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Procedimentos de recolha e análise dos dados

PARTE II – Estudo empírico

CAPÍTULO 6 – Metodologia

6.4. Procedimentos de recolha e análise dos dados

Oficializamos o pedido de autorização às instituições para a aplicação dos inquéritos e realização das avaliações, explicitando os objetivos e finalidade do nosso estudo, nos meses de Maio e Junho de 2012 (Anexo VII). Depois de concedida a autorização, realizamos uma entrevista informal com os responsáveis de cada instituição, tendo em vista o seu próprio envolvimento no estudo. Posteriormente, de modo a assegurar a privacidade e o direito de autodeterminação, os familiares e os idosos foram informados dos objetivos do estudo, do carácter facultativo da sua participação e da confidencialidade das suas respostas. Procurou-se, também, respeitar o conforto de todos os idosos, tentando interferir o menos possível nos seus hábitos diários.

A recolha de dados decorreu no período compreendido entre Janeiro e Setembro de 2013, após parecer favorável da Comissão de Ética do Instituto de Ciências da Saúde, da Universidade Católica Portuguesa e autorização prévia das Direções dos Lares de

145 Idosos. Foi, também, solicitada autorização para a utilização do MNA e do Índice de Barthel aos respetivos autores (Anexos VIII e IX).

As instituições que aceitaram integrar o estudo foram contactadas telefonicamente, pela investigadora, e agendada uma reunião com a Direção, tendo em vista o seu próprio envolvimento no estudo. Nesta reunião prestamos informações relativamente ao processo de colheita de dados e entregue um envelope com o resumo e objetivos do estudo, parecer dos orientadores, instrumentos a aplicar, termo de responsabilidade, consentimento informado e parecer da Comissão de Ética do Instituto de Ciências da Saúde, da Universidade Católica Portuguesa (Anexo X). Aos quatro enfermeiros recém-licenciados que colaboraram com a investigadora na recolha de dados, foi realizada formação, em duas sessões, relativamente: aos objetivos do estudo; à conduta dos avaliadores; aos procedimentos nas diferentes avaliações antropométricas, segundo o Anthropométric Standardization Reference

Manual (1991), e de impedância bioelétrica; aos diferentes instrumentos a aplicar e

funcionamento dos equipamentos; e às orientações éticas.

Antes de darmos início à colheita de dados realizamos um pré-teste aos instrumentos a utilizar nesta investigação, que decorreu entre os dias 13 e 23 de Novembro de 2012, num Lar do concelho de Braga, onde foram avaliados 56 idosos.

O pré-teste teve como objetivo a aferição: dos diferentes instrumentos e a consistência; e do grau de concordância entre as avaliações feitas pela investigadora e os dois elementos que com ela colaboraram (International Society for The Advancement of Kinanthropometry, 2001; Steenson, Vivanti & Isenring, 2013).

As avaliações no pré-teste foram mais demoradas pois, a cada idoso foram feitas as avaliações antropométricas pelos três investigadores (Ferry & Alix, 2004; International Society for Advancement of Kinanthropomety, 2001). A National Health and Nutrition Examination Survey (2007) recomenda que as avaliações sejam repetidas duas vezes. No nosso caso, foi estabelecido que na presença de diferenças de mais de um centímetro na avaliação do perímetro da cintura, entre os diferentes investigadores, eram realizadas duas novas avaliações e registada a média (WHO, 2008). Situação análoga foi seguida nas avaliações dos outros parâmetros.

Na recolha de dados para a realização do pré-teste registamos algumas dificuldades, das quais destacamos: (i) a avaliação do perímetro abdominal pois, muitas idosas apresentavam um grande perímetro abdominal, tornando-se difícil localizar a crista

146 ilíaca e a grade costal para encontrar o ponto médio entre estes dois pontos; (ii) a colocação da fita, de forma a que esta ficasse em plano horizontal com o chão, também exigiu cuidados, principalmente na parte posterior do tronco; e (iii) na avaliação da estatura encontramos alguns obstáculos devidos às alterações da postura e de equilíbrio, exigindo muita atenção e cooperação entre os diferentes investigadores. Perante a constatação destas dificuldades decidimos que nas avaliações seguintes deveriam estar sempre presentes, pelo menos dois investigadores. Relativamente ao preenchimento dos restantes instrumentos de colheita de dados, e no sentido de evitar o cansaço dos idosos, um investigador questionava e os outros registavam. Qualquer dúvida era logo esclarecida entre os três investigadores.

Após a realização do pré-teste não houve necessidade de fazer alterações nos instrumentos de colheita de dados, à exceção da avaliação sociodemográfica, onde se questionava a naturalidade, tendo-se acrescentado a residência anterior ao ingresso no Lar. Consideramos importante saber se o idoso estava num Lar perto da sua residência, da família e dos amigos, para assim, se poder integrar melhor na instituição.

Inicialmente pretendíamos recolher informação do processo clínico do idoso, nomeadamente, as patologias, os últimos resultados analíticos e o peso de ingresso no Lar. Constatamos que: as patologias quase nunca estavam especificadas, o peso de ingresso raramente estava registado, principalmente dos idosos com mais tempo de institucionalização; e as análises clinicas também eram escassas ou, quando existiam, tinham sido realizadas há muito tempo. Interessava-nos para este estudo resultados bioquímicos relacionados com o hematócrito, a hemoglobina, os linfócitos, as proteínas séricas (albumina, pré-albumina, transferrina), a proteína C reativa e o colesterol. Dados estes, que não encontramos, possivelmente, devido ao facto de cada Lar ter uma estrutura diferente relativamente à equipa de saúde de apoio ao Lar. Neste contexto, decidimos manter a consulta do processo para recolher informação relacionada com: variáveis de caracterização sociodemográfica (idade, sexo, naturalidade, residência anterior ao ingresso no Lar, escolaridade, profissão, estado civil, profissão, data de ingresso no Lar, o número de filhos); peso de ingresso no Lar; medicação; e o uso de material adaptativo, sondas ou cateteres.

A identificação do número de filhos corresponde ao número de filhos relatados. O investigador absteve-se de aprofundar se este número se referia aos filhos nascidos ou aos filhos ainda vivos, devido à carga emocional gerada (ansiedade e choro).

147 Para o tratamento dos dados recorremos ao SPSS (Statiscal Package for the Social

Sciences) para Windows, versão 21.0. Na descrição da amostra utilizámos uma

análise estatística descritiva. Posteriormente, para o estudo das relações entre variáveis prosseguimos com uma análise inferencial, com recurso aos testes paramétricos ou não paramétricos de acordo com o tipo de variável e a sua simetria e normalidade, para um nível de significância de p<0,05, num intervalo de confiança de 95%.