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3.1 – Introdução

Em face da representatividade dos supermercados como canais principais da distribuição de alimentos no mercado doméstico e para se ter uma análise completa sobre a cadeia da carne bovina, será objeto deste capítulo analisar as relações de preços entre frigoríficos e supermercados, para identificar a existência ou não de assimetrias nessa relação, o que poderia implicar num ambiente favorável para os supermercados absorverem tal excedente.

Esta análise é importante, em face dos resultados encontrados no capítulo 2, que mostraram a existência de poder de mercado dos frigoríficos na aquisição dos bois junto aos pecuaristas. Cabe verificar se os frigoríficos têm ou não poder de barganha junto aos supermercados.

Um aspecto importante a analisar são as relações de transmissão de preços entre os níveis no atacado e no varejo. Mais importante do que examinar a direção da transmissão é analisar se entre esses níveis existe uma relação assimétrica. Ou seja, os níveis de preço ao consumidor são caracterizados pelo fato de que elevações de preços são imediatamente transmitidas e persistentes. No entanto, quando há uma redução dos preços no atacado, a mesma não é imediatamente repassada para o consumidor final. O objetivo, portanto, é verificar a existência dessa relação assimétrica.

Para se testar tal hipótese o capítulo está dividido em quatro partes. A primeira é uma introdução que busca levantar alguns aspectos econômicos sobre o setor de supermercados no Brasil e a sua relação com a cadeia da carne bovina; a segunda parte refere-se à revisão da literatura internacional sobre os métodos de estimação das relações entre os mercados atacadista e varejis ta, e uma revisão empírica dos trabalhos; na terceira será descrito o método de estimação que será empregado para mensurar a relação entre os preços no atacado e no varejo e; a quarta parte aborda os resultados da aplicação ao caso brasileiro.

Segundo informações da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), o Pão de Açúcar é o líder no segmento de supermercados no Brasil. O grupo deteve 15,2% do mercado nacional em 2005. Em segundo lugar estava o Carrefour com 11,8% e, em terceiro, o Wal- Mart, com 11%. Note-se, portanto que os três maiores grupos são responsáveis por 38% do mercado.

A concentração parece ter se estabilizado neste segmento. Segundo Wilder (2003, pág. 114) a participação das duas maiores empresas em 2001 era de 26,3%, e as oito maiores possuíam 43,7% do mercado. A estrutura de mercado do segmento de supermercados é definida por algumas empresas líderes e um grande número de pequenas empresas, que constituem uma franja. Segundo o Balanço Anual da Gazeta Mercantil (2006) o segmento de supermercados tem um total de 684 empresas.

Concha-Amin e Aguiar (2006) analisaram o setor de supermercados no Brasil no período de 1991 a 2002 com o objetivo de identificar e quantificar as principais mudanças observadas na estrutura da indústria. Concluíram que a forma estrutural vigente na década de 1980 se manteve, que é de um oligopólio com franja. No entanto, observaram um aumento da concentração e uma maior internacionalização do mercado.

“Os valores estimados para as taxas de concentração das cinco e das dez maiores empresas supermercadistas que atuam no Brasil, permitem identificar que a estrutura do segmento supermercadista passou de um grau de concentração “moderadamente baixo”, em 1992, a “moderadamente alto”, em 2001, seguindo a escala estabelecida por Bain (1968). Esta tendência foi impulsionada pela entrada de redes supermercadistas estrangeiras e por expressivo processo de fusões e aquisições, nos últimos anos da década de 1990”.(Concha- Amin e Aguiar, 2006, pág. 54)

Ao longo dos anos, em função das mudanças dos hábitos dos consumidores, os supermercados se tornaram o principal veículo de comercialização para os frigoríficos no mercado interno. Desta forma, pelo volume comercializado as grandes redes de supermercado parecem deter um poder de barganha junto aos frigoríficos. Segundo estudo do CEPEA/USP, em 2000, cerca de 40% da produção interna de carne era adquirida pelos supermercados.

Com o crescimento e a concentração das grandes redes de supermercados e a descapitalização dos açougues, essa primazia foi conquistada pelos supermercados, sendo que apenas redes de açougues têm acesso à compra direta do frigorífico. Enquanto os grandes varejos recebem carne diariamente, os açougues o fazem em média três vezes por semana, dia sim, dia não (Pigatto, Silva e Aguiar, 2000, pág. 4).

Outra forma de distribuição são as butiques de carne que comercializam cortes especiais, cujo cliente é a população de renda elevada. A participação dos canais de distribuição na venda ao consumidor final foram estimados no ano de 1998 em 65% para o

conjunto de supermercados, hipermercados, restaurantes, hotéis e refeições industriais, 30% através de açougues e 5% nas butiques de carne10.

Outro fator elencado por Pigatto, Silva, Aguiar (2000) que pode ter favorecido a consolidação da distribuição da carne bovina nos supermercados foram as Portarias Ministeriais nº 304, de 22/04/1996, e nº 145, de 01/09/98, que dizem respeito ao recebimento de carnes desossadas, refrigeradas e embaladas para o setor varejista.

Para Bánkuti e Machado Filho (1999, pág. 1) o aumento da participação dos super e hipermercados na distribuição da carne bovina tem contribuído para algumas mudanças que caracterizavam o segmento no Brasil como os baixos índices produtivos, o abate clandestino e a distribuição pelos açougues.

A estrutura do mercado de distribuição de carne bovina caracteriza-se, segundo Pigatto, Silva, Aguiar (2000), por barreiras à entrada, que são: “concentração do varejo e a formação de parcerias e alianças estratégicas entre indústria e atacadistas”. Esse crescimento da concentração dos supermercados na obtenção de escala, os favorece na negociação junto aos frigoríficos.

E outra barreira é a facilidade que os supermercados e as butiques de carne têm em oferecer produtos complementares à carne, como temperos, carvão, sal, espetos e outros utensílios, sempre no intuito de facilitar as compras para o cliente, garantindo que ele encontre os produtos que necessita no mesmo local. Em relação às barreiras à saída, os autores ressaltam que os açougues, por serem caracterizados como empresas familiares, enfrentam maiores dificuldades em deixar a atividade.

3.2 – Revisão da literatura

Digal e Ahmadi-Esfahani (2002) revisaram os métodos utilizados de estimação do poder de mercado na indústria de varejo alimentício. Os métodos empregados para mensurar poder de mercado foram: estudos de caso, modelos baseados no paradigma estrutura-conduta- desempenho (SCP11), modelos relacionados à NEIO e de séries de tempo.

Os resultados obtidos através dos estudos de caso se mostraram interessantes, pois fornecem detalhes institucionais da indústria analisada. No entanto, o levantamento das informações são custosos e os resultados se limitam à indústria analisada, além do fato de haver julgamento subjetivo quanto à existência de poder de mercado.

10 Pigatto, Silva e Aguiar (2000) utilizaram informações da Gazeta Mercantil, no ano de 1998. 11 Structure-conduct-performance.

O paradigma estrutura-conduta-desempenho baseia-se na premissa de que a organização e a estrutura dos mercados determinam a conduta das firmas dentro da indústria, afetando indiretamente a performance do mercado. Para verificar essa premissa, testa-se a hipótese de que o lucro médio em um mercado concentrado é maior do que naquele menos concentrado. Para tanto, regridem-se os lucros contra uma variável de concentração, e variáveis de oferta e demanda, utilizando-se dados de cross-section no nível da indústria. Como resultado, a relação positiva entre lucros e concentração será interpretada como uma evidência de poder de mercado.

A vantagem dessa abordagem é captar parâmetros estruturais entre as indústrias e prover insights sobre as fontes de poder de mercado. No entanto, os lucros elevados não necessariamente estão relacionados a poder de mercado, mas podem estar associados aos menores custos provenientes do aumento da concentração dos mercados, resultado da maior eficiência das firmas. E a crítica a esses modelos reside na falta de uma fundamentação microeconômica(Digal e Ahmadi-Esfahani, 2002, pág. 562).

Wen (2001, págs. 22 e 23) acrescenta outra dificuldade na implementação dos modelos de SCP que se relaciona a identificar quando as variáveis explicativas estão capturando os efeitos de estrutura de mercado, da demanda de mercado ou dos custos de oferta.

O foco de análise dos modelos da NEIO são os aspectos relacionados à conduta do mercado, como o comportamento e as estratégias de reação das firmas dentro da indústria. A NEIO tem fundação microeconômica, no entanto a crítica a esses modelos relaciona-se à dificuldade para implementar testes empíricos, e, para identificar as razões para a existência de poder de mercado e, além disso, são sensíveis a problemas de especificação. Os modelos que se tornaram populares dentro da NEIO foram: modelos de concentração e preço, modelos de variação conjectural e de barganha.

Os modelos da NEIO, segundo Wen (2001, pág. 39), especificam as condições de primeira ordem para o comportamento de maximização do lucro de um oligopolista, através de um parâmetro de variação conjectural do oligopolista, que irá mensurar quanto uma firma leva em consideração as reações da rival sobre a sua escolha de produção. O parâmetro de variação conjectural poderá variar continuamente entre uma situação de competição perfeita e a colusão pura.

Dentre as desvantagens em se utilizar tal metodologia o autor destacou a dificuldade de obtenção dos dados no nível das firmas para estimação econométrica, o que conduz os pesquisadores a utilizarem dados no nível de mercado e interpretarem como um

comportamento médio do mercado. O argumento favorável para o uso desses modelos é o fato de estes proverem hipóteses analíticas mais precisas sobre o poder de mercado comparadas à SCP.

Os modelos de séries de tempo são costumeiramente aplicados em trabalhos de economia agrícola, especialmente na indústria de varejo alimentícia, caracterizada pela existência de uma relação vertical com a indústria fornecedora de alimentos, o que torna possível analisar os movimentos dos preços existentes nesta relação comercial.

Os trabalhos de séries de tempo utilizam modelos de assimetria de preço, de co- integração, e modelos de nível e média de preço12. Segundos os autores (2002, pág. 563), estes modelos são mais fáceis de serem implementados comparados aos da NEIO, em face da menor necessidade de dados. A crítica reside em servirem apenas como indicativo de poder de mercado.

De acordo com Azzam (1999, pág. 525), o procedimento-padrão para se mensurar a assimetria é regredir as variações no preço do varejo contra os movimentos de alta e baixa no preço do atacado e testar a igualdade daqueles movimentos. Quando a assimetria é encontrada, normalmente atribui-se o resultado à habilidade dos varejistas em transmitir os aumentos de custo mais rapidamente do que os decréscimos.

Digal e Ahmadi-Esfahani (2002) mostraram as vantagens e desvantagens em se adotar algum dos métodos de estimação de poder de mercado. Ressaltaram que os resultados serão apenas indicativos da existência de poder de mercado, e que a escolha pelo pesquisador deverá levar em consideração a quantidade e a qualidade dos dados que possui, e os objetivos de sua pesquisa.

Kinnucan e Forker (1987) analisaram o processo de transmissão de preços entre os níveis produtor e varejista para quatro produtos leiteiros, leite fluido, queijo, manteiga e sorvete, no período de 1971 a 1981. A assimetria foi testada pelo procedimento de Houck para funções não-reversíveis e um teste de Chow foi utilizado para verificar as diferenças existentes nos choques de demanda ao nível varejista e de oferta no nível produtor.

Como resultado, os autores (1987, pág. 291), encontraram que as elasticidades de transmissão de preços para elevações destes ao produtor foram de 16% a 238% maiores do que as relativas a decréscimos. Adicionalmente, verificou-se que as médias das defasagens associadas aos aumentos de preços ao produtor eram uniformemente menores que aquelas correspondentes a decréscimos de preços, o que indicou que os preços ao varejo se ajustavam

mais lentamente a decréscimos nos preços ao produtor do que a elevações. Resultado este que não necessariamente implica em poder de mercado.

Hyde e Perloff (1998) desenvolveram uma técnica para estimar a existência simultânea de poder de mercado em vários mercados. A vantagem no desenvolvimento dessa técnica estaria na possibilidade de simular os efeitos de um choque de um mercado em outro. Além disso, essa técnica permitirá examinar as causas do poder de mercado variar entre os diferentes mercados.

Os autores estimaram a existência de poder de mercado nos mercados a varejo de carnes de boi, carneiro e porco na Austrália, que observou um aumento da concentração das grandes redes de supermercado e um declínio dos pequenos supermercados. Foram utilizados dados trimestrais no período de 1970 a 1988. A metodologia utilizada foi uma versão aproximada linear do sistema de demanda quase ideal (LA/AIDS). O sistema foi estimado pelo método não-linear de mínimos quadrados de três estágios.

Apesar do aumento da concentração no varejo de carne, os resultados mostraram que o varejo tem uma estrutura de mercado competitiva, e que o poder de mercado não aumentou. Uma das razões pode estar nos açougues, que eram responsáveis por 60% das vendas de carne. Os autores não puderam rejeitar a hipótese de que o poder de mercado era o mesmo para cada tipo de mercado. Assim, os dados indicaram para um mercado de varejo competitivo.

Azzam (1999) buscou uma explicação para a existência da assimetria de transmissão de preços, especialmente quando há reduções nos preços pagos ao produtor. Para isso propôs um modelo de dois períodos com varejistas competindo espacialmente. O resultado é que a assimetria deriva de uma demanda espacial côncava. Apesar de os preços no varejo se elevarem mais do que declinarem, esse aumento é pequeno quando há uma competição forte entre os varejistas, e a queda pode ser maior na ocorrência de tal competição. Concluiu também que a transmissão de preços é parcial, ou seja, nem os aumentos de custo, nem os decréscimos dos mesmos são repassados integralmente, o que sugere uma rigidez em função da presença de custos que são repassados aos preços.

Goodwin e Holt (1999) analisaram as inter-relações e a transmissão entre os preços em três níveis do mercado de carne norte-americana: produtor, atacadista e varejista. Foram utilizadas séries semanais de preços da carne de boi entre janeiro de 1981 e a primeira semana de março de 1998. O objetivo era o de verificar em que velocidade e extensão os choques de mercado eram transmitidos entre os três níveis.

A estimação utilizou um modelo de correção de erro threshold, que permitiu reconhecer a natureza não-estacionária dos dados e as respostas assimétricas aos choques. O resultado encontrado foi que os choques são transmitidos unilateralmente do nível do produtor para o atacadista e para o varejista. Apesar dos testes formais confirmarem assimetrias na resposta a novas informações, as funções impulso resposta sugerem que essas diferenças são pequenas e podem não ser economicamente significantes. (Goodwin e Holt, 1999, pág. 636).

Para Abdulai (2002), um dos problemas na avaliação da assimetria de transmissão dos preços nos mercados agrícolas é não considerar a possibilidade da presença de uma relação de equilíbrio de longo prazo entre os preços analisados. No curto prazo, duas séries de preços podem se distanciar em razão de fatores sazonais, mas a tendência é que busquem o equilíbrio no longo prazo.

O autor analisou as relações de curto e longo prazos entre os preços ao produtor e ao varejista no mercado de carne suína da Suíça, no período de janeiro de 1988 a setembro de 1997, através dos modelos auto-regressivo threshold (TAR) e momentum-threshold auto- regressivo (M-TAR). Ambos comprovaram a existência de um comportamento assimétrico na precificação por parte dos varejistas. Aumentos nos preços ao produtor que resultavam em redução na margem eram repassados aos preços do varejo mais rapidamente do que as reduções de preços ao produtor e que conseqüentemente conduziam a aumentos na margem de mercado. A causalidade de Granger indicou a relação unidirecional dos preços ao produtor para os preços no varejo.

Jumah (2004) analisou a existência de poder de mercado nos mercados de carnes de porco e de frango na Áustria. Como técnica de análise empregou a co-integração de Johansen. Foram utilizados dados trimestrais dos preços ao produtor e no varejo de porco e frango no período de 1973 a 1994. Incluíram-se os preços de grãos e consumo privado. A verificação da existência de poder de mercado foi feita impondo restrições na co-integração e testando se as restrições sobre a competição podiam ser rejeitadas. O autor encontrou poder de mercado para a carne de porco; já para a carne de frango, a conclusão foi de que o mercado é competitivo.

O autor defendeu o uso de técnicas de co-integração para verificar a existência de poder de mercado no varejo. Segundo ele, vários estudos se baseavam em equilíbrios estáticos, no qual as relações de longo prazo entre os preços do produtor e do varejo estavam baseados em modelos de equilíbrio estático do comportamento da firma. O problema desses modelos é que eles não explicam de maneira adequada a trajetória entre um ponto de equilíbrio e outro. No caso de mercados oligopólicos, a mudança no comportamento de uma

firma conduz a reações das empresas rivais, o que leva a cada firma no oligopólio a ter uma sucessão de problemas estáticos para resolver. (Jumah, 2004, pág. 606).

Chul No et al (2004) analisaram as relações de transmissão de preços no mercado de arroz norte-americano nos níveis produtor e processador. A análise foi implementada para os estados de Arkansas, Califórnia, Louisiana e Texas, nos anos-safra de 1987/88 a 2001/02. A metodologia empregada foi a Momentum-threshold autoregression models (M-TAR).

Os resultados encontrados para o Estado da Louisiana foram que, dentro do mês, os preços do arroz processado serão ajustados para eliminar aproximadamente 21% de uma mudança negativa unitária no desvio da relação de equilíbrio. Se a mudança for positiva, o ajustamento será de apenas 7%. Assim, os aumentos dos preços ao produtor que resultam na redução da margem do processador são repassados aos preços processados de forma mais rápida que as reduções nos preços ao produtor, e que conduzem a aumentos nas margens do processador. Já para os estados de Arkansas, Califórnia e Texas os resultados indicaram um comportamento de precificação simétrico.

3.3 – Material e métodos

Para se analisar a relação entre os preços da carne bovina no atacado e no varejo será utilizado o método de momentum-threshold autoregressive (M-TAR). Os preços em diferentes níveis de mercado, como preços recebidos pelo produtor, no atacado e no varejo normalmente têm uma relação de longo prazo. No entanto, existem custos de transação nas relações comerciais entre esses níveis de mercado, que podem caracterizá-los por desequilíbrios de curto prazo.

De acordo com Ewing, Hammoudeh e Thompson (2006, pág. 10) os custos de transação podem explicar a existência de ajustamentos assimétricos no retorno ao equilíbrio. E acrescentam que, caso o retorno ao equilíbrio seja assimétrico, os modelos de correção de erro não são aplicáveis.

Pode-se observar que muitas firmas estão aptas a repassar aumentos de preços para o varejo, do que repassar reduções de preço. Estas assimetrias podem ser atribuídas à concentração de mercado, políticas governamentais de controle de preço, para restringir a transmissão de elevações nos preços, e o grau de organização dos consumidores, pois é mais fácil para os varejistas transmitirem aumentos de preços se os mesmos estiverem inseridos numa estrutura organizada e os consumidores, não (Aguiar, 2002, p. 39)

Alguns trabalhos como Balke e Fomby (1997), Enders e Granger (1998) e Enders e Siklos (1998) mostraram que os testes tradicionais de raiz unitária e co-integração reduzem seu poder na presença de ajustamento assimétrico, e portanto, não são aplicáveis (Enders, 2001, p. 257).

Segundo Balke e Fomby (1997, pág. 627) o conceito de co-integração traz a noção de que duas variáveis não-estacionárias podem ter uma relação de equilíbrio de longo prazo, para tanto, se deslocarão juntas no longo prazo. Para as variáveis co-integradas pode-se estimar um modelo de correção de erro, que descreverá como as variáveis respondem aos desvios do equilíbrio. O que fundamenta esta discussão é a hipótese assumida que a tendência das variáveis co-integradas é se mover para o equilíbrio de longo prazo, a cada período.

No entanto, é possível que o movimento para o equilíbrio de longo prazo não ocorra a cada período. A existência de custos fixos de ajustamento pode prejudicar o processo contínuo de ajustamento. O retorno ao equilíbrio ocorrerá quando o desvio deste equilíbrio

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