(B.22)
e Ψ(1)4 = Ψ4. Logo, se b = b1, Ψ(1)0 = Ψ1(1)= Ψ(1)2 = Ψ(1)3 = 0 e Ψ4 ´e o ´unico escalar n˜ao-zero que resta.
(f) Petrov tipo 0 - Nesse caso, o espa¸co-tempo ´e conformemente plano, tal que todos os escalares de Weyl s˜ao todos zero.
Os seis diferentes tipos da classifica¸c˜ao de Petrov podem ser arranjados em uma pirˆ a-mide hier´arquica (Figura B.1). Nesse diagrama, elaborado por Penrose [38], as setas apontam na dire¸c˜ao do espa¸cos de maior especialidade.
B.3 A rela¸c˜ao entre formas canˆonicas e a classifica¸c˜ao de Petrov
A classifica¸c˜ao para os escalares de Weyl descrita neste apˆendice nada mais ´e que uma subclassifica¸c˜ao das forma canˆonicas do tensor de Riemann discutidos no apˆendice A. Nesta se¸c˜ao ser´a discutida como que estas duas formas de caracterizar o campo gravitacional est˜ao conectadas. Toda a an´alise aqui descrita ´e base em [39].
Ao considerar um espa¸co-tempo sem distribui¸c˜ao de mat´eria e assintoticamente plano, o tensor Riemann e o tensor de Weyl se tornam iguais. Neste caso, a busca por uma forma canˆonica para o tensor de Riemann se reduz a achar as matriz e autobivetores tais que:
˜
CµνρσPρσ = λPµν, (B.23)
onde ˜Cµνρσ = Cµνρσ+ iCµνρσ∗ ´e o tensor de Weyl complexo (2.50). Ao contrair a equa¸c˜ao acima com a quadri-velocidade do observador que mede o campo, pode-se mostrar que ela se reduz a forma QµνPν = λPµ, (B.24) onde Pµ= Pµνuν (B.25) e Qµν = ˜Cµρνσuρuσ ≡ Eµν + iBµν. (B.26) Os tensores Eµν e Bµν s˜ao conhecidos como as partes el´etricas e magn´eticas do campo gra-vitacional [37, 39], respectivamente. A quantidade definida em (B.26) satisfaz as seguintes
propriedades
Qµµ = 0, Qµν = Qνµ e Qµνuν = 0, (B.27) podendo ser vista como uma matriz sim´etrica de terceira ordem com tra¸co zero. Al´em disso, ao combin´a-la com a equa¸c˜ao (2.50) se pode extrair uma representa¸c˜ao matricial para Qµν em termos dos escalares de Weyl:
Qµν = Ψ2− 1 2(Ψ0+ Ψ4) 12i(Ψ4− Ψ0) Ψ1− Ψ3 1 2i(Ψ4− Ψ0) Ψ2+21(Ψ0+ Ψ4) i(Ψ1+ Ψ3) Ψ1− Ψ3 i(Ψ1+ Ψ3) −Ψ2 . (B.28)
Desse modo, analisar o campo gravitacional a partir da equa¸c˜ao de autovalor (B.23) ou (B.24) ´e totalmente equivalente. Por outro lado, tomando como base a equa¸c˜ao (B.24), se pode extrair algumas informa¸c˜oes adicionais a respeito dos autovalores. Por exemplo, uma vez que Qµν ´e uma matriz de terceira ordem de tra¸co zero, ent˜ao ela deve possuir apenas trˆes autovalores (λ1, λ2, λ3) que obedecem ao seguinte v´ınculo:
3 X
i=1
λi = 0. (B.29)
Assim, o espa¸co-tempo ´e dito ser de tipo I na classifica¸c˜ao de Petrov se os trˆes autovalores s˜ao distintos. Se dois dos autovalores da matriz Qµν s˜ao iguais, ent˜ao o espa¸co-tempo dever´a ser ou do tipo II ou do tipo D. E por ´ultimo, quando os trˆes autovalores s˜ao todos iguais (neste caso, todos devem ser zero por (B.29)), o espa¸co-tempo dever´a ser do tipo III, N ou O.
O crit´erio que define a que classe de campo gravitacional determinado tipo de Petrov pertence provem de obter os autovetores da equa¸c˜ao de autovalor (B.24). Quando todos os autovetores s˜ao distintos (campo gravitacional tipo I) o espa¸co ´e Petrov do tipo I ou tipo D, neste caso, o tipo D ´e degenerado, pois h´a dois autovalores iguais. Para dois autovetores n˜ao-ortogonais (campo gravitacional tipo II) o espa¸co ser´a algebricamente ou do tipo II ou do tipo N degenerado e, para trˆes autovetores n˜ao-ortogonais (campo gravitacional tipo III) o espa¸co-tempo ´e Petrov tipo III. Um resumo dessa an´alise ´e apresentada na tabela B.1.
Desse modo, fica ent˜ao estabelecida a rela¸c˜ao entre os diferentes tipos de campo gra-vitacional e a classifica¸c˜ao alg´ebrica de espa¸cos-tempos de Petrov. O primeiro trabalho que relacionou estas duas classifica¸c˜oes foi publicado em 1960 por Roger Penrose [38]. Uma an´ a-lise similar a que foi apresentada nesta se¸c˜ao pode ser encontrada em trabalhos recentes
como [40]. Al´em disso, apesar do estudo aqui realizada contemplar apenas espa¸cos-tempo assintoticamente planos, a ideia ´e totalmente geral podendo ser estendida para espa¸cos-tempo assintoticamente anti-de Sitter, por exemplo.
Campo Gravitacional Classifica¸c˜ao de Petrov Autovalores Tipo I λ1 6= λ2 6= λ3 (n˜ao-degenerado) Tipo I Tipo D λ1 = λ2 = −λ2, λ3 = λ (degenerado) Tipo II λ1 = λ2 = −λ2, λ3 = λ (n˜ao-degenerado) Tipo II Tipo N λ1 = λ2 = λ3 = 0 (degenerado)
Tipo III Tipo III λ1 = λ2 = λ3 = 0
(n˜ao-degenerado)
C A interpreta¸c˜ao geom´etrica dos escalares ´oticos
Neste apˆendice o significado geom´etrico dos coeficientes de spin ´e investigado. Os efeitos destes coeficientes surgem, basicamente, quando se estuda o comportamento dos vetores l ou n ao serem transportados ao longo de uma trajet´oria. A primeira se¸c˜ao desse apˆendice se destina ent˜ao, a investigar o significado f´ısico dos coeficientes de spin, bem como, introduzir os conhecidos escalares ´oticos do formalismo de Newman-Penrose cujo significado geom´etrico foi proposto em um teorema por Sachs em 1961 [27]. Na se¸c˜ao seguinte ´e ent˜ao apresentada, a partir de algumas hip´oteses simplificadoras, por´em sem perda de generalidade, uma prova para este teorema.
C.1 Os coeficientes de spin e o teorema de Sachs
Ao investigar a propaga¸c˜ao dos vetores da base nula ao longo de dire¸c˜oes preferenciais ´e poss´ıvel extrair uma interpreta¸c˜ao geom´etrica para os coeficientes de spin. Em particular, quando ´e analisado a derivada covariante de um vetor qualquer da base nula, e(a), ao longo da dire¸c˜ao do vetor l:
e(a)µ;νlν = −γ(a)(b)(1)e(b)
µ. (C.1)
Ao considerar e(a) = e(1) = l, obt´em-se que
lµ;νlν = −γ(1)(b)(1)e(b)
µ= −γ(1)(2)(1)lµ+ γ(1)(3)(1)m¯µ+ γ(1)(4)(1)mµ. (C.2) Utilizando a defini¸c˜ao dos coeficientes de spin (3.50) ´e poss´ıvel escrever a equa¸c˜ao anterior na forma
lµ;νlν = −(ε + ε∗)lµ+ κ ¯mµ+ κ∗mµ. (C.3) Considerando ent˜ao os demais vetores da base, tem-se que
nµ;νlν = +(ε + ε∗)nµ− π∗m¯µ− πmµ; (C.4) mµ;νlν = −(ε − ε∗)mµ− π∗lµ+ κnν. (C.5)
A partir da equa¸c˜ao (C.3) se conclui que o campo vetorial l representa uma congruˆencia de geod´esicas nulas se, e somente se, κ = 0; e, al´em disso, essas geod´esicas s˜ao afinadamente parametrizadas se, e somente se, ε + ε∗ = 0. Para κ = 0, pode-se fazer zero a parte real de ε
mediante uma rota¸c˜ao de classe III, a qual n˜ao afeta a dire¸c˜ao l e nem a nulidade de κ. As propriedades da congruˆencia de geod´esicas nulas podem ser investigadas a partir da equa¸c˜ao
lµ;ν = e(a)
µγ(a)(1)(b)e(b)
ν. (C.6)
Escrevendo esta equa¸c˜ao em termos dos coeficientes de spin e dos vetores da base t´etrada, encontra-se
lµ;ν = − (ε + ε∗)lµnν − (γ + γ∗)lµlν + (α∗+ β)lµm¯ν + (α + β∗)lµmν + κ ¯mµnν + κ∗mµnν − σ ¯mµm¯ν− σ∗mµmν + τ ¯mµlν + τ∗mµlν − ρ ¯mµmν − ρ∗mµm¯ν.
(C.7)
Se l for escolhido como um campo vetorial tangente a uma congruˆencia de geod´esicas nulas afinamente parametrizadas, ent˜ao ε = κ = 0, e a equa¸c˜ao (C.7) se torna igual a
lµ;ν = − (γ + γ∗)lµlν + (α∗+ β)lµm¯ν + (α + β∗)lµmν − σ ¯mµm¯ν − σ∗mµmν+ τ ¯mµlν+ τ∗mµlν− ρ ¯mµmν− ρ∗mµm¯ν. (C.8) Logo, l[µ;ν] = (α∗+ β − τ )l[µm¯ν]+ (α + β∗− τ∗)l[µmν]− (ρ − ρ∗) ¯m[µmν] (C.9) e l[µ;νlσ] = −(ρ − ρ∗) ¯m[µmνlσ]. (C.10)
Dessas equa¸c˜oes se conclui que o campo vetorial l representa uma hipersuperf´ıcie-ortogonal, isto ´e, proporcional ao gradiente de uma fun¸c˜ao escalar se, e somente se, ρ = ρ∗; e adicional-mente, l ´e igual ao gradiente de uma fun¸c˜ao escalar se, e somente se, τ = α∗+ β.
Al´em disso, a partir da equa¸c˜ao (C.8) se pode extrair os seguintes resultados:
1 2lµ;µ = 12(ρ + ρ∗); (C.11) 1 2l[µ;ν]lµ;ν = −14(ρ − ρ∗)2; (C.12) 1 2l(µ;ν)lµ;ν = |σ|2+ 14(ρ + ρ∗)2. (C.13) Usualmente, define-se 12lµ ;µ ≡ θ e 1
2l[µ;ν]lµ;ν = ω2. Com essa escolha, pode-se combinar as equa¸c˜oes (C.11) e (C.12) e isolar |σ|2 na equa¸c˜ao (C.13), obtendo
1+θdv 1 1+(θ+|σ|)dv 1+(θ−|σ|)dv 1/2arg σ dv ω 1 (a) (b) (c) (d)
Figura C.1: Os escalares ´oticos: (a) expans˜ao, (b) rota¸c˜ao, (c) magnitude e (d) fase do cisalhamento. Extra´ıda de Miranda (2003)
As quantidades θ, ω e σ s˜ao conhecidas como escalares ´oticos. A interpreta¸c˜ao geom´etrica desses escalares est´a contida no seguinte teorema proposto por Sachs [27]:
TEOREMA C.1. Se um pequeno objeto em uma congruˆencia de geod´esicas nulas projeta uma sombra sobre um anteparo, todas as por¸c˜oes da sombra acertam o anteparo simultane-amente. A forma, tamanho e orienta¸c˜ao da sombra dependem somente da localiza¸c˜ao do anteparo, n˜ao da velocidade dele. Se o anteparo est´a a uma distˆancia infinitesimal dv do objeto, ent˜ao a sombra ´e expandida por θdv, rodada por ωdv e cisalhada por |σ|dv (Figura C.1).
Uma vez que σ ´e complexo, o significado de sua fase ´e `a seguinte. Ao considerar no experimento acima um objeto circular no plano 1 m − ¯m, ent˜ao o efeito de cisalhamento deforma este c´ırculo, resultando na proje¸c˜ao de uma elipse sobre o anteparo. O ˆangulo formado pelo eixo menor da elipse com a parte real de m ´e igual a metade do argumento de σ (Figura C.1).
Finalmente, a interpreta¸c˜ao geom´etrica dos coeficientes ν, γ, τ , µ e λ s˜ao as mesmas que os coeficientes −κ∗, −ε∗, −π∗, −ρ∗ e −σ∗, respectivamente, por´em, deve-se tomar o vetor n como sendo o vetor a ser deslocado paralelamente ao longo de uma determinada dire¸c˜ao nula.