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A interpreta¸c˜ ao geom´ etrica

Nesta se¸c˜ao a interpreta¸c˜ao geom´etrica para os escalares ´oticos ´e investigada. Para isto, ser´a verificado o quanto um vetor Z que conecta duas geod´esicas nulas afinamente parametrizadas varia ao ser transportado. Ao considerar que o vetor tangente as geod´esicas 1Aqui, o plano m − ¯m ´e perpendicular `a proje¸c˜ao espacial das geod´esicas nulas no sistema de repouso do objeto.

nulas ´e l. Neste caso, l pode ser escrito

lµ = dx µ

ds , (C.15)

onde s ´e um parˆametro afim ao longo da curva xµ(s). Neste caso, Z e l s˜ao ortogonais entre si e consequentemente, o comutador [l, Z] ´e nulo. Desta condi¸c˜ao se conclui que:

lνZµ = Zνlµ. (C.16)

Como foi dito antes, estamos interessados em verificar o quanto o vetor Z varia ao ser transportado paralelamente ao longo de xµ(s). No calcular desta varia¸c˜ao, utiliza-se a defini¸c˜ao de derivada covariante direcional, esta defini¸c˜ao segue abaixo

D ds(Z µ) ≡ dx ν ds Z µ = lνZµ = Zνlµ, (C.17) onde na equa¸c˜ao acima, usou-se as equa¸c˜oes (C.15) e (C.16). A partir da equa¸c˜ao (C.17), pode-se inferir que o vetor Z ap´os um deslocamento infinitesimal ds ao longo da curva, assumir´a `a seguinte forma

Zµ+ D(Zµ) = (δµν + lµds)Zν (C.18) Na equa¸c˜ao (C.18), lµ;ν representa um tensor de segunda ordem. Tensores desta ordem podem ser decompostos nas partes: anti-sim´etrica, sim´etrica sem tra¸co e tra¸co. Em teoria de grupos, estas partes s˜ao conhecidas como partes irredut´ıveis frente a determinado grupo de simetrias. Cada parte irredut´ıvel ´e linearmente independente da outra. Dessa forma, quando um tensor ´e decomposto em suas varias partes irredut´ıveis, ´e poss´ıvel estud´a-las individual-mente simplificado an´alise tensorial. Decompondo lµ;ν em partes irredut´ıveis, obt´em-se

lµ,ν = ωµν+ θPµν+ σµν+ lµ;λnλlν. (C.19) onde, ωµν = 1 2(lµ;λP λ ν− lν;λPλµ), (C.20) e σµν = θµν − θPµν. (C.21)

disso, 2θ = lµ

e θµν ´e sua parte puramente sim´etrica definida por θµν = 1

2(lµ;λP λ

ν + lν;λPλµ). (C.22)

O tensor Pµν ´e o tensor projetor ortogonal ao plano formado pelos vetores nulos (l,n), logo, possui a forma

Pµν = gµν− lµnν − nµlν. (C.23) Obviamente, θ ´e um dos escalares ´oticos. ´E poss´ıvel mostrar que, a partir das equa¸c˜oes (C.20) e (C.21) os escalares ´oticos ω e |σ| s˜ao definido como

ω2 = 1 2ω

µνωµν e |σ|2 = 1 2σ

µνσµν. (C.24)

Finalmente, ao combinar as equa¸c˜oes (C.18) e (C.19) e, por simplicidade, for tomado Z como ortogonal tamb´em a n, conclui-se que

Zµ+ D(Zν) = (δµν + ωµνds + θPµνds + σµνds)Zν. (C.25)

A equa¸c˜ao (C.25) determina o quanto Z varia a medida que o feixe de luz se desloca na dire¸c˜ao de l. Uma vez que esta equa¸c˜ao est´a em termos de quantidades irredut´ıveis ´e poss´ıvel estudar os efeitos que cada uma destas quantidades exercem sobre o vetor posi¸c˜ao individualmente. Segue ent˜ao esta an´alise.

(a) σµ

ν = θ = 0. Nesta situa¸c˜ao, a equa¸c˜ao (C.25) se reduzir a:

Zµ+ D(Zµ) = (δµν + ωµνds)Zν. (C.26)

Em geral, ao considerar Z ortogonal a l e a n significa confin´a-lo ao plano dos vetores tipo-espa¸co (e(2), e(3)). Por´em, para o presente caso, ser´a considero, al´em disso, que Z esta inicialmente ao longo da dire¸c˜ao e(3). Desse modo, as componentes deste vetor ap´os um deslocamento infinitesimais sobre a congruˆencia de geod´esicas nulas s˜ao:

Z2+ D(Z2) = D(Z2) = ω23dsZ3; Z3+ D(Z3) = Z3. (C.27)

A partir deste resultado fica claro que o incremento D(Z) leva a uma rota¸c˜ao do vetor Z sobre o plano (e(2), e(3)). Para uma rota¸c˜ao infinitesimal, ´e poss´ıvel estimar o ˆangulo

de rota¸c˜ao da seguinte maneira:

ξ ≈ tg ξ = D(Z 2)

Z3 = ω23ds. (C.28)

Por outro lado, usando a defini¸c˜ao ω21

2ωµνωµν, ´e f´acil mostrar que ω = ω2

3e, portanto

ξ = ω ds, (C.29)

ou seja, o escalar ´otico ω gera uma rota¸c˜ao sobre o vetor Z em um ˆangulo ξ = ω ds. (b) σµν = ωµν = 0. Para este caso, `a equa¸c˜ao (C.25) se simplifica a:

Zµ+ D(Zν) = (δµν + θPµνds)Zµ. (C.30)

Escolhendo desta vez o vetor Z, tal que Zµ = (0, 0, Z2, Z3), ent˜ao as componentes deste vetor ap´os um deslocamento infinitesimal s˜ao

Za+ D(Za) = (1 + θds)Za, a = 2, 3. (C.31)

Com base nesta equa¸c˜ao ´e poss´ıvel afirma que θ ds ´e capaz de gerar um efeito de expans˜ao (θ > 0) ou contra¸c˜ao (θ < 0) sobre o vetor posi¸c˜ao.

(c) θ = ωµν = 0. Por esta condi¸c˜ao a (C.25) assume a forma

Zµ+ D(Zν) = (δµν+ σµνds)Zν. (C.32)

Se novamente se escolher Zµ = (0, 0, Z2, Z3), ent˜ao as suas componentes ap´os um des-locamento infinitesimal ao longo de lµ s˜ao

Z2 + D(Z2) = (1 − σ33ds)Z2; Z3+ D(Z3) = (1 + σ3

3ds)Z3,

(C.33)

onde se leva em conta que σµν ´e sim´etrico, mas de tra¸co zero, de modo que σ2

2 = −σ3 3. Ao levar em considera¸c˜ao o fato que |σ|2 = 12σµνσµν, ´e direto mostrar que |σ| = ±σ3

3. Tomando ent˜ao o sinal positivo, obt´em-se que

Z2+ D(Z2) = (1 − |σ|ds)Z2; Z3+ D(Z3) = (1 + |σ|ds)Z3.

Obviamente, se fosse encolhido o outro sinal para |σ| somente haveria uma troca de sinais nos m´odulos de (C.34). Note que, enquanto uma componente deste vetor aumenta ao longo de uma dire¸c˜ao por um fator |σ|ds, a outra dire¸c˜ao sofre uma redu¸c˜ao de intensidade −|σ|ds. Este efeito proveniente do m´odulo do escalar σ caracteriza um efeito de cisalhamento sobre o vetor Z.

Portanto, com base nessa an´alise, foi poss´ıvel apresentar uma prova para o teorema de Sachs sobre o significado geom´etrico dos escalares ´oticos. Resta ainda entender o que significa geometricamente da fase do escalar σ. Para isto, ser´a mantido o regime no qual ωµν e θ s˜ao zero e, adicionalmente, deve-se levar em considera¸c˜ao a taxa com que o vetor l varia ao longo da dire¸c˜ao m. Em termos de componentes esta varia¸c˜ao ´e dada por

lµ;νmν = (α+ β)lµ− ρmµ− σ ¯mµ. (C.35)

Ao contrair (C.35) com mµ se obt´em

σ = −lµ;νmµmν. (C.36)

Por outro lado, ao escrever o vetor m explicitamente em termos dos vetores reais e(2) e e(3),

m = √1

2(e(2)+ ie(3)), (C.37)

e, em seguida, o levar at´e a equa¸c˜ao (C.36), obt´em-se que

σ = 1

2(l3;3− l2;2) − i1

2(l2;3+ l3;2). (C.38) Escrevendo σ na forma polar, σ = |σ|e= |σ| cos ϕ + i|σ|sen ϕ e, logo ap´os, comparando com (C.38), conclui-se que

|σ|sen ϕ = −1

2(l2;3+ l3;2). (C.39)

Al´em disso, para ωµν e θ zeros pela equa¸c˜ao (C.21) σµν = θµν, de modo que, ao escolher µ = 2 e ν = 3, obt´em-se:

σ23= θ23 = 1

2(l2;3+ l3;2), (C.40)

ou melhor,

σ23= −|σ|sen ϕ. (C.41)

sobre os vetores tipo-tempo e(2)0 e e(3)0 que coincidem com os eixos principais de σµ0ν0 (base onde σµν ´e diagonal). Se for realizada uma transforma¸c˜ao de Lorentz sobre esta base, ent˜ao os vetores da nova base s˜ao escritos em termos da anterior da seguinte maneira

e(a)= Λ(b)0

(a) e(b)0, (C.42)

onde Λ(a)0

(b)´e representada na forma matricial por

Λ(a)0 (b)=         1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 cos φ sen φ 0 0 −sen φ cos φ         . (C.43)

Neste caso, o tensor σµ0ν0 que originalmente estava no sistema e(a)0 poder´a agora ser escrito na base e(a) por interm´edio da transforma¸c˜ao:

σµν = Λµµ0Λνν0σµ0ν0. (C.44)

Tomando mais uma vez as componentes µ = 2 e ν = 3, tem-se que

σ23 = cos φsen φ σ2020 − sen φ cos φ σ3030, (C.45)

e fazendo uso do fato que σ3030 = −σ2020 = |σ|, conclui-se que

σ23 = −|σ|sen (2φ). (C.46)

Finalmente, ao comparar as equa¸c˜oes (C.41) e (C.46), obt´em-se que sen ϕ = sen (2φ). Logo,

φ = 1 2ϕ =

1

2arg(σ). (C.47)

Portanto, a metade da fase de σ dar´a o ˆangulo semi-eixo menos da elipse faz com o eixo e(2)

D C´alculo dos escalares de Weyl via formalismo de

Newman-Penrose

Uma forma alternativa de se obter os escalares de Weyl ou apenas suas perturba¸c˜oes ´e a partir das equa¸c˜oes do formalismo de Newman-Penrose. Neste apˆendice ser´a calculado, como exemplo, as perturba¸c˜oes nos escalares de Weyl para os modos com n´umero de onda zero. Como foi apresentado no capitulo 5, estes modos levar˜ao a escalares puramente reais de modo que a analise aqui ser´a restrita apenas ao setor polar dessas perturba¸c˜oes.

No capitulo 5, mostrou-se que para perturba¸c˜oes polares com k = 0, pode-se extrair uma solu¸c˜ao para as equa¸c˜oes de Einstein linearizadas do tipo:

ds2 = − r2 `2 − 2M + δM r  dt2+ r2 `2 − 2M + δM r −1 dr2+ r2(e2δψ2+ e−2δψdz2) (D.1)

onde δψ em termos de uma fun¸c˜ao Z(+)e−iωt = rδψ, satisfaz uma equa¸c˜ao de onda do tipo  d2 dr2 + ω2  Z(+) = V(+)Z(+), (D.2)

com V(+) dado por

V(+) = 2∆

`2r5(r3+ M `2). (D.3)

Uma base de t´etrada nula constru´ıda a partir da solu¸c˜ao (D.1) pode ser definida como:

lµ=(e−2ν−2δν, 1, 0, 0); mµ= √1 2r(0, 0, e −δψ , ieδψ); nµ=1 2(1, −e 2ν+2δν, 0, 0); m¯µ = √1 2r(0, 0, e −δψ , −ieδψ), (D.4) onde e = r 2 l22M r e e 2δν = −δM r . (D.5)

Os vetores covariantes associados a esta base s˜ao

lµ =(−1, e−2ν−2δν, 0, 0); mµ = √1 2(0, 0, re δψ, ie−δψ); nµ =1 2(−e 2ν+2δν, −1, 0, 0); m¯µ = √1 2(0, 0, re δψ, −ire−δψ). (D.6)

Nota-se que o vetor l que aparece em (D.4) e (D.6) representa um vetor nulo no espa¸co-tempo f´ısico podendo ser escrito na forma l = l(0)

+ δl, onde l(0)

e δl ´e a perturba¸c˜ao linear. O mesmo vale para os demais vetores da base.

Uma vez que se tem os vetores da base nula, ´e poss´ıvel calcular diretamente deles os coeficientes de spin usando as defini¸c˜oes apresentadas em (3.50). Para espa¸cos-tempos assintoticamente anti-de Sitter se obt´em os seguintes coeficientes de spin:

κ = ν =  = π = τ = α = β = 0; ρ = − 1 r, µ = − 1 2  r `22M + 2δM r2  , γ = 1 2  r `2 + M + δM r2  σ = −(e−2νδψ,t+ δψ,r), λ = 1 2(δψ,t+ δψ,re ). (D.7)

No caso em que δψ e δM s˜ao zero, recupera-se os valores para os coeficientes de spin para o espa¸co-tempo de fundo apresentados em (3.51). Finalmente se pode extrair os escalares de Weyl a partir das seguintes identidades de Ricci

Dσ − δκ = σ(3ε − ε+ ρ + ρ) + κ(π− τ − 3β − α) + Ψ0; (a) Dτ − ∆κ = ρ(τ + π) + σ(τ+ π) + τ (ε − ε) − κ(3γ + γ) + Ψ1+ Φ01; (b) Dµ − δπ = (ρµ + σλ) + π(π − α+ β) − µ(ε + ε) − νκ + Ψ2+ 2Π; (c) δλ − δµ = ν(ρ − ρ) + π(µ − µ) + µ(α + β) + λ(α− 3β) − Ψ3+ Φ21; (d) ∆λ − δν = −λ(µ + µ+ 3γ − γ) + ν(3α + β+ π − τ) − Ψ4, (e) (D.8)

onde Φ01, Φ21 e Π s˜ao alguns dos escalares de Ricci. Para o problema em quest˜ao o ´unico destes escalares que ´e diferente de zero ´e

Π = − 1 2`2.

m´etricas se obt´em os seguintes resultados Ψ0 =2e−2ν  −eδψ,rr +  ν,r1 r  δψ,t−  ν,r+2 r  δψ,re− δψ,rt  ; Ψ2 = − M + δM r3 ; Ψ4 =e 2  −eδψ,rr −  ν,r1 r  δψ,t−  ν,r+ 2 r  δψ,re+ δψ,rt  ; Ψ13 = 0. (D.9)

Al´em disso, como no espa¸co-tempo de fundo somente Ψ(0)2 ´e diferente de zero, se pode concluir que em (D.9), ΨN = δΨP

N para todo N 6= 2 e que δΨP

2 = −δM

r3 . (D.10)

A quantidade apresentada em (D.10) ´e igual a apresentada em (4.57) por´em calculada por um caminho alternativo. Os escalares δΨP

0 e δΨP

4, se escritos em termos das quantidades V(+) W(+) e Z(+) apresentadas em (4.54), assumem as seguintes formas:

δΨ0 = −r 32[V(+)Z(+)+ (W(+)− 2iω)ΛZ(+)]e−iωt; δΨ4 = − 1 4r[V (+)Z(+)+ (W(+)+ 2iω)Λ+Z(+)]e−iωt. (D.11)

Que reproduz os resultados apresentados na equa¸c˜ao (4.52), por´em usando o formalismo de Newman-Penrose.

Portanto, mostrou-se neste apˆendice que as perturba¸c˜oes nos escalares de Weyl tamb´em podem ser extra´ıdos diretamente das equa¸c˜oes do formalismo de Newman-Penrose. Al´em disso, para perturba¸c˜oes gravitacionais com n´umero de onda zero se mostrou diretamente que da solu¸c˜ao (D.1) ´e poss´ıvel obter escalares de Weyl δΨP

0 e δΨP

4 diferentes de zero, o que representa uma solu¸c˜ao com ondas gravitacionais.

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