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Papel do suporte social na autoestima e imagem corporal e a saúde mental em mulheres portadoras de doenças oncológicas

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

O Papel do Suporte Social na Autoestima e Imagem Corporal e a

Saúde Mental em Mulheres Portadoras de Doenças Oncológicas

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Tânia Patrícia Oliveira Silva

Professor Catedrático José Vasconcelos-Raposo

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

O Papel do Suporte Social na Autoestima e Imagem Corporal e a

Saúde Mental em Mulheres Portadoras de Doenças Oncológicas

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Tânia Patrícia Oliveira Silva

Dissertação de Mestrado apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Departamento de Educação e Psicologia, sob a orientação do Professor Catedrático José Vasconcelos-Raposo

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v Agradecimentos

Nestes últimos dois anos, muitas são as pessoas a quem tenho de agradecer, por terem tornado possível a concretização de mais esta etapa.

Ao meu orientador, Prof. José Vasconcelos-Raposo, pela sua imprescindível disponibilidade, apoio e compreensão.

Às Instituições Hospitalares e aos seus profissionais de saúde, pela ajuda e disponibilidade, na recolha da amostra.

A todas as mulheres que aceitaram participar neste estudo, apesar da fragilidade evidente.

À minha família, pela ajuda, incentivo e amor. Em especial aos meus pais, pelo amor, apoio, ajuda, carinho e compreensão. É a eles que devo, tudo aquilo que sou hoje.

Aos meus amigos, pelo incentivo e por acreditarem que seria capaz.

À Isabel e ao Alcídio pela ajuda, apoio e compreensão.

Ao José Pedro, pelas palavras de incentivo, compreensão, apoio, por nunca duvidar, por me fazer sentir especial e amada, todos os dias.

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vii Índice

Agradecimentos ... v

Introdução ... 1

Referências ... 6

Parte I: “O Papel do Suporte Social na Autoestima e Imagem Corporal em Mulheres Portadoras de Doenças Oncológicas” ... 9

Resumo ... 10

Abstract ... 11

Introdução ... 12

Imagem Corporal e Autoestima no Cancro da Mama ... 12

Imagem Corporal e Autoestima no Cancro do Colo do Útero ... 15

O Papel do Suporte Social ... 18

Metodologia ... 22

Caraterização da Investigação ... 22

Participantes ... 22

Caracterização sociodemográfica da amostra ... 22

Caracterização clínica da amostra... 24

Instrumentos ... 25

Procedimentos ... 27

Tratamento Estatístico ... 28

Resultados ... 29

Imagem Corporal, Autoestima e Suporte Social nos Grupos Experimentais e Grupo de Controlo ... 30

Variáveis Sociodemográficas e Imagem corporal, Autoestima e Satisfação Social ... 31

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viii Diferenças entre Grupos Experimentais ao Nível das Variáveis Clínicas e Imagem

Corporal, Autoestima e Satisfação Social ... 36

Associação entre a Imagem Corporal, a Autoestima e a Satisfação Social ... 39

Predição da Imagem Corporal e Autoestima: Papel do Suporte Social ... 40

Discussão ... 41

Conclusão ... 47

Referências ... 50

Parte II: “A Saúde Mental em Mulheres Portadoras de Doenças Oncológicas” ... 54

Resumo ... 55 Abstract ... 56 Introdução ... 57 Metodologia ... 62 Caraterização da Investigação ... 62 Participantes ... 62

Caracterização sociodemográfica da amostra ... 62

Caracterização clínica da amostra... 64

Instrumentos ... 67

Procedimentos ... 68

Tratamento Estatístico ... 69

Resultados ... 70

A Saúde Mental nos Grupos Experimentais e Grupo de Controlo ... 70

Variáveis Sociodemográficas e Saúde mental ... 72

Variáveis Clínicas e Saúde Mental ... 74 Diferenças entre Grupos Experimentais ao Nível das Variáveis Clínicas e Saúde Mental 76

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ix Discussão ... 78 Conclusão ... 83 Referências ... 85

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1 Introdução

De acordo com Macedo et al. (2008), a doença oncológica pode ser vista como a epidemia dos dias que decorrem. Esta nomenclatura justifica-se pela crescente incidência, eminente morbilidade e elevada taxa de mortalidade. Segundo os últimos registos

disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (2015), referentes ao ano de 2013, registaram-se em Portugal, um total de 26.407 mortes devido a tumores, representando 24,7% da mortalidade no país.

Entre a vasta diversidade de doenças oncológicas existentes atualmente, o carcinoma mamário e o cancro do colo do útero são dos que mais acometem a população feminina, um pouco por todo o mundo (Oliveira, Pozer, Silva, Parreira, & Silva, 2012).

A doença oncológica desenvolve-se em várias fases: a primeira corresponde à fase de diagnóstico, onde se verifica um confronto direto com a doença; posteriormente, regra geral, os doentes são submetidos a uma cirurgia que objetiva a remoção do tumor; de seguida, ocorre a fase dos tratamentos adjuvantes; e por último, 5 anos após o diagnóstico, os doentes passam a ser considerados sobreviventes desta doença (Silva, 2013).

Um diagnóstico de cancro despoleta desde logo reações tanto físicas, quanto emocionais. Posteriormente e em particular, o cancro da mama e o do colo do útero implicam não raras vezes a amputação cirúrgica de partes do corpo feminino associadas à feminilidade e à reprodução, o que constitui uma ameaça à integridade física destas mulheres.

Apesar da terapêutica aplicada ser dependente de diversos fatores, a cirurgia é

efetivamente o tratamento mais utilizado, tanto no cancro da mama, como no cancro do colo do útero. Em Portugal, a maioria das mulheres que padecem de cancro da mama são

submetidas a uma mastectomia radical, que implica a remoção da mama toda e na maioria das situações é removido de igual modo, os gânglios linfáticos axilares. Com o avanço da medicina, atualmente o objetivo primordial passa por um controlo locoregional da doença.

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2 Neste sentido, foram desenvolvidas técnicas conservadoras, onde se remove apenas o tumor e por vezes, os gânglios linfáticos axilares. Estas cirurgias apresentam como efeitos

secundários, dor e sensação de pele “repuxada”, linfedema do braço e mão (edema por acumulação de líquidos), que por sua vez causa alguma sensação de peso, formigueiro e queimadura no braço afetado, rubor nas extremidades do membro e fissuras na pele (Barros, 2008).

No que concerne ao cancro do colo do útero, quando detetado numa fase inicial, o tratamento do mesmo, poderá não envolver a realização de uma histerectomia. No entanto, tendo em conta que este tipo de cancro, inicialmente é assintomático e apenas detetável através de rastreio, inúmeras mulheres só são diagnosticadas com o mesmo, quando este já se encontra num estadiamento mais avançado e neste caso, a terapêutica cirúrgica mais

recomendada consiste efetivamente na histerectomia total onde é removido o útero e o colo do útero ou na cirurgia radical, onde é removido o útero, o colo do útero e parte da vagina. Em ambas as cirurgias, não raras vezes os ovários e as trompas de Falópio, são de igual modo removidos (Sousa, 2011).

Tal como já referido anteriormente, após o tratamento cirúrgico, a maioria das doentes são submetidas a sessões de quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia, entre outros. Estes tratamentos adjuvantes são extremamente invasivos e apresentam inúmeros efeitos

secundários, o que leva a que, muitas doentes considerem esta fase a mais difícil de

ultrapassar. Assim, a quimioterapia, que objetiva reduzir o risco de recidiva e metastização, apresenta alguns efeitos secundários, tais como: náuseas, vómitos e diarreia, cefaleias, confusão mental, hiperpigmentação, fadiga intensa e alopécia. Por sua vez, a radioterapia apresenta como possíveis efeitos secundários alterações locais da pele, fadiga generalizada, dor relacionada com inflamação temporária dos nervos ou dos músculos no campo da radiação, ansiedade, distúrbios do sono, entre outros. Por último, a hormonoterapia,

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3 empregue em mulheres com cancro da mama, que impossibilita que as células cancerígenas alcancem as hormonas naturais do organismo, estrogénio e progesterona, que necessitam para se desenvolverem, apresenta também efeitos secundários debilitantes, a saber: “ondas” de calor, hemorragia vaginal, retenção de líquidos, aumento de peso, letargia, irritabilidade, distúrbios do sono, dificuldades de concentração e sintomas depressivos (Seara, 2012).

Estas alterações corporais decorrentes dos tratamentos, tanto dos locais (cirurgia e radioterapia), como dos sistémicos (quimioterapia e hormonoterapia), implicam uma

adaptação a uma nova imagem corporal, que ocorre de forma abrupta e não esperada (Barros, 2008).

Importa aludir que a imagem corporal, de acordo com Seara (2012, p. 28), corresponde aos “pensamentos, sentimentos e preocupações que cada pessoa possui acerca do seu corpo e da sua experiência corporal”. A mesma autora resguarda ainda que, este conceito não se cinge a uma imagem física, constituindo-se também como uma imagem psicológica, cultural e social.

Assim sendo, quando esta adaptação não ocorre e não se verifica uma identificação com a recente imagem corporal, pode ocorrer de igual modo, uma diminuição da autoestima global, na medida em que, de acordo com Romano, Negreiro e Martins (2006), esta corresponde a uma avaliação geral que os indivíduos realizam acerca de si próprios, sendo que, a mesma pressupõe um sentimento valorativo que se traduz em comportamentos de aprovação/desaprovação consigo mesmos. Moreira e Canavarro (2011) aditam ainda que, esta avaliação diz respeito à autoimagem ideal comparativamente à autoimagem real, assim como, ao balanço entre os sucessos e os fracassos. Deste modo, quando se verifica uma disparidade entre o idealizado e o real, o individuo em questão avalia-se negativamente o que

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4 Esta inconformidade com a imagem corporal e consequente diminuição da autoestima pode traduzir-se em ansiedade, medo, tristeza, culpa, lamento, vergonha e depressão (Seara, 2012). De forma comumente, a doença oncológica acarreta para o doente um grande

sofrimento não só físico, mas também psicológico. A perda de autonomia, a dificuldade em projetar um futuro estável, as incertezas relativamente à progressão da doença e o medo de uma morte prematura, também contribuem para o desenvolvimento de quadros clínicos de depressão (Santos, 2014).

O suporte social apresenta-se como capaz de atenuar estas repercussões causadas não só pela doença, como também pelos tratamentos, na medida em que, manter relações

interpessoais adequadas, protege os indivíduos do stress inerente a todo o processo de adoecer. Neste sentido, torna-se necessário ter em conta a satisfação percecionada pelo doente, do suporte social recebido, e não exclusivamente do número de pessoas que constituem a sua rede social. Naturalmente, o suporte social advém maioritariamente da família, dos amigos e dos profissionais de saúde (Patrão, 2007).

Relativamente aos vários tipos de suporte social, atualmente, estes encontram-se

estruturados da seguinte forma: suporte emocional, afetivo ou de estima, que corresponde ao indivíduo sentir-se estimado e ainda, quando perceciona que recebe amor, amizade, apoio e segurança, independentemente da sua personalidade ou limitações, o que contribui para uma autoestima adequada; suporte percetivo, possibilita ao indivíduo uma avaliação adequada do seu problema e ainda, o estabelecimento de objetivos realistas; suporte informativo que corresponde às informações e sugestões contribuindo para uma tomada de decisão mais facilitada; suporte instrumental, que consiste na ajuda explícita de serviços que um indivíduo recebe, na resolução de um problema; e por último, suporte de convívio social que faz com que o indivíduo se sinta integrado numa rede social, participando em atividades sociais (Patrão, 2007).

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5 Estes vários tipos de suporte são imprescindíveis durante todo o processo, porém alguns produzem um efeito mais eficaz do que outros, tendo em conta o grau de controlo do stress e a fase da doença em que se encontra o indivíduo em questão (Silva, 2013). Numa fase de diagnóstico, o suporte emocional é imprescindível, dando lugar posteriormente, ao suporte instrumental e informativo, uma vez que, os doentes sentem necessidade de conhecer todo o processo de tratamento e quais as consequências daí decorrentes (Patrão, 2007). Perante situações em que o prognóstico não é positivo, o suporte emocional revela-se novamente como o mais eficaz, na medida em que, facilita o controlo de emoções negativas. Por outro lado, o apoio percetivo mostra-se relevante quando se verifica uma distorção da realidade (Silva, 2013).

Deste modo, depreende-se que a doença oncológica pode implicar um enorme impacto psicológico, capaz de suscitar elevados níveis de distress psicológico e uma diminuição do bem-estar. O distress no paciente oncológico, dirá respeito a uma experiência emocional desagradável e multifatorial, de natureza psicossocial e/ou espiritual, decorrente quer da perceção da própria vulnerabilidade, tristeza, fantasias e medo perante o desconhecido; quer das reações mais intensas como a depressão, a ansiedade, o pânico, as crises existenciais e o isolamento social, podendo interpor-se com a capacidade de confronto efetivo com a

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6 Referências

American Psychological Association. (2010). Publication manual of the American Psychological Association (6th ed.). Washington, DC.

Barros, N., A., V. (2008). Satisfação sexual e imagem corporal em mulheres com cancro da mama – estudo exploratório numa amostra de mulheres submetidas a amputação

cirúrgica da mama (Dissertação de Mestrado não publicada). Universidade Aberta,

Lisboa.

Instituto Nacional de Estatística (2015). Causas de Morte - 2013. Retirado de

ttps://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESp ub_boui=229905695&PUBLICACOEStema=55538&PUBLICACOESmodo=2

Louro, S. P. (2009). O impacto da vivência da incapacidade física na qualidade de vida relacionada com a saúde nos doentes oncológicos: um estudo exploratório (Dissertação

de Mestrado não publicada). Universidade de Lisboa- Faculdade de Psicologia, Lisboa. Macedo, A., Andrade, S., Moital, I., Moreira, A., Pimentel, F., Barroso, S.,…Bonfill, X.

(2008). Perfil da doença oncológica em Portugal. Racional, objetivos e metodologia-estudo perfil. Acta Médica Portuguesa, 21, 329-334. Retirado de

http://www.actamedicaportuguesa.com/pdf/2008-21/4/329-334.pdf

Moreira, H. & Canavarro, M. C. (2011). A adaptação ao cancro da mama nas fases de diagnóstico e sobrevivência: Será o investimento na aparência um factor explicativo

relevante? Análise Psicológica, 29(4). doi: 10.14417/ap.100

Oliveira, A., Pozer, Silva, T., Parreira, B., & Silva, S. (2012). Ações extensionistas voltadas para a prevenção e o tratamento do câncer ginecológico e de mama: relato de experiência. Revista da Escola de Enfermagem-USP, 46(1), 240-245. Retirado de

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7 Patrão, I. A. M. (2007). O ciclo psico-oncológico no cancro da mama: estudo do impacto

psicossocial do diagnóstico e dos tratamentos (Dissertação de Doutoramento não

publicada). Universidade Nova de Lisboa, Lisboa.

Romano, A., Negreiro, J., & Martins, T. (2007). Contributos para a validação da Escala de Auto-Estima de Rosenberg numa amostra de adolescentes da região interior norte de país. Psicologia, Saúde & Doenças, 8(1), 109-116. Retirado de

http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?pid=S1645-00862007000100008&script=sci_arttext

Santos, T. F. R. (2014). Saúde mental e bem-estar espiritual da pessoa com doença oncológica (Dissertação de Mestrado não publicada). ISPA-Instituto Universitário,

Lisboa.

Seara, M. L. P. S. (2012). Imagem corporal e função sexual das mulheres mastectomizadas (Dissertação de Mestrado não publicada). Universidade de Lisboa, Lisboa.

Silva, S. C. J. (2013). Crescimento pós-traumático, estratégias de coping e suporte social no cancro da mama: comparação entre mulheres, durante e após tratamento sistémico

(Dissertação de mestrado não publicada). ISPA-Instituto Universitário; Lisboa. Sousa, M. C. (2011). Qualidade de vida, ajustamento conjugal e imagem corporal dos

pacientes oncológicos (Dissertação de Mestrado não publicada). Universidade de Lisboa,

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Parte I

O Papel do Suporte Social na Autoestima e na Imagem Corporal

em Mulheres Portadoras de Doenças Oncológicas

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10 Resumo

Tanto no cancro da mama, como no cancro do colo do útero, o tratamento cirúrgico passa muitas vezes pela remoção total do órgão afetado. A perda destes órgãos femininos ligados à atratividade, sexualidade e maternidade, conduz muitas vezes a alterações inesperadas da perceção da imagem corporal e a uma diminuição da autoestima. O suporte social revela-se capaz de atenuar estes efeitos adversos causados tanto pela doença, como pelos tratamentos inerentes à mesma. Assim, a presente investigação apresentou como objetivo comparar mulheres com cancro da mama, mulheres com cancro do colo do útero e mulheres sem diagnóstico oncológico, relativamente à perceção da imagem corporal, aos níveis de

autoestima e à satisfação com o suporte social e ainda, verificar se o suporte social assume-se como um preditor da perceção da imagem corporal e dos níveis de autoestima. A amostra foi constituída por 140 participantes, distribuídas por 3 grupos: grupo clínico composto por 40 mulheres com cancro da mama; grupo clínico constituído por 40 mulheres com cancro do colo do útero; grupo de controlo composto por 60 mulheres sem diagnóstico de doença oncológica. Na recolha dos dados foram utilizados 4 instrumentos, sendo estes, um

questionário sociodemográfico e clínico construído para o efeito, Questionário da Autoestima Global, a Escala de Imagem Corporal: como me relaciono com o meu corpo e por último, a Escala de Satisfação com o Suporte Social. Os resultados demonstraram que a doença oncológica não provocou uma depreciação da perceção da imagem corporal, nem diminui os níveis de autoestima, assim como, não influenciou a satisfação com o suporte social

percecionado. O suporte social não se revelou como preditor da perceção da imagem corporal, nem dos níveis de autoestima.

Palavras-chave: autoestima, cancro da mama, cancro do colo do útero, imagem corporal,

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11 Abstract

In both the breast and cervical cancers, the surgery often consists in the total removal of the affected organ. The loss of these feminine organs related to attractiveness, sexuality and maternity often leads to unexpected changes in body image perception and decreased self-esteem. Social support can in fact mitigate the adverse effects caused both by the disease and its treatments. Thus, this research aimed to compare women with breast cancer, women with cervical cancer and women without cancer diagnosis concerning the perception of body image, self-esteem levels and satisfaction with social support and verify if the social support is assumed as a predictor of the perception of body image and self-esteem levels. Thus, this study is quantitative, descriptive, comparative and correlational. It is likewise the quasi-experimental and transversal type, in which the data was collected in unique moments. The data was analyzed using the Statistical Package for the Social Science (SPSS), version 17. The sample consisted of 140 participants, divided into 3 groups, 2 experimental groups and 1 control group: (1) clinical group consisting of 40 women with breast cancer; (2) clinical group composed of 40 women with cervical cancer; (3) control group composed of 60 women without cancer disease. To assemble the data 4 instruments were used, these being a sociodemographic and a clinical questionnaire built for this purpose, a questionnaire of Questionário da Autoestima, Escala de Imagem Corporal: como me relaciono com o meu corpo, and finally the Escala de Satisfação com o Suporte Social. The results showed that the oncological disease does not cause a deterioration in the perception of body image, does not pull down self-esteem levels, as well as does not impacts satisfaction with the perception of social support. Social support did not revealed to be a predictor of both the perception of body image, as the self-esteem levels.

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12 Introdução

Imagem Corporal e Autoestima no Cancro da Mama

No corpo feminino, a mama é presumivelmente a parte que acarreta uma maior carga simbólica. Esta constitui-se como objeto de prazer e de atratividade sexual e por outro lado, como o órgão de amamentação e de estabelecimento de uma relação de proximidade com os filhos (Barros, 2008).

Presentemente, o cancro da mama já não se reduz a uma doença mortal, sendo curável, quando detetada precocemente. No entanto, receber um diagnóstico de uma doença ainda muito estigmatizada, que implica a realização de tratamentos intrusivos, pode despoletar diferentes consequências psicológicas e sociais. Evidentemente, a forma como cada mulher encara a sua nova condição, que se irá traduzir num melhor ou pior ajustamento, varia consoante a doente em questão (Patrão, 2007).

A literatura resguarda que, determinadas caraterísticas sociodemográficas, tidas em consideração no presente estudo, tais como, o estado civil, o nível de escolaridade, a situação profissional e o número de filhos, podem influenciar a forma como a paciente oncológica vivência a doença e os tratamentos intrínsecos à mesma.

Neste sentido, Barros (2008) defende que, as mulheres solteiras exibem uma maior preocupação com a imagem corporal e que por conseguinte, são as que sofrem uma maior depreciação da perceção dos seus corpos, quando submetidas a uma amputação total ou parcial da mama e aos tratamentos complementares.

De acordo com Tojal e Costa (2014), o nível de escolaridade que as pacientes possuem, influência a forma como as mesmas vivenciam a doença, na medida em que, segundo estes autores quanto menor for a escolaridade, maior será a dificuldade das mulheres

compreenderem todo o processo inerente ao adoecer, o que consequentemente restringe um uso ajustado de estratégias ativas de combate à doença.

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13 No que diz respeito à situação profissional, de acordo com Remondes-Costa, Jimenéz, e Pais-Ribeiro (2012), este domínio é extremamente afetado, uma vez que, devido

essencialmente aos tratamentos, as mulheres passam a confrontar-se com uma grande dificuldade em realizar as atividades intrínsecas à profissão, que anteriormente à doença, realizavam com facilidade. Muitas dessas mulheres têm de efetivamente retirar-se do exercício de qualquer tipo de função laboral.

Por fim, relativamente ao número de filhos, num estudo realizado por Seara (2012) que teve como objetivo geral conhecer a influência da mastectomia na imagem corporal e na função sexual da mulher, onde participaram 69 mulheres com cancro da mama e 65 mulheres sem qualquer diagnóstico oncológico, quando comparados os dois grupos, não verificaram diferenças estatisticamente significativas, relativamente a esta variável.

De forma comumente, a literatura consultada, defende também que, determinadas caraterísticas oncológicas, são de igual modo capazes de, influenciar a forma como cada mulher encara a sua nova condição de doente oncológica. Neste sentido, o presente estudo teve em conta as seguintes características de ordem clínica: tempo decorrido desde a realização da cirurgia, a realização de tratamentos complementares à cirurgia e o tipo dos mesmos, diagnóstico de doença mental e estatuto de menopausa.

Assim, relativamente ao tempo decorrido desde a realização da cirurgia, Barros (2008) diz-nos que a depreciação da imagem corporal, não ocorre de imediato após o tratamento cirúrgico, verificando-se um agravamento da mesma cerca de seis a dez meses após a amputação da mama. Esta condição deve-se também ao facto de, ser no primeiro ano após a cirurgia, que estas mulheres começam a sofrer os efeitos secundários decorrentes dos

tratamentos adjuvantes, que são de igual modo, percecionados pela maioria das doentes como devastadores.

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14 A quimioterapia, um dos tratamentos passível de ser empregue após o tratamento cirúrgico, é considerado por muitas mulheres como o mais difícil de ultrapassar, dado que, implica uma exposição forçada da doença de que padecem à sociedade. Enquanto a mastectomia é suscetível de ser totalmente disfarçada, alguns dos efeitos secundários, já não. A perda do cabelo constitui-se como um momento extremamente doloroso para a maioria das mulheres, influenciando fortemente a imagem corporal e a autoestima das mesmas. Nesta fase, a mulher sente a sua identidade social comprometida, podendo até mesmo isolar-se.

Por sua vez, a radioterapia, como já referido anteriormente, apresenta de igual modo, um vasto conjunto de efeitos secundários, difíceis de tolerar. Este tratamento, ao destruir as células cancerígenas, destrói de igual modo, as células ditas normais, causando deste modo, uma elevada morbilidade no paciente oncológico (Seara, 2012).

É relevante referir ainda que, estes tratamentos adjuvantes induzem recorrentemente a uma menopausa, para muitas mulheres precoce, sendo que, a esta fase encontra-se por vezes também associada alguma sintomatologia física (afrontamentos, dores nas articulações, fadiga e diminuição da líbido), e ainda sintomas psicológicos (ansiedade, depressão, perturbações do sono) (Pimenta, Leal, & Branco, 2007), o que pode conduzir a um agravamento da depreciação da imagem corporal e uma diminuição dos níveis de autoestima.

Através do estudo realizado por Silva, Bettencourt, Moreira, e Canavarro (2011) com 363 mulheres, distribuídas por quatro grupos distintos: mulheres recentemente diagnosticadas, mulheres a receber tratamento de quimioterapia adjuvante ou neoadjuvante, mulheres na fase de sobrevivência para o cancro da mama e por último, um grupo de controlo, tornou-se possível verificar efetivamente que estes tratamentos, exercem um impacto negativo nas doentes, dado que, estes autores constataram que as mulheres a realizar tratamento apresentavam uma autoestima mais baixa, comparativamente às mulheres que se

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15 É importante ainda, ter em conta, o estado emocional em que se encontram as mulheres, uma vez que, segundo Patrão (2007), as mesmas quando possuem um historial clínico de depressão, tendencialmente declinam os tratamentos, assim como, apresentam uma taxa de sobrevivência inferior, quando comparadas com as mulheres sem diagnóstico de depressão. Todavia, recorrendo ao estudo realizado por Barros (2008), onde participaram 124 mulheres com diagnóstico de cancro da mama e sujeitas a amputação cirúrgica da mama, tal situação não se verificou, dado que, este autor constatou que as mulheres que já tinham sido

diagnosticadas formalmente com depressão, antes de receberem o diagnóstico de cancro, não apresentaram uma maior depreciação da imagem corporal, quando comparadas com as mulheres que nunca tinham sido diagnosticadas com depressão.

Imagem Corporal e Autoestima no Cancro do Colo do Útero

Tal como acontece com a mama, o útero também está intimamente relacionado à feminilidade da mulher, dado que, está associado à função reprodutiva e à sexualidade da mesma. Consequentemente, a remoção deste órgão acarreta uma depreciação da imagem corporal da mulher (Nunes, 2008). De forma comumente, a paciente sente receio de perder a sua feminilidade, atratividade física e identidade sexual (Caçador, 2013).

De acordo com a literatura consultada e tal como referido anteriormente, determinadas características sociodemográficas são capazes de influenciar a forma como as doentes se adaptam à doença.

Relativamente à variável estado civil, não foram encontrados estudos que tivessem em conta a mesma. Contudo, tendo em conta que, perante uma situação de doença oncológica, o marido constitui-se como uma das principais fontes de suporte emocional para o doente em questão, é expectável que, no nosso estudo, as mulheres solteiras apresentem uma maior depreciação da imagem corporal, assim como níveis mais baixos de autoestima,

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16 No que concerne ao nível de escolaridade, tal como referido anteriormente,

presumivelmente, quanto maior for a escolaridade, mais adequada será a perceção da imagem corporal e mais elevados serão os níveis de autoestima. Por outro, relativamente à situação profissional, estima-se que as mulheres ativas profissionalmente sofram um maior impacto causado pela doença e respetivos tratamentos, tendo em conta que, terão mais dificuldade na realização de tarefas e eventualmente, terão de suspender o exercício da profissão. Não obstante, num estudo realizado por M. C. Sousa (2011), com 72 pacientes oncológicos, onde 11 foram submetidas a uma histerectomia total e 7 a uma histerectomia radical, que

objetivava parcialmente verificar a influência de determinadas variáveis sociodemográficas na imagem corporal, não foram encontrados resultados estatisticamente significativos relativamente a estas variáveis.

Nunes (2008) defende que, a remoção do útero e subsequentes tratamentos, por vezes, não causam impacto negativo nas doentes, principalmente nas que já têm filhos e que portanto, não estão preocupadas com questões de fertilidade, uma vez que, as mesmas sentem-se aliviadas após a histerectomia, devido a uma melhoria da sintomatologia

consequente do quadro clínico. Tendo em conta este fator, seria expectável que as mulheres sem filhos sofressem um impacto negativo mais acentuado, comparativamente às mulheres com mais idade e às que já conceberam. No entanto, no estudo realizado M. C. Sousa (2011), referido anteriormente, não foram encontrados resultados estatisticamente significativos relativamente à variável número de filhos.

De acordo com Caçador (2013), o primeiro ano após a realização da cirurgia apresenta-se como o mais difícil de ultrapassar, dado que neste período de tempo as mulheres sentem um maior impacto, decorrente da perda recente do órgão. Neste sentido, Korfage et al. (2008), realizaram um estudo com 291 mulheres, que já tinham sido submetidas aos tratamentos há 2-10 anos onde apuraram que as mulheres submetidas aos tratamentos há 2-5 anos

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17 apresentavam uma depreciação da imagem corporal superior às submetidas aos tratamentos há 6-10 anos.

Os tratamentos adjuvantes, quimioterapia e radioterapia, acarretam determinadas efeitos secundários, que também influenciam negativamente a imagem corporal, bem como a autoestima das pacientes, tal como já descrito anteriormente. No cancro do colo do útero, contrariamente ao cancro da mama, as pacientes são submetidas essencialmente a sessões de radioterapia, estando sujeitas a tratamentos de quimioterapia apenas quando a doença já se encontra num estádio muito avançado, onde já se verifica extensão para outras paredes (A. P. Sousa, 2011).

Ferrandina et al. (2011) defendem que, a radioterapia tem um maior impacto a nível psicológico do que a histerectomia radical. Os mesmos autores realizaram um estudo com 96 mulheres submetidas exclusivamente a uma histerectomia radical e 92 mulheres submetidas a histerectomia radical e de forma comumente submetidas a quimioradioterapia em diferentes estádios da doença (diagnóstico, após tratamento de quimioradioterapia, 3, 6 e 12 meses após a cirurgia), onde, entre outras variáveis compararam a imagem corporal nos dois grupos. Constataram que houve uma melhoria da perceção da imagem corporal no grupo de mulheres que realizou apenas histerectomia radical, ao longo dos vários momentos da avaliação. Contrariamente, no grupo de mulheres que foram submetidas também a quimioradioterapia, houve uma depreciação da perceção da imagem corporal após a realização destes mesmos tratamentos.

Neste tipo de patologia, tendo em conta que, na maioria das vezes, ocorre a remoção do útero e dos ovários, a maioria das mulheres enfrenta uma menopausa induzida. Apesar de, os sintomas entre a menopausa natural e a menopausa cirúrgica serem semelhantes, a cirúrgica ocorre de forma inesperada e mais abrupta, ou seja, não ocorre um período de transição, que permite às mulheres, uma adaptação plácida às alterações físicas e psicológicas inerentes a

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18 esta nova fase. Tendo em conta que, culturalmente a menopausa está associada ao início da velhice, pode ocorrer uma diminuição dos níveis de autoestima (Caçador, 2013).

Finalmente, tal como já referido anteriormente, a preexistência ao diagnóstico de doença oncológica, de determinadas perturbações psicológicas, pode dificultar o ajustamento mental necessário à doença (Caçador, 2013).

Importa referir por último que, presumivelmente, quando comparados os dois grupos clínicos em estudo na presente investigação, relativamente à perceção da imagem corporal e aos níveis de autoestima, o grupo de mulheres com cancro da mama apresente uma perceção da imagem corporal mais negativa e níveis de autoestima mais baixos comparativamente ao grupo de mulheres com cancro do colo do útero. M. C. Sousa (2011) corrobora esta predição, na medida em que, na investigação realizada pela mesma, onde adicionalmente às mulheres com cancro do colo do útero já referidas, também foram incluídos pacientes submetidos a outras cirurgias, nomeadamente mastectomia, entre outros, constataram que as pacientes submetidas a mastectomia apresentaram uma maior preocupação com a imagem corporal comparativamente às mulheres que foram submetidas a uma histerectomia total.

O Papel do Suporte Social

O suporte social é referido na literatura, como sendo um preditor no ajustamento emocional a doenças oncológicas, na medida em que, para estes doentes, ter alguém com quem conversar sem restrições acerca dos medos e preocupações, permite aos mesmos adotar melhores estratégias de enfrentamento à doença e ainda, alcançarem um ajustamento

emocional eficaz (Barradas, 2009). Segundo Santos, Ribeiro, e Lopes (2003), o suporte social possui a capacidade de reduzir os níveis de stress e em situações de doença, desempenha uma função positiva na recuperação da mesma, contribuindo para o aumento da perceção de bem-estar psicológico.

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19 O apoio prestado pelo companheiro revela-se essencial à doente oncológica, uma vez que, por um lado conduz a mesma ao uso de estratégias de coping adequadas e, por outro lado, diminui os efeitos adversos causados pelos tratamentos ao nível da feminilidade e atratividade, não permitindo uma diminuição da autoestima (Barradas, 2009; Seara, 2012).

Nesta prossecução, através do estudo realizado por Santos et al. (2003), onde participaram 385 doentes oncológicos da mama e dos sistemas digestivo, urológico e

ginecológico, foi possível verificar que são efetivamente as mulheres casadas ou em união de facto, que se demonstraram mais satisfeitas com o suporte social percebido, no que diz respeito à intimidade e à satisfação com a família.

De acordo com Alves (2010), a situação profissional também exerce influência na forma como o suporte social é percebido, tendo em conta que, aparentemente as mulheres que se encontram ativas profissionalmente, estabelecem um maior contacto diário com a rede de suporte social, o que consequentemente faz com que estas mulheres percecionem uma maior satisfação social, quando comparadas com as mulheres que não se encontram a trabalhar. No estudo realizado por Patrão (2007), as mulheres que apresentaram um estado emocional equilibrado e uma elevada perceção do suporte social nas atividades sociais e dos amigos, correspondiam às mulheres ativas profissionalmente. Por outro, no estudo concretizado por Alves (2010), onde participaram 76 mulheres diagnosticadas com cancro da mama, cancro ginecológico e a realizar reconstrução oncoplástica, as mulheres com maior escolaridade, apresentaram uma maior satisfação com os amigos. Esta autora conjeturou que seriam as mulheres mais jovens e com mais escolaridade a participarem em mais atividades sociais.

Por fim, relativamente à variável número de filhos, não foi encontrado suporte literário que sustente a influência do mesmo na perceção do suporte social. No entanto, conjetura-se que os filhos se apresentem como fontes de elevado suporte social.

(29)

20 De acordo com Patrão (2007), o tipo de suporte necessário varia consoante a fase em que se encontra a doente. Assim, segundo esta autora, numa fase pós-cirurgia, o suporte

informativo prestado pelos profissionais de saúde é fundamental, dado que, as pacientes sentem necessidade de saber explicitamente qual o passo seguinte, quais os tratamentos a que ainda serão submetidas e quais são os possíveis efeitos secundários. De forma comumente, ainda nesta fase, o suporte emocional proveniente da família e rede de amigos também é fundamental, uma vez que, a paciente sente necessidade de ter alguém disponível com quem conversar abertamente, o que irá proporcionar um aumento da autoestima e bem-estar

psicológico. O suporte instrumental, por vezes também se torna necessário, quando a paciente em questão, a título de exemplo, necessita de ajuda financeira. É de igual modo nesta fase, que as pacientes iniciam os tratamentos adjuvantes, que tal como já referido anteriormente, causam alguma debilidade física e emocional.

Relativamente a estes tratamentos, Patrão (2007) verificou que, as mulheres que foram submetidas a quimioterapia, radioterapia e hormonoterapia apresentaram uma elevada perceção do suporte social dos amigos. Por outro lado, as mulheres que apresentavam psicopatologia precedentemente ao diagnóstico de patologia oncológica possuíam elevada satisfação com o suporte social relativamente às atividades sociais.

Numa fase posterior, após estes tratamentos, segundo Patrão (2007), as pacientes já se encontram num estado emocional mais ajustado, identificando a doença como algo que já foi ultrapassado, o que lhes possibilita um retorno à rotina antes seguida.

Deste modo, nesta fase, a mulher carece de suporte instrumental, proveniente de grupos de apoio formais ou de elementos da rede social. Por outro lado, o suporte emocional deve manter-se presente, pois esta transição para a rotina e funções que antes desempenhava pode despoletar na mesma alguma ansiedade.

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21 No estudo realizado por Alves (2010), ao compararem os dois grupos, mulheres com cancro da mama e mulheres com cancro ginecológico, as mulheres com cancro da mama mostraram menos satisfação com a intimidade e menos atividades sociais. Por outro lado, as mulheres com cancro ginecológico demonstraram menor satisfação com a família mas uma maior satisfação com suporte social global.

Assim sendo, a presente investigação apresentou como objetivo geral verificar se o suporte social exerce um efeito preditor na perceção da imagem corporal e nos níveis de autoestima, nos três grupos em estudo, sendo estes, mulheres com cancro da mama, mulheres com cancro do colo do útero e mulheres sem diagnóstico de doença oncológica.

Como objetivos específicos, teve os seguintes: a) comparar os três grupos relativamente às variáveis dependentes, ou seja, imagem corporal, autoestima e suporte social; b) comparar os três grupos, relativamente à possível influência das características sociodemográficas, sendo estas, o estado civil, o nível de escolaridade, a situação profissional e o número de filhos, na perceção da imagem corporal, nos níveis de autoestima e na satisfação social; c) comparar os dois grupos clínicos em estudo, relativamente à possível influência das

características clínicas, sendo estas, o tempo decorrido desde a cirurgia, a realização e o tipo de tratamento complementar, diagnóstico de depressão e estatuto de menopausa, na perceção da imagem corporal, nos níveis de autoestima e na satisfação social.

Metodologia

Caracterização da Investigação

A presente investigação é quantitativa, uma vez que, se procedeu à mensuração numérica dos dados e posterior comparação e descrição das variáveis. É de igual modo do tipo quase-experimental, dado que, não existiu um controlo ao nível das variáveis independentes. Por último, consiste também numa investigação transversal, sendo que, os dados foram

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22 recolhidos em momentos únicos. Os dados foram analisados através do programa Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 17.

Participantes

A amostra foi constituída por 140 participantes, distribuídas por 3 grupos distintos: (1) 40 mulheres diagnosticadas com cancro da mama, (2) 40 mulheres diagnosticadas com cancro do colo do útero e (3) 60 mulheres pertencentes ao grupo de controlo. Os critérios de inclusão foram os seguintes: 1) todas as participantes terem idade igual ou superior a 18 anos; 2) todas as participantes não terem sido diagnosticadas com alguma doença de foro mental que

interferisse com as respostas aos questionários; 3) todas as participantes pertencentes aos grupos 1 e 2, já terem sido diagnosticadas formalmente com cancro da mama e cancro do colo do útero, respetivamente; 4) todas as participantes do grupo 3 não padecerem de nenhuma doença oncológica.

Caracterização sociodemográfica da amostra.

As caraterísticas sociodemográficas da amostra estão descritas de forma pormenorizada no quadro 1. A amostra foi constituída na sua totalidade por 140 participantes, das quais 40 mulheres padecem de cancro da mama e tinham uma média de idades de 49.75 (DP=8.06), 40 mulheres padecem de cancro do colo do útero, e apresentavam uma média de idades de 49.98 (DP=8.39), e as restantes 60 pertencentes ao grupo de controlo apresentavam uma média de idades de 43.48 (DP=9.26). No que concerne ao estado civil, a maioria das participantes revelou ser casada ou estar em união de facto (67.9%). No que diz respeito ao nível de escolaridade, verificou-se que as situações mais frequentes correspondiam às participantes terem completado o 1º ciclo (25.7%) ou terem um curso superior (25.7%). Relativamente à situação profissional das participantes, a maioria (63.6%) encontravam-se a trabalhar. Por fim, relativamente ao número de filhos, o mais frequente era as mulheres terem 2 filhos (30%).

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23 Quadro 1: Caracterização sociodemográfica da amostra (n=140)

G. Mama (n=40) G. Útero (n=40) G. Controlo (n=60) Variáveis n (%) n (%) n (%) Estado Civil Casada/União de facto 28 (70) 22 (55) 45 (75) Solteira/Divorciada/Viúva 12 (30) 18 (45) 15 (25) Nível de escolaridade 1ºciclo 12 (30) 17 (42.5) 7 (11.7) 2ºciclo 10 (25) 5 (12.5) 5 (8.3) 3ºciclo 4 (10) 6 (15) 6 (10) Ensino secundário 6 (15) 7 (17.5) 19 (31.7) Ensino superior 8 (20) 5 (12.5) 23 (38.3) Situação Profissional Ativa 25 (62.5) 20 (50) 44 (73.3) Não ativa 15 (37.5) 20 (50) 16 (26.7) Número de filhos Nenhum 5 (12.5) 6 (15) 20 (33.3) Um 10 (25) 14 (35) 13 (21.7) Dois 17 (42.5) 10 (25) 15 (25) Três 4 (10) 8 (20) 6 (10) Mais de três 4 (10) 2 (5) 6 (10)

Caraterização clínica da amostra.

As caraterísticas clínicas da amostra estão descritas de forma pormenorizada no quadro 2. Verificou-se que, a situação mais frequente (28.8%) correspondeu às mulheres que foram submetidas a uma cirurgia para remoção do tumor há menos de um ano. No momento da recolha dos dados, 46 (57.5%) mulheres não estavam a ser submetidas a nenhum tratamento. Relativamente à incidência de depressão, importa referir que 13 (16.3%) participantes

(33)

24 revelaram já terem sido diagnosticadas formalmente com depressão. Por fim, constatou-se que 66 mulheres (82.5%) já se encontravam na menopausa.

Quadro 2: Caracterização clínica da amostra (n=80)

1 2

n=40 n=40

Variáveis n (%) n (%)

Tempo decorrido desde a cirurgia

- de 1 ano 14 (35) 9 (22.5)

1 a 3 anos 8 (20) 8 (20)

3 a 5 anos 8 (20) 5 (12.5)

+ de 5 anos 7 (17.5) 5 (12.5)

Não foi submetida a cirurgia 3 (7.5) 13 (32.5)

Tratamento complementar atual

Não 12 (30) 34 (85) Sim 28 (70) 6 (15) Quimioterapia 8 (20) 4 (10) Radioterapia 1 (2.5) 1 (2.5) Hormonoterapia 10 (25) Quimioradioterapia 9 (22.5) 1 (2.5)

Presença doença mental

Depressão Não 32 (80) 35 (87.5) Sim 8 (20) 5 (12.5) Menopausa Não 10 (25) 4 (10) Sim 30 (75) 36 (90)

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25 Instrumentos

Na recolha dos dados foram utilizados quatro instrumentos, sendo estes, um questionário sociodemográfico e clínico construído para o efeito, o Questionário da Autoestima Global (RSES; Vasconcelos-Raposo, Fernandes, Teixeira, & Bertelli, 2012), a Escala de Imagem Corporal: como me relaciono com o meu corpo (EIC; Palhinhas, Tapadinhas, & Ribeiro, 2000) e por último a Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS; Ribeiro, 1999).

O questionário sociodemográfico e clínico apresentava as seguintes questões

sociodemográficas: idade, estado civil, nível de escolaridade, situação profissional e número de filhos, sendo estas questões idênticas para os três grupos em estudo. Relativamente aos itens de ordem clínica, foi colocado às mulheres com doença oncológica as seguintes

questões: tempo decorrido desde a cirurgia, se à data da recolha dos dados se encontravam a realizar algum tratamento e qual, se já tinham sido diagnosticadas formalmente com alguma doença de foro mental e se sim, qual e por fim, se já se encontravam na menopausa.

No que diz respeito ao Questionário da Autoestima Global (RSES; Rosenberg, 1989) este foi adaptado para a população portuguesa por Vasconcelos-Raposo, Fernandes, Teixeira, e Bertelli (2012) e consiste numa medida de autopreenchimento, constituída por 10 afirmações, 5 positivas e 5 negativas, sendo que, os participantes devem assinalar a resposta que mais se adequa à conceção de valor que têm de si próprios. Para cada afirmação, existem quatro possibilidades de resposta (concordo totalmente = 4, concordo = 3, discordo = 2 e discordo totalmente = 1). Após a inversão das respostas negativas (item 3, 5, 8, 9 e 10) o somatório dos 10 itens origina uma pontuação que pode variar entre 10 e 40, sendo que, pontuações mais elevadas correspondem a maiores níveis de autoestima global.

Por sua vez, a Escala de Imagem Corporal: como me relaciono com o meu corpo (EIC), elaborada por Palhinhas, Tapadinhas e Ribeiro (2000), tem como pressuposto a visão holística da mulher. A construção da mesma baseou-se em duas escalas de imagem corporal

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26 precedentemente existentes: Subescala de Imagem Corporal Global que objetiva avaliar a imagem do corpo em geral e a Body Image Scale que pretende avaliar a perceção do corpo mórbido, sendo esta especificamente concebida para ser aplicada a doentes com o diagnóstico de neoplasia maligna. A escala é composta por 14 afirmações, com 4 possibilidades de

resposta. Na primeira parte da escala, onde é avaliado o conceito de corpo, a cotação é feita da seguinte forma: Não Concordo = 1; Concordo Pouco = 2; Concordo Moderadamente = 3; Concordo Bastante = 4. Relativamente à segunda parte da escala, que pretende avaliar o corpo mórbido, a cotação é feita por ordem decrescente, ou seja, Não Concordo = 4;

Concordo Pouco = 3; Concordo, Moderadamente = 2; Concordo Bastante = 1. O somatório dos 14 itens resulta numa pontuação que varia entre 14 e 56. Deste modo, uma pontuação elevada corresponde a uma melhor relação com a imagem corporal (Seara, 2012). De acordo com as autoras da escala, esta apresenta uma boa consistência interna, com um alfa de Cronbach de 0.75 para a dimensão Conceito do Corpo, 0.80 para a dimensão Perceção do

Corpo Doente e 0.79 para a Escala Total.

Por último, a avaliação da satisfação com o suporte social foi realizada através da Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS), instrumento desenvolvido por Wethingson e Kessler (1986) e validado para a população portuguesa por Ribeiro (1999). Posteriormente, Santos et al. (2003) realizaram um estudo de adaptação da referida escala a pessoas com diagnóstico de doença oncológica. A ESSS consiste numa escala de autopreenchimento, constituída por 15 frases, às quais os participantes assinalam o grau de concordância com as mesmas, através de 5 possíveis respostas, “concordo totalmente”, “concordo na maior parte”, “não concordo nem discordo”, “discordo na maior parte” e “discordo totalmente”. A ESSS permite extrair 4 dimensões ou fatores: Satisfação com Amigos/Amizades (SA); Intimidade (IN); Satisfação com a Família (SF) e Atividades Sociais (AS). A escala possibilita ainda a

(36)

27 obtenção de uma pontuação global (Escala Global da ESSS), onde pontuações mais elevadas correspondem a uma perceção de maior satisfação com o suporte social.

No estudo de adaptação da escala a pessoas com diagnóstico de doença oncológica, os autores obtiveram uma boa fidelidade em todos os domínios ou fatores, com um coeficiente alfa de Cronbach a variar entre 0,66 e 0,89 (Santos, Ribeiro, & Lopes, 2003).

No presente estudo, as variáveis independentes foram as seguintes: estado civil, nível de escolaridade, situação profissional, número de filhos, tempo decorrido desde a realização da cirurgia, realização e tipo de tratamento complementar à data da recolha dos dados,

diagnóstico formal de depressão e presença ou não de estatuto de menopausa. Por sua vez, as variáveis dependentes foram a imagem corporal, a autoestima e a satisfação com o suporte social.

Procedimentos

Primeiramente contactamos os autores dos questionários de forma a obtermos

autorização para utilizarmos os mesmos no presente estudo. Após parecer favorável por parte destes autores, e de forma a procedermos à recolha da amostra, foram enviados pedidos de aplicação dos questionários a várias instituições hospitalares, sendo obtido parecer favorável por parte da Comissão de Ética e da Administração, de duas instituições localizadas no norte do país.

Estas participantes, de acordo com as indicações das instituições hospitalares, foram abordadas a participar no presente estudo, enquanto aguardavam consultas, tratamentos de quimioterapia e/ou radioterapia, ou ainda em serviços de internamento. Naturalmente, foi tido em conta, o estado físico e emocional em que se encontravam as possíveis participantes, sendo apenas abordadas as que, aparentemente se encontravam estáveis e capazes de preencher os questionários de forma plácida, salvaguardando-se deste modo, que a participação no presente estudo, não seria causadora de qualquer constrangimento.

(37)

28 Posteriormente, explicou-se às participantes os objetivos do estudo e foi-lhes garantida a confidencialidade dos dados e o seu anonimato. Após aceitação por parte das mesmas em participarem na investigação, foi-lhes entregue o consentimento informado, bem como os respetivos questionários, auxiliando-se as mesmas no preenchimento destes questionários, quando necessário.

Relativamente à recolha dos dados do grupo de controlo, os questionários explicitados anteriormente, foram colocados online, num software já existente para este efeito.

Após a recolha dos dados, os questionários foram devidamente cotados de acordo com as orientações dos respetivos autores.

Tratamento Estatístico

Os dados do presente estudo foram analisados através do programa Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 17. Primeiramente realizou-se a análise descritiva das

variáveis independentes qualitativas e quantitativas através das frequências absolutas e relativas e do cálculo da média e desvio-padrão, respetivamente. Seguidamente, procedeu-se à análise da consistência interna da EIC, da RSES e da ESSS e respetivas subescalas, através do alfa de Cronbach, tendo-se como referência os valores referenciados por Pestana e Gajeiro (2008), sendo estes, valores entre 0.60 e 0.70 indicam uma consistência interna fraca, 0.70 e 0.80 indicam uma consistência interna razoável, 0.80 e 0.90 indicam uma boa consistência interna e valores superiores a 0.90 apontam para uma consistência interna muito boa. Posteriormente, de forma a percebermos as relações existentes entre as variáveis

independentes e variáveis dependentes recorreu-se à Análise Multivariada de Covariância (MANCOVA), utilizando-se a idade como covariável. Neste teste, a dimensão do efeito foi analisada através do eta quadrado parcial (ƞp2) e usados como referência os seguintes valores:

(38)

29 De acordo com as indicações de Maroco (2007), testou-se a normalidade dos dados através da análise dos coeficientes de assimetria e achatamento; testou-se a homogeneidade das variâncias através do Teste de Levene e a homogeneidade das matrizes de variâncias-covariâncias foi verificada pelo Teste de M Box. Para identificar o efeito preditor do suporte social na perceção da imagem corporal e nos níveis de autoestima, utilizou-se o teste de Regressão Linear Múltipla. Para todos os resultados estatísticos, considerou-se um nível de significância de 5%.

Resultados

Foi obtido um alfa de Cronbach de 0.88 para a EIC, 0.81 para a RSES, 0.93 para a SA, 0.83 para a SF, 0.75 para a IN, 0.69 para a AS e 0.88 para a Escala Global da ESSS, o que nos permite concluir que todos os instrumentos possuem uma boa consistência interna, exceto a subescala IN que revelou uma consistência interna considerada fraca (Pestana & Gajeiro, 2008). Relativamente aos coeficientes de assimetria, sendo estes (-0.44) para a EIC, (-0.19) para a RSES, 0.67) para a SA, 1.18) para a SF, 0.39) para a IN, 0.032) para a AS e (-0.27) para a Escala Global da ESSS, e achatamento, (-0.16) para a EIC, (-0.26) para a RSES, (-0.36) para a SA, (0.86) para a SF, (-0.39) para a IN, (-0.73) para a AS e (-0.78) para a Escala Global da ESSS, apesar de quase todos serem negativos, são próximos de zero o que de acordo com Maroco (2007) não invalida o recurso a técnicas multivariadas, uma vez que, as mesmas são resistentes à violação do pressuposto da normalidade, nomeadamente quando a amostra em estudo é superior a 30 – Teorema do Limite Central.

Relativamente ao recurso à Regressão Linear Múltipla, que teve como objetivo

identificar o efeito preditor do suporte social na perceção da imagem corporal e nos níveis de autoestima, procedeu-se inicialmente à análise dos resíduos para ambas as variáveis

dependentes, verificando-se que os mesmos obedeciam ao pressuposto da homogeneidade (DCj > 1 para ambas as variáveis); ao pressuposto da normalidade (através do gráfico de

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30 probabilidade normal observou-se que os valores distribuíam-se aproximadamente na

diagonal principal para ambas as variáveis); e ao pressuposto da independência (obteve-se no teste de Durbin-Watson d=2.186 para a variável EIC e d=2.116 para a variável RSES, logo concluiu-se que não existia autocorrelação entre os resíduos).

Imagem Corporal, Autoestima e Suporte Social nos Grupos Experimentais e Grupo de

Controlo

De forma a avaliar a Imagem Corporal, a Autoestima e o Suporte Social nos três grupos em estudo procedeu-se à realização de análises multivariadas de covariância (MANCOVA), utilizando-se a idade como covariável. Os resultados da mesma revelaram a inexistência de um efeito multivariado entre as mulheres com cancro da mama, mulheres com cancro do colo do útero e mulheres sem diagnóstico de doença oncológica e as variáveis dependentes

supracitadas (F(12,262)=0.773; p= 0. 678; λWilks=0.933), com efeito fraco (ƞp2 = 0.034). As

análises univariadas também revelaram a inexistência de um efeito univariado para todas as variáveis dependentes (Quadro 3).

(40)

31 Quadro 3: Comparação da EIC, RSES e ESSS e respetivas subescalas, entre os 3 grupos em estudo (N=140)

Variáveis G. Mama (n=40) (n=40) G. Útero (n=60) G. Controlo F P ƞp2 P. O.

EIC 3.05(0.58) 3.05(0.63) 3.06(0.55) 0.009 0.991 0.000 0.051 RSES 32.40(4.34) 31.30(5.85) 32.15(4.25) 0.557 0.574 0.008 0.141 SA 19.98(5.78) 17.45(6.03) 17.97(4.40) 2.787 0.065 0.039 0.541 SF 12.50(3.57) 12.15(3.65) 11.72(2.35) 0.746 0.476 0.011 0.175 IN 14.73(4.36) 13.60(4.60) 14.52(3.38) 0.785 0.458 0.011 1.182 AS 10.28(3.48) 9.03(3.72) 9.42(0.04) 1.441 0.240 0.021 0.304 Escala Global da ESSS 57.48(13.34) 52.26(14.12) 53.62(9.93) 2.215 0.123 0.030 0.430

Variáveis Sociodemográficas e Imagem Corporal, Autoestima e Satisfação Social

Foram realizadas análises multivariadas de covariância (MANCOVA), utilizando-se a idade como covariável, entre a EIC, a RSES e a ESSS e respetivas subescalas, em função das variáveis sociodemográficas em estudo, sendo estas, o estado civil, o nível de escolaridade, a situação profissional e o número de filhos.

Relativamente ao estado civil, os resultados indicaram a inexistência de um efeito multivariado nas variáveis dependentes (F(6,128)=1.529; p= 0.174; λWilks= 0.933) com efeito moderado (ƞp2 = 0.067). De igual modo, as análises univariadas revelaram a

inexistência de um efeito estatisticamente significativo do estado civil sobre as variáveis dependentes, EIC (p=0.974) com efeito nulo (ƞp2 = 0.001), RSES (p=0.236), com efeito fraco

(ƞp2 = 0.011), SA (p=0.713) com efeito nulo (ƞp2 = 0.001), SF (p=0.289) com efeito nulo (ƞp2

(41)

32 com efeito fraco (ƞp2 = 0.011). Contrariamente a estes resultados, a análise univariada revelou

a existência de um efeito estatisticamente significativo do estado civil sobre a variável IN (p=0.030) com efeito fraco (ƞp2 = 0.035), com as mulheres casadas ou em união de facto a

apresentarem valores superiores (M=14.88, DP=4.07) quando comparadas às mulheres solteiras, divorciadas ou viúvas (M=13.11, DP=3.74).

No que diz respeito ao nível de escolaridade, observou-se um efeito multivariado nas variáveis dependentes (F(24,416)=2.067; p= 0.002; λWilks= 0.675) com efeito moderado (ƞp2= 0.094). A análise univariada indicou um efeito estatisticamente significativo, do nível

de escolaridade sobre a EIC (p=0.027) com efeito moderado (ƞp2 = 0.084), sobre a RSES

(p=0.001) com efeito forte (ƞp2 = 0.136), sobre a IN (p =0.001) com efeito forte (ƞp2 = 0.139),

sobre a AS (p=0.001) com efeito forte (ƞp2 = 0.153) e por último, sobre a Escala Global da

ESSS (p=0.019) com efeito moderado (ƞp2 = 0.090). As diferenças significativas foram

verificadas com o teste post-hoc de Bonferroni (Quadro 4). Relativamente à variável SA, os resultados indicaram a ausência de efeito estatisticamente significativo (p=0.369) com efeito fraco (ƞp2 = 0.034), e de igual modo, a ausência de efeito estatisticamente significativo do

(42)

33 Quadro 4: Análises diferenciais da EIC, RSES e ESSS e respetivas subescalas, em função do nível de escolaridade (N=140)

Variáveis Nível de Escolaridade

M±DP P 95% IC

EIC 1º Ciclo Ensino Superior

2.89±0.10 3.380±0.11 0.020 [-0.94, -0.05]

RSES

1º Ciclo Ensino Superior

30.83±0.87 35.11±0.92 0.014 [-8.01, -0.55]

2º Ciclo Ensino Secundário

29.76±1.07 35.11±0.92 0.002 [-9.38, -1.32]

IN

1º Ciclo Ensino Secundário

13.06±0.74 16.39±0.78 0.028 [-6.46, -0.21]

2º Ciclo Ensino Secundário

12.93±0.91 16.39±0.78 0.044 [-6.87, 0.05]

3º Ciclo Ensino Secundário

12.27±0.98 16.39±0.78 0.013 [-7.71, -0.053]

3º Ciclo Ensino Superior

12.27±0.98 15.98±0.79 0.039 [-7.33, -0.10]

AS

1º Ciclo Ensino Secundário

8.09±0.61 10.73±0.64 0.040 [-5.21, -0.07]

1º Ciclo Ensino Superior

8.09±0.61 11.84±0.65 0.001 [-6.36, -1.14]

No que concerne à situação profissional os resultados indicaram a inexistência de um efeito multivariado nas variáveis dependentes em estudo (F(6,128)=1.972; p= 0.074; λWilks= 0.915) com efeito moderado (ƞp2 = 0.085). As análises univariadas confirmaram a

inexistência de um efeito estatisticamente significativo da situação profissional sobre a EIC (p=0.171) com efeito fraco (ƞp2 = 0.014), sobre a RSES (p=0.131) com efeito fraco (ƞp2 =

0.017), sobre a SA (p=0.299) com efeito nulo (ƞp2 = 0.008), sobre a SF (p=0.268) com efeito

nulo (ƞp2 = 0.009), sobre a IN (p=0.057) com efeito fraco (ƞp2 = 0.027), e por último, sobre a

Escala Global da ESSS (p=0.111) com efeito fraco (ƞp2 = 0.019). Por outro lado, a análise

(43)

34 profissional sobre a AS (p=0.003) com efeito moderado (ƞp2 = 0.063), com as mulheres que

se encontravam ativas profissionalmente a apresentarem pontuações mais elevadas (M=10.16, DP=3.41) quando comparadas com as que se encontravam sem exercer qualquer atividade

laboral (M=8.49, DP=3.09).

Quanto à variável números de filhos, a análise multivariada indicou que não existe um efeito multivariado da mesma, nas variáveis dependentes (F(24, 416)=0.958; p= 0.522; λWilks= 0.829) com efeito moderado (ƞp2 = 0.046). Análises univariadas posteriores

confirmaram a ausência de efeito da variável número de filhos sobre a EIC (p=0.375) com efeito fraco (ƞp2 = 0.033), sobre a RSES (p=0.905) com efeito nulo (ƞp2 = 0.008), sobre a SA

(p=0.108) com efeito moderado (ƞp2 = 0.059), sobre a SF (p=0.304) com efeito fraco (ƞp2 =

0.038), sobre a IN (p=0.799) com efeito fraco (ƞp2 = 0.013), sobre a AS (p=0.390) com efeito

fraco (ƞp2 = 0.032) e por último, sobre a Escala Global da ESSS (p=0.225) com efeito de

moderado (ƞp2 =0.044).

Variáveis Clínicas e Imagem Corporal, Autoestima e Satisfação social

Foram realizadas análises multivariadas de covariância (MANCOVA), utilizando-se a idade como covariável, entre a EIC, a RSES e a ESSS e respetivas subescalas, em função das variáveis clínicas em estudo, sendo estas: tempo decorrido desde a cirurgia, a realização e o tipo de tratamento complementar a que as participantes estavam a ser submetidas a aquando a participação no estudo, a presença de doença mental, sendo relatado pelas mulheres em estudo, apenas a presença de depressão e por último, a menopausa.

Assim, relativamente ao tempo decorrido desde a realização da cirurgia, os resultados indicaram a existência de um efeito multivariado nas variáveis dependentes em estudo (F(6,64)=1.064; p= 0.029; λWilks= 0.563) com efeito moderado (ƞp2 = 0.134). No entanto, as

análises univariadas revelaram a inexistência de um efeito estatisticamente significativo do tempo decorrido desde a realização da cirurgia sobre a EIC (p=0.353) com efeito moderado

(44)

35 (ƞp2 = 0.061), sobre a RSES (p=0.856) com efeito fraco (ƞp2 = 0.019), sobre a SA (p=0.574)

com efeito moderado (ƞp2 = 0.041), sobre a SF (p=0.630) com efeito moderado (ƞp2 = 0.036),

sobre a IN (p=0.154) com efeito moderado (ƞp2 = 0.091), sobre a AS (p=0.193) com efeito

moderado (ƞp2 = 0.095), e sobre a Escala Global da ESSS (p=0.530) com efeito moderado

(ƞp2 = 0.044).

No que diz respeito à variável realização de tratamento complementar a que as participantes estavam a ser submetidas aquando da participação no estudo, os resultados indicaram a existência de um efeito multivariado nas variáveis dependentes em estudo (F(6,70)=2.246; p= 0.049; λWilks= 0.839) com efeito forte (ƞp2 = 0.161). As análises

univariadas revelaram a existência de um efeito estatisticamente significativo desta variável sobre a EIC (p=0.020) com efeito moderado (ƞp2 = 0.070), com as mulheres que não se

encontravam a realizar nenhum tratamento a apresentaram valores superiores (M=3.14, DP=0.56) comparativamente às mulheres que se encontravam a realizar tratamentos

complementares (M=2.92, DP=0.61); e sobre a RSES (p=0.019) com efeito moderado (ƞp2 =

0.071), novamente com as mulheres que não se encontravam a realizar nenhum tratamento a apresentaram valores superiores (M=32.59, DP=5.60) comparativamente às mulheres que se encontravam a realizar tratamentos (M=30.85, DP=4.35). Relativamente às restantes

variáveis dependentes, os resultados indicaram a inexistência de um efeito estatisticamente significativo, SA (p=0.481) com efeito nulo (ƞp2 = 0.007), SF (p=0.493) com efeito nulo (ƞp2

= 0.006), IN (p=0.239) com efeito fraco (ƞp2 = 0.018), AS (p=0.744) com efeito nulo (ƞp2 =

0.001) e Escala Global da ESSS (p=0.433) com efeito nulo (ƞp2 = 0.008).

No que diz respeito ao tipo de tratamento, os resultados indicaram a inexistência de um efeito multivariado nas variáveis dependentes em estudo (F(24,227)=0.933; p= 0.557; λWilks= 0.721) com efeito moderado (ƞp2 = 0.078). As análises univariadas posteriores

(45)

36 sobre a EIC (p=0.236) com efeito moderado (ƞp2 = 0.075), sobre a RSES (p=0.163) com

efeito moderado (ƞp2 = 0.088), sobre a SA (p=0.994) com efeito nulo (ƞp2 = 0.003), sobre a SF

(p=0.980) com efeito nulo (ƞp2 = 0.006), sobre a IN (p=0.739) com efeito fraco (ƞp2 = 0.028),

sobre a AS (p=0.738) com efeito fraco (ƞp2 = 0.028), e sobre a Escala Global da ESSS

(p=0.966) com efeito nulo (ƞp2 = 0.008).

Relativamente à existência de um diagnóstico formal de depressão, os resultados indicaram a existência de um efeito multivariado nas variáveis dependentes em estudo (F(6, 70)=3.181; p= 0.008; λWilks= 0.786) com efeito forte (ƞp2 = 0.214). As análises univariadas

posteriores indicaram a existência de um efeito estatisticamente significativo desta variável sobre a RSES (p=0.027) com efeito moderado (ƞp2 = 0.067), com as mulheres sem

diagnóstico de depressão a apresentarem valores superiores (M=32.27, DP=4.86)

comparativamente às mulheres diagnosticadas com depressão (M=29.69, DP=6.22); e sobre a IN (p=0.043) com efeito moderado (ƞp2 = 0.054), mais uma vez com, as mulheres sem

diagnóstico de depressão a apresentarem valores superiores (M=14.51, DP=4.40) comparativamente às mulheres diagnosticadas com depressão (M=12.38, DP=4.72). Relativamente às restantes variáveis dependentes, os resultados indicaram a inexistência de um efeito estatisticamente significativo, sobre a EIC (p=0.713) com efeito nulo (ƞp2 = 0.002),

sobre a SA (p=0.591) com efeito nulo (ƞp2 = 0.004), sobre a SF (p=0.30) com efeito fraco (ƞp2

= 0.014), sobre a AS (p=0.789) com efeito nulo (ƞp2 = 0.001), e sobre a Escala Global da

ESSS (p=0.826) com efeito nulo (ƞp2 = 0.001).

Por último, no que diz respeito à variável menopausa, os resultados indicaram a

existência de um efeito multivariado nas variáveis dependentes em estudo (F(6, 70)=2.741; p= 0.019; λWilks= 0.810) com efeito forte (ƞp2 = 0.190). As análises univariadas posteriores

indicaram a existência de um efeito estatisticamente significativo da menopausa sobre a EIC (p=0.008) com efeito moderado (ƞp2 = 0.089), com as mulheres que ainda não se encontravam

(46)

37 na menopausa a apresentarem valores superiores (M=3.45, DP=0.62), quando comparadas às mulheres que já se encontravam na menopausa (M=2.97, DP=0.57). Relativamente às

restantes variáveis dependentes, os resultados indicaram a inexistência de um efeito estatisticamente significativo, sobre a RSES (p=0.097) com efeito moderado (ƞp2 = 0.036),

sobre a SA (p=0.440) com efeito nulo (ƞp2 = 0.008), sobre a SF (p=0.959) com efeito nulo

(ƞp2 = 0.001), sobre a IN (p=0.953) com efeito nulo (ƞp2 = 0.001), sobre a AS (p=0.597) com

efeito nulo (ƞp2 = 0.004) e sobre a Escala Global da ESSS (p=0.852) com efeito nulo (ƞp2 =

0.001).

Diferenças entre os Grupos Experimentais ao nível das Variáveis Clínicas e Imagem

Corporal, Autoestima e Suporte Social

Por fim, procedeu-se à realização de análises multivariadas de covariância

(MANCOVA), utilizando-se a idade como covariável, entre a EIC, a RSES e a ESSS e respetivas subescalas em função das variáveis clínicas em estudo supracitadas, tendo em conta a interação entre os dois grupos experimentais e as mesmas.

Assim sendo, os resultados indicaram a inexistência de um efeito multivariado para todas as variáveis clínicas em estudo em função da EIC, da RSES e da ESSS e respetivas

(47)

38 Quadro 5: Comparação entre grupos clínicos ao nível da EIC, RSES e ESSS e respetivas subescalas em função das variáveis clínicas (N=80)

Variáveis

Clínicas λWilks F P ƞp2 P.O.

Tempo decorrido desde cirurgia 0.621 F(24,224)=1.369 0.123 0.112 0.875 Tratamento atual 0.906 F(6,70)=1.207 0.313 0.094 0.444 Tipo de tratamento atual 0.788 F(18,184)=0.902 0.576 0.077 0.603 Depressão 0.914 F(6,70)=1.103 0.369 0.086 0.407 Menopausa 0.908 F(6,70)=1.186 0.324 0.092 0.437

As análises univariadas posteriores indicaram de igual modo, a inexistência de um efeito estatisticamente significativo entre as variáveis suprarrefiras (Quadro 6), exceto para a variável tempo decorrido desde a cirurgia, que revelou a existência de um efeito

estatisticamente significativo sobre a variável AS (p=0.049) com efeito moderado (ƞp2 =

0.128). As mulheres com cancro da mama que realizaram tratamento cirúrgico há menos de 3 anos, apresentaram pontuações inferiores, quando comparadas às mulheres com cancro do colo do útero que, realizaram tratamento cirúrgico neste mesmo período de tempo, enquanto que, as mulheres com cancro do colo do útero, que foram submetidas a uma cirurgia há mais de 3 anos, apresentaram pontuações inferiores quando comparadas às mulheres com cancro da mama, que foram submetidas a uma cirurgia, neste mesmo período de tempo (Quadro 7).

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