• Nenhum resultado encontrado

Da forma como foi visto na figura 2, no início deste trabalho, o valor de mercado das empresas é diretamente influenciado pelas medidas de capital humano, como o índice de rotatividade dos trabalhadores do conhecimento.

No navegador de Stewart apud Bonancim e Araújo (2010), percebe-se que o peso maior na geração de valor está nas medidas de capital do cliente (índice de retenção de clientes, valor da marca, satisfação do cliente e medidas de vendas), mas o que foi visto no tópico anterior mostra que as medidas de capital humano influenciam diretamente nelas, especialmente quando se vislumbra a atitude dos funcionários, que depende do comprometimento organizacional, como evidenciou Medeiros (2003).

como uma fonte de vantagem de custo e de vantagem competitiva, sendo essa curva dependente dos indicadores de rotatividade, pois a experiência na produção melhora a eficiência, a depender do tempo de serviço e da idade dos empregados, pois a curva de aprendizagem é vantajosa até certo ponto, quando começa a cair.

A relação do RH com a área financeira ainda é explorada timidamente, principalmente por pesquisadores de áreas afins, porque os temas mais proeminentes em finanças se distanciam da realidade da maioria das empresas brasileiras: de médio e pequeno porte e de capital fechado, sob a forma de responsabilidade limitada.

Alguns pesquisadores que compuseram a amostra de Hancock et al (op.cit.), bem como Fitz-enz (op.cit.) e outros enxergam a importância da gestão de pessoas na composição dos custos, mas por serem profissionais de outras áreas, geralmente não se aprofundam em aspectos contábeis e de desempenho econômico, limitando-se à monetarização dos gastos.

Num estudo bibliométrico, Leal et al (2013) analisaram a produção científica brasileira em finanças no período de 2000-2010, envolvendo uma produção total de 461 artigos de finanças publicados em 11 periódicos nacionais, havendo sido constatada uma maior concentração no tema finanças corporativas, com 42% do total de artigos publicados, incluindo nessa classificação os temas de governança corporativa e fusões e aquisições.

Também constataram que a maioria dos artigos da área financeira se referem à reprodução de testes empíricos internacionais com dados nacionais. As empresas analisadas possuíam ações na bolsa de valores e pouco se publicou em relação a empresas de capital fechado. Aparentemente, a área está distante da realidade local nesse aspecto, uma vez que a maioria das empresas não possui capital aberto.

Esses aspectos da produção em finanças também contribuem para a constatação de poucas publicações sobre o tema desta tese. Observe-se que, ao classificar a produção nacional de finanças, os autores utilizaram praticamente a mesma classificação da ANPAD, que inclui na subárea de finanças corporativas as seguintes temáticas: decisões de financiamento, decisões de investimento, fusões & aquisições, política de dividendos e gestão de recursos de curto prazo.

Em governança corporativa, os assuntos são relacionados a Estudos sobre os mecanismos de governança corporativa para redução de custos de agência. Os assuntos relacionados a avaliação de empresas estão na subárea investimentos e apreçamento de

contabilidade financeira poderiam englobar a temática desta tese, mas na pesquisa realizada por Leal et al (2013) não identificou uma produção relevante nessa área.

Em artigo anterior, o autor principal analisou a produção científica nos anos 1974 a 2001, quando a realidade era muito próxima da constatada em 2013. Leal et al (2003), no entanto, não observou os temas das publicações nessa sua primeira versão da pesquisa.

Outro estudo bibliométrico semelhante foi realizado por Mendonça Neto et al (2009), que analisou a produção de pesquisa contábil no Brasil, englobando os trabalhos apresentados nos ENANPADs de 1996 a 2005, mas também se limitou a verificar a concentração por autor e por tipo de pesquisa, não dando nenhum destaque aos temas estudados.

Para os empresários, investidores e financistas, no entanto, o desempenho organizacional deve envolver a geração de riqueza econômica que, para Ross (2013), é um dos principais objetivos das empresas: maximizar a riqueza dos acionistas. O autor também reforça que o principal indicador do desempenho organizacional é o valor econômico agregado (EVA), em cuja apuração estão variáveis relacionadas ao custo de capital e ao resultado operacional do negócio.

Fazendo-se a relação entre as métricas de gestão de pessoas e as de gestão financeira, pode-se aperfeiçoar a maneira de gerenciar os recursos humanos, levando os gestores a tomar decisões mais direcionadas à geração de valor econômico, o que beneficiaria empresas e colaboradores.

A relação que se pretende encontrar se refere à identificação de novos indicadores que podem influenciar a árvore de geração de valor, que se originam na administração da operação dos hospitais e terminam influenciando o giro do ativo, componentes da eficiência econômica. A figura 11 ilustra essa relação.

Fonte: Marion, 1998, p.493, adaptado.

O giro do ativo depende do valor da necessidade de capital de giro, porque quanto maior for o investimento, menor será a eficiência econômica. Portanto, a figura 11 (adaptada de Marion) indica que as perdas de materiais e medicamentos (MatMed), o custo do capital parado, as glosas médicas por erros operacionais e administrativos, o subfaturamento por ineficiência operacional, as compras não planejadas e desnecessárias, dentre outros aspectos, são fatores que tornam o capital investido ineficiente.

Um erro provocado por aspectos relacionados à rotatividade ou ao absenteísmo de pessoal pode levar a perdas de materiais e medicamentos (MatMed), a uma compra desnecessária (que eleva o estoque), a compras emergenciais com sobrepreço, a perdas por glosas médicas ou pela falta de registro no prontuário dos pacientes.

Juntamente com outros elementos, verifica-se que se torna necessário identificar quanto de impacto as variações das métricas de RH provocam no valor da empresa, que depende do giro do ativo, como já foi tratado anteriormente na árvore de geração de valor. O indicador que consolida a eficiência econômica quando multiplicado pela margem de lucro (eficiência operacional) gera a rentabilidade, que é utilizada para determinar o valor econômico adicionado, que contribui para o aumento do valor da empresa.

Por outro lado, pergunta-se até que ponto o valor da empresa é alterado pelas variações nas despesas de pessoal operacional e de outras despesas operacionais, pela

GIRO DO ATIVO NCG ESTOQUES Perdas de MatMed Capital parado CONTAS A RECEBER Glosas médicas Subfaturamento FORNECEDORES Compras emergenciais Compras desnecessárias

ambiente laboral (absenteísmo). Esses aspectos já alterariam a composição da árvore de geração de valor no grupo de indicadores relacionados à operação, conforme se vislumbra na figura 12.

Figura 12 - Impacto dos Custos de RH na Margem de Lucro

Fonte: Marion, 1998, adaptado.

Nos estudos citados nos tópicos anteriores ficou evidenciado que os custos da rotatividade e do absenteísmo influenciam negativamente sobre o custo da operação, bem como a atitude dos funcionários e a curva de aprendizagem podem afetar as vendas, como comprovou Medeiros (2003) no segmento da hotelaria.

MARGEM DE LUCRO VENDAS Atitude dos Funcionários Curva de Aprendizagem CUSTOS Custos de Rotatividade Custos de Absenteísmo