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O DIREITO À SEGURANÇA: O EIXO PRINCIPAL NESTA PESQUISA

CAPÍTULO II – DIREITOS DO CIDADÃO

2.5 O DIREITO À SEGURANÇA: O EIXO PRINCIPAL NESTA PESQUISA

Entende-se por segurança, a ação e efeito de assegurar e garantir alguma coisa. É a garantia “dada ao indivíduo de que sua pessoa, seus bens e seus direitos não serão objetos de

25 BONAVIDES, P. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2.000. p. 523, 525.

Vale registrar que a Escola de Fortaleza prefere o termo “dimensão” em lugar de “geração”. Aqui respeita-se o de geração em virtude dos autores citados. Seja bastante dizer que rigorosamente falando, não coincidem, pois implicam noções diferentes no relativo à continuidade ou superação dos direitos da “geração” anterior.

26 FRANCO, A. A. de M. Curso de direito constitucional brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 1958. v.

violência e, caso o sejam, a sociedade os garantirá, protegendo-os e reparando-os.” (DELOS,27 apud GUSMÃO, 1994:82). Na segurança, qualquer que seja a sua aplicação, previnem-se os riscos, resguardam-se os direitos, reparam-se os prejuízos, tomam-se cautela ou determinam-se medidas para remover qualquer possibilidade de dano.

Num sentido amplo, pode-se dizer que a Constituição prevê a lei como principal instrumento de segurança dos indivíduos. Por esse motivo são estabelecidas, no capítulo destinado aos direitos individuais, certas regras de caráter fundamental. O caput do artigo 5º fala em inviolabilidade do direito à segurança, o que, no entanto, não impede seja ele considerado um conjunto de garantias, natureza que, aliás, se acha inserida no termo segurança. Efetivamente, esse conjunto de direitos aparelha situações, proibições, limitações e procedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito individual fundamental.

Na teoria jurídica, a palavra segurança assume o sentido geral de garantia, proteção, estabilidade de situação ou pessoa em vários campos, dependente do adjetivo que a qualifica. Segurança social significa a previsão de vários meios que garantam aos indivíduos e suas famílias condições sociais dignas; tais meios revelam-se basicamente como conjunto de direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem. Conforme definiu SILVA, “são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade.”28 Enquanto os direitos individuais dizem respeito ao ser humano, como pessoa, os direitos sociais dizem respeito às relações sociais das pessoas enquanto membros de uma coletividade.

27 DELOS (JT), “Les buts du droit: bien commum, sécurité, justice” (LBD). 28 SILVA, J. A. da. 1995, op. cit., p. 277.

Diz a Constituição que todos são iguais perante a lei. É claro que isso não assegura a igualdade de fato, pois na realidade essa afirmação constitucional não impede que alguns nasçam muito ricos e outros muito pobres. Não se pode ignorar, também, que as diferenças de riqueza material e de condição social acarretam, indevidamente, a aplicação da lei de forma diferenciada para um e para outro. De qualquer forma, a lei não pode estabelecer distinções, dando mais direitos ou obrigações a uns que a outros.

Outro fator de segurança para os indivíduos é a regra constitucional dispondo que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Essa regra é conhecida como princípio da legalidade. Nenhuma exigência ou proibição pode ser imposta sem base numa lei. Outro é o que a tradição de nosso direito chama de direito adquirido. “Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, arbítrio de outrem,”29 onde a regra constitucional dispõe que: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. De acordo com a Lei de Introdução ao Código Civil, “ato jurídico perfeito é o já consumado, segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. Coisa julgada é a decisão judicial de que já não caiba recurso”30. Como se vê, o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada tornam definitiva certa situação jurídica, assegurando a permanência de um ou de mais de um direito. Assim é que contribuem para dar segurança aos indivíduos.

Dos direitos relativos à segurança pessoal o mais importante é o que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. Dentre outros direitos relativos à segurança pessoal é a inviolabilidade do domicílio. Essa

29 BRASIL. Decreto-Lei nº 4.657, de 17 de setembro de 1942. Lei de Introdução ao Código Civil

Brasileiro. Diário Oficial da União. (Art. 6º)

regra constitucional, concedendo a todas as pessoas o direito de não terem sua casa invadida, também visa proteger a segurança e a intimidade das pessoas. Como regra, ninguém pode entrar numa casa sem autorização do morador. Essa proibição de invadir uma casa aplica-se também às autoridades policiais31. Nenhuma autoridade civil ou militar tem poderes para mandar invadir a

casa de uma pessoa. A entrada na casa contra a vontade do morador só será regular se houver uma ordem judicial escrita e mesmo nesse caso é proibido entrar durante a noite.

Outra regra que protege a segurança das pessoas é a que estabelece limitações quanto à pena a ser imposta nos casos de crime. Nenhuma pena pode ir além da pessoa do delinqüente. Seja qual for o crime, só quem teve efetiva participação nele é que pode sofrer uma punição. Qualquer acusado tem o direito de ampla defesa com assistência judiciária gratuita e de ser julgado pelo juiz ou Tribunal que a lei encarrega do assunto. Também está contido na Constituição que não será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião, bem como, que em nenhuma hipótese será concedida a extradição de um brasileiro.

31 Cf. BRASIL. Código de processo penal. 37. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. – (Legislação brasileira),

art. 150, § 3o, inciso I e II; Lei no 4.898, de 9 de dezembro de 1965, arts. 3o e 4o; Constituição Federal do Brasil,