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CAPÍTULO IV – O FLUXO ILEGAL E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA ECONOMIA

4.2. As consequências sociológicas

4.2.1. A prostituição

Angola é país de origem e destino de homens, mulheres e crianças sujeitos a tráfico sexual e trabalho forçado. Internamente, as vítimas de tráfico são supostamente forçadas a trabalhar na agricultura, construção, serviços domésticos e minas artesanais de diamantes. É mais frequente que mulheres e crianças angolanas sejam vítimas de tráfico sexual dentro de Angola do que noutros países; existem relatos de raparigas de menor idade, com apenas 13 anos, na prostituição nas províncias de Luanda, Benguela e Huíla. Alguns rapazes angolanos são levados para a Namíbia para trabalho forçado na pastorícia, bem como para atuarem como correio no comércio ilegal transfronteiriço entre a Namíbia e Angola, como parte de um plano para contornar as taxas de importação. Em Angola, os adultos usam crianças de idade inferior a 12 anos para atividades criminosas forçadas, porque uma lacuna no sistema jurídico angolano impede que os jovens nesta idade sejam julgados em tribunal. Mulheres e crianças angolanas são sujeitas a servidão doméstica na África do Sul, República Democrática do Congo (RDC), Namíbia e em algumas nações europeias, principalmente em Portugal. (RELÁTORIO SOBRE TRÁFICO DE SERES HUMANOS, 2011)

Mulheres moçambicanas, congolesas, vietnamitas, chinesas e brasileiras na prostituição em Angola poderão também ser vítimas de tráfico sexual. Relatos indicam que migrantes chineses, namibianos e possivelmente congoleses são sujeitos a trabalho forçado na indústria de construção angolana.

Migrantes ilegais da RDC entram voluntariamente em Angola para aí trabalharem nas regiões de mineração diamantífera, onde alguns são posteriormente submetidos a condições de trabalho forçado ou prostituição forçada nos campos de exploração mineira. As redes de tráfico recrutam e transportam raparigas congolesas, de apenas 12 anos, do Kasai Ocidental, na RDC, para Angola, para várias formas de exploração. (RELÁTORIO SOBRE TRÁFICO DE SERES HUMANOS, 2011)

118 O governo não alterou o código penal para punir o tráfico de pessoas, nem concluiu a projeto de lei anti tráfico. Não fez qualquer esforço para melhorar os seus serviços de proteção mínima prestados às vítimas ou para sensibilizar sobre o tráfico, durante o período em análise.

O governo não desenvolveu procedimentos para identificar vítimas de tráfico entre as populações vulneráveis, tais como migrantes indocumentados, e não deu formação ao seu pessoal de aplicação da lei, dos serviços sociais ou da imigração, nestas competências. (RELÁTORIO SOBRE TRÁFICO DE SERES HUMANOS, 2011)

A prostituição é uma das práticas defensivas na vida do imigrante, é ainda entendida como a comercialização da prática sexual ou o oferecimento de satisfação sexual em troca de vantagens monetárias ou favores, tem sido uma das soluções adotadas pelos imigrantes ilegais para a sua sobrevivência.

Com ela, são inúmeras as consequências colaterais que lhe sucedem como as doenças transmissíveis sexualmente (DTS) e outras de cariz sociológico como a burla, a extorsão e as demais, desencadeadas por pessoas diretamente ligadas a tal pratica e as consequências económicas resultantes do aumento da mortalidade das vítimas o que barra o crescimento económico pelos custos para o tratamento da doença que são bastante elevados (sendo o custo médio estimado em cerca de 18.000,00 dólares norte americanos por pessoa num ano).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2007) as migrações internacionais quando realizadas em larga escala e principalmente as que são realizadas por migrantes seropositivos tornam o controlo do crescimento e combate à proliferação do VIH/SIDA difícil, aumentando a vulnerabilidade das pessoas, pois, os migrantes que procuram por emprego ou escapar de dificuldades vividas nos seus países estão quase sempre sozinhos e longe do núcleo familiar o que facilita a sua propensão a comercializar o corpo ou a pagar para ter sexo quer para obter dinheiro quer para satisfazer-se (alguns depoimentos apontam que por um lado estão aqueles que consideram essa prática como um vício, e, por outro lado, estão os aqueles que defendem que a necessidade supera a moral, acrescentando que a prostituição deve ser aceite como qualquer profissão pois dela milhões de famílias dependem) muitas vezes desprotegidamente, e os imigrantes ilegais porque temem ser descobertos afastam-se dos serviços de saúde pública e/ou privado e da polícia mesmo quando são vítimas de violações se escusam a se apresentarem com

119 medo de serem deportadas (por receio de serem imediatamente enviadas para o seu país de origem devido à sua situação irregular, o que iria significar para estes o regresso ao ponto de partida, e concomitantemente o fracasso).

Os Estados que fazem fronteira com Angola já em 2004 apresentavam níveis bastante elevados de prevalência do vírus prevendo-se um “asfixiamento” de Angola neste aspeto, caso não se tomem medidas fortes de prevenção, é assim que, de forma relacional as províncias angolanas mais afetadas são as fronteiriças e as diamantíferas que por sinal têm sido a preferência de muitos estrangeiros ilegais.

Os sistemas de saúde estão a sofrer de uma interação letal de dois efeitos a saber: a fricção ou desgaste de trabalhadores e uma procura crescente dos seus serviços por parte dos infetados; também as infraestruturas de saúde sob pressão excessiva estão a ser orientadas para fins menos certos; Na Costa do marfim e Uganda os pacientes em estado precário relacionados com o Sida ocupam mais de metade de todas as camas dos hospitais, e a Zâmbia perde atualmente 2/3 dos seus professores qualificados e em 2000 dois em cada três trabalhadores de extensão rural do país comunicaram a perda de um colega no ano anterior. Como solução a este problema existe a necessária adoção de fortes estratégias que passem por medidas de sensibilização pela criação de mediadas legislativas de controlo e regulamentação dos níveis de prostituição e controlo eficaz dos migrantes internacionais (OMS, 2007).