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O segundo encontro teve como objetivo promover junto aos profissionais de enfermagem um espaço para reflexão e conscientização, buscando subsídios teórico-reflexivos, sobre a problemática da violência doméstica contra crianças e adolescentes. Contou com a participação de sete profissionais (três enfermeiras e quatro técnicas de enfermagem). Duas técnicas do encontro anterior não puderam comparecer por problemas particulares, porém duas novas inseriram-se, com mais

uma enfermeira. Foi lido novamente o termo de consentimento livre e esclarecido, e os novos profissionais escolheram seus codinomes.

A Teorização é a etapa da investigação em que cada ponto-chave transforma-se em um assunto a ser estudado, “pois pretende-se trabalhar com o problema para buscar soluções para ele.” Os alunos “passam a buscar sistematizadamente as informações técnicas, científicas, empíricas, oficiais etc., com auxílio de procedimentos e instrumentos utilizáveis em investigações cientificas” (BERBEL, 1999, p. 8). “Desde o início deve ficar bem claro que todo o estudo levará o grupo à solução do problema, ou pelo menos ao encaminhamento para uma solução”. O estudo é todo feito pelos sujeitos da pesquisa. Bordenave e Pereira (1986, p. 26) afirmam que nesta etapa o sujeito chega a entender o problema não somente em suas manifestações empíricas ou situacionais, assim como também os princípios teóricos que o explicam. Esta etapa de teorização que compreende operações analíticas da inteligência é altamente enriquecedora e permite o crescimento mental pelo próprio esforço do domínio das operações concretas para as operações abstratas e, isso lhes confere um poder de generalização e extrapolação consideráveis (BERBEL, 1999, p. 10).

Esse encontro de borboletas foi iniciado com a técnica da Auto-estima, que tem como objetivo desenvolver o bem-estar, fazendo com que as pessoas observem as qualidades que seus companheiros possuem e demonstrem a eles. Nessa técnica, o animador deve explicar o objetivo e a dinâmica da mesma, que é formar com o grupo um círculo, cada um deverá receber uma tira de papel e escrever uma qualidade para o colega que se encontra à sua direita. Todos dobram o papel e devolvem para o animador. Este então retira cada papel da caixa que contém a qualidade escrita e solicita aos participantes, em conjunto, procurar entre os presentes, a quem caberia a qualidade que foi lida, identificando o participante que descreveu a qualidade deveria justificá-la.

Após todos os papéis lidos, percebeu-se que a valorização está presente no grupo. Essa dinâmica, segundo as participantes, propiciou a reflexão não só de quem descreveu as qualidades, exercitando a observação das mesmas no colega de trabalho, como também de quem estava sendo descrito, pois cotidianamente as pessoas não se valorizam e não se percebem as inúmeras qualidades que se tem. E remetendo essa dinâmica para os aspectos que permeiam a violência doméstica contra crianças e adolescentes, as qualidades podem significar uma ponte e um

instrumento necessário para realizar um cuidado mais diretivo. Finalizou-se a dinâmica com um abraço entre os participantes.

Neste encontro foi exposto aos participantes, no data-show, o que tinha sido levantado por eles mesmos, gerando dois problemas-chaves: um englobando a questão da violência doméstica como problemas a partir da realidade observada e, outro, relacionado aos problemas e dificuldades em cuidar das crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica relacionadas à família, ao profissional e à sociedade.

A partir do que estava sendo discutido e proposto pela dinâmica desenvolvida, ratificou-se a importância de que, ao se realizar um cuidado com a criança/adolescente e família, deve-se perceber e atentar para as qualidades e para os aspectos positivos que a família está apresentando, principalmente em relação ao cuidado que ela está prestando, pois é a partir desse ato que se irá valorizar a sua responsabilidade como família, instituindo intervenções apenas no aspecto da violência em si. Essa dinâmica foi indispensável e necessária para que se pudesse dar início a uma das problemáticas que iria permear o cuidar, o que já estava sendo abordado.

Depois de breves manifestações que se acredita ter sido o primeiro passo para aquecer as discussões que permeariam a terceira etapa da problematização, iniciou-se a teorização, que corresponde à etapa de construção de novos conceitos e talvez desconstrução de outros.

Foi inicialmente explicado que a técnica utilizada para teorizar as questões seria a da batata-quente (neste caso o gravador) e se todas estavam de acordo. Foi solicitado que permanecessem novamente em formato de meia lua e, a partir do momento que a música parasse, a pessoa que estivesse com a batata-quente deveria ler uma frase e compartilhar o que lhe vinha à mente sobre aquela situação, respeitando a pessoa que não quisesse argumentar ou que se negasse a comentar.

Aquele dia com a técnica da batata quente, se não fosse aquilo eu não tinha falado por que eu vim assim demolida né? Eu acho que foi uma técnica boa que tu leva na brincadeira e tu falas e é eram coisa que a gente tinha que se expor (Arita).

È que a hora que tu ta com alguma coisa na mão tu acaba falando e se não for assim tu fica com vergonha. E mais, é o jogo, né, aí caiu na minha mão eu tenho que falar, apesar de que tu desse a oportunidade, tu sempre desse a oportunidade de a gente não precisar falar, mas ninguém ficou né...? Eu acho que isto aí foi bem legal (Smyrna).

A dinâmica foi superinteressante, eu acho assim que tu respeitasses a colocação de cada um, mingúem nunca se sentiu podado, até falando assim que a gente achava que a palmada não né..., tu colocasse o que tu achavas, mas não podou, em nenhum momento, ou impôs e eu acho que isto já é um caminho para a gente saber como que tem que lidar com as pessoas não é impondo a nossa vontade é respeitando e trabalhando, comendo pelas beiradas que espertamente tu vai trabalhando pelas beiradas e assim tu vai ganhando aquela pessoa, tu vai conquistando e tu vai conseguindo trabalhar, fora as comidinhas que aquela dinâmica foi ótima (Phoebis).

A discussão porque foram utilizados vários métodos, não foi só aquele de tu sentar e ficar ouvindo, tu tens a liberdade de falar, e vídeo tudo o que foi passado bem interessante para a gente que agente consegue assimilar mais (Arita).

Ao final do encontro, foi realizada a avaliação, sendo questionado sobre a técnica realizada e a validade do mesmo. Todas responderam que a técnica permitiu que o medo de falar em público fosse eliminado, pois esta exigia que todas falassem, sem serem escolhidos. E, também, se proporcionou que relatassem o seu entendimento sobre o ponto em questão a ser discutido, fazendo com que refletissem mais, participando do debate e sendo valorizadas.

O terceiro encontro contou com a presença de oito participantes (três enfermeiras e cinco técnicas). Como era continuidade do outro encontro, o enfoque da teorização se voltou para os aspectos da violência infantil propriamente dita, momento em que se realizou uma exposição teórico dialogada, indicando textos e autores para aprofundamento dos temas.