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4.4 O Curso de Educação Artística Música

4.6.2.2 A Reestruturação das Disciplinas Pedagógicas para o Núcleo

Embora o número de horas permaneça muito próximo (720 para 700) o novo currículo sofreu modificações. Conforme Tabela 2 abaixo:

Tabela 2 – Comparação da distribuição das disciplinas pedagógicas e do núcleo pedagógico obrigatório.

Observa-se que, para maior visualização das alterações ocorridas, as disciplinas que foram retiradas do novo currículo, estão escritas em itálico e as disciplinas novas em negrito. Neste núcleo, seis ( 6) disciplinas do antigo currículo foram alteradas, três (3) foram retiradas e duas (2) disciplinas novas foram acrescentadas.

Curso de Educação Artística-Música Curso Licenciatura em Música DISCIPLINAS

PEDAGÓGICAS horária Carga NÚCLEO OBRIGATÓRIO PEDAGÓGICO horária Carga

Psicologia de Educação I 60 Psicologia de Educação 60

Psicologia de Educação II 60 Retirada

educação I

Fundamentos da Arte- Educação II

60 Retirada

Didática I 60 Didática geral 60

Didática II 60 Didática da música 60

Estrutura e Funcionamento

do Ensino de 1º e 2º graus 60 Organizações Educacionais Contemporâneas 60

Fundamentos do Ensino da

Música 60

Estagio Supervisionado I , 100

Prática de Ensino I 150 Estagio Supervisionado II , 150

Prática de Ensino II 150 Estagio supervisionado III 150

Carga horária total: 720 Carga horária total 700

A retirada da disciplina Fundamentos de Arte-Educação I (FAE I) e Fundamentos de Arte-Educação II (FAE II), demonstra que o novo curso pretende formar um professor de música a partir de fundamentos mais específicos para a área. Tanto a ementa de FAE I “Articulação do pensamento; exploração da linguagem verbal e não verbal; introdução à semiótica da comunicação teatral; comunicação aplicada ao texto” e de FAE II “Conceitos e teorias da criatividade: o processo criador na arte-educação”, volta-se para o estudo da criatividade e a fundamentação do ensino da arte de uma maneira mais ampla.

Fundamentos do ensino da música

Sobre a retirada da disciplina Psicologia da Educação II, a entrevista dada pelo professor 12:

Eu tenho um ano só de psicologia. Em um ano eu não consigo falar de toda questão da educação, toda a questão do desenvolvimento, e também a gente teria que ter uma outra psicologia que viesse falar da questão dos alunos excepcionais, alunos que apresentam algum tipo de deficiência, e que isso eu não consigo devido a questão do tempo, porque é apenas sessenta horas e é uma coisa muito rápida. Então a FAP, deveria oferecer no próprio quadro das matérias ou como optativa, dos excepcionais, de como trabalhar com surdos, cegos, algum tipo de deficiência mental, dotado. (PROFESSOR 12, ENTREVISTA , 2008)

O professor 12 entende como insuficiente a carga horária da disciplina, argumentando a necessidade do retorno da disciplina também no segundo ano ou a oferta como disciplina optativa.

Destaca-se ainda a mudança do estágio supervisionado passando de 300 para 400 horas. Conforme esclarece o texto do Projeto de Transformação Curricular (2002):

Conforme Parecer 100/2002 e seu anexo, a Resolução em 13/03/2002, as atividades de estágio compreendem 400 horas. Isto permitiu a antecipação do estágio para o 2º ano do curso integrando- o com as disciplinas de Didática Geral onde a teoria e prática estão relacionadas permitindo ao aluno a realização do diagnóstico da realidade onde irá atuar. No 3º ano a prática de ensino em forma de estágio supervisionado está integrada com a disciplina Organizações Educacionais Contemporâneas que discute de forma crítica a estrutura e funcionamento do ensino, já vivenciado pelo aluno no ano anterior. No 4º ano, a prática de ensino integrada as disciplinas específicas de música e ao projeto pedagógico que o aluno deverá realizar em forma de pesquisa aplicada, traz a possibilidade de formação profissional consciente e reflexiva. Nessa proposta está a concepção de estágio contínuo e permanente implementador do perfil do formando cujo diagnóstico da realidade realizado no 2º ano, antecede a prática de ensino que se estende até o 4º ano. (PROJETO DE TRANSFORMAÇÃO CURRICULAR 2002, ANEXO, P. 5)

Sobre o estágio, transcreve-se a entrevista do professor 13:

Estágio 1, que a gente trabalha muito com laboratório, essa exposição inicial do aluno pra dar aula, o que é que é dar aula, que problemas você vai encontrar, não pensar que dar aula é passar conteúdos técnicos, mas assim eu procuro de cara, eu já refleti com eles o que eles vão encontrar em sala de aula. Todos esses problemas éticos, problemas de inclusão, problemas de sexualidade, momentos de definição da sexualidade e a repressão disso, então esses problemas que nós temos aí chamados temas transversais, que não existe nenhuma disciplina específica pra tratar disso, acho que é este momento, vamos parar pra pensar, nós seremos professores que é a sala de aula, que é a escola. (PROFESSOR 13, ENTREVISTA , 2008)

Sobre a interação com a disciplina de didática geral como recomenda a reforma curricular, o professor 13 relata:

Vou partir do que pode acontecer, tem colegas que a gente não consegue interagir, outros não. A prof. M., por ex, eu consigo interagir, ela é uma professora que eu consigo sentar, discutir,

pensar em coisas positivas para o curso, ela é professora de didática e eu com o segundo ano do estágio. Porque a gente conversa muito sobre os interesses do curso. (PROFESSOR 13, ENTREVISTA, 2008)

Sobre o papel da disciplina Didática da Música e do Estágio, o professor 10 opina:

Então eu trabalho com a didática da música e estágio. Em didática da música eu tento abrir o leque, bem, quase que 360 graus. Desde Educação infantil, 1ª a 4ª séries, 5ª a 8ª, ensino médio, campos de trabalho privado, escolas de música, trabalhos em empresa, trabalhos em programas da prefeitura ou do estado, e acima de tudo eu procuro despertar no aluno um questionamento que vai ser pra sempre. (PROFESSOR 10, ENTREVISTA, 2008)

Para os alunos das 3º e 4º sériesdo curso de Licenciatura em Música sobre o estágio:

Aluno E: “eu não pensava em ser professor assim e depois do estágio dá mais prazer em dar aula. Eu gostei, eu não tinha experiência de dar aula para mais de uma pessoa ao mesmo tempo, daí uma turma inteira, dá para fazer isso também quando eu me formar, eu achei legal. E antes de entrar na FAP, eu não pensava em ser professor mas era o que eu queria mesmo.”

Aluno R: “quando eu entrei na faculdade eu tinha a pretensão de ser professor mesmo, só não tinha essa visão de professor de escola pública. Seria mais no sentido de professor particular, professor só particular. E também professor só de música e de instrumento especificamente, seria mais o que eu tinha em mente. E o estágio só veio reforçar na visão que seria uma turma com quarenta crianças ou adolescentes.“

Aluna E: “Realmente o estágio tem sido muito bom, nós temos crescido como alunos aqui com um conceito bem mais amplo e creio que a faculdade tem nos preparado para trabalhar.” (ALUNOS, ENTREVISTA , 2007)

Os alunos e professores denotam claramente a importância do estágio supervisionado no curso, o qual tem alcançado os objetivos quanto à interação com outras disciplinas pedagógicas, bem como propiciar aos alunos a experiência de atuar como professor de música, em especial, na escola regular.