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3.2 ADPF 347

3.2.2 A questão do ativismo judicial – ADPF 347

O presente caso possui grande repercussão e destaque no cenário jurídico, invocou o Judiciário para que fosse declarado o ―estado de coisas inconstitucionais‖, esse referentes as péssimas condições as quais os presos brasileiros estão expostos no sistema prisional, condições que estariam a violar garantias e direitos constitucionais.

As criticas referentes a decisão tomada pelo STF ao declarar o estado de coisas inconstitucional, estaria sendo ativista pela judicialização das políticas públicas.

Entender o reconhecimento do ECI como uma atitude ativista por parte do STF é a grande questão acerca do ativismo judicial e a judicialização da política no presente caso, pois trata de acesso direto aos demais Poderes. Não é o STF quem fará as políticas públicas, mas ao declarar o ECI deixa clara a necessidade com urgência de que o Executivo e o Legislativo devam tomar atitudes para resolver o

esse problema, através da criação de políticas públicas.

Conforme o próprio entendimento do STF não há de ser falar em violação a Separação dos Poderes, nem que esse tipo de decisão se configura como uma atitude ativista da Corte, nesse sentido versa o Ministro Edson Fachin (BRASIL, 2016, p.1):

É firme o entendimento deste Tribunal de que o Poder Judiciário pode, sem que fique configurada violação ao princípio da separação dos Poderes, determinar a implementação de políticas públicas nas questões relativas ao direito constitucional à saúde.

Referente a decisão da ADPF 347, o Ministro Luiz Fux (STF. Plenário. ADPF

347. Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 09/09/2015, p.113) versa que, ―Entendo que cabe, sim, ao Judiciário, num estado de inércia e de passividade em que os direitos fundamentais não estão sendo cumpridos, interferir‖, ou seja, sendo o ECI

uma clara violação aos direitos fundamentais, o STF enquanto guardião da Constituição, deverá intervir para que sejam reestabelecidos os direitos violados.

No caso em tela o STF toma suas decisões sob a observância e responsabilidade que possui perante a Constituição, dispõe o Ministro Luiz Fux (STF. Plenário. ADPF 347. Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 09/09/2015, p.117), ―Esse ativismo, essa suposta judicialização de questões que, segundo alguns, não nos dizem respeito, nos diz respeito na medida em que a Constituição Federal nos obriga a prover tão logo provocado‖, não se trata da vontade do Poder Judiciário, mas sim da obrigação que este possui em assegurar a Constituição.

Ainda quanto a possibilidade que o Judiciário possui para determinar que os demais Poderes tomem atitudes no sentido de criar políticas públicas no sistema prisional, é o entendimento da corte, Ricardo Lewandowski, (BRASIL, 2015, p.42):

No caso dos autos, está-se diante de clara violação a direitos fundamentais, praticada pelo próprio Estado contra pessoas sob sua guarda, cumprindo ao Judiciário, por dever constitucional, oferecer-lhes a devida proteção.

Nesse contexto, não há falar em indevida implementação, por parte do Judiciário, de políticas públicas na seara carcerária, circunstância que sempre enseja discussão complexa e casuística acerca dos limites de sua atuação, à luz da teoria da separação dos poderes.

Sendo assim, não há de se falar que o STF tenha se valido do ativismo judicial no presente caso, pois a motivação da decisão encontra amparo legal na norma. Ao STF cabe assegurar a Constituição e os direitos dispostos nela, assim, quando há violação a estes cabe ao Judiciário intervir, para garantir acima de tudo o respeito ao Direito.

CONCLUSÃO

Após discorrer sobre o tema do ativismo judicial e a judicialização da política, conclui-se que estes são fenômenos jurídicos que se apresentam como parte da solução na busca pela garantia de direitos fundamentais expostos no texto constitucional.

Esta pesquisa teve como objetivo demonstrar as faces do ativismo judicial e da judicialização da política, bem como analisar casos onde se pode notar a presença desses nos julgados pelo Supremo Tribunal Federal.

Esses fenômenos estão ligados ao aumento das demandas judiciais e a evolução da sociedade. Muitas novas questões jurídicas são apresentadas ao Poder Judiciário, algumas dessas que não possuem previsão legal para a resolução do caso concreto, sendo assim cabe ao Judiciário julgar os casos se valendo de princípios constitucionais para que sejam garantidos os direitos fundamentais.

Porém com essas atitudes por parte do Judiciário, existem algumas problemáticas. A crítica expõe que existam pelo menos três pontos principais a destacar, sendo eles, o risco para a legitimidade democrática, ou seja, os membros do poder judiciário não são eleitos pelo povo, sendo assim não poderiam criar a lei e sim devem se valer dela para decidir os casos. Outro ponto versa que Judiciário estaria se valendo da politica para tomar decisões judiciais, e o último ponto diz respeito a ultrapassagem dos limites institucionais do Judiciário, a critica é baseada na violação ao principio da separação dos poderes.

Os fenômenos jurídicos do presente estudo são utilizados pelo Judiciário, principalmente na figura do Supremo Tribunal Federal, como solução para a inércia dos Poderes, como exemplo, os casos analisados no presente estudo. A ADPF - 347 e a ADI - 4277 são casos em que o STF teve de se valer de princípios

constitucionais e de certa atitude ativista para apresentar solução ao caso concreto, situações onde direitos constitucionais estavam sendo violados, pela falta de legislação no caso da ADI 4277 e de má gestão pública no caso da ADPF 347.

Com a exposição dos conceitos desses fenômenos jurídicos e os pontos em que esses são criticados, conclui-se que esses estão ligados não somente ao Poder Judiciário, mas também estão ligados aos demais Poderes, Executivo e Legislativo, muitas das situações em que o Judiciário é acionado e se vale de um desses fenômenos para sustentar uma decisão, se da pela necessidade de garantir um direito assegurado pela Constituição, que não foi garantido por um dos outros Poderes, vale destacar que a Carta Magna deve ser observada por todos os Poderes, então o ativismo judicial e a judicialização da política, quando utilizados a fim de garantir a Constituição não há de ser criticado, pois tem se mostrado como a solução cabível para a garantia de direitos.

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