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No Município de São José o CRAS - Centro de Referência da Assistência Social está vinculado a Secretaria da Ação Social, da Prefeitura Municipal. No mês de agosto de 2007, foi disponibilizado um local amplo, próximo a áreas de vulnerabilidade social (Avenida das Torres – Bairro Real Parque) para instalação do primeiro Centro de Referência da Assistência Social- CRAS no Município. Este Centro de Referência visa a Proteção Social Básica, prevista na Política Nacional de 2004:

A Proteção Social Básica tem como objetivo prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se á população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). (PNAS, 2004, p.27).

O CRAS tem como objetivo geral prevenir situações de risco por meio de desenvolvimento de potencialidades e aquisições do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários.

Neste sentido é responsável pela oferta do Programa de Integral às Famílias. Na proteção básica, o trabalho com famílias devem considerar novas referências para compreensão dos diferentes arranjos familiares, superando o reconhecimento de um modelo único baseado na família nuclear, e partindo do suposto de que são funções básicas das famílias: prover a proteção e a socialização dos seus membros; cosntituir-se como referências morais, de vínculos afetivos e sociais; de identidade grupal, além de ser mediadora das relações dos seus membros com outras instituições sociais e com o estado

Em 2007, os serviços oferecidos pelo CRAS foram: atendimento em grupo ou individual, encaminhamentos e orientação sobre o Programa Bolsa Família, cursos de inclusão produtiva, cabeleireiro, artesanato e ginástica laboral. No mesmo ano, o CRAS promoveu reuniões periódicas com entidades não governamentais para a organização e a articulação da rede de atendimento.

Fruto destas reuniões iniciais, em 2008, foram articuladas algumas reuniões com entidades assistenciais a fim de apresentar o projeto desenvolvido pelo CRAS, intitulado “CRAS Tecendo Redes”, com o objetivo de conhecer e mapear as entidades que prestam serviços socioassistenciais no Município de São José – SC. Através da participação na elaboração e implantação do Projeto Tecendo Redes é que se desenvolveu nosso projeto de intervenção de estágio curricular em Serviço Social.

O Projeto Tecendo Redes pauta-se na concepção de rede conforme segue: Uma rede não tem centro, mais sim nós de diferentes dimensões e relações internoidais, de forma que todos os nós são necessários para a existência da rede, o que não inclui análise de redes as relações de poder (econômico, político, cultural e etc.) Nos espaços informais, as redes são iniciadas a partir da tomada de consciência de uma comunidade de interesses e/ou de valores entre seus participantes. Nesse sentido, ela se constitui por meio de interações que visam à comunicação, à troca e à ajuda mutua e emergem a partir de interesses compartilhados e de situações vivenciadas em agrupamentos ou localidade – vizinhança, família, o parentesco, o local de trabalho, a vida profissional etc. (BATTINI, 2007, p.138).

A idéia central da rede está na integração de ideais e esforços fundamentais para que o CRAS e os parceiros envolvidos no Projeto possam enfrentar o desafio de lutar por um mundo mais justo e igualitário. Isso demonstra que isoladamente não superaremos as atuais formas de exclusão.

Para tanto é necessária a articulação dos sujeitos através do diálogo, do respeito, do compromisso e da solidariedade. São os elementos fundamentais para a construção da rede interna. As múltiplas expressões da questão social, produto das desigualdades sociais e objeto de intervenção do Serviço Social, são a base para busca de uma metodologia na construção de redes internas e sociais (TURCK, 2001, p.23).

No Projeto Tecendo Redes a intersetorialidade determina a relação mais profunda do trabalho entre as diversas parcerias no sentido de uma maior articulação, fazendo com que haja uma interação e eficácia em benefício do usuário.

A intersetorialidade constitui uma concepção que deve informar uma nova maneira de planejar, executar e controlar a prestação de serviço para garantir o

acesso igual aos desiguais. Isso significa alterar toda a forma de articulação dos diversos segmentos da organização governamental e dos seus interesses (JUNQUEIRA, 1999, p.27).

A constituição da rede implica em fundamentar elementos que solidifiquem, ampliem e a acionem através de: flexibilidade para aprender, disponibilidade para compartilhar e qualificação para executar. Assim novas metodologias passam a ser construídas pela necessidade de ampliação do conhecimento, pelas experiências profissionais vividas no cotidiano das pessoas.

A reunião de pessoas e /ou recurso social decorre sempre do objetivo, do interesse comum. Nessa reunião, as pessoas buscam formas, jeitos para encontrar soluções ou construir novas alternativas de sobrevivência ou de convívio. Embora as pessoas reunidas em torno de um interesse comum representem instituições, e ou setores de determinados organismos ou empresas, a Rede Interna inicia pelas pessoas que nela se inserem, independente do órgão ou empresa a que funcionalmente pertençam (TURCK, 2001, p.32).

Esse trabalho foi articulado com a participação dos três estagiários de Serviço Social sendo um da UNISUL - Universidade do Sul de Santa Catarina e dois da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Com o objetivo de mapear as instituições.

Em maio de 2008 foram definidas as áreas de abrangência do CRAS, bem como foram ampliadas as articulações com instituições de atendimento nas áreas da saúde, educação e assistência. O município de São José apresenta uma população de grande porte, segundo Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS) é estabelecido “a cada 5000 famílias referenciadas: - 04 técnicos de nível superior, sendo dois Assistentes Sociais, um psicólogo e um profissional que compõem o SUAS; - 04 técnicos de nível médio, Para 1000 atendimentos ano”. (NOB- RH/SUAS, 2007, p.13).

A equipe técnica do CRAS - São José hoje é composta pelos seguintes técnicos: dois de nível superior, isto é, uma assistente social, e uma psicóloga, dois técnicos administrativos, e dois estagiários do curso de Serviço Social da UFSC e UNISUL. Em função do pequeno número de técnicos que compõem o CRAS, e por ser o primeiro do município, no momento é possível somente atender algumas comunidades, sendo que este trabalho abrange todo o município, fugindo do que está estabelecido na NOB-RH/SUAS, 2007.

No decorrer do processo de implementação, do Projeto foram surgindo entidades interessadas em participar do Projeto Tecendo Redes, pois, estas também tinham o interesse em conhecer as entidades socioassistenciais do município de São José.

A primeira instituição interessada em participar do Projeto foi o Educandário Santa Catarina (Sociedade Eunice Weaver de Florianópolis). Foi marcada a primeira

reunião com a Assistente Social do Educandário, onde se apresentou o objetivo do

Projeto Tecendo Redes e o que este representava para o trabalho do CRAS no município. Foram explicadas as dificuldades e facilidades encontradas, com objetivo de estabelecer uma parceria com esta entidade. Durante a reunião foi sugerida a ampliação do grupo de entidades, através do chamamento para a próxima reunião.

Ao término da reunião a equipe técnica realizou o levantamento de informações, envolvendo o Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (ICOM), que também estava fazendo o mapeamento de São José, Biguaçu e Palhoça e que tinha o contato da estagiária responsável pelo mapeamento de São José, Biguaçu e Palhoça

Já na segunda reunião participaram as seguintes instituições, com seus respectivos representantes: Irmandade do Divino Espírito Santo (IDES-PROMENOR), Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (ICOM), equipe técnica do CRAS, Mesa Brasil, Associação de Pais e Amigos de Pessoas Portadoras de Deficiência dos Funcionários do Banco do Brasil (APABB).

Inicialmente a equipe técnica do CRAS fez uma breve apresentação dos presentes com os demais convidados, para em seguida ser apresentado o Projeto Tecendo Redes. A equipe do CRAS Comentou sobre as dificuldades encontradas para fazer o mapeamento. Na primeira etapa do Projeto, o CRAS entrou em contato com todas as entidades socioassistenciais a serem mapeadas, enviando através de email os questionários para coleta de informações. A equipe ressaltou que este método não foi eficaz, pois muitas das entidades não enviaram respostas.

Outro fator foi à indisponibilidade de recursos materiais e de equipamentos impressora, computadores, telefone e veículo para fazer visita junto às entidades socioassistenciais. A equipe técnica do CRAS argumentou sobre a importância de parcerias para a conclusão do Projeto. Assim, todas as entidades mostraram-se interessadas em participar do mapeamento, porém teriam que apresentar a proposta

para as respectivas entidades. Ao final, ficou pré-agendada uma próxima reunião para dar continuidade e obtermos as respostas dos possíveis parceiros do Projeto. Marcamos uma reunião com as instituições interessadas e apresentamos o Projeto Tecendo Redes, muitas se mostraram interessadas, mas não poderiam dar uma resposta imediata, pois teriam que conversar com seus supervisores para posteriormente efetivar a parceria.

Na terceira reunião estiveram presentes as seguintes instituições, com seus

respectivos representantes: Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (ICOM), Associação de Pais e Amigos de Pessoas Portadoras de Deficiência dos Funcionários Brasil (APABB), Irmandade do Divino Espírito Santo (IDES-PROMENOR, SESC / Projeto Mesa Brasil, Educandário Santa Catarina (Sociedade Eunice Weaver de Florianópolis).

Conforme estabelecido na reunião anterior, aguardavam-se respostas das instituições que poderiam ser parceiras no Projeto Tecendo Redes. Na reunião todas as entidades aceitaram firmar parceria com o Projeto. Sendo que cada entidade tinha interesses específicos, houve a necessidade de reformulação do questionário. Ficou definido que as informações seriam coletadas através de um formulário que incluiria algumas perguntas pertinentes as instituições parceiras. Assim, no final da reunião ficou pré agendo um próximo encontro com intuito de fazer a divisão das tarefas entre todos os envolvidos no Projeto. Já com a reformulação no instrumental (formulário).

Na quarta reunião estiveram presentes as seguintes instituições, com seus

respectivos representantes: Irmandade do Divino Espírito Santo (IDES-PROMENOR), equipe técnica do CRAS. Sendo que as demais entidades parceiras não puderam participar. Nesse dia a equipe do CRAS dividiu as entidades que faltavam coletar dados, sendo que, as instituições que não estavam presentes tiveram que acatar o que foi decidido. Após a reunião, foi enviado um email para as entidades parceiras que não puderam participar, explicando-lhe o que tinha sido definido. Assim, deixamos uma data pré estabelecida para uma nova reunião.

Na quinta reunião, estiveram presentes as seguintes instituições, com seus

respectivos representantes: Associação de Pais e Amigos de Pessoas Portadoras de Deficiência dos Funcionários do Banco do Brasil (APABB), (BEMFAM), Irmandade do Divino Espírito Santo (IDES-PROMENOR), MESA BRASIL, Instituto Comunitário da

Grande Florianópolis (ICOM), Educandário Santa Catarina (Sociedade Eunice Weaver de Florianópolis). Nesse dia foi discutido entre as entidades parceiras o número de formulários preenchidos, as dificuldades encontradas e se já tinham concluído sua parte no mapeamento. Cada instituição trouxe o número de entidades que conseguiram aplicar o formulário proposto. Sendo que durante o período de estágio foram contatadas 81 entidades.

Nessa nova fase de coletas de dados foi substituído o antigo questionário pelo novo formulário contendo também perguntas referentes às instituições parceiras. As instituições parceiras também nos auxiliaram na aplicação do formulário, pois tínhamos um grande número de instituições para contatar.

O CRAS e as entidades parceiras Entraram novamente em contato com as instituições a fim de agendar uma visita para aplicação do formulário. Explicamos também essa nova fase do trabalho que outros parceiros aderiram ao Projeto Tecendo Redes e que também tinham o objetivo comum de fazer o mapeamento da rede socioasistencial do município de São José. Muitos preferiram que o formulário fosse enviado através de email, porém alguns preferiram que formulário fosse aplicado pessoalmente junto a instituição. O CRAS também se responsabilizou em fazer o mapeamento das Secretarias e Fundações, com intuito de conhecer melhor os trabalhos desenvolvidos no município. Assim, conforme a solicitação de algumas entidades foi efetivada visitas pelo estagiário e pela assistente social do CRAS no próprio local da instituição.

O cumprimento desta etapa do Projeto, o mapeamento das entidades socioassistenciais tem uma relação direta com a participação do Serviço Social, pois, sua função é fazer as mediações de forma que possa contemplar todos os parceiros envolvidos, e potencializar os serviços, programas e ações da Política de Assistência social.

Depois de várias reuniões do Projeto, e com a entrada dos novos parceiros, foram divididas as entidades com que faltou contatar. Então uma vez por mês nos reuníamos para contabilizar as entidades e socializar as dificuldades e facilidades encontradas. Minha participação no Projeto foi até dezembro de 2008.

4.2 AS CONTRIBUIÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL JUNTO AO PROJETO TECENDO

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