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A prática de atividade fisica e a prevenção de quedas

PARTE I – Uma abordagem dinâmica ao estado nutricional dos idosos

CAPÍTULO 4 – A atividade física e o envelhecimento

4.1. A prática de atividade fisica e a prevenção de quedas

Ao longo da história a importância dada à prática da atividade física sofreu períodos de grandes oscilações. O ponto alto aconteceu na Grécia com a criação dos jogos Olímpicos, em Olímpia, no século VIII A. C. Nesta altura o exercício físico fazia parte da cultura e educação global do jovem livre, estava associado à beleza e saúde e revestia caracter religioso. Nas sociedades onde a cultura da prática do exercício não existia, era compensada pelo facto de grande parte do trabalho diário ser manual, serem frequentes as longas caminhadas e a agricultura braçal ser predominante na economia do país. Com o evoluir da sociedade muito deste trabalho foi substituído pela mecanização e a evolução foi retirando, cada vez mais, o esforço físico do quotidiano. O progresso passou a estar associado a uma sociedade sedentária. O próprio ambiente envolvente deixou de estar adaptado para a vida mais ativa. Estas alterações trouxeram à raça humana, moldada e habituada ao movimento, consequências nefastas para a saúde, nomeadamente, as doenças associadas ao sedentarismo e à alteração nos hábitos alimentares que começaram a emergir com grande intensidade. Mas, resultante das evidências científicas discute-se novamente e dá-se enfase à importância da atividade física tanto para a saúde física e mental como para a promoção do envolvimento social. Investir no incentivar e no reforçar a sua prática é uma das formas de combater as doenças não transmissíveis, Segundo Perdigão (2012), é necessário voltar a incorporar a atividade física no dia-a-dia como andar mais a pé e utilizar menos o automóvel, subir as escadas mais vezes e ver menos televisão.

Os primeiros estudos sobre a relevância da prática da atividade física na saúde surgiram na década de 50, do século XX, e foram recebidos com grande ceticismo pela comunidade científica, demonstrando a sua insignificância. Esta atitude começou a alterar-se quando surgiu a primeira publicação elaborada pelo médico Inglês Jeremy Morris e colaboradores, no Lancet em 1953. Era analisada a relação entre a atividade física e a saúde. No artigo “London bus study” demonstrava-se uma relação direta entre a prática regular da atividade física e a diminuição da mortalidade por causas

110 cardiovasculares. Nesta investigação foi analisada a atividade física dos condutores e cobradores dos transportes públicos de Londres, tendo-se verificado que os cobradores, pelo trabalho mais ativo que desempenhavam, tinham menos doenças cardiovasculares (Marco & Ramón, 2011). Porém, o papel da atividade física regular na redução do risco de morte, por doença cardíaca, só foi efetivamente consolidado com os estudos feitos por Paffenbarger e colaboradores, em 1970. Passou a aceitar- se que as pessoas com atividade física regular apresentavam um menor risco de morte por doença cardíaca e acidente vascular cerebral, independentemente da obesidade, dieta e pressão arterial (Andrade & Ignaszewski, 2007). Todos estes resultados vieram a influenciar, mais tarde, em 1996, o primeiro relatório “Surgeon General” sobre a atividade física e a saúde, onde peritos de diferentes áreas imanaram orientações que ainda hoje estão atuais e são seguidas. Neste relatório recomendava-se a prática da atividade física, de forma regular, durante toda a vida. Evidencia-se que os adultos deveriam manter esta prática durante, pelo menos 30 minutos por dia, se possível durante todos os dias e, para se usufruir dos efeitos positivos, não necessitava de ser vigorosa. Os benefícios para a saúde estão diretamente relacionados com a quantidade de atividade física regular. Uma atividade moderada requer mais tempo de prática. Para aqueles que já praticam uma atividade moderada beneficiariam, ainda mais, com o aumento dessa prática. Este relatório, mais do que apresentar as evidências científicas nesta área, pretendia ser um impulsionador da prática da atividade física para toda a população americana que, nesta altura, já apresentava os malefícios do sedentarismo e de hábitos alimentares inadequados (U.S. Departament of Health and Human Services, 1996). A acompanhar esta preocupação denota-se que, a nível internacional, as publicações onde é abordada a atividade física continuam a fazer emergir e a consolidar cada vez com mais força esta evidência (Hallal, Dumith, Bastos, Reichert, Siqueira, & Azevedo, 2007).

A atividade física é intrínseca ao ser humano e compreende qualquer movimento corporal produzido pela contração muscular de que resulte um gasto energético acima do nível de repouso. O exercício físico é definido por movimentos corporais planeados, organizados e repetidos com o objetivo de manter ou melhorar as componentes da aptidão física. Esta apresenta diferentes classificações dependendo da sua intensidade: (i) a atividade física leve é considerada aquela que implica um dispêndio

111 energético entre 1,5 e 2,9 METs19 (aqui estão incluídas as atividades domésticas e marcha lenta <4km/h); (ii) a atividade física moderada envolve um dispêndio energético entre 3 e 5,9 METs (aqui estão incluídas a marcha rápida ≥4 km/h e a corrida lenta, hidroginástica, subir escadas); e (iii) a atividade física vigorosa é aquela que compreende um dispêndio energético igual ou superior a 6 METs (aqui estão incluídas a prática do futebol, corrida ≥ 5,5km/h e atividades de intensidade elevada) (Observatório Nacional da Atividade Física e do Desporto, 2011; Sardinha & Magalhães, 2012).

A atividade física pode ser, também, contabilizada em número de passos embora não tenha em conta a sua intensidade. Pode ser calculada através de um pedómetro. Uma pessoa que ande: menos de 5.000 passos é considerada um adulto sedentário; de 5.000 a 7.499 passos tem uma atividade física reduzida; de 7.500 a 9.999 passos é considerado adulto com alguma atividade; de 10.000 a 12.500 é considerado suficientemente ativo; e mais de 12.500 passos é considerado muito ativo. Uma atividade física moderada de 30 minutos corresponde a um acréscimo de 10.000 passos por dia. Nas crianças e adolescentes preconiza-se que sejam dados de 12.000 a 15.000 passos por dia (Observatório Nacional da Atividade Física e do Desporto, 2011).

As recomendações para a prática da atividade física são diferentes nas diversas faixas etárias. Para crianças e jovens, dos 6 aos 17 anos, é de 60 minutos de atividade física, pelo menos moderada, dos quais 20 a 30 minutos devem ser de atividade vigorosa como correr e saltar. Aqui devem estar incluídas atividades que exercitem o sistema cardiovascular, melhorem a força e a flexibilidade e exerçam impacto sobre o esqueleto. Para os adultos, dos 18 aos 64 anos, as recomendações são de 30 minutos por dia, pelo menos 5 dias por semana, de atividade física moderada ou 20 a 25 minutos, durante todos os dias e em 3 dias por semana, deverá praticar uma atividade aeróbia de intensidade moderada a vigorosa e que envolva grandes grupos musculares. Estes tempos podem ser fracionados por períodos de pelo menos 10 minutos consecutivos e realizados, preferencialmente, ao longo da semana. Se for possível aumentar estas atividades para o dobro do tempo, os benefícios serão maiores. Para os idosos mantêm-se as recomendações dadas para os adultos: atividade física moderada de 30 minutos por dia durante, pelo menos, 5 dias por

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MET = equivalente metabólico. 1 MET representa o dispêndio energético em repouso (aproximadamente 3,5 mL/kg/min em termos de consumo de oxigénio (Observatório Nacional da Atividade Física e do Desporto, 2011).

112 semana. Toda atividade física com intensidade superior deve ser analisada e ter aconselhamento médico pelo risco de queda e de eventos cardiovasculares adversos (Observatório Nacional da Atividade Física e do Desporto, 2011, WHO, 2010).

Atualmente a valorização da atividade física, em todas as faixas etárias, é um foco de atenção que está a ser redescoberto de forma a melhorar a saúde e bem-estar. Segundo U.S. Department of Health and Human Services (2012) a escola torna-se no local ideal para promover hábitos de atividade física, contribuindo para incutir o cumprimento das recomendações, aumentando a probabilidade de, mais tarde, as crianças enquanto adultos manterem essas práticas, concorrendo para melhorar a saúde.

Embora os primeiros estudos sobre os benefícios da atividade física tivessem surgido há mais de sessenta anos a sua prática ainda é atualmente descurada. Recentemente, a ênfase dada a determinados fatores de risco como stress, obesidade e hipertensão tem deixado de lado o risco do sedentarismo para a saúde (Barata, 2005; Johnson, Beck & McCune, 2005; Perdigão, 2012; Sardinha, 2012). Alertar a população e educadores para este facto, é um aspeto fundamental para a mudança de comportamentos e diminuição da morbilidade e mortalidade associada a esta forma de estar. Contudo, o aumento destes fatores de risco pode funcionar como um impulsionador da prática da atividade física. Segundo Sardinha (2012), a atividade física deveria ser monitorizada como um sinal vital, nomeadamente na consulta de medicina geral e familiar, pelos benefícios positivos que acarreta para a saúde das pessoas.

A atividade física melhora o bem-estar, aumenta a neurogénese, a sinapsogénese, a angiogénese, a oxigenação cerebral, o desempenho cognitivo, reduz o risco de doença cardiovascular, da diabetes tipo 2, melhora o perfil lipídico, preserva ou potencia a mineralização óssea e reduz o risco de cancro do cólon e da mama nas mulheres (Observatório Nacional da Atividade Física e do Desporto, 2011; WHO, 2010). Os benefícios desta prática verificam-se em todas as idades e o investimento, no fomento da atividade física deve começar desde muito cedo, promovendo comportamentos saudáveis que se pretende se mantenham e consolidem ao longo da vida. Estes benefícios, para serem efetivos, só existem quando a atividade é contínua. Se, por qualquer motivo, deixar de ser praticada, os ganhos também deixam de existir. Nas pessoas e, de forma mais acentuada nos idosos, esta paragem acarreta um retrocesso no desempenho e, ao reiniciar a atividade física, verifica-se uma lentificação no seu progresso. O problema do sedentarismo é transversal a todas as

113 idades e não apenas nos idosos. Grande parte das atividades do dia-a-dia é, em parte, sedentária tanto nos jovens como nos adultos e nos idosos.

O combate ao sedentarismo deve ser uma prioridade de todos os educadores. Como referem Sardinha e Magalhães (2012), entre os 10 e os 18 anos, 69% dos rapazes e 90% das raparigas não cumprem as recomendações da prática da atividade física (60 minutos/dia de atividade física moderada e vigorosa). Uma pessoa adulta passa 50 a 60% do seu dia em atividades sedentárias e os europeus passam 40% do seu tempo livre a ver televisão. Nas pessoas idosas os comportamentos sedentários aumentam, situando-se nos 72%. A inatividade é um problema de saúde pública que tem sido pouco valorizada, sendo responsável em 6% pelo surgimento da doença coronária, 7% da diabetes tipo 2 e, um em cada dez, dos cancro da mama e do cólon (Rocha, 2012).

Hoje, o sedentarismo em Portugal e na União Europeia continua ainda a representar um problema grave apesar dos resultados da investigação apontarem para os grandes benefícios que acarreta a prática da atividade física. O relatório emanado pelo Eurobarómetro e apresentado no início de 2014 não apresenta resultados animadores. Continuam a ser os países do Norte da Europa a praticar mais exercício físico e desporto. Portugal continua classificado nos últimos lugares - 64% das pessoas não pratica exercício físico. As mulheres, em todas as faixas etárias, estão sempre pior classificadas. Em posição mais baixa do que Portugal só está Malta e a Bulgária. Na União Europeia, 59% dos cidadãos nunca praticaram exercício físico ou desporto (Eurobarómetro, 2014).

Rocha (2012) enfatiza que o exercício regular apresenta benefícios como a melhoria da capacidade física, da mobilidade, do bem-estar, da função mental e social sendo ainda mais evidente nos idosos. Por sua vez, a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2010) reforça esta ideia e chama a atenção para a necessidade de estar fisicamente ativo. Nos idosos tal está associado a um melhor nível de saúde funcional, menor risco de quedas e a uma melhor função cognitiva. Quando as limitações funcionais já existem, podem ser reduzidas com a prática regular da atividade física. Quando os idosos não conseguem atingir as recomendações emanadas devem ser o mais ativos, quanto a sua condição o permitir.

A prática da atividade física é recomendada mesmo quando a doença está presente. Uma revisão de artigos publicados com meta-análise aponta para a importância da prática da atividade física aeróbia, ligeira a moderada, com duração superior a 30

114 minutos, de vários períodos semanais, no tratamento do doente hipertenso. Esta prática regular está associada a uma redução da tensão arterial semelhante à medicação feita com monoterapia anti-hipertensiva, verificando-se uma diminuição da tensão sistólica e diastólica de 10 a 5 a mmHg, respetivamente, tal como a diminuição do peso, do perímetro abdominal e da resistência à insulina (Cruz-Ferreira, Loureiro & Pimentel, 2012). Apesar do resultado anterior, Maselli e colaboradores (2014), na sua investigação, chegaram à conclusão que a tensão arterial tende a aumentar com a idade, mesmo nos idosos ativos.

Com vista a conhecer a realidade portuguesa e a incentivar a prática da atividade física o Observatório Nacional da Atividade Física e do Desporto procedeu, entre 2006 e 2009, à avaliação de 6.299 portugueses, com idade igual ou superior a 10 anos de idade, em 18 distritos de 5 zonas de Portugal. A atividade física foi avaliada por acelerometria. Os resultados deste estudo referem que: (i) os rapazes entre os 10 e 11 anos de idade, em todas as regiões de Portugal continental, são suficientemente ativos, praticam pelo menos 60 minutos de atividade física de intensidade moderada a vigorosa; (ii) avançando na idade, já só cumprem estas recomendações os rapazes de 12 a 13 anos de idade, da região norte; (iii) as raparigas não cumprem estas recomendações; (iv) nas pessoas adultas, 76,7%, dos homens e 63,7% das mulheres são suficientemente ativos; e (v) nos idosos só são suficientemente ativos 44,6% dos homens e 27,8% das mulheres. No sexo masculino há uma diminuição desta atividade entre os 10 e os 29 anos de idade. Depois surge uma conservação desta prática até aos 50 anos. Após esta idade volta a diminuir. Nas mulheres também se verifica uma diminuição entre os 10 e os 29 anos. Segue-se uma fase de manutenção até aos 50. A partir desta idade volta a acentuar-se uma baixa que é ainda mais acentuada do que nos homens. As mulheres praticam menos atividade física, em todas as faixas etárias, comparativamente com os homens: é mais acentuada entre os 10 e os 30 anos e volta a diminuir a partir dos 60 anos (Observatório Nacional da Atividade Física e do Desporto, 2011).

Com a relevância que representa na sociedade moderna, o aumento dos idosos e dos grandes idosos leva a que, cada vez se dê mais importância à forma como se pode envelhecer de forma mais saudável. Com o aumento da idade, a prática da atividade física continua a ser um aspeto fundamental para a prevenção e combate de várias patologias, na prevenção de quedas e na melhoria da qualidade de vida. Para além dos benefícios já antes apontados, contribui para um aumento da independência e

115 autonomia na realização das atividades quotidianas ajudando a viver autonomamente, em contexto domiciliário e institucional, promovendo um envelhecimento saudável. A importância da atividade física e de hábitos de vida saudáveis, nesta faixa etária, verificou-se no estudo HALE Project realizado em 11 países europeus, entre 1988- 2000, com uma amostra de 2.339 idosos, constituída por 1.507 homens e 832 mulheres saudáveis com idade compreendida entre os 70 e os 90 anos de idade e que aderiram a uma dieta tipo mediterrânica, uso moderado de álcool, não consumo de tabaco e atividade física moderada. Apesar de neste estudo entrarem outras variáveis, além da atividade física, verificou-se existir uma redução de 50% da mortalidade cardiovascular, por doença coronária e da mortalidade por outras causas (Knoops et

al., 2004).

Os idosos devem realizar, também, exercícios de força, de intensidade moderada a elevada, duas ou mais vezes por semana. Nos idosos, atividades que promovam o equilíbrio devem ser programadas pelo menos em três dias por semana, contribuindo para a prevenção das quedas (Henriques, 2013). Este grave problema vem mostrar a importância de eles se manterem ativos e da prática da atividade física, nesta fase da vida, pela sua implicação na morbilidade e mortalidade. Como refere Shubert, Smith, Prizer e Ory (2014), a gestão do seu risco é difícil de conseguir. Exige um rastreio precoce onde se identifiquem os fatores de risco, se prescrevam intervenções adaptadas e se implementem estratégias de adesão.

A perda da força muscular, a medicação utilizada, as diferentes patologias existentes (como Parkinson, entre outras), as alterações da visão, o uso de sapatos inadequados, a utilização de pisos com material derrapante, as casas arquitetonicamente não adaptadas aos idosos e os espaços mal iluminados, são aspetos a considerar nas causas de quedas. Segundo Charters e Age UK (2013), uma das melhores formas de prevenção é a prática de exercícios específicos para a prevenção de quedas. A queda, quando acontece, leva a perda de confiança, por parte do idoso, promove o isolamento e reduz a independência. Depois de uma queda o idoso tem 50% de probabilidades de ter a sua mobilidade reduzida e 10% de probabilidade de morrer dentro de 1 ano. Um programa de exercícios pode reduzir as quedas em 54%, combatendo a perda de equilíbrio e fraqueza muscular pela falta de uso. Estes programas de prevenção de quedas têm em conta o tipo, duração e intensidade dos exercícios. Relativamente ao tipo de exercícios estes trabalham, principalmente, os músculos que permitem estar de pé, andar e exercitar o equilíbrio. A prevenção de quedas não pode ser só feita através de exercícios sentados, tanto na

116 cadeira como em máquinas de ginásio. Para ter sucesso o programa de exercícios deve durar, preferencialmente, pelo menos 36 semanas, incluir um mínimo de 2 horas por semana, em aulas de grupo. Os exercícios devem ser progressivos, aumentando de intensidade, e adaptados às necessidades e habilidades de cada idoso.

Carvalho, Pinto e Mota (2007) desenvolveram o seu estudo de investigação com idosos institucionalizados, considerando praticantes os idosos que, no período dos 12 meses prévios a este estudo, praticavam atividade física organizada e estruturada pelo menos 2 vezes por semana e durante 50 minutos, dirigida a várias componentes de aptidão física, como treino de resistência aeróbia, força muscular, equilíbrio, flexibilidade e coordenação. Foi apurado que, nesta amostra de 56 idosos dos 65 aos 95 anos de idade, o sexo não influenciou o equilíbrio, os idosos do sexo masculino tinham menos medo de cair e a prática da atividade física estava associada a um maior equilíbrio e a um menor medo de cair. Neste estudo não se encontrou relação com a ocorrência de quedas anteriores e o medo em cair.

Com o aumento da idade e do número de grandes idosos o surgimento do declínio cognitivo e das demências (entre elas o Alzheimer) tendem a aumentar. A atividade física representa um papel importante no combate a este declínio e às demências, funcionando como um fator de proteção. Existe uma relação entre a atividade física diária e o aumento da cognição e a diminuição do aparecimento de Alzheimer. Estes resultados podem ser devidos aos fatores de crescimento do endotélio vascular, melhoria do funcionamento glicometabólico e da modificação dos níveis do fator neurotrófico (Beeri & Middleton, 2012). A diminuição do fator neurotrófico está relacionada, entre outros fatores, com o surgimento da depressão, o transtorno bipolar e a hipersensibilidade à dor (Fernandes, 2009). As pessoas que apresentam baixa atividade física têm risco aumentado de declínio motor, cognitivo e Alzheimer (Buchman, Boyle, Yu, Shah, Wilson & Bennett, 2012). A fragilidade física está associada a um risco aumentado do declínio rápido da função cognitiva (Boyle, Buchman, Wilson, Leurgans & Bennett, 2010). Nos idosos com Alzheimer há uma diminuição da atividade física. A apatia, a falta de interesse e o isolamento social podem contribuir para esta diminuição da atividade (Wang, Yang, Lin, Chen, Chwang & Liu, 2004).

Mesmo conhecendo os benefícios da atividade física na saúde nem sempre é fácil estimular a adesão à sua prática. Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2010), a criação de ambientes favoráveis é indispensável e só pode ser alcançado com um trabalho multidisciplinar e multissectorial. Faz parte desta política melhorar os

117 espaços públicos de lazer, implementar locais apropriados, seguros e acessíveis para a prática de caminhadas, ciclismo (entre outras modalidades), facilitar o transporte ativo para o trabalho, criar locais seguros para as crianças brincarem. É dada enfase às políticas escolares que apoiem programas de atividade física. Conseguir encontrar formas inovadoras de motivar para a prática da atividade física contínua e consolidada torna-se importante para reduzir/inverter o grande número de pessoas sedentárias. A utilização de animais de estimação pode ser uma estratégia a implementar para ajudar pessoas, de diferentes idades, com necessidades especiais (Martins, et al., 2009), diminui a dor, a ansiedade e aumenta sensação de bem-estar com a libertação de endorfinas e linfócitos (Reed, Ferrer & Villegas, 2012). Os cães são frequentemente utilizados para combater o isolamento, a solidão, estimulando o estabelecimento de laços afetivos com o animal e com as pessoas que a rodeiam, incentivando um maior contacto com novos amigos. Alguns países estão a utilizar os animais domésticos para