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A prática pedagógica frente às diretrizes do PPP

No documento 2011MaiteAnzilieroBrustolin (páginas 63-66)

3 GESTÃO DEMOCRÁTICA NAS LEGISLAÇÕES: CONSTITUIÇÃO

3.3 A prática pedagógica frente às diretrizes do PPP

Pedagogicamente, pode-se dizer que o ponto mais importante da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96, é sem dúvida a previsão que os estabelecimentos de ensino – respeitadas as normas comuns e as de seu sistema de ensino – terão a imcumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica (artigo 128) que irá nortear o processo pedagógico das escolas e de todos os sistemas de ensino.

A elaboração da Proposta Pedagógica, segundo artigos 13 e 149 , contempla a necessidade da participação dos profissionais da educação, que deverão ainda definir e cumprir plano de trabalho para concretizá-la. A elaboração e execução desta pela própria escola é o que dará a dimensão da sua autonomia, orientando todo o projeto administrativo e burocrático da escola, além de um maior comrometimento com o pedagógico. Dessa forma, a proposta pedagógica dará origem ao regimento escolar, que é um verdadeiro estatuto da escola; é a identidade da escola.

Com tais dispositivos presentes, a LDB, quis reforçar ainda mais quão importante é o papel da escola bem como dos educadores na construção de projetos educativos articulados com as políticas nacionais, dos Estados e Municípios, considerando a realidade específica de cada instituição de ensino. Isto também resultará num vínculo estreito entre o administrativo

8 Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a

imcumbência de:

I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;

VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;

9 Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de :

I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

e o pedagógico, demonstrando que, mesmo diante de tantas realidades o pedagógico deve prevalecer para obtenção do sucesso dessa iniciativa.

A participação de todos para a construção do projeto político pedagógico, em especial de seus docentes, é condição essencial, pois assim todos terão acesso às informações e lhe é garantido o direito de participar das decisões, com condições de compreender melhor o funcionamento da escola e de se organizar para assegurar que os interesses da maioria dos envolvidos sejam atendidos. É uma das maneiras de melhorar a qualidade do ensino e fazer funcionar a escola de maneira mais organizada.

Cada instituição está inserida num cenário marcado pela diversidade, o que resulta num processo único e próprio, respeitando as suas próprias contradições. Gadotti, ( 1988, p. 16) no texto sobre Projeto Político-Pedagógico, no livro Construindo a escola cidadã já dizia: “não existem duas escolas iguais. Diante disso, desaparece aquela arrogante pretensão de saber de antemão quais serão os resultados do projeto para todas as escolas de um sistema educacional. A arrogância do dono da verdade dá lugar à criatividade e ao diálogo. A pluralidade de projetos pedagógicos faz parte da história da Educação da nossa época.”

Por isso, a autonomia deve existir paralela à gestão democrática da escola para que se possa fazer o próprio Projeto Político-Pedagógico, executar e avaliá-lo de forma a contribuir com o aprendizado da democracia e aprimorar o que é específico da escola: o ensino. Contudo a escola não deve elaborar o Projeto Político-Pedagógico apenas como exigência legal, mas para inovar a ação coletiva no cotidiano do trabalho , considerando o caráter heterogêneo do coletivo, formado por pais, alunos, professores, corpo técnico-administrativo, gestores e comunidade em geral. Gadotti define com propriedade o que é projeto político-pedagógico, intensificando ainda mais a importância de sua existência nas escolas.

O projeto da escola depende, sobretudo, da ousadia dos seus agentes, da ousadia de cada escola em assumir-se como tal, partindo da ‘cara’ que tem, com o seu cotidianoe o seu tempo-espaço, isto é, o contexto histórico em que ela se insere. Projetar significa ‘lançar-se para frente’, antever um futuro difierente do presente. Projeto pressupõe uma ação intencionada com um sentido definido, explícito, sobre o que se quer inovar. (M. Gadotti, 1994, www.educacaoonline.pro.br))

Trata-se de um grande desafio, pois implica mudança de postura e um novo enfoque de organização das questões escolares. É tornar a escola um espaço democrático, de boa convivência e de diálogo entre os envolvidos, abandonar a simples condição de que esta instituição é o local de simples transmissão de conteúdo, mas construir possibilidades de uma

verdadeira gestão democrática. E como Paulo Freire enfatizou: “Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo (1997, p. 110)”.

A presença da gestão democrática, tanto na Constituição Federal de 1988, quanto na LDB, é resultado de muita luta por uma escola mais aberta e com uma gestão com a participação de todos nas decisões. A consolidação desta dar-se-á quando os participantes e envolvidos na educação construirem coletivamente seu Projeto Político-Pedagógico. Para elucidar e refletir ainda mais sobre este assunto, será abordado no próximo capítulo: A efetivação da gestão democrática no processo pedagógico na escola.

4 A EFETIVAÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NO PROCESSO PEDAGÓGICO

No documento 2011MaiteAnzilieroBrustolin (páginas 63-66)