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A Seleção Da Tecnologia Educacional Roda De Conversa

3. CAPÍTULO 3: RESULTADO E ANÁLISE

4.1 A Seleção Da Tecnologia Educacional Roda De Conversa

A minha vivência na coordenação do Departamento de Atenção Básica (DAB) e as minhas inquietações com a gestão da SMS e Instituição de Ensino, mediante a proposta pedagógica da prática integrada para os profissionais nas Unidades da ESF, acrescida de muitas leituras e encontros informais com colegas enfermeiros, determinaram a eleição do tema da oficina que gerou o produto desta pesquisa.

Foi observada uma grande lacuna no conhecimento e na realização da preceptoria pelo enfermeiro preceptor, haja vista que esta deficiência se dá pela insuficiente e distante relação entre serviço e ensino, através da ausência de reconhecimento, reuniões de EP e capacitação no processo de formação pedagógica.

Neste sentido, justifica-se este produto como estratégia de aproximação e de parceria entre a instituição de formação e o serviço. O Público alvo beneficiado com o produto foram os enfermeiros preceptores, os discentes futuros profissionais, comunidade, Instituição de ensino-UNIFESO e Secretaria Municipal de Saúde.

Não se pretende, no propósito deste texto, dar conta de uma análise aprofundada sobre os desafios da prática pedagógica na formação. Almeja-se, no entanto, socializar a experiência da troca entre ensino e serviço no processo de formação. Este é um produto que poderá ser replicado no momento do acolhimento de novos enfermeiros preceptores ingressantes na ESF.

A estratégia proposta engendra uma tecnologia educativa no campo da Atenção Básica, com a equipe multiprofissional em especial com os preceptores que atuam na perspectiva da prática integrada, tendo em vista o seu processo de trabalho cotidiano. Para tanto a estratégia educativa será aplicada em uma “Roda de Conversa”, como uma metodologia ativa em que partimos da realidade e a ela voltamos dialeticamente. Para que a roda se aproxime da realidade, ela precisa reunir os diferentes interesses e pontos de vista existentes na prática diária do serviço de saúde, por isso o interesse em

trabalhar com a equipe multiprofissional e extrair do coletivo, diferentes olhares sobre um mesmo problema.

As etapas utilizadas serão baseadas no arco de Maguerez, a saber: observação da realidade; levantamento de pontos chave; teorização; hipóteses de solução e aplicação à realidade.

Essa é uma ferramenta de ensino, onde os profissionais de saúde lidam com situações diversas e reais, para que juntas, contribuam para a construção do conhecimento e melhoria tanto da formação quanto da qualidade da assistência ao usuário. Neste sentido, as relações interpessoais são destacadas como processo que contribui para o resgate de um profissional-preceptor reflexivo, ou seja, que é capaz de ver, rever e transver o seu processo diário de trabalho.

Tal tecnologia, se aplicada à equipe de Atenção Básica bem como aos preceptores, poderá minimizar o impacto de uma assistência mecanizada e cristalizada em procedimentos e atividades apenas, voltadas assim para um processo de formação que tenha como base a PI.

Pretende-se, através desta Roda de Conversa socializar através dos enfermeiros preceptores experiências na práxis que interferem no processo de formação, considerando a prática integrada, seus desafios, conflitos, bem como o apontamento de soluções, sugestões, inovações, bem como construção através de um coletivo de propostas que subsidiarão a elaboração das diretrizes da Prática Integrada.

A introdução das metodologias “rodas de conversa” nos procedimentos de ensino provêm do reconhecimento de como tais estratégias podem revelar-se facilitadoras à práxis na formação de educadores. As rodas de conversa, metodologia bastante utilizada nos processos de leitura e intervenção comunitária, consistem em um método de participação coletiva de debates acerca de uma temática, através da criação de espaços de diálogo, nos quais os sujeitos podem se expressar e, sobretudo, escutar os outros e a si mesmos. Tem como principal objetivo motivar a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, da socialização de saberes e da reflexão voltada para a ação. Envolve, portanto, um conjunto de trocas de experiências,

conversas, discussão e divulgação de conhecimentos entre os envolvidos nesta metodologia.

Esse desafio busca superar as dificuldades impostas pela cientificidade ao longo de sua história e construir uma ponte entre o ‛esquema da explicação‟, que se utiliza da linguagem do sistema e o ‛esquema da compreensão‟ que se utiliza da ‛linguagem do sentido‟ (LADRIÈRE, 1991, p. 10).

As rodas de conversa são bastante utilizadas na área de ensino como instrumento ou prática pedagógica para socialização dos conhecimentos dos alunos, sobretudo para o aprendizado de línguas, matemáticas, literatura e história local. Nas pesquisas com fontes orais, as rodas de conversa também são utilizadas como material preparatório para as futuras entrevistas dirigidas, semi dirigidas ou histórias de vida, ou para a socialização e debate a respeito das falas de algumas das pessoas previamente entrevistadas.

Nesse sentido, a atual conjuntura demanda do educador o exercício permanente da crítica sobre quais as estratégias de ensino e de aprendizagem podem nortear o desenvolvimento de competências e habilidades postas no cenário dos desafios contemporâneos. Como nos alerta VLACH (2002) “não se trata de aplicar modelos pré- estabelecidos, mas possibilitar formas para que os profissionais experimentem novas metodologias de ensino, que venham ao encontro das necessidades concretas dos alunos, produzindo assim, saberes reais”.

Esses desafios suscitam a inquietação e a busca por possibilidades de construção de práticas didático-pedagógicas, as quais, na vivência cotidiana da docência, traduzem- se no que se vem denominando de inovações pedagógicas para o ensino superior voltado à formação.