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Com a idéia de uma nova ordem social e política, as prerrogativas legais de políticas públicas criam Conselhos paritários com intuito de organizar os municípios e de propiciar a democratização das políticas sociais. Em São José, em 13 de Dezembro de 1995 através da Lei 2.866, cria-se o Conselho Municipal de Assistência Social e o Fundo Municipal de Assistência Social.

O Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS é uma instância colegiada de caráter permanente e deliberativo, sua estrutura básica se integra à secretaria ou órgão equivalente da assistência social, tendo sua composição, organização e competência fixadas em Lei. Portanto são constituídos pelo município mediante Lei específica que estabelece sua composição, ou seja, atribuições e competências que terão que ser exercidas. (TCU, 2007).

Este Conselho está embasado na Lei 8.742, LOAS (1993 ) são definidos como instancias deliberativas do sistema descentralizado e participativo de assistência social, de caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil.

Conforme Art. 16 da LOAS. As instâncias deliberativas do sistema descentralizado e participativo de assistência social, de caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil, são:

I - o Conselho Nacional de Assistência Social; II - os Conselhos Estaduais de Assistência Social; III - o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal;

IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social (LOAS, 1993).

Assim, o Conselho tem composição paritária, sendo, 50% dos representantes governamentais (órgãos e instituições das áreas, educação, saúde, habitação) e 50% representantes da sociedade civil. Independente do número de conselheiros, ou origem das representações, essa paridade deve ser respeitada, garantindo a participação das

organizações sociais e populares no processo de formulação, decisão e controle das políticas sociais. É dever do Ministério Público fiscalizar o processo de escolha dos representantes da sociedade civil . Sua estrutura deverá contar com um plenário, integrado por todos conselheiros, e com uma secretaria executiva. A secretaria deve ter suas atribuições definidas no regimento ou delegadas pelo plenário e, entre outras responsabilidades, deve a execução das deliberações do conselho e servir de apoio administrativo as suas atividades.

Os conselhos são espaços públicos de composição plural e paritária entre Estado e sociedade civil, de natureza deliberativa e consultiva, cuja função é formular e controlar a execução das políticas públicas setoriais. Os conselhos são o principal canal de participação popular encontrada nas três instâncias de governo (federal, estadual e municipal) (PORTAL DA TRANSPARÊNCIA, 2009).

As reuniões do Conselho devem ser espaços democráticos onde se discutem a implementação de direitos comuns a todos, assim, estes Conselhos possuem um plano de ação, direcionando os encaminhamentos voltados a garantia de direitos.

Para a efetivação dos planos de ação do CMAS de São José, é imprescindível a execução de uma política social, impulsionando e ampliando o movimento de organização social, propondo novas estratégias para o enfrentamento das demandas sociais conjunturais, onde também sistematiza experiência para o adensamento da produção teórica no âmbito das políticas sociais, articulado aos rumos a serem perseguidos.

Essas políticas são entendidas como o conjunto de planos e programas de ação governamental voltados à intervenção social, onde são traçadas as diretrizes e metas a serem fomentadas pelo Estado, sobretudo na implementação dos objetivos e direitos fundamentais dispostos nas legislações.

Para que os Conselhos Municipais de Assistência Social possam efetivar as ações inerentes às políticas publicas é preciso conhecimento da lei que norteia as atividades previstas.

No artigo 1º da Lei 2.866/ 95, que trata da criação do Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS de São José que é o órgão que delibera, controla coordena e normatiza, bem como articula a política social no que tange o Art.16 item IV da Lei Orgânica Federal N. 8.742 de 07/12/93 LOAS.

No referido artigo 16 do Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS de São José refere-se ao caráter deliberativo e composição do sistema descentralizado e participativo da Assistência Social, de caráter permanente e de composição paritária entre o Governo e a Sociedade Civil. Com relação ao artigo 2º O CMAS de São José, segundo a LOAS (1993), organiza-se com base nas seguintes diretrizes:

I- Descentralização político - administrativa para o município e o comando único das ações em cada esfera do governo;

II- Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis;

III-Primazia da responsabilidade do município na execução da política de Assistência Social.

Subtende-se que a descentralização propicia a autonomia do município para atender demandas imediatas no território, facilitando uma análise mais apurada de diagnósticos sociais.

No Art. 3 apresenta os principais objetivos da assistência social que diz respeito:

I- Proteção á família, a maternidade, à infância e adolescência e velhice; II- Amparo às crianças e adolescentes carentes;

III-Promoção de integração no mercado de trabalho;

IV- Habitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência a promoção de sua integração à vida comunitária.

Podemos dizer que a política social tem por objetivo a promoção do bem – estar social. Isto significa que a ação se dirija a promoção dos direitos sociais satisfazendo as necessidades sociais dos indivíduos e a realização desses direitos.

Em seu artigo 4º, que trata das competências do CMAS de São José estabelecendo diretrizes, aprecia e aprova os planos anuais e plurianuais do Fundo Municipal de Assistência Social FMAS, bem como aprova a política e o Plano Municipal de Assistência Social.

O CMAS de São José também é responsável pela normatização e regulação dos serviços seja de natureza pública ou privada no campo da Assistência Social. Cabe a ele também apreciar e aprovar proposta orçamentária da assistência social conforme Plano Municipal de Assistência Social, encaminhado pelo poder executivo municipal. O Conselho deve cumprir e fazer cumprir em âmbito municipal a Lei Orgânica da Assistência Social, zelando pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de Assistência Social.

O artigo 5º da Lei 2.866/95 demonstra que, a organização e estrutura do Conselho Municipal de Assistência Social e seu funcionamento serão estabelecidos no regimento interno, elaborado pelo Conselho e aprovado por ato do chefe do Poder Executivo.

Para que sejam garantidos esses direitos o artigo 6º da referida Lei municipal vem afirmar a importância da descentralização, a participação das entidades e organizações de assistência social, assim garantindo esforços, recursos, e por um conjunto de instância deliberativa composta por diversas áreas.

Para que essas ações possam acontecer, é necessário que o Conselho tenha os seus representantes, sendo estes tratados no artigo 8º, onde diz: “O Conselho Municipal de Assistência Social será composto por 12 membros e respectivos suplentes, sendo representado paritariamente por órgãos públicos e privados, para mandato de dois anos.” Os seis mais votados serão os titulares e os seis subseqüentes serão suplentes. Para fazer parte do Conselho Municipal de Assistência Social as entidades filantrópicas ou de Assistência Social tem que estar juridicamente constituídas e em regular funcionamento.

O Art. 9 da Lei 2.886/95 refere-se à escolha dos membros do conselho. Ele define que os representantes e suplentes da esfera governamental serão escolhidos pelos órgãos representativos ou do poder executivo municipal. Os representantes das ONG’S serão eleitos em fórum próprio convocado pelo prefeito através de edital público sendo comunicado as entidades com 20 dias de antecedência.

Já o Art.10 da Lei 2.886/95, vem explicar as atribuições dos conselheiros. Consta neste artigo que exercício da função é considerada serviço público, porém não é remunerado. Neste se encontram descrições sobre as penas dos conselheiros, quando faltarem às reuniões consecutivas sem justificativa ou em reuniões intercaladas. Ele também descreve sobre o direito ao voto e das substituições de representações das entidades que compõem o Conselho conforme segue abaixo:

Art.10 As atividades dos membros eleitos do CMAS de São José reger-se - aõ pelas seguintes disposições:

I – O exercício da função de Conselheiro é considerado serviço público relevante, e não será remunerado;

II – Os Conselheiros que faltarem injustificadamente a 3 ( três ) reuniões consecutivas ou 5 ( cinco) reuniões intercaladas, serão afastados bem como a entidade a que representa, assumindo o representante da entidade suplente. As justificativas serão codificadas no Regimento Interno.

III - Os Conselheiros das entidades não governamentais e do órgão governamental representativo poderão ser substituídos mediante solicitação, da entidade ou autoridade responsável, apresentada ao CMAS;

IV – Cada membro do CMAS terá direito a um único voto na sessão plenária; V – As decisões do CMAS serão consubstanciadas em resoluções. (CMAS São José, 1995, p.5).

A Lei 2.886/95 trata do funcionamento do Conselho Municipal de Assistência Social, cabe ao conselho seguir o que está estabelecido no regimento interno que determina que as sessões plenárias sejam realizadas a cada mês, sendo convocada pelo presidente ou por requerimento dos membros. É dever da Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Social oferecer os recursos necessários para o funcionamento do Conselho. Para fortalecer seu trabalho o Conselho poderá contar com algumas entidades, ou seja: instituições formadoras de recursos humanos; entidades representativas profissionais e usuários dos serviços de Assistência Social, sem condição de membro. Poderão ser criadas comissões internas, constituída por entidades ou membros do CMAS de São José.

Para atender os encargos decorrentes da Política de Assistência Social no Município fica criado o Fundo Municipal de Assistência Social, tem por objetivo atender as necessidades do município conforme consta na LOAS Lei n 8.742, de 07 de dezembro de 1993, e especialmente financiar programas e projetos que viabilizem a proteção à família, à maternidade, á infância e adolescência e á velhice, promoção de integração ao mercado de trabalho.

O Fundo Municipal de Assistência social é um órgão captador e distribuidor dos recursos financeiros, por isso, segue as diretrizes do CMAS. A Secretaria de Habitação e Desenvolvimento social é responsável pelo gerenciamento e controle contábil, sendo o prefeito o ordenador de despesas. Compete ao gerenciador do FMAS registrar recursos orçamentários, manter controle escritural das aplicações financeiras, liberarem recursos, administrar os recursos. Esses recursos são constituídos através de dotações do município, transferência advinda do orçamento da Seguridade Social da união e dos estados, remuneração de aplicações financeiras. Portanto todas as arrecadações obtidas serão depositadas em conta especial.

Sendo assim, percebemos que no município de São José a LOAS é efetivada a partir da criação da Lei Municipal nº 2.866 13 de Dezembro 1995, que cria o Conselho

municipal de Assistência Social – CMAS de São José e o Fundo Municipal de Assistência Social – FMAS.

Após a criação do conselho, foi necessário elaborar um Plano municipal de Assistência Social – PMAS do Município de São José. Sua elaboração foi feita com base nas diretrizes descentralizadoras e municipalistas da atual Constituição Federal, contribuindo para o fortalecimento do poder local.

Cabe ao município desenvolver políticas de assistência social, tendo como principio a organização e o financiamento das suas ações na área. Portanto é necessário a elaboração de um PMAS, e sua aprovação pelo CMAS de São José.

O objetivo do PMAS de São José é de se aproximar cada vez mais da realidade do município, fazendo um bom diagnostico social. Possibilitando um orçamento que priorize as necessidades reais.

Para que a população receba atendimento básico é preciso fazer um diagnóstico do município, através de um levantamento de dados que comprovem os níveis de qualidade de vida da população.

Nesta mesma perspectiva, reorganizaram-se as ações da Secretaria dividindo os segmentos de atendimento e implantando serviços específicos para crianças/ adolescentes, idosos e plantão Sócio Emergencial. .

No ano de 1998, acompanhando o movimento e organização nacional de atendimento as demandas foram implantados os Programas Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviço à Comunidade (PSC). Em 2000, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Em setembro de 2001, cumprindo a meta definida no Plano de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil – PEVES, o Ministério da Previdência e Assistência Social, em parceria com municípios contemplados, inclusive São José, implantou o Programa Sentinela. A partir de maio de 2002, devido à grande demanda, o referido Programa deu lugar ao Centro de Referência Sentinela, numa proposta de atendimento especializado de grande porte.

A partir da necessidade de ampliar as ações integradas entre os Programas, no que se refere ao aspecto da multidisciplinaridade e enfocando o atendimento à família em sua totalidade, o Executivo Municipal, em 14 de dezembro de 2001, criou o Centro Integrado de Atendimento à Criança, ao Adolescente e à Família - “Cidade da Criança”,

funcionando dentro das instalações da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social, do qual fazia parte.

No ano de 2005 o município habilitou-se junto ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS em habilitação básica para o desenvolvimento e implementação da PNAS.

No decorrer do ano de 2006 a equipe da Secretaria da Ação Social em parceria com o Projeto de Extensão da UNIVALI realizou estudo aprofundado com relação, às novas adequações a serem implementadas na Política Municipal de Assistência Social, para a adequação desta ao PNAS, bem como foi discutido os objetivos desta Secretaria. O fruto desta discussão resultou no Plano Municipal de Assistência Social 2006, onde foram definidas as atribuições da Secretaria e adequado todo o organograma a partir da complexidade dos serviços oferecidos.

Segundo o Plano Municipal de Assistência Social (2006) a Secretaria de

Ação Social tem como atribuição proteger a infância, a adolescência, a família, a maternidade, o idoso, o deficiente e a população de baixa renda, através da implantação e da implementação de políticas de atendimento na garantia e defesa dos direitos, através de seus programas.

A subdivisão da Secretaria definiu-se em quatro Diretorias: de Gestão, englobando o Administrativo, Financeiro e Secretaria Executiva dos Conselhos; de Proteção Social Básica, em que está inserido o Programa Bolsa Família, o BPC, Projetos Especiais, o Centro de Referência da Assistência Social – CRAS e o Serviço de Atenção a Terceira idade; de Proteção Social Especial de Média Complexidade, abrangendo os programas PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), Centro de Referência Sentinela, ASEMA (Apoio Sócio-Educativo em Meio Aberto), POASF (Programa de Orientação e Apoio Sócio Familiar), Plantão Social (Sócio Emergencial), Liberdade Assistida (LA) e Prestação Serviços à Comunidade (PSC), Abordagem de Rua (em fase de aprovação), Programa do Adolescente Josefense (PROAJ), Programa de Orientação e Apoio a Pessoas Idosas e Portadora de Deficiência; e ainda Diretoria de Proteção Especial de Alta Complexidade que abrange os convênios realizados com instituições como, Casas Lar para crianças, adolescentes e idosos.

A partir deste estudo, ressalta-se a importância da garantia de uma equipe técnica permanente e suficiente, conforme a proposta da Norma Operacional Básica NOB/SUAS/2005. Como resultado desta discussão e respondendo as indicações das Conferências Municipais de Assistência Social dos anos de 2005 e 2007, no mês de setembro do ano de 2007, foi implantado o primeiro Centro de Referência de Assistência Social, concretizando assim partes dos objetivos da Política Nacional de Assistência social - PNAS, sendo eles:

“Promover serviço, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e, ou, especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitem;”

“Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em área urbana e rural.”

“Assegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham centralidade na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária”. (Política Nacional de Assistência Social, 2004, p.27).

A Política de Assistência Social traz uma visão ampla da situação atual dos municípios, desta forma, é imprescindível a implantação dos Conselhos Municipais de Assistência Social, para compreender a dinâmica social de cada município e assim direcionar melhor seus objetivos.

4 O CRAS DE SÃO JOSÉ E O PROJETO TECENDO REDES

Este capítulo apresenta os aspectos relacionados ao “Projeto Tecendo Redes”, objeto deste estudo, que vem sendo desenvolvido no Município de São José/SC.

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