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A proposta dos educadores da Escola Professor Zeferino Vaz

CAPÍTULO 3 ESCOLA DE EDUCAÇÃO INTEGRAL DA REDE MUNICIPAL DE

3.5 A proposta dos educadores da Escola Professor Zeferino Vaz

As discussões realizadas pela Comissão compreenderam os aspectos gerais da proposta, sendo que, as escolas definidas para se tornarem “pilotos”, após seus estudos e discussões internos, também apresentaram as suas propostas considerando suas especificidades, as quais, explicitaremos a seguir. Essas propostas foram anexadas ao Relatório da Comissão, em sua parte dois.

Os objetivos apresentados pela então EMEF CAIC Professor Zeferino Vaz, (posteriormente, a designação passou a ser EEI) para a consecução da educação integral são muito próximos daqueles contemplados no Projeto Piloto e apontam para o oferecimento de uma formação integral do ser humano; estrutura adequada; formação constante de todos os envolvidos no processo; respeito à bagagem cultural dos alunos e interação com a comunidade (CAMPINAS, 2013).

A equipe da Escola Prof. Zeferino Vaz apresentou, também, uma proposta para o funcionamento da unidade após as 17h00, pensando numa perspectiva de integração com a comunidade local, e as atividades a serem desenvolvidas, à noite, incluiriam a abertura da biblioteca, com livre acesso da comunidade para atividades de pesquisa, leitura, empréstimos das obras do acervo, saraus etc, e ainda curso de informática, curso de condicionamento físico e modalidades esportivas, cursos e palestras de temas de interesse da comunidade.

Houve também proposta de articulação da escola integral com as atividades desenvolvidas na EJA (a unidade possui turmas de Educação de Jovens e Adultos, atendidas no período noturno), por meio da criação de eixos de trabalho para esta modalidade de ensino, no período vespertino, de modo a potencializar o Programa EJA Profissões, bem como o aumento da carga horária em uma ou duas aulas, antes do horário da entrada, facultativo para o aluno. Cogitou-se, ainda, a possibilidade de oferecimento de oficinas, tais como marcenaria, eletrônica, artesanato, cozinha industrial, pensando-se na qualificação profissional dos jovens da comunidade (CAMPINAS, 2013).

Cabe dizer que estas propostas não foram contempladas no Projeto Piloto e não se concretizaram, visto que a unidade encerra suas atividades com alunos às 16h20 e a EJA, conforme o Projeto Político Pedagógico seguiu funcionando no período noturno, com as mesmas características anteriores a 2014, ano em que a escola passou a funcionar em tempo integral.

A equipe da Zeferino Vaz, atenta à necessidade de se evitar turmas com superlotação de alunos realizou uma projeção relacionada ao número de salas e quantidade de alunos, que

seriam atendidos em tempo integral, sendo que, para as turmas dos ciclos I e II (1º ao 5º ano), média estimada era de 25 alunos em 13 turmas, e para os ciclos III e IV (6º ao 9º ano) seriam 13 turmas com uma média de 30 alunos cada (CAMPINAS, 2013). O número de turmas e a média de alunos no ano da implantação do projeto e nos anos subseqüentes estão descritos na tabela abaixo:

Tabela 6 - Número de turmas e média de número de alunos por ciclo na EEI Prof. Zeferino Vaz no período de 2014 a 2017

Ano Turmas

Ciclo I e II

Média de alunos Turmas Ciclo III e IV Média de alunos 2014 13 26 12 25 2015 14 27 12 22 2016 13 28 12 22 2017 15 27 08 28

Outra questão apontada pela equipe Zeferino Vaz foram as adequações estruturais para receber os alunos em período integral. O quadro abaixo mostra as principais, e se foram concretizadas ou não.

Quadro 17- Apontamentos das adequações estruturais

Apontamentos Concretizado?

1. Desmembramento da cozinha, que na ocasião era compartilhada com outra unidade vizinha.

Sim 2. Adequação da alimentação escolar em termos de

quantidade e qualidade.

Sim 3. A criação de um projeto arquitetônico que potencializasse o

desenvolvimento do trabalho pedagógico nos ambientes já existentes, nos espaços pouco ou não utilizados na unidade, bem como a criação de novos espaços de aprender.

Sim

4. Reforma da rede elétrica. Sim

5. Instalação de sistema de climatização interna ou ventilação dos ambientes.

Não 6. Adequação de bebedouros e banheiros, com a instalação de

chuveiros e armários para os alunos.

Parcialmente, não houve instalação de chuveiros. Os armários foram instalados e posteriormente retirados, uma vez que os alunos não se adaptaram ao uso dos

7. Implementação de salas ambientes para o desenvolvimento das aulas de música, dança, ginástica, informática, laboratório de línguas, rádio escolar e outras, bem como a aquisição de materiais específicos: tatames, colchonetes, equipamentos para os laboratórios, tendas, bancos, mesas, jogos fixos nos ambientes externos, etc).

Parcialmente, não houve a instalação de laboratório de línguas, nem da rádio escolar.

8. Adequação do campo de futebol com pista de atletismo. Não, o espaço nunca foi adequado e continua sem uso regular.

9. Criação de três quiosques. Parcialmente, houve a construção de apenas um quiosque.

10. Criação do espaço: cozinha pedagógica. Não

11. Cobertura do teatro de arena. Não

12. Construção de mais uma quadra poliesportiva. Não

13. Construção de um auditório ou teatro. Não

Fonte: Elaborado pelo autor a partir das informações do Relatório da Comissão (2013)

O quadro mostra que a reorganização do espaço, um dos fundamentos da concepção de educação integral, conforme explicita o Projeto Piloto, não foi levado a termo em sua integralidade, fato este que vem representando um forte elemento comprometedor para o desenvolvimento das atividades curriculares na Escola, conforme ficará demonstrado, por meio das falas dos participantes dessa pesquisa, em especial no capítulo quatro.

As necessidades organizativas também foram apontadas e propôs-se a organização de frentes de trabalho (futuras comissões de trabalho EEI).

Quadro 18 - Necessidades organizativas

Necessidades apontadas Concretizado?

1. Organização da estrutura da escola: manutenção, limpeza, organização burocrática, secretaria, atendimento da comunidade, espaços pedagógicos: criação, funcionamento e manutenção de todos os ambientes educativos.

Parcialmente. Nem todas as necessidades relacionadas ao espaço físico, foram atendidas. 2. Organização dos tempos e espaços da escola: horários das aulas,

intervalos, almoços, horários das reuniões de toda a EEI – construção curricular do Projeto EEI.

Parcialmente. Há uma organização, porém a unidade não a considera ideal. Busca a ressignificação dos tempos e espaços escolares.

3. Organização do trabalho pedagógico dos diversos ciclos: planejamento, discussão e avaliação dos trabalhos de cada ciclo/ano/área do conhecimento/projeto.

Sim.

4. Organização do trabalho coletivo: de todos da comunidade escolar, dos alunos, dos pais, da comunidade, todos os profissionais do magistério que constroem o projeto e socialização de toda a rede – participação, registro e implementação.

Parcialmente, não há a socialização com toda a rede municipal de ensino.

5. Organização dos coletivos e das comissões: necessidades de registro e sistematização – solicitação de ajuda acadêmica. Consolidação da CPA e do sentido e significado da

representatividade nos diversos segmentos, auto-organização dos alunos e profissionais.

Sim

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de informações do Relatório da Comissão (2013)

Não foram organizadas frentes de trabalho na escola. A tomada de decisões é feita coletivamente nos diversos espaços de interação existentes na unidade, como por exemplo, os tempos pedagógicos dos docentes, os conselhos de ciclo, que ocorrem trimestralmente, as reuniões de planejamento e avaliação institucional, no início e final de cada semestre e nos diferentes colegiados, como o Conselho de Escola, a Comissão de Avaliação Participativa (CPA), a Associação de Pais e Mestres (APM), o Grêmio Estudantil (na EEI Prof. Zeferino Vaz, esse colegiado é chamado de Conselho dos Representantes de Turmas, que são alunos eleitos por seus pares, em suas respectivas turmas).