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A relação da loja interactiva com o município

4. A LOJA INTERACTIVA COMO PÓLO TURÍSTICO DINAMIZADOR DO

4.1. A relação da loja interactiva com o município

No presente capítulo será avaliado o tipo de relação que se estabelece entre os municípios e os responsáveis pelas lojas interactivas escolhidos para serem entrevistados. As sete entrevistas previamente efectuadas aos responsáveis a que se alude, incidiram sobre as seguintes lojas que os mesmos supervisionam: a do Aeroporto Francisco Sá Carneiro (não é município)28, Arouca, Espinho, Maia, Vila do Conde, São

João da Madeira e Santa Maria da Feira.

Este género de análise constitui uma preciosa ajuda no sentido de diagnosticar, quer a estratégia implementada pela loja interactiva, quer a forma como os municípios interagem com aquela, procurando obter então os resultados em que ambos os lados se empenham por um lado, e, por outro, identificando as forças que se perfilam a favor do projecto, tirando partido das entrevistas, enquanto oportunidades que devem ser aproveitadas. Evidentemente que existem problemas inerentes ao confronto das dinâmicas em presença, pelo que os mesmos devem ser considerados para que seja possível retirar daí as devidas ilações, conforme assunto já tratado no capítulo 3.

As formas de relacionamento verificadas entre loja interactiva (TPNP) o município e os restantes actores desta interacção podem estar sujeitas a condicionamentos provocados por com quem aquela interage, frustrando as expectativas e os dados adquiridos que esse relacionamento aparentemente garantia (Ford et al., 2003: p. 38).

Sempre que dois ou mais parceiros de um negócio, de um contrato ou de um compromisso se relacionam, fazem-no estabelecendo contactos entre si cuja reciprocidade deve ser alicerçada no empenho do sucesso da empresa (neste caso o TPNP), de acordo com um continuum processual que leva em conta a evolução da interacção, a continuidade, a reprodução e a eventual alteração dos pressupostos (promoção da região Porto e Norte de Portugal) em jogo (Häkansson & Snehota, 1995). Note-se, no entando, a existência de uma aproximação que faz convergir relacionamento e interacção: o relacionamento vai progredindo no tempo, através da constatação de um conjunto de factos observáveis no âmbito das interacções (Ford, 1998); cada uma destas (interacções) liga-se apenas a um dos factos da relação global correspondendo tão só a um episódio da relação global a partir da permuta de produtos, serviços, suportes financeiros, informações de interesse público, em que cada produto trocado pode alterar o rumo e o carácter da relação (Häkansson, 1982). É essa convergência entre relacionamento e interacção, que é patenteada pela relação estabelecida entre o TPNP e os municípios – rede de lojas interactivas –, e a interacção que os parceiros vão mantendo – promoção da região do Porto e Norte de Portugal.

Na utilização deste tipo de relacionamentos, tido como técnica de gestão, cabe às empresas a decisão de quando, como ou se o devem utilizar (Ford & Häkansson, 2006b:

p. 251); embora estes se traduzam por activos importantes para a duração sucedida da empresa, significam, ao mesmo tempo, custos pelos quais se deve responder. A importância deste relacionamento prende-se com as sinergias daí resultantes, visto que nem nenhuma das partes nem terceiros seriam capazes, por si só, de as produzir (Ford et

al., 2003). Evidentemente que, quando se estabelece um relacionamento, este impõe

cedências a ambas as partes, o que reduz o nível de liberdade das mesmas (exemplo: cedência do espaço da LIT AFSC para as acções promocionais) (Häkansson & Snehota, 1998). Estas cedências ligam-se à singularidade da própria essência relacional, à sua dinâmica, ao seu processo evolutivo, às exigências das condicionantes a que se sujeitam as partes, tudo isto de forma a compensar o sucesso que as mesmas procuram alcançar (Ford e Häkansson, 2006a).

Um exemplo prático e favorável tanto para o município de Matosinhos como também para o privado Escola de Surf “Onda Pura” é a sinergia que pode advir da divulgação dos produtos turísticos que caracterizam essa área, isto é, o surf, o mar e a gastronomia. Como se pode verificar no capítulo 3, a Escola de Surf “Onda Pura” em vez de ter colocado a prancha com a imagens e folhetos informativos alusivos à escola, poderia ter-se aliado à loja interactiva de Matosinhos. Na sequência desta interacção, a loja interactiva de Matosinhos, caso desenvolvesse uma acção promocional sobre Sol e Mar, poderia beneficiar a escola de surf e esta, por sua vez, teria um papel mais activo na loja interactiva-âncora do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Ainda neste âmbito, e tendo em conta a vocação das praias de matosinhenses para a prática do surf, seria útil para ambos os parceiros a disponibilização, por parte da escola, de um professor de surf a complementar o significado do destino (Matosinhos), da prática do surf e das respectivas técnicas.

No âmbito dos fenómenos a que se acaba de fazer alusão, no caso concreto do TPNP, encontra-se um conjunto de interessados/participantes/terceiros no funcionamento da organização (stakeholders), ou seja, aqueles indivíduos que podem contribuir para o sucesso da mesma. Neste conjunto identificamos os accionistas, os membros da direcção, os fornecedores, os patrocinadores, os colaboradores e os clientes, entre outros. Existem os stakeholders internos e os externos: os primeiros pertencem à organização e os segundos não, embora todos tenham interesses próprios que podem estar associados, ou não, à organização. A este respeito Caldeira (2009) considera ser papel da organização (TPNP) trabalhar para uma posição de equilíbrio que garanta a interacção da organização com o stakeholder, de forma a que a organização possa tirar o máximo partido dos objectivos que se propõe atingir. Na prática, esta relação concretiza-se pela identificação de parcerias com os stakeholders, desde que os objectivos sejam correspondentes de modo a alcançar resultados, para além de serem apontadas medidas tendentes a melhorar a gestão da interacção com os stakeholders, sanando assim eventuais conflitos de interesses.

Em conclusão, esta tomada de consideração em relação à acção dos

stakeholders, pode constituir uma mais-valia importante para a gestão do

pode beneficiar a totalidade dos 65 municípios com as lojas a inaugurar previsivelmente até ao fim do ano de 2015, no cômputo dos 86 existentes na região do Porto e Norte de Portugal.