• Nenhum resultado encontrado

O centro de referência da assistência social no município de São José/SC: o projeto tecendo redes

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O centro de referência da assistência social no município de São José/SC: o projeto tecendo redes"

Copied!
80
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DAVID LAIPELT DE SÁ

O CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ/SC: O PROJETO TECENDO REDES

PALHOÇA 2009

(2)

O CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ/SC: O PROJETO TECENDO REDES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Serviço Social, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Dra. Darlene de Moraes Silveira.

PALHOÇA 2009

(3)

O CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ/SC: O PROJETO TECENDO REDES

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social, e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Serviço Social, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça,____de__________de 2009.

_____________________________________________________ Professora Orientadora: Dra. Darlene De Moraes Silveira

Universidade do sul de Santa Catarina

_____________________________________________________ 1º Membro da Banca: Profa. M.Sc. Vera Nícia Fortkamp De Araújo

Universidade do sul de Santa Catarina

_____________________________________________________ 2º Membro da Banca Prof. M.Sc. Roberto Iunskovski

(4)

O Futuro não é um lugar qualquer para aonde estamos indo, mas que estamos construindo. Os caminhos que a ele conduzem não precisam ser encontrados, mas criados, e o ato de criá-los transforma tanto o criador quanto a sua destinação.

(5)

Agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram em minha formação no transcorrer dos quatro anos de curso de graduação em Serviço Social e também na elaboração deste trabalho. Em especial, não poderia deixar de expressar publicamente minha gratidão:

Primeiramente a Deus, por ter colocado em meu caminho pessoas maravilhosas que estiveram sempre prontas a me ajudar;

Meus pais e irmão por estarem comigo propiciando estabilidade em todos os momentos, através de demonstrações sinceras de amor, carinho e dedicação;

Ao Anderson, amigo e companheiro de todas as horas que deu apoio e auxilio, contribuindo para minha formação profissional;

Á professora e orientadora, Darlene de Moraes Silveira pela paciência e pelo profissionalismo na orientação deste estudo. Aos membros da banca professora Vera Nicia. F de Araújo e professor Roberto Iunskovski agradeço pela colaboração;

Aos professores que dividiram suas experiências e ajudaram neste processo de formação, durante a trajetória acadêmica, dividindo saberes, trocando informações e incentivando;

As três supervisoras de campo Márcia Ferrari, Válbia Campos Pereira e Ciberen Quadros Ouriques, pela suas orientações e esclarecimentos durante o processo de estágio, e aos amigos do CRAS, o meu obrigado;

Aos amigos especiais, a Psicóloga Liliane, a Coordenadora Administrativa Daguimar, Juliana, Solange, Rosana Stefanello, Indianara;

(6)

O referido Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, vem apresentar a contribuição do Serviço Social no desenvolvimento do Projeto Tecendo Redes junto ao Centro de Referência da Assistência Social – CRAS de São José/SC. O CRAS se configura como a porta de entrada de todas as demandas sociais, o que motivou o conhecimento da rede socioassistencial do Município. Diante das demandas e rotina do CRAS, foi criado o Projeto Tecendo Redes, com o objetivo de fazer a articulação e a troca de informações entre as instituições que prestam serviços socioassistenciais em São José/SC, bem como propiciar a agilidade no encaminhamento das demandas. As reflexões teórico-práticas aqui apresentadas decorrem do estágio curricular em Serviço Social realizado pelo acadêmico, que ocorreu entre os anos de 2007 e 2008, a partir do processo de implantação do CRAS, no período de estágio curricular. O destaque é para a participação na elaboração e implantação do Projeto Tecendo Redes. Para tanto, foi utilizado como conteúdo: a Constituição da república Federativa do Brasil de 1988, a Lei Orgânica da Assistência Social –LOAS, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, a Política Nacional de Assistência Social e os documentos da Política Municipal de Assistencial Social de São José. O presente TCC também é fruto de uma pesquisa bibliográfica e documental e apresenta estudos que demonstram as contribuições do Serviço Social junto ao Projeto Tecendo Redes, garantindo o acesso aos direitos sociais através da articulação de um maior número de instituições socioassistenciais e com isso qualificando o atendimento aos usuários da rede.

(7)

The Work Conclusion of Course - WCC, is presenting the contribution of Social Service in the development of Network Weaving Project at the Center of Reference of Social Welfare - CRAS de São José/SC. The CRAS is configured as a port of entry for all social demands, which led to knowledge of the social welfare network in the city. Faced with the demands and routine of CRAS, was the Network Weaving Project, aiming to make the articulation and exchange of information between the institutions providing social care in São José/SC, and provide the flexibility in routing of demands. The theoretical and practical ideas presented here stem from the training curriculum in Social Service conducted by academic, which occurred between the years 2007 and 2008, from the deployment of CRAS in the period of traineeship. The focus is to participate in the drafting and implementation of Network Weaving Project. For both, was used as content: the Constitution of the Federative Republic of Brazil of 1988, the Organic Law of Social Welfare - LOAS, the Single System of Social Assistance - SUAS, the National Policy for Social Assistance and the documents of the Municipal Assistance Policy Social de San José This WCC is also a result of a literature search and document and submit studies that demonstrate the contribution of Social Service at the Weaving Project Network, ensuring access to social rights through the articulation of a larger number of social welfare institutions and with that describing the service to users of the network.

(8)

CF/88 – Constituição Federal de 1988.

CRAS - Centro de Referência da Assistência Social

CREAS - Centro de Referência Especializado na Assistência Social CASAN- Companhia Catarinense de Águas e Saneamentos

CEBAS- Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina

CAGED- Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CNAS- Conselho Nacional de Assistência Social

CMAS- Conselho Municipal de Assistência Social FNAS – Fundo Nacional de Assistência Social FMAS- Fundo Municipal de Assistência Social IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS- Imposto Sobre Circulação de Mercadoria IDH- Índice de Desenvolvimento Humano

LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social LA- Liberdade Assistida

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome NOB/SUAS - Norma Operacional Básica da Assistência Social

NOB/RH/SUAS - Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social

PBF - Programa Bolsa Família PIB- Produto Interno Bruto

PAIF - Programa de Atenção Integral as Famílias PNAS – Política Nacional de Assistência Social PNAS- Plano Municipal de Assistência Social PSC- Prestação de Serviço á Comunidade

PETI –Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PEVES – Plano de Enfrentamento da Violência Sexual Infanta Juvenil. SUAS - Sistema Único de Assistência Social

(9)

1INTRODUÇÃO ... 12

2A ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO POLÍTICA PÚBLICA ... 14

2.1 A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E SUA TRAJETÓRIA ... 14

2.2 O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL –SUAS ... 27

2.3 CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL - CRAS E SEUS DESDOBRAMENTOS ... 33

2.4 PAIF: AÇÕES E SERVIÇOS ... 36

3SÃO JOSÉ E A POLÍTICA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ... 41

3.1- SÃO JOSÉ: ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA SOCIAL E POLÍTICA. ... 41

3.2 A POLÍTICA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL... 46

4O CRAS DE SÃO JOSÉ E O PROJETO TECENDO REDES ... 54

4.1 APRESENTAÇÃO DO PROJETO TECENDO REDES ... 54

4.2 AS CONTRIBUIÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL JUNTO AO PROJETO TECENDO REDES - SÃO JOSÉ ... 60

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 68

APÊNDICE 1 ... 73

(10)

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso aborda o Projeto Tecendo Redes, desenvolvido no Centro de Referência da Assistência Social – CRAS São José/SC, e acompanhado durante a prática de estágio curricular obrigatório no período de 2007 a 2008.

No Brasil o grande marco histórico na área da Assistência Social como política pública de direitos, foi a promulgação da Constituição Federal de 1988, que vem garantir a seguridade social, integrando ações e iniciativas dos poderes públicos e da sociedade, assegurando os direitos relativos à saúde, a previdência e assistência social.

Regulamentando a Constituição Federal de 1988 é criado a Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da Assistência Social) e, a partir desta, a Política Nacional de Assistência Social – PNAS.

Integrando o Sistema Único de Assistência Social, em São José é criado o Centro de Referência da Assistência social – CRAS em 2007 e tem como função, dentre outros, o de desenvolver atividades em áreas de risco e vulnerabilidade social.

Ao CRAS cabe a prestação de serviços e programas socioassistenciais de proteção social básica a indivíduos/famílias e grupos sociais.

O CRAS é uma unidade pública estatal vinculada à diretoria de proteção social básica da Secretária de Ação Social da Prefeitura Municipal de São José.

Dentre as ações desenvolvidas pelo CRAS está o Programa de Atenção Integral a Família (PAIF), que acolhe, orienta, presta informações e encaminha os indivíduos aos serviços da assistência social e outras políticas.

No decorrer do exercício da prática de estágio curricular no CRAS, inicialmente voltou-se para atendimentos pontuais junto ao PAIF.

Como no município não havia articulação com as entidades que prestam trabalhos socioassistenciais à população, surgiu à proposta por parte do Serviço Social do CRAS, de realizar o mapeamento das instituições socioassistenciais potencializando e qualificando a assistência social aqueles que dela necessitam.

(11)

A partir daí, passou a ser organizado do Projeto Tecendo Redes, com objetivo de mapear as instituições que prestam trabalhos socioassistenciais no município de São José.

Este estudo está estruturado com as seguintes seções:

No primeiro capítulo está a introdução, apresentando os objetivos do presente trabalho.

O segundo capítulo aborda a Assistência Social como política pública de direitos, trazendo um resgate histórico e a inclusão desta na Constituição Federal de 1988, com a efetivação da Seguridade Social.

Destaca-se a criação do Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS e por parte deste, a Política Nacional de Assistência Social – PNAS, que tem como objetivo desenvolver programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial.

No terceiro capítulo será apresentado o município de São José e a Política Municipal de Assistência Social, com a abordagem de sua estrutura econômica social e política, assim desencadeando um processo de conhecimento do município e seu desenvolvimento.

Neste mesmo capítulo será apresentada a implantação do Conselho Municipal de Assistência Social – CMAS do município, para posteriormente a Política Municipal de Assistência Social.

No quarto capítulo será apresentado o CRAS de São José e o Projeto Tecendo Redes, assim como seu processo de criação e implementação.

Como a prática de estágio curricular em Serviço Social ocorreu junto ao CRAS e a criação do Projeto Tecendo Redes, discorre-se sobre as reflexões teórico - práticas referentes a esta vivência, destacando as contribuições do Serviço Social para o desenvolvimento deste Projeto.

Este estudo se encerra com a apresentação das considerações finais e suas respectivas análises.

(12)

2 A ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO POLÍTICA PÚBLICA

Esta seção aborda os aspectos históricos da Política Nacional de Assistência Social

2.1 A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E SUA TRAJETÓRIA

Este item vem apresentar o percurso da política de assistência social no Brasil ao longo da história e as lutas enfrentadas pela sociedade, que culminaram em importantes conquistas dos direitos sociais garantidos pela Constituição Federal de 1988.

De acordo com Santos (2001), inicialmente a assistência social era de responsabilidade das famílias, sob a égide da igreja católica. Durante o Período Medieval, as ações sociais foram ampliadas, tornando-se compromisso de toda a sociedade cristã assistir aos seus membros. Essa visão Medieval era baseada em princípios como a caridade, e posteriormente como assistencialismo e ações solidárias.

Ainda segundo Santos (2001, p. 15) “Sob a ordem capitalista, nas sociedades modernas, a prática da assistência social passou a compor o conjunto de intervenções estatais de caráter regulatório, constituídas na condição de mediação entre capital e trabalho”.

Com o passar dos tempos mudou-se a concepção no que diz respeito aos direitos, pois, passou-se para uma nova ordem com a criação do aparato legal pautado na concepção de cidadania e direitos sociais.

A identificação de Assistência social com o assistencialismo e com a filantropia ainda é parte dos desafios a serem enfrentados nesta área. Décadas de clientelismo consolidam uma cultura tuteladora que não tem favorecido o protagonismo nem a emancipação dos usuários da Assistência Social em nossa sociedade (YASBEK, 2004, P.19).

Com a criação das leis ocorre um redirecionamento da assistência social, voltado à visão histórica e crítica de homem, ou seja, transformou-se a simples caridade em direcionamentos e encaminhamentos para adquirir a condição de cidadania.

(13)

Esses encaminhamentos fizeram com que as leis tivessem sua efetividade, tornado possível à prática da cidadania.

No decorrer da história brasileira, surgiram Constituições que não foram efetivadas, mas que tiveram uma grande significado na construção da “Constituição cidadã”, conforme foi denominada pelo então Presidente da Assembléia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, a Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988. (LOYOLA, 2008).

Esta constituição tem como importante referência o movimento social popular que influenciou fortemente o texto vigente, conforme explica Pontes (2009, p. 6-7):

A Constituição de 1988 é uma constituição garantia. Ela dispõe sobre direitos fundamentais sociais (de defesa, de prestações e de participação) e políticas sociais. Nesse último aspecto ela estabelece básicos sociais que dão origem às políticas. São componentes dos direitos básicos:

Política de habitação; Alimentação e água potável; Meio ambiente;

Trabalho; Saúde;

Segurança (integridade física); Segurança econômica;

Segurança no planejamento familiar, na gestação e no parto; Educação básica;

Proteção a crianças e adolescentes;

Relações primárias significativas – direito ao convívio familiar e social (princípio da tolerância)

Idoso e portador de deficiência.1

Na Constituição Federal de 1988 foram definidos os direitos dos cidadãos, sejam sociais, políticos, individuais, coletivos; como também foram estabelecidos limites para o poder dos governantes.

Nessa Constituição percebe-se a importância na efetivação das Leis que configuram uma nova ordem social. Desta forma identificamos em seu artigo 194 capitulo II o seguinte texto:

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

I Universalidade da cobertura e do atendimento;

1 Disponível em www.mp.ma.gov.br/site/centrosapoio/infJuventude/doutConsPoliticaPublicas.doc. Acesso em 20.abr.2009.

(14)

II Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV Irredutibilidade do valor dos benefícios;

V Eqüidade na forma de participação no custeio; VI Diversidade da base de financiamento;

VII Caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados.

Com a análise do artigo 194 da CF/1998, percebe-se a importância do conjunto de ações que abrange o tripé da Seguridade Social, que são: a Saúde, a Previdência e a Assistência.

A Seguridade Social é um conjunto de ações dos poderes públicos e da sociedade civil, que tem por objetivo assegurar o direito à saúde, à previdência, e à assistência social. No Brasil, esse conceito de Seguridade Social surgiu a partir da criação da Constituição de 1988, (SILVEIRA, 1997). Portanto a sociedade tem direito ao acesso aos benefícios, e o dever de contribuir para manter a solidariedade entre os cidadãos.

Entende-se que a Seguridade Social veio com o objetivo de garantir os mínimos sociais, ou seja, a assistência social e a saúde são caracterizadas como direitos sociais de caráter não contributivo.

[...] Portanto, a seguridade social é um espaço de disputa de recursos – uma disputa política que expressa projetos societários, onde se movem os interesses das maiorias, mas estão presentes as marcas históricas da cultura política autoritária no Brasil, que se expressa pela pouca distinção entre público e privado, pelo clientelismo e pelo patrimonialismo. O resultado desse embate tem forte impacto sobre uma parcela enorme da população que conta com as políticas de seguridade para sua sobrevivência [...] (CFESS 2000).

Desta forma devemos entender o verdadeiro papel desses direitos na sociedade, com análise dos artigos 196, 197 e 198 conforme consta na Constituição Federal de 1988 que diz:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

(15)

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade. (BRASIL, 1988).

Como se pode observar, consta na CF/88, a saúde é direito de todos e dever do estado.

O sistema de saúde no Brasil, ao longo dos anos passou por várias avaliações e transformações, porém os problemas encontrados neste processo, ainda o tornam bastante deficitário. Vários municípios no país, não dispõem ainda de uma boa infra - estrutura hospitalar e ambulatorial que atenda as demandas mais emergenciais da população. (CEBES, 2007)

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante

políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988).

O sistema ainda se mostra precário, com falta de profissionais habilitados, por outro lado, há uma grande discussão quanto à viabilidade de recursos financeiros, campanhas e medidas de prevenção à saúde. Cabe a sociedade civil acompanhar e participar do processo de desenvolvimento de políticas públicas na saúde, com isso, estarão exercendo sua cidadania e garantindo seus direitos.

Conforme o Art. 201. da CF/88, “A previdência social será organizada sob forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei:”

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte, incluídos os resultantes de acidentes do trabalho, velhice e reclusão;

II - ajuda à manutenção dos dependentes dos segurados de baixa renda; III - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

IV - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

V - pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, obedecido o disposto no § 2º.

Monteiro, (2007), explica que têm direito à previdência social, todos os cidadãos que contribuíram para a previdência, no decorrer de sua vida profissional, com o pagamento de um percentual de seus vencimentos. Esta lei garante renda e sustento ao trabalhador e sua família, nas situações que lhe impedem de trabalhar, temporária ou definitivamente. Tais como: doença, invalidez, acidente de trabalho, gravidez, velhice ou morte.

(16)

Com relação à Seção IV, que fala da Assistência Social podemos salientar que: Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

A assistência social é composta por programas, projetos, serviços e benefícios, que devem ser prestados pelo Estado e, de modo complementar, pelas entidades de assistência social.

As ações da assistência social devem ser desenvolvidas de forma integrada e articulada com outras políticas sociais, no sentido de atingir a universalidade da cobertura das necessidades e do atendimento de todos que dela necessitarem. A política de assistência social deve estar organizada para promover o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, a capacidade de proteção a família, autonomia e o protagonismo dos indivíduos, famílias e comunidades.

Conforme as informações nos artigos anteriormente citados, percebemos a articulação entre saúde, assistência e previdência, onde uma, complementa a outra. No contexto da saúde busca-se atuar nas necessidades do ser humano, na prevenção e cura de determinadas doenças, agindo através de programas participação efetiva da comunidade. A saúde é buscada pela comunidade como peça principal na garantia de direitos.

Com relação à previdência, podemos dizer que esta, traz o acesso aos direitos de forma contributiva, mas que é complementada na aplicação da assistência social, com um arranjo de todos os direitos do cidadão e busca através de políticas publicas a efetivação desses direitos.

Em nossa sociedade a assistência social ainda é confundida com a filantropia e benemerência. Sendo interpretadas como solidariedade, ajuda, primeiro – dinamismo, ou, benesses cedidas por políticos. A assistência social agrega uma nova característica, pois transfere auxílio ao interessado, que não pode resolver por si, por falta de conhecimento, condições financeiras ou condição física. Conforme consta no capitulo II art. 6 da CF/88: “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o

(17)

lazer, a segurança, a previdência social, à proteção a maternidade e à infância, a assistência aos desempregados, na forma desta Constituição.” (BRASIL, 2000)

Portanto, a assistência social compreende um conjunto de ações desenvolvidas nas áreas públicas e privadas, prevenindo por meio de métodos e técnicas as principais deficiências dos indivíduos, grupos, convivência e autonomia.

A assistência social vem sendo estruturada nas relações com a sociedade civil e o Estado, pois até então, suas práticas vinham sendo tratadas como sobras de recursos e não eram vistas como política pública. Assim, o Estado resistia em transformar a assistência social em política pública, fato este que veio ocorrer com a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Por várias décadas a assistência social era vista como doações de auxílios, tutela, e prestação de favores, o que gerou cada vez mais a desigualdade social e a pobreza, pois operava de forma descontínua e em situações pontuais.

A assistência social, desenvolveu-se como prática mediada por organizações sem fins lucrativos e por voluntariado, sem ter um delineamento concreto no campo do que era público ou privado.

A Constituição de 1988 fez com que a assistência social fosse conceituada de forma correta como política de seguridade social, assim como a saúde e a previdência social.

Percebendo essa importância, cria-se um novo meio de garantia dessas Leis, com a regulamentação da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS Lei nº 8742, em 07.12.1993

A LOAS (1993) estabeleceu o funcionamento dessa política, entre as três esferas de governo: Federal, Estadual e Municipal.

Nesse sentido, pode-se afirmar que a Loas estabelece uma nova matriz para assistência social brasileira, iniciando um processo que tem como perspectiva torná-la visível como política pública e direito dos que dela necessitem. A inserção na Seguridade aponta também para seu caráter de política de proteção social articulada a outras políticas do campo social voltadas para a garantia de direitos de condições dignas de vida. Desse modo, a Assistência social configura-se como possibilidade de reconhecimento público de legitimidade das demandas de seus usuários e espaço de ampliação de seu protagonismo. (YAZBEK, 2004, p.13)

Essa Lei foi criada com o objetivo de assegurar os mínimos sociais às famílias que se encontram em vulnerabilidade social. Podemos considerar que, os mínimos

(18)

sociais são os resultados que a Lei deverá garantir, em termos de superação das dificuldades sociais, em cada área prioritária.

A renda não é o único fator responsável pela pobreza. Existem outros fatores relacionados com esta situação como: baixa escolaridade, falta de qualificação profissional, dificuldade de inserção no mercado de trabalho, entre outros.

Desse modo, é de responsabilidade de cada município, estar desenvolvendo programas e projetos de acordo com suas demandas, com objetivo de reduzir a desigualdade social.

É bom lembrar que o reconhecimento de direitos sociais, embora garantidos constitucionalmente, não vem constituindo em atributo efetivo das políticas sociais no país. No vasto campo de atendimento das necessidades sociais das classes empobrecidas administram-se favores. Décadas de clientelismo consolidaram uma cultura, que não tem favorecido o protagonismo nem a emancipação dessas classes em nossa sociedade. (YAZBEK, 2001. p44). Conforme consta na LOAS (1993), hoje a política de assistência social procura garantir os direitos da população, mas nem sempre esses são garantidos. Azevedo (2005) esclarece que a participação da sociedade civil é fundamental para a administração pública, segundo o autor, a população detém as informações necessárias para que os políticos, eleitos pelo povo para representá-lo diante do poder público, compreendam a finalidade do cargo que ocupam, o autor explica ainda que

a vontade coletiva da comunidade, fornece [...] substrato para que o administrador, no campo de sua discricionariedade administrativa (democrática), possa eleger o que seja realmente prioritário e congruente para viabilizar as políticas públicas ou mesmo instituí-las. E nada mais justo que integrar os próprios destinatários dessas políticas no processo de sua escolha, modo e formação, atuando como co-autores e controladores políticos e sociais. (AZEVEDO, 2005)

O que se percebe é que algumas lideranças distorcem a realidade para se beneficiarem, pois não favorecem a participação política da população, fazendo com que os “destinatários” das políticas sociais sejam excluídos e desprovidos de seus reais direitos.

A política de assistência social é de responsabilidade pública, O Estado por sua vez, não consegue atender toda a demanda existente, desta forma, outras entidades surgem, fazendo o papel que também é dever do estado.

(19)

Com o surgimento desse novo direcionamento social, procura-se efetivar parcerias, partilhando recursos em troca de benefícios mútuos, chegando a objetivos comuns, buscando novos recursos e dando visibilidade a sua organização.

Na busca real desses objetivos, emergem normas para efetivação de direitos, desta forma, cria-se princípios e diretrizes.

No texto da Lei Orgânica da Assistência Social, encontramos no seu art.4, os seguintes princípios:

I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica;

II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;

III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. (LOAS, 1993).

Portanto, é direito do cidadão ter acesso à Assistência Social, sendo que o poder público deve ter o compromisso de oferecer serviços de qualidade, garantindo o respeito, à dignidade, igualdade de direitos dos cidadãos, e também, o compromisso de divulgação dos benefícios ofertados.

Dessa forma, além dos princípios descritos na Lei, temos que pensar nas diretrizes, que têm como base o seguinte:

I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo;

II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis;

III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera do governo (LOAS, 1993).

Essas diretrizes têm como principal objetivo, nortear as ações no que diz respeito à Assistência social no Brasil.

Essa Lei nos traz uma visão estrutural de como se organiza a Assistência Social.

Conforme consta na Lei, as ações na área de assistência social têm um caráter descentralizado, efetivando uma distribuição mais equilibrada de recursos e articulando ações entre a sociedade civil e o estado. (LOAS, 1993).

(20)

Para que esta articulação aconteça, é necessária a participação das entidades de assistência social nos conselhos de políticas públicas, definidos por Azevedo (2005), como:

órgãos colegiados congêneres, uma vez que compartilham aspectos que, no essencial, lhes conferem uma identidade comum. Logo, a maioria das entidades que os compõem são independentes, suas Diretorias são eleitas e possuem efetivo poder de fiscalização. A eficácia de seus resultados depende da manutenção de sua própria autonomia, para que não funcionem como simples extensão da vontade do Chefe do Executivo.

Neste sentido, foi criado o Conselho Nacional de Assistência Social-CNAS, em 4 de fevereiro de 1994, resultante da implementação de proposição contida na Lei Orgânica de Assistência Social-LOAS. O conselho é um espaço democrático onde são decididos assuntos de interesse público, e participam das reuniões do conselho, entidades cadastradas e representantes da sociedade civil.

A Constituição Federal aponta como principio a redemocratização do país e, como diretrizes, a descentralização, a municipalização, a participação popular, o comando único das ações em cada esfera de governo no âmbito das políticas públicas, o que deve contaminar a formação e o propósito de cada conselho municipal e a própria prática do cidadão. (BATTINI, 1998, p.31).

Podemos observar que a assistência social depende destas três esferas citadas anteriormente. Cabe lembrar as competências da união, estados e municípios na organização de um sistema descentralizado, conforme referido na LOAS (1993), nos artigos 12, 13 e 15 , desta forma:

Art. 12. Compete à União:

I - responder pela concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada definidos no art. 203 da Constituição Federal;

II - apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de enfrentamento da pobreza em âmbito nacional;

III - atender, em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência.

Art. 13. Compete aos Estados:

I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no custeio do pagamento dos auxílios natalidade e funeral, mediante critérios estabelecidos pelos

Conselhos Estaduais de Assistência Social;

II - apoiar técnica e financeiramente os serviços, os programas e os projetos de enfrentamento da pobreza em âmbito regional ou local;

III - atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência;

IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações e consórcios municipais na prestação de serviços de assistência social;

V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência de demanda municipal justifiquem uma regional de serviços, desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado.

(21)

Art. 15. Compete aos Municípios:

I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos auxílios natalidade e funeral, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência

Social;

II - efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral;

III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza incluindo a parceria com organizações da sociedade civil;

IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência; V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta Lei.

Com relação ao parágrafo II – Dos benefícios eventuais podemos dizer que: Entende-se por benefícios eventuais o pagamento de auxilio por natalidade ou morte, às famílias cuja renda per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo.

Marcada, portanto pelo caráter civilizatório presente na consagração de direitos sociais, a LOAS exige que as provisões assistenciais sejam prioritariamente pensadas no âmbito das garantias de cidadania sob a vigência do Estado, cabendo a este a universalização da cobertura e garantia de direitos e de acesso para serviços, programas e projetos sob sua responsabilidade. (YAZBEK, 2004, p.13).

Conforme a LOAS, é de responsabilidade dos municípios a prestação de benefícios eventuais, captação de recursos e pagamentos. Disponibilizando uma estrutura de atendimento aos usuários, onde estejam integrados aos demais serviços, programas e projetos.

Com relação ao parágrafo III, que diz respeito aos serviços, podemos salientar que:

Entendem-se como serviços assistenciais as atividades continuadas que auxiliem na melhoria da qualidade de vida do cidadão, ou seja, este serviço tem que ser garantido, independente do seu governo.

De acordo com os serviços oferecidos podemos citar: Atenção integral as famílias, inclusão produtiva, projetos de enfrentamento à pobreza, espaço de convivência para idosos, serviços socioeducativos para crianças e adolescentes e programas voltados para jovens e adultos.

Desta forma, esses serviços buscam o fortalecimento e a inclusão do cidadão na sociedade.

Ao analisarmos os programas de assistência social, verificamos que os mesmos, compreendem ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os

(22)

serviços assistências, podemos citar exemplos como: PAIF, Projeto Agente Jovem, BPC e Programa Bolsa Família.

Segundo Martins (1993, p. 28), com quem também concordamos, a pobreza não é somente uma categoria econômica é também uma categoria política e se expressa na carência de direitos, de possibilidades, de esperança – pobreza de direitos. A existência da perspectiva reducionista do que sejam as necessidades básicas e os mínimos sociais tem por referência de análise a concepção histórica de culpabilização dos pobres por sua própria condição de pobreza. Assim, por um viés individualizante, considera-se que se eles não conseguiram meios para garantir sua própria sobrevivência podem dispor de recursos viabilizados pelo Estado por um tempo limitado, tempo este para que “apoiados” consigam superar essas dificuldades e não mais precisem dessa” ajuda”, podendo a partir de então” caminhar com suas próprias pernas” o que é conhecido como “porta de saída da assistência”.

Com relação aos projetos de enfrentamento à pobreza, cabe descrever que os mesmos, compreendem ações e investimentos sociais nos grupos populares, para que posteriormente está população, possa ter meios de subsistência, melhorando assim, sua qualidade de vida.

.A forma do financiamento da assistência social está definida pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS, 93). Nesse âmbito, a LOAS define que são executados pela União, Estados, Distrito Federal e pelos Municípios, as contribuições sociais ligadas à seguridade social e outros tipos de receita, inclusive oriundas de pessoas físicas, que compuserem o Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).

Para que sejam desenvolvidos programas e projetos, é necessário que os Municípios, Estados e Distrito Federal, tenham um diagnóstico do território, levando em consideração a capacidade de gestão e de arrecadação.

O Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS, encontra - se descrito nos artigos 17, 18, 19, da LOAS (1993) , os quais definem a competência e a estrutura de organização.

Os conselhos, nos moldes definidos pela Constituição Federal de 1988, são espaços públicos com força legal para atuar nas políticas públicas, na definição de suas prioridades, de seus conteúdos e recursos orçamentários, de segmentos sociais a serem atendidos e na avaliação dos resultados. A composição plural e heterogênea, com representação da sociedade civil e do governo em diferentes formatos, caracteriza os conselhos como instâncias de negociação de conflitos entre diferentes grupos e interesses, portanto, como campo de disputas políticas, de conceitos e processos, de significados e resultados políticos. (RAICHELIS, 2006, p.11).

(23)

O artigo 17 da LOAS, trata da criação do Conselho Nacional de Assistência Social- CNAS, sendo ele, um órgão superior de deliberação colegiada, vinculado a estrutura do órgão de Administração Pública Federal, responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social. Seus membros são nomeados pelo Presidente da República e tem mandato de dois anos.

De acordo com o CNAS (2009), o conselho é composto por 18 membros e seus respectivos suplentes, os nomes são indicados ao órgão da Administração Pública Federal, responsável pela Política Nacional de Assistência Social, seguindo alguns critérios:

São escolhidos nove representantes governamentais, sendo um dos Estados, e um dos Municípios; e nove representantes da sociedade civil, dentre representantes, usuários, organizações e trabalhadores escolhidos em foro próprio sob fiscalização do Ministério Público Federal.

O Conselho Nacional de Assistência Social é representado por um dos seus integrantes, eleito dentre seus membros, com mandato de um ano podendo ser repetido por mais um ano.

O Conselho Nacional de Assistência Social contará com uma Secretária Executiva, a qual terá sua estrutura disciplinada em ato do poder executivo.

O artigo 16 da LOAS, estabelece a criação dos conselhos em níveis Estadual, Distrito Federal, Municipal.

Os artigos 18 e 19 da LOAS, tratam das competências do Conselho Nacional Assistência Social que diz:

Art. 18. Compete ao Conselho Nacional de Assistência Social: I - aprovar a Política Nacional de Assistência Social;

II - normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da assistência social;

III - fixar normas para a concessão de registros e certificado de fins filantrópicos às entidades privadas prestadoras de serviços e assessoramento de assistência social;

IV - conceder atestado de registro e certificado de entidades de fins filantrópicos na forma do regulamento a ser fixado observado o disposto no art. 9º desta Lei; V - zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de assistência social;

Art. 19. Compete ao órgão da Administração Pública Federal responsável pela coordenação da Política Nacional de Assistência Social:

I - coordenar e articular as ações no campo de assistência social;

II - propor ao Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS a Política Nacional de Assistência Social, suas normas gerais, bem como os critérios de

(24)

prioridade e de elegibilidade, além de padrões de qualidade na prestação de benefícios, serviços, programas e projetos;

III - prover recursos para o pagamento dos benefícios de prestação continuada definidos nesta Lei;

IV - elaborar e encaminhar a proposta orçamentária de assistência social em conjunto com as demais áreas da Seguridade Social;

V - propor os critérios de transferência dos recursos de que trata esta Lei; VI - proceder à transferência dos recursos destinados à assistência social, na forma prevista nesta Lei;

VII - encaminhar à apreciação do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS relatórios trimestrais e anuais de atividades de realização financeira dos recursos;

VIII - prestar assessoramento técnico aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e entidades e organizações de assistência social;

No Brasil a Política Nacional de Assistência Social - PNAS, tem como premissa básica, articular junto com as políticas setoriais, a garantia dos direitos sociais na sua universalidade, considerando as desigualdades sócio territoriais, provendo a sociedade de seus direitos mínimos sociais. A política atinge diretamente grupos e cidadãos que se encontram em situações de risco, protegendo todos que necessitam da garantia social. Ela prevê efetivamente a padronização, a melhoria e ampliação dos serviços, respeitando os limites das diferenças locais.

De acordo com o disposto na Lei nº 8. 742/93 Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS, 1993) capítulo II, seção I, artigo 4º,

a Política Nacional de Assistência Social rege-se pelos princípios democráticos que prevêem “a supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica e a universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o usuário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas”. Está previsto o “respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência comunitária, familiar e a igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo equivalência às populações urbanas e rurais”. Prioriza a “divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão”.

As diretrizes da assistência social se organizam conforme está na Constituição Federal 1988 e na LOAS, prevendo a descentralização político administrativa, coordenação e normas gerais à esfera federal, coordenação e execução dos programas à esfera estadual e municipal, bem como entidades beneficentes de assistência social.

A PNAS (2004) apresenta como objetivos:

• Prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e, ou, especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem.

(25)

• Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e grupos específicos, ampliado o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural.

• Assegurar que as ações no âmbito da assistência social tenham centralidade na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária.

Após a revisão de literatura acerca dos aspectos que compreendem a Política Nacional de Assistência Social, este estudo volta-se para a análise do Sistema Único de Assistência Social.

2.2 O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL –SUAS

O SUAS - Sistema Único de Assistência Social, foi criado em 2003 para reordenar a gestão das ações descentralizadas e participativas da assistência social no Brasil. Ele integra um modelo de gestão para todo o território nacional com os três entes federativos (Federal, Estadual, Municipal) Ele tem o objetivo de consolidar um sistema descentralizado e participativo, instituído pela LOAS, (mencionada anteriormente neste estudo).

Trata-se de um sistema público não-contributivo, descentralizado e participativo tendo por função a gestão de conteúdo específico da assistência social no campo da proteção social brasileira.

Cabe ao SUAS, consolidar o modo de gestão compartilhada entre os três entes federativos (cooperação financeira e técnica); divide responsabilidade entre os entes federativos, mantendo ações de desenvolvimento da assistência social como dever do Estado e direito do cidadão.

O paradigma do direito em que deve se fundamentar a construção do SUAS esta expresso no princípio constitucional do direito socioassistencial como proteção de seguridade social, regulado pelo Estado como seu dever e direito de todo cidadão (SPOSATI, 2004, p.171)

É de responsabilidade dos gestores desenvolver uma ampla discussão em âmbito nacional, estadual e municipal sobre a concepção do SUAS e a abrangência de seu alcance no campo da seguridade social e cidadania.

O SUAS fundamenta-se nos princípios da Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004) regula a hierarquia, vínculos e responsabilidade do sistema

(26)

cidadão de serviços, benefícios, programas, projetos e ações de assistência social. Além de respeitar a diversidade de regiões, características culturais, socioeconômicas, políticas de acordo com a realidade das cidades, população urbana e rural, também reconhece as diferenças e desigualdades regionais e municipais, cobrindo o sistema em seus diferentes níveis de gestão e planejamento.

São eixos estruturais da gestão do SUAS:

• Procedência da gestão pública da política;

• Alcance de direitos socioassistenciais pelos usuários; • Matricialidade sociofamiliar;

• Territorialização;

• Descentralização político - administrativa;

• Financiamento partilhado entre os entes federados;

• Fortalecimento da relação democrática entre estado e sociedade civil; • Valorização presença do controle social;

• Participação popular/cidadão usuário; • Qualificação de recursos humanos;

•Informação, monitoramento, Avaliação e sistematização de resultados; (NOB/SUAS, 2005, p.15)

Esses são, um conjunto organizado de ações voltadas ao atendimento da sociedade civil, cujos eixos estão, definindo competências específicas, valorizando o impacto social de diversas políticas, mas, principalmente, articulando com o desenvolvimento sócio sustentável.

Para que esses eixos sejam colocados em prática, é preciso ter uma ação pública democrática que contribua com os princípios organizativos do SUAS.

Portanto, para que seja efetivado um bom trabalho, é necessária a universalização de um sistema de cobertura que garanta o acesso aos direitos, a todos aqueles que necessitam. Um sistema que garanta fixação de níveis básicos de cobertura de benefícios, serviços, programas, projetos e ações de assistência social. Estes aspectos devem estar articulados à cobertura de políticas sociais e econômicas, principalmente na seguridade social.

Podemos citar como princípio organizacional, também as competências específicas em cada esfera de governo, integrando objetivos, ações, serviços, programas, projetos em cada rede territorializada, em parceria com entidades de assistência social, voltadas à defesa socioassistencial, acolhendo assim, o interesse dos usuários, tendo como objetivo ações de preservação de direitos e procedimentos voltados ao combate à violação destes.

(27)

Dentre estes princípios o SUAS é responsável pela regulação das atividades públicas e privadas de Assistência Social. Contribui também na fiscalização e no funcionamento de organizações socioassistenciais (NOB/SUAS, 2005, p.13).

Cabe salientar também, a importância do sistema democrático e participativo de gestão e controle social através dos conselhos, publicação de dados de informação referente às demandas e necessidades, como também, os mecanismos de audiência da sociedade, de usuários, de trabalhadores sociais, bem como, conselhos de gestão de serviços e conselhos paritários.

Ele exerce a articulação interinstitucional, entre competências e ações com os demais sistemas de defesa dos direitos humanos, ou seja: criança, adolescente, idosos, deficientes, mulheres, negros e outras minorias, bem como, a violência e vítimas de exploração. A articulação também se dá em níveis intersetorial, entre o SUAS e o Sistema Único de Saúde – SUS, SUAS e Sistema Nacional de Previdência Social.

Entende-se que estes princípios, baseiam-se em setores de diferentes áreas e todos voltados à proteção social e a garantia dos direitos sociais.

A proteção social ocupa-se em prover a proteção à vida e ao bem estar social, reduzindo danos e monitorando a população, diante de situações de vulnerabilidade, vitimizações, fragilidades, e riscos que o cidadão e sua família enfrentam na trajetória de vida, devido às questões econômicas, políticas e sociais.

A assistência social, política pública de âmbito de seguridade social, operada através do SUAS, deve manter: vigilância social, defesa social e institucional de direitos socioassistenciais, regelações socioassistenciais e proteção social básica e especial para determinadas situações de vulnerabilidade e risco social. (SPOSATI, 2004, p.174)

A proteção social de Assistência Social, refere-se a um conjunto de ações para o desenvolvimento das potencialidades sócio-familiar, com o objetivo de proporcionar às famílias, sua emancipação, para que a mesma, consiga na sociedade, suprir suas necessidades.

Neste sentido a assistência social deve ser entendida como um dos mecanismos acionados pelo Estado para enfrentar a questão social e, portanto, como parte do conjunto de estratégias de controle e legitimação do poder público, por outro lado, a assistência social pública tem sido a única via pela qual os segmentos mais pobres da classe trabalhadora têm acesso, ainda que precário e insuficiente, a serviços, programas de consumo coletivo e individual (creches, moradia, atendimento a necessidade de crianças, adolescentes,

(28)

moradores de rua, idosos, desempregados, etc.). (RAICHELIS, 2000, p.162-163).

Tal proteção social, tem a responsabilidade de assegurar ao cidadão brasileiro, a partir de parâmetros de proteção elencados na PNAS (2004), a proteção social básica e a proteção social especial de média e alta complexidade.

Esta proteção social, de Assistência Social, tem por principios: a matricialidade sócio-familiar; territorialização; a proteção pró ativa; integração à seguridade social; integração às políticas sociais e econômicas,

Avaliando e desenvolvendo alternativas, para proporcionar formas diferenciadas de encaminhamentos, favorecendo a família em seu contexto.

Para que esses princípios possam acontecer é necessário que estejam asseguradas as garantias: Segurança da acolhida; a segurança social de renda; a segurança do convívio ou vivência familiar, comunitária e social; a segurança de sobrevivência a riscos circunstanciais

É fundamental a criação de espaços públicos de Assistência Social onde a população possa acessar seus direitos, seja através da Proteção Social Básica ou Especial. (NOB/SUAS, 2005, p.19).

As instalações físicas desses espaços públicos devem ter na sua estrutura: uma recepção e uma sala onde o profissional possa fazer a entrevista inicial do usuário, encaminhando-o aos serviços disponíveis no município. Estes serviços são ofertados em locais onde se encontram um maior número de pessoas em situação de vulnerabilidade e risco social. Para tanto é necessário a oferta de serviços e locais de permanência de indivíduos e famílias sob curta, média e longa permanência.

De acordo com a LOAS (1993), é de competência da Assistência Social, assegurar concessões de benefícios continuados nos termos da lei, para cidadãos não incluídos no sistema contributivo de proteção social e que apresentem vulnerabilidade e/ou incapacidade para o trabalho. Ela deve promover ações que garantam o fortalecimento de laços familiares e de interesses comuns, qualificando vínculos e projetos sociais, que venham a garantir oportunidades e ação profissional. Estes fatores estão ligados ao desenvolvimento de capacidades e habilidades no exercício da cidadania, respeito á dignidade humana e um maior grau de independência pessoal.

A proteção social de Assistência Social é dividida no que se denomina de básica e especial. Ela apresenta graus de complexidade no que se refere ao impacto

(29)

dos níveis de riscos entre indivíduo e seus familiares. Portanto, a rede socioassistencial tem um papel fundamental neste processo, pois ela que direciona dentro de uma territorialidade, a política de proteção.

Assim, consideramos que a proteção social básica tem o objetivo de prevenir situações de risco por meio de potencialidades e aquisições, fortalecendo vínculos familiares e comunitários.

Na proteção social especial, está o objetivo em prover atenção socioassistencial aos indivíduos e suas famílias, que se encontra em situação de abandono, risco pessoal, maus tratos físicos, psíquicos, abuso sexual, situação de trabalho infantil, dentre outras.

A garantia da proteção social ativa, realizada pelo SUAS (2005), está direcionada em dar ao usuário a conquista de autonomia, acesso a oportunidades, capacitações e condições de convívio social, de acordo com sua capacidade e projeto pessoal. Para que isto ocorra é importante que a Assistência Social como sistema de serviços de proteção social básica e especial, deva estar estruturada como política de defesa social e institucional, organizada, garantido uma estrutura de apoio sócio jurídico, conselhos de direitos, centros de referência entre outros, bem como normas de garantia e concretização de direitos socioassistenciais.

É importante que junto ao SUAS, exista uma função de vigilância social que em âmbito social, identificará a presença das formas de vulnerabilidade social da população e território pelo qual é responsável.

Para trabalhar as questões de vulnerabilidade social, é necessária a articulação da Rede Socioassistencial. Ela protagoniza um conjunto de ações de iniciativa pública e da sociedade, operacionalizando serviços, benefícios e projetos, articulando-os entre os níveis de proteção.

Assim, o objetivo da gestão compartilhada é transformar á Política de Assistência em Política federativa, no entanto é preciso a colaboração da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. (NOB/SUAS, 2005, p.13)

A atuação da gestão municipal pode ser caracterizada em três níveis: inicial, básica e plena.

Segundo a NOB/SUAS, 2005, p.25 Os municípios habilitados na gestão inicial receberão recursos da união, segundo série histórica, transformados em piso de

(30)

transição básico, média e alta complexidade, por intermédio do Fundo Nacional de Assistência Social.

Na gestão inicial ela deve alocar e executar recursos financeiros próprios no Fundo de Assistência Social Básica e atender os requisitos previstos no art. 30 da LOAS, através da Lei 9.720/98, por intermédio do Fundo Nacional de Assistência Social. Além de outras prerrogativas é importante que neste tipo de gestão seja gerenciado principalmente recurso para erradicação do trabalho infantil dentre outros.

Segundo a Norma Operacional Básica – NOB/SUAS (2005, p. 99 - 100). Na gestão básica encontraremos uma organização no sentido de responsabilidade e proteção básica de assistência social do Município. Prevenindo situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, responsabilizando-se pela oferta de programas, projetos e serviços socioassistenciais. Ela também deve atender os requisitos previstos na LOAS (1993), conforme a Lei já mencionada. A estrutura desta gestão é dimensionada por Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), conforme o porte do município em áreas de vulnerabilidade social. Estes portes se caracterizam pelo número de famílias referenciadas conforme citado abaixo:

- Pequeno Porte I: mínimo de um CRAS para até 2.500 famílias; - Pequeno Porte II: mínimo de um CRAS para até 3.500 famílias; - Médio Porte: mínimo de dois CRAS para até 5.000 famílias; - Grande Porte: mínimo de quatro CRAS para até 5.000 famílias;

- Metrópole: mínimo de oito CRAS, para até 5.000 famílias. (NOB/SUAS, 2005) Na gestão plena, o município tem total gestão das ações de Assistência Social, sejam, elas financiadas pelo Fundo Nacional de Assistência Social, através de repasse de fundos que irão beneficiar diretamente os usuários. Inclusive com isenção de tributos em função do Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social - CEBAS. Neste caso o gestor tem total responsabilidade de organização das ações de proteção básica e especial em seu município, inclusive as situações de violação dos direitos ocorridos no município. Ele também deverá cumprir os requisitos da LOAS incluídos pela Lei 9.720/98. A estrutura do CRAS também deverá ser seguida conforme já mencionada acima na situação de gestão básica. Salientamos que na gestão plena, há a responsabilidade de implantar em consonância com a União e Estados, programas de capacitação de gestores. profissionais, conselheiros e presidentes de serviços, observados os planos de Assistência Social.

(31)

2.3 CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL - CRAS E SEUS DESDOBRAMENTOS

Para entendermos o funcionamento e a estrutura , bem como as principais características da constituição do CRAS, utilizaremos como referência as Orientações Técnicas para o Centro de Referência de Assistência Social- Versão Preliminar instituída pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome/Secretaria Nacional de Assistência Social /2006.

O CRAS Centro de Referência da Assistência SOCIAL, é uma unidade pública estatal localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade social, destinada ao atendimento de famílias. É o principal equipamento de desenvolvimento dos serviços da proteção social, lugar que possibilita, em geral, o primeiro acesso das famílias aos direitos socioassistenciais. Estrutura-se assim, como porta de entrada unificada dos usuários, na política de assistência social para a rede de proteção básica e referência para encaminhamentos à proteção especial.

Segundo a PNAS (2004),

cada CRAS deve realizar – sob a orientação do gestor municipal de assistência social – o mapeamento e a organização da rede socioassistencial de proteção básica, além de promover a inserção das famílias nos serviços socioassistenciais locais. Cabe também ao CRAS encaminhar a população local para as demais políticas públicas e sociais, possibilitando ações intersetoriais.

Portanto, cabe salientar que o papel do CRAS é identificar a demanda e encaminhá-la a rede de atendimento existente no município. (Orientações Técnicas para o Centro de Referência de Assistência Social, 2006).

Assim, através do CRAS, são oferecidos serviços e ações do Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), sendo este, o principal programa de Proteção Social Básica, do Sistema de Assistência Social - SUAS.

Dentre os principais serviços, benefícios, programas e projetos oferecidos no Município, citamos: serviços sócio educativos e com famílias, sócio-comunitário, benefícios da Bolsa Família, benefícios de prestação continuada e de ordem material. Nos programas e projetos podemos citar a capacitação e promoção da inserção

(32)

produtiva, inclusão produtiva para beneficiários do Programa Bolsa Família, bem como programas de enfrentamento à pobreza, a fome e geração de trabalho e renda.

É importante salientar que o principal foco de atendimento no CRAS são as famílias.

Subtende-se que o CRAS deva ser implantado em cada município, identificando áreas de maior vulnerabilidade social, no sentido de efetivar serviços aos usuários.

No caso de grupos, comunidades indígenas, áreas rurais, assentamentos e outros, cabe a instalação do CRAS em locais que facilitem o acesso, inclusive para atuação e deslocamento das equipes de serviços.

Quanto ao número de CRAS por município ele será evidenciado de acordo com o porte, dimensão do território, definidos por número de famílias referenciadas.

A classificação será definida conforme já identificamos no Sistema Único de Assistência Social, onde os aspectos são sempre identificados de acordo com o número habitantes/famílias.

Quanto ao espaço físico, deverá ser estruturado e mantido pelo município e pelo Distrito Federal, conforme previsto na habilitação de nível básico ou gestão plena do SUAS.

O espaço do CRAS deve ser compatível com os serviços nele ofertados. Abriga, no mínimo, três ambientes com funções bem definidas: uma recepção, uma sala ou mais para entrevistas e um salão para reunião com grupos de famílias, além das áreas convencionais de serviços. Deve ser maior caso oferte serviços de convívio e socioeducativo para grupos de crianças, adolescentes, jovens e idosos ou de capacitação e inserção produtiva, assim como contar com mobiliário compatível com as atividades a serem ofertadas. O ambiente do CRAS deve ser acolhedor para facilitar a expressão de necessidades e opiniões, com espaço para atendimento individual que garanta privacidade e preserve a integridade e a dignidade das famílias, seus membros e indivíduos. (Orientações Técnicas para o Centro de Referência de Assistência Social, 2006, p.15).

O CRAS deverá ter uma equipe que executará serviços de acordo com as demandas de serviços, programas, projetos e benefícios. Esta equipe básica deve ter: Assistente Social, Psicólogo, Auxiliar Administrativo, Estagiários e um Coordenador. O número destes profissionais irá variar de acordo com as famílias referenciadas por ano.

A equipe pode sofrer alterações com a incorporação de demais profissionais, conforme a necessidade de contratação e disponibilidade do município, de acordo com o Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS).

(33)

É importante que os técnicos do CRAS tenham conhecimento pleno de normas e leis do universo da Assistência Social tais como:

•Constituição Federal de 1988;

•Lei orgânica da Assistência Social- LOAS/1993; •Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA/1990; • Política Nacional de Assistência Social - PNAS2004 •Política Nacional do Idoso – PNI /1994;

•Política Nacional de Integração da Pessoa com Deficiência/1989;

•Norma Operacional Básica de Assistência Social- NOB SUAS/ 2005, e demais legislações vigentes nesta área. .

Os profissionais devem estar habilitados para articularem serviços e recursos para atendimento, encaminhamento de famílias e indivíduos, trabalhar em equipe executando procedimentos profissionais, identificando necessidades, orientando, realizando monitoramento, produzindo relatórios e documentos necessários aos serviços. A equipe deve desenvolver atividades que promovam o fortalecimento familiar e a convivência em comunidade.

Cabe aos estagiários de Serviço Social e Psicologia participarem de atividades desenvolvidas no CRAS desde que devidamente orientados, acompanhados e supervisionados pela equipe técnica do CRAS, com o consentimento dos usuários.

Cada CRAS deverá ter um coordenado (a) com nível superior completo, e experiência em trabalho coletivo.Recomenda-se que seja um profissional técnico do quadro da Secretaria de Assistência Social do Município ou órgão equivalente.

É fundamental o papel dele para a articulação, execução, monitoramento e avaliações e serviços em geral do CRAS. Ele é o principal articulador da rede de serviços sócio assistencial e demais políticas sociais, coordenando a execução das ações, mantendo o diálogo e a participação dos profissionais e famílias inseridas nos serviços ofertados pelo CRAS.

Cabe também, dentre outras funções acompanhar e avaliar o atendimento na rede social, realizando reuniões com a equipe técnica, avaliando atividades para efetivação dos serviços ofertados.

Ele deve elaborar planos de ação, participar de conselhos, fóruns e outros ligados à área social, monitorando e avaliando resultados.

Referências

Documentos relacionados

Sabe-se que as praticas de ações de marketing social tem inúmeras funções, dentre estas o papel de atuar na mudança de valores, crenças e atitudes, porém os alunos da

Esse tipo de aprendizagem funciona não no regime da recognição (DELEUZE, 1988), que se volta a um saber memorizado para significar o que acontece, mas atra- vés da invenção de

Os dados foram discutidos conforme análise estatística sobre o efeito isolado do produto Tiametoxam e a interação ambiente/armazenamento no qual se obtiveram as seguintes

Uma for¸ca constante de 80N atua sobre uma caixa de 5, 0kg que se move no sentido da for¸ca com uma velocidade de 20m/s. Alguns segundos mais tarde a caixa est´a se movendo com

Pode-se concluir, portanto, que Mundell define a demarcação de áreas monetárias ótimas como um trade-off entre a conveniência da moeda e a estabilização econômica que o sistema

O Verdadeiro Método de Estudar é uma obra composta por 16 cartas que na edição utilizada está organizada da seguinte forma: volume I Estudos Lingüísticos com as cartas I a IV, com

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

(Adaptado) Sobre a pesquisa e a tabela acima, é correto afirmar que.. a) a quantidade de alunos que não opinaram por nenhuma das três políticas é 12. Sabe-se, também, que o