes desajustados, idosos e doentes, tendo que tomar importantes,

complexas e urgentes decisões, na maioria das vezes sem tempo nem para consultar seus superiores.

Sem motivação para o trabalho, tendo em vista o tratamento recebido de alguns superiores, seus problemas de ordem particular, decorrentes principalmente do baixo salário, as suas deficiências de ordem pessoal, o policial despreparado para viver no ambiente de trabalho negativo pela sua própria natureza, vez que estará sempre lidando com as fraquezas humanas, não tem como apresentar um desempenho satisfatório, à altura do que a sociedade almeja. Associando-se a isto tudo, uma administração sem planejamento só pode apresentar resultado deficiente cuja tendência é agravar-se, já que a Polícia vai perdendo na qualidade e ganhando no crescimento de seus problemas, que na sua maioria, não é solucionado por falta de interesse dos que estão no Poder.