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56 Resumo

Receber um diagnóstico de doença oncológica causa um forte impacto emocional nos pacientes, dado o cancro tratar-se de uma doença potencialmente mortal e muito

estigmatizante. O sofrimento, tanto físico como psicológico, inerente à doença e aos seus tratamentos conduz inúmeras vezes a desenvolvimentos de quadros de ansiedade e depressão e a uma diminuição do bem-estar. Neste sentido, a presente investigação apresentou como objetivo geral comparar mulheres com cancro da mama, mulheres com cancro do colo do útero e mulheres sem diagnóstico de doença oncológica, relativamente à saúde mental. Para tal, recorreu-se a uma amostra constituída por 140 participantes, distribuídas por 3 grupos, 2 grupos experimentais e 1 grupo de controlo: (1) grupo clínico composto por 40 mulheres com cancro da mama; (2) grupo clínico constituído por 40 mulheres com cancro do colo do útero; (3) grupo de controlo composto por 60 mulheres sem diagnóstico de doença oncológica. Na recolha dos dados foram utilizados 2 instrumentos, sendo estes, um questionário

sociodemográfico e clínico construído para o efeito e o Inventário de Saúde Mental. Os resultados demonstraram que a doença oncológica causa um declínio da saúde mental, na medida em que, as mulheres inerentes ao grupo de controlo apresentaram níveis superiores no ISM (M=165.02, DP=23.39) quando comparadas com as mulheres com cancro da mama (M=156.20, DP=30.78) e com as mulheres com cancro do colo do útero (M=142.23,

DP=38.26). Conclui-se portanto que, a presença de uma patologia oncológica é efetivamente

capaz de suscitar elevados níveis de Distress Psicológico, assim como causar uma diminuição do Bem-Estar Psicológico percecionado pelas doentes.

Palavras-chave: cancro da mama, cancro do colo do útero, saúde mental, variáveis

57 Abstract

Receive a diagnosis of oncological disease causes a strong impact in patients becouse cancer is life threatening and stigmatizing disease. The suffering, both physical and psychological, inherent to the disease and its treatments leads several times to anxiety, depression and a decline in the well-being. Therefore, the present investigation aimed the comparison of mental health between women with breast cancer, women with cervical cancer and women without cancer diagnosis. The sample consisted of about 140 participants,

divided into 3 groups, 2 experimental groups and 1 control group: (1) clinical group

consisting of 40 women with breast cancer; (2) clinical group composed of 40 women with cervical cancer; (3) control group composed of 60 women without cancer disease. To assemble the data two instruments were used, these being, a sociodemographic and clinical questionnaire, built for that purpose, and the Mental Health Inventory. The results showed that the oncologic disease causes a decline in mental health, in that, women inherent in the control group showed higher levels in the ISM (M=165.02, DP=23.39) when compared with women with breast cancer (M=156.20, DP=30.78) and with women with cervical cancer (M=142.23, DP=38.26). Therefore we can conclude that the presence of an oncological pathology is effectively able to raise high levels of Psychological Distress, as well as cause a decline in the patients Psychological Well-Being.

Keywords: breast cancer, cervical cancer, mental health, clinical variables, sociodemographic variables.

58 Introdução

É consensual que um diagnóstico de cancro da mama, bem como um diagnóstico de cancro do útero causam um forte impacto emocional nas doentes, dado o cancro tratar-se de uma doença potencialmente mortal e muito estigmatizante. Uma vez conhecedoras do

diagnóstico, torna-se necessário um reajustamento psicológico por parte das mesmas (Barros, 2008).

De acordo com Santos (2014), nestes tipos de cancros femininos, as alterações físicas decorrentes dos tratamentos cirúrgicos e dos tratamentos adjuvantes, bem como a constatação de se possuir uma doença crónica que acarreta grande sofrimento, tanto físico como

psicológico, conduz inúmeras vezes a desenvolvimentos de quadros de ansiedade e de depressão. A incerteza relativamente à progressão da doença, a alteração de papéis que presumivelmente terá de ocorrer e o medo da possibilidade da ocorrência de uma morte prematura despoletam elevados níveis de sofrimento psicológico nestas doentes.

Naturalmente, a forma como cada uma vivência a sua nova condição, dependerá de diversos fatores, tais como personalidade, impacto causado pela doença, suporte social percecionado e a capacidade de continuar a projetar objetivos e a atingi-los.

Por outro lado, de acordo com a literatura consultada, determinadas caraterísticas sociodemográficas também podem influenciar a forma como as doentes vivenciam todo o processo de adoecer e consequentemente, os níveis de distress psicológico experienciado. O presente estudo teve em conta as seguintes caraterísticas sociodemográficas: estado civil, nível de escolaridade, situação profissional e número de filhos.

Neste sentido, num estudo realizado por Patrão (2007), com 120 mulheres

mastectomizadas e a iniciar os tratamentos adjuvantes, a autora apurou que a situação profissional, assim como o estado civil podem influenciar os níveis de distress psicológico, na medida em que, as mulheres com uma situação profissional ativa apresentaram baixos

59 níveis de ansiedade e de depressão, quando comparadas com mulheres que se encontravam de baixa médica, dado que, estas apresentaram elevados níveis de ansiedade e depressão. Por outro lado, averiguou que, as mulheres solteiras exibiram elevados níveis de ansiedade e depressão, quando comparadas com as restantes mulheres, que possuíam um estado civil diferente (casada/união de facto, divorciada/separada/viúva).

De acordo com Alves (2010), a escolaridade também pode exercer alguma influência nos níveis de depressão e ansiedade na medida em que, quanto maior for o nível de escolaridade, previsivelmente será também maior o nível de conhecimento acerca da doença e de todas as fases intrínsecas à mesma. Por outro lado, esta autora também acredita que, um grau

académico elevado permite uma melhor capacidade de comunicação e de negociação. Não obstante, Rodrigues (2014) realizou um estudo com 65 mulheres com cancro da mama, no qual observou que os níveis de escolaridade não influenciaram os níveis de sintomatologia depressiva. Do mesmo modo, na investigação concretizada por Caçador (2013), com uma amostra de 162 mulheres, 95 pertencentes ao grupo de controlo e 67 submetidas a uma histerectomia, a autora constatou que as diferenças encontradas não são estatisticamente significativas relativamente à ansiedade e à depressão, no que diz respeito à variável nível de escolaridade.

No que concerne à existência ou não de filhos, não foram encontrados dados na literatura que suportem a influência destes na incidência de distress psicológico em mulheres com patologia oncológica. Acredita-se que a existência de filhos gere emoções contraditórias nas pacientes, na medida em que estes, por um lado, podem apresentar-se como elementos significativos capazes de proporcionar um elevado suporte social e auxiliar as mesmas nas fases em que estas se encontram mais debilidades fisicamente, e por conseguinte,

60 papéis, passando a mãe de cuidadora a cuidada, pode originar na mesma algum desconforto emocional (Remondes-Costa, Jimenéz, & Pais-Ribeiro, 2012).

Relativamente às caraterísticas de foro clínico, presume-se que as mesmas também possam influenciar significativamente o distress psicológico, assim como, o bem-estar psicológico experienciado pelas doentes oncológicas. Neste sentido, a presente investigação teve em conta, as seguintes caraterísticas clínicas: tempo decorrido desde a realização da cirurgia, realização de tratamentos sistémicos e locais, que não o tratamento cirúrgico, o tipo destes tratamentos, a presença de diagnóstico de doença mental e estatuto de menopausa.

Assim sendo, Cardoso, Luengo, Trancas, Vieira, e Reis (2009) defendem que, é na fase terminal da doença, que se verifica uma maior prevalência de elevados níveis de distress psicológico, uma vez que, é nesta fase que, os doentes veem-se confrontados com as perdas consequentes da patologia e ainda, com a possibilidade de uma morte eminente. Já Alves (2010) acredita que é durante o primeiro ano após a cirurgia, que coincide, normalmente, com a realização dos tratamentos adjuvantes que as doentes experienciam maiores níveis de sofrimento, devido essencialmente às alterações ao nível da perceção da imagem corporal, assim como da atratividade e feminilidade. A mesma autora realizou uma investigação, com 76 mulheres que padeciam de cancro de mama e cancro ginecológico, onde verificou que efetivamente, ocorre uma diminuição dos níveis de ansiedade, depressão, revolta e sofrimento global, do período pré para o pós-operatório. Apurou também que, ao comparar o cancro da mama e o cancro ginecológico, as mulheres com cancro da mama, evidenciaram uma maior ansiedade. Contrariamente a este estudo, encontra-se o realizado por Patrão, Leal, e Maroco (2008), onde através do acompanhamento de 30 mulheres com cancro da mama ao longo do ciclo psico-oncológico, verificaram que estas se mantiveram estáveis emocionalmente ao longo do tempo, não expressando ansiedade e/ou depressão.

61 O estádio pós-cirurgia acarreta de igual modo alguns riscos, no que concerne à saúde mental das mulheres. Nesta fase, as mesmas passam pelo desafio de se adaptarem à nova imagem corporal e de forma comumente darem início a tratamentos intrusivos, que produzem inúmeros efeitos secundários, como já referido anteriormente.

A literatura resguarda ainda que, os tratamentos complementares conduzem a uma deterioração da satisfação sexual, podendo conduzir efetivamente a uma disfunção a este nível. No cancro do colo do útero, estas dificuldades de ordem sexual, aparentemente são ainda mais acentuadas, uma vez que, nesta patologia, a cirurgia implica muitas vezes a retirada do sistema reprodutor, que se encontra intrinsecamente ligado à vida sexual das mulheres e por vezes, a uma parte da vagina, o que conduz muitas vezes a que as mesmas sintam dor durante a relação sexual (Monesa, 2003). Por outro lado, a realização de

radioterapia abdominal ou vaginal, também influencia negativamente a atividade sexual, uma vez que, produzem modificações na fisiologia e anatomia do aparelho genital (Caçador, 2013). Assim sendo, de acordo com a intensidade com que estes efeitos secundários se manifestam, pode ocorrer um agravamento dos níveis de ansiedade e depressão e,

consequentemente, uma diminuição do bem-estar percecionado, nesta fase pós-cirúrgica, principalmente nas situações em que as pacientes já apresentavam alguma morbilidade psicológica, na fase do diagnóstico (Patrão, 2007). Não obstante, na investigação conduzida por Patrão (2007), já referida anteriormente, a autora constatou que as mulheres

apresentavam baixos níveis de ansiedade, assim como de depressão.

Ainda nesta linha de investigação, de acordo com Caçador (2013), as pacientes

diagnosticadas com depressão precedentemente à cirurgia, apresentam um risco acentuado da morbilidade psicológica se agravar após o diagnóstico de doença oncológica. Por sua vez, Patrão (2007) verificou que possuir uma história passada de depressão, conduz a uma experiência emocional negativa perante um diagnóstico de cancro. Todavia, no estudo

62 realizado por esta autora, não foram encontradas diferenças estatísticas significativas no que concerne aos níveis de ansiedade e depressão, nas mulheres com psicopatologia prévia. Já na investigação realizada por Urbano (2010), com uma amostra constituída por 180 participantes com cancro da mama, as pacientes que apresentavam psicopatologia antes do diagnóstico da doença, apresentaram níveis de sintomatologia depressiva, relativamente elevados.

Por fim, importa salientar que, tanto os tratamentos locais, como os sistémicos, induzem não raras vezes a uma menopausa repentina, para a qual as mulheres ainda não se

encontravam preparadas e à perda da capacidade reprodutora. Neste sentido, Fernandes (2009) estudou 74 mulheres diagnosticadas com cancro da mama e constatou que as mulheres que se encontravam na menopausa e pós menopausa experienciavam maiores níveis de ansiedade após o tratamento cirúrgico e maiores níveis de depressão durante os tratamentos adjuvantes, porém estes resultados não foram estatisticamente significativos.

Perante as evidências já assinaladas é da maior importância que se realizem novos estudos que possam contribuir para um melhor esclarecimento das relações descritas.

Deste modo, a presente investigação apresentou como objetivo geral comparar ambos os grupos clínicos e o grupo de controlo relativamente à saúde mental. Apresentou ainda, os seguintes objetivos específicos: a) comparar os três grupos em estudo, relativamente à possível influência das caraterísticas sociodemográficas, sendo estas, o estado civil, o nível de escolaridade, a situação profissional e o número de filhos, no estado de saúde mental destas participantes; b) comparar os dois grupos clínicos em estudo, relativamente à possível influência das características clínicas, ou seja, o tempo decorrido desde a cirurgia, a

realização e o tipo de tratamento à data da recolha dos dados, a presença de doença mental e a menopausa, no estado de saúde mental destas participantes.

63 Metodologia

Caracterização da Investigação

Este estudo é quantitativo, descritivo e comparativo. É de igual modo do tipo quase- experimental, dado que, não existiu controlo sobre as variáveis independentes. Por fim, trata- se também de uma investigação transversal, sendo que, os dados foram recolhidos em momentos únicos. Estes foram analisados através do programa Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 17.

Participantes

A amostra foi constituída por 140 participantes, distribuídas por 3 grupos, 2 grupos experimentais e 1 grupo de controlo: (1) grupo clínico composto por 40 mulheres com cancro da mama; (2) grupo clínico constituído por 40 mulheres com cancro do colo do útero; (3) grupo de controlo composto por 60 mulheres sem diagnóstico de doença oncológica. Os critérios de inclusão foram os seguintes: 1) todas as participantes terem idade igual ou superior a 18 anos; 2) todas as participantes não terem sido diagnosticadas com alguma doença de foro mental que interferisse com as respostas aos questionários; 3) todas as

participantes pertencentes ao grupo 1 e 2 já terem sido diagnosticadas com cancro da mama e cancro do colo do útero, respetivamente; 4) todas as participantes do grupo 3 não padecerem de nenhuma doença oncológica.

Caracterização sociodemográfica da amostra.

As caraterísticas sociodemográficas da amostra estão descritas de forma pormenorizada no quadro 1. A amostra foi constituída na sua totalidade por 140 participantes, das quais 40 mulheres padecem de cancro da mama e tinham uma média de idades de 49.75 (DP=8.06), 40 mulheres padecem de cancro do colo do útero e apresentavam uma média de idades de 49.98 (DP=8.39) e as restantes 60 pertencentes ao grupo de controlo apresentavam uma média de idades de 43.48 (DP=9.26). No que concerne ao estado civil, a maioria das participantes

64 revelou ser casada ou estar em união de facto (67.9%). No que diz respeito ao nível de

escolaridade, verificou-se que 25.7% das mulheres possuíam o 1º ciclo de escolaridade e de igual modo, 25.7% possuíam o ensino superior. Relativamente à situação profissional das participantes, constatou-se que a maioria das participantes (63.6%) encontravam-se a trabalhar. Por fim, no que diz respeito ao número de filhos, a situação mais frequente correspondeu às mulheres terem 2 filhos (30%).

65 Quadro 1: Caracterização sociodemográfica da amostra (n=140)

1 (n=40) 2 (n=40) 3 (n=60) Variáveis n (%) n (%) n (%) Estado Civil Casada/União de facto 28 (70) 22 (55) 45 (75) Solteira/Divorciada/Viúva 12 (30) 18 (45) 15 (25) Nível de escolaridade 1ºciclo 12 (30) 17 (42.5) 7 (11.7) 2ºciclo 10 (25) 5 (12.5) 5 (8.3) 3ºciclo 4 (10) 6 (15) 6 (10) Ensino secundário 6 (15) 7 (17.5) 19 (31.7) Ensino superior 8 (20) 5 (12.5) 23 (38.3) Situação Profissional Ativa 25 (62.5) 20 (50) 44 (73.3) Não ativa 15 (37.5) 20 (50) 16 (26.7) Número de filhos Nenhum 5 (12.5) 6 (15) 20 (33.3) Um 10 (25) 14 (35) 13 (21.7) Dois 17 (42.5) 10 (25) 15 (25) Três 4 (10) 8 (20) 6 (10) Mais de três 4 (10) 2 (5) 6 (10)

Caraterização clínica da amostra.

As caraterísticas clínicas da amostra estão descritas de forma pormenorizada no quadro 2. Verificou-se que, a situação mais frequente (28.8%) correspondeu às mulheres que foram submetidas a uma cirurgia para remoção do tumor há menos de um ano. No momento da recolha dos dados, 46 mulheres (57.5%) não estavam a ser submetidas a nenhum tratamento.

66 Relativamente ao diagnóstico de doença mental, 13 participantes (16.3%) revelaram já terem sido diagnosticadas formalmente com depressão, sendo esta a única doença mental relatada pelas mesmas. Por fim, 66 mulheres (82.5) revelaram que já se encontravam na menopausa.

67 Quadro 2: Caracterização clínica da amostra (n=80)

1 2

n=40 n=40

Variáveis n (%) n (%)

Tempo decorrido desde a cirurgia

- de 1 ano 14 (35) 9 (22.5)

1 a 3 anos 8 (20) 8 (20)

3 a 5 anos 8 (20) 5 (12.5)

+ de 5 anos 7 (17.5) 5 (12.5)

Não foi submetida a cirurgia 3 (7.5) 13 (32.5)

Tratamento atual Não 12 (30) 34 (85) Sim 28 (70) 6 (15) Quimioterapia 8 (20) 4 (10) Radioterapia 1 (2.5) 1 (2.5) Hormonoterapia 10 (25) Quimioradioterapia 9 (22.5) 1 (2.5)

Presença doença mental

Depressão Não 32 (80) 35 (87.5) Sim 8 (20) 5 (12.5) Menopausa Não 10 (25) 4 (10) Sim 30 (75) 36 (90)

68 Instrumentos

Na recolha dos dados foram utilizados 2 instrumentos, sendo estes, um questionário sociodemográfico e clínico construído para o efeito e o Inventário de Saúde Mental (Ribeiro, 2001).

O questionário sociodemográfico e clínico apresentava as seguintes questões de ordem sociodemográfica: idade, estado civil, nível de escolaridade, situação profissional e número de filhos. Estas questões foram colocadas as todas as participantes. Por sua vez, às mulheres pertencentes a ambos os grupos clínicos, foram colocadas as seguintes questões: tempo decorrido desde a realização da cirurgia, se à data da recolha dos dados se encontravam a realizar algum tratamento e qual, se já tinham sido diagnosticadas formalmente com alguma doença de foro mental e se sim, qual e se já se encontravam na menopausa.

Relativamente ao Inventário de Saúde Mental, este foi traduzido e adaptado para a população portuguesa por Ribeiro (2001) e consiste num questionário de autorresposta com 38 itens, composto por 2 grandes subescalas ou dimensões, a saber: o Distress Psicológico, que resulta da soma de 3 subescalas ou dimensões, sendo estas a Ansiedade com 10 itens, a Depressão, com 5 itens e a Perda de Controlo Emocional/ Comportamental, com 9 itens; e o Bem-Estar Psicológico, que resulta da soma de 2 subescalas ou dimensões, a saber: Afeto Positivo, com 11 itens e Laços Emocionais, com 3 itens. A resposta a cada item é dada numa escala ordinal de 5 ou 6 posições. Assim sendo, a pontuação total da escala resulta da soma dos valores brutos dos itens inerentes a cada escala enunciada anteriormente. É necessário ter em conta que parte dos itens que compõem a escala são cotados de modo invertido (2, 3, 9, 11, 13, 15, 16, 19, 20, 21, 24, 25, 27, 28, 29, 30, 32, 33, 35, 36, 38). Por conseguinte,

pontuações mais elevadas correspondem a mais saúde mental (menos ansiedade, depressão e perda de controlo emocional e mais afeto positivo e laços emocionais) (Ribeiro, 2011).

69 No estudo de validação da escala, o autor obteve uma boa consistência interna, com um alfa de Cronbach 0.91 para a dimensão Ansiedade, 0.85 para a dimensão Depressão, 0.87 para a dimensão Perda de Controlo Emocional/Comportamental, 0.91 para a dimensão Afeto Positivo, 0.72 para a dimensão Laços Emocionais, 0.95 para a dimensão Distress Psicológico, 0.91 para a dimensão Bem-estar Psicológico e por fim, 0.96 na Escala Total (Ribeiro, 2011).

Assim sendo, as variáveis independentes são: o estado civil, o nível de escolaridade, a situação profissional, o número de filhos, o tempo decorrido desde a realização da cirurgia, a realização e o tipo de tratamento a que estavam a ser submetidas à data da recolha dos dados, a presença de doença mental e o estatuto de menopausa. A variável dependente é a saúde mental.

Procedimentos

Primeiramente contactamos os autores dos questionários de forma a obtermos

autorização para utilizarmos os mesmos no presente estudo. Após parecer favorável por parte destes autores, e de forma a procedermos à recolha da amostra, foram enviados pedidos de aplicação dos questionários a várias instituições hospitalares, sendo obtido parecer favorável por parte da Comissão de Ética e da Administração, de duas instituições localizadas no norte do país.

Estas participantes, de acordo com as indicações das instituições hospitalares, foram abordadas a participar no presente estudo, enquanto aguardavam consultas, tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia, ou ainda em serviços de internamento. Naturalmente, foi tido em conta, o estado físico e emocional em que se encontravam as possíveis participantes, sendo apenas abordadas as que, aparentemente se encontravam estáveis e capazes de preencher os questionários de forma plácida, salvaguardando-se deste modo, que a participação no presente estudo, não seria causadora de qualquer constrangimento. Posteriormente, explicou-se às participantes os objetivos do estudo e foi-lhes garantida a

70 confidencialidade dos dados e o seu anonimato. Após aceitação por parte das mesmas em participarem na investigação, foi-lhes entregue o consentimento informado, bem como os respetivos questionários, auxiliando-se as mesmas no preenchimento destes questionários, quando necessário.

Relativamente à recolha dos dados do grupo de controlo, os questionários explicitados anteriormente, foram colocados online, num software já existente para este efeito.

Após a recolha dos dados, os questionários foram devidamente cotados de acordo com as orientações dos respetivos autores.

Tratamento Estatístico

Inicialmente realizou-se a análise descritiva das variáveis independentes qualitativas e quantitativas através das frequências absolutas e relativas e do cálculo da média e desvio- padrão, respetivamente. Seguidamente, procedeu-se à análise da consistência interna do ISM e respetivas subescalas, através do alfa de Cronbach, tendo como referência os valores referenciados por Pestana e Gajeiro (2008), sendo que, valores entre 0.80 e 0.90 indicam uma boa consistência interna e valores superiores a 0.90 apontam para uma consistência interna muito boa. Posteriormente, de forma a percebermos as relações existentes entre as variáveis

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