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A Sistemática do Leilão

No documento Ensaios em economia da regulação (páginas 80-94)

3.6 Apêndice

3.6.4 A Sistemática do Leilão

Nessa seção apresenta-se formalmente a sistemática do leilão de energia existênte.

Seja:

sj : quantidade ofertada para o j esimo produto;

dj : quantidade demandada para o j esimo produto;

S =PJj=1sj; a quantidade total ofertada;

b

S : oferta de referência, que resulta da aplicação do fator de referência à quantidade total demandada. Desse modo, se o fator de referência representar aumento da demanda da ordem de ; > 1;

b

S = (1 + ) D:

pk : preço corrente do j ésimo produto,j = 1; ::; J:

pj : preço de reserva do j esimo produto32;

lj : disponibilidade de lastro físico para o j esimo produto.

(Subsubsubsection head:)1afase

Durante a primeita fase, cada rodada compreende três etapas: Etapa de submissão de lances:

Na primeira rodada, na abertura do leilão, o preço corrente para cada pro- duto é igual ao preço inicial inserido pelo MME antes do início do leilão.

Agentes vendedores observam preço corrente e submetem lance na forma de quantidades que estão dispostos a ofertar aos preços correntes33.

O leilão incorpora, como regra de atividade, uma regra de monotonicidade: o volume total ofertado em uma rodada deve ser inferior ao da rodada precedente34. 32

Parâmetro cujo valor é inserido pelo MME no sistema. Esse valor é não revelado, embora seja auditável.

33

Para que sejam considerados válidos, os lances devem atender a restrições de: habilitação nan- ceira, disponibilidade de lastro físico e quantidade de lotes ofertados na rodada anterior.

34

Destaca-se que os leilões de energia realizados no âmbito do mercado atacadista de energia - MAE não tinham tal regra.

Na etapa de Processamento, para cada produto é comparada a quantidade de- mandada,dj, (inserida pelo MME no sistema) com a quantidade ofertada,sj;igual à

soma das quantidades de lotes ofertadas pelos agentes vendedores na rodada. Resultam então duas possibilidades.

1. Se

sj dj

o produto será declarado PRODUTO ABERTO. Nesse caso, todos os lotes alocados para o produto na rodada serão considerados lotes livres e serão passíveis de realocação para qualquer produto na próxima rodada. Nesse caso, o preço corrente a vigorar na rodada subseqüente será reduzido. O decremento correspondente será calculado através de uma regra, previamente inserida no sistema pelo MME como função de um conjunto de parâmetros . Portanto

pt+1k = ptk

= f ( ) ; f0 > 0

2. Caso

sj < dj

o produto será declarado PRODUTO FECHADO. Todos os lotes a ele alocados serão ditos LOTES COMPROMETIDOS e não poderão ser alocados a outro produto na rodada subseqüente. O preço corrente para a rodada seguinte será igual ao preço corrente da rodada em curso.

Após ocorrer tal processamento, o sistema compara a quantidade total ofer- tada, S; com a oferta de referência, bS; resultando o seguinte conjunto de situações possíveis:

Se S > bS; os resultados da rodada são divulgados e tem início uma nova rodada. Por sua vez, seS S é feita uma comparação entre os preços correntes e osb preços de reserva para cada produto. Caso os preços correntes sejam não superiores aos preços de reserva para todos os produtos, tem início a segunda fase. Por m, caso exista produto cujo preço corrente seja superior ao preço de reserva, o sistema veri ca se

D S

Caso essa condição não seja satisfeita, ocorre uma redução na demanda, de modo a igualar a demanda à oferta, ou seja, tal que

D = S:

Essa redução deve ser aplicada prioritariamente ao produto com data de início de suprimento mais distante, sujeito à restrição de que a redução não exceda a variação na disponibilidade de lastro físico para o referido ano.

Caso

D S > J

a redução remanescente deverá ser aplicada a anos posteriores35.

d0

J = max f0; dJ min f J; D Sgg

d0J 1 = dJ 1 (D S J)

e assim sucessivamente, até que seja alcançado o corte requerido de demanda. Após a redução da demanda, ocorre novo processamento e divulgação dos re- sultados.

Na etapa de divulgação dos resultados cada participante vendedor observa na tela de seu computador as quantidades de lotes alocados, o status dos produtos (se abertos ou fechados) e, portanto, o volume de lotes livres e comprometidos, bem como os preços correntes a vigorar na próxima rodada.

2afase

Na segunda fase, cada agente vendedor deverá submeter lance. Para cada pro- duto, o lance consistirá de um preço ao qual o agente vendedor estará disposto e apto a ofertar as quantidades que conseguiu alocar na última rodada da primeira fase. Op- cionalmente, para cada produto aberto, o agente vendedor poderá submeter lance na forma de preço ao qual estaria disposto e apto a ofertar seus lotes de energia não alo- cados em produtos abertos (com excesso de oferta) para produtos fechados(dj > sj).

35

Seja lj a disponibilidade de lastro para venda no ano j; que corresponde ao estoque de energia

disponível para a contratação no j esimoano. As restrições a serem satisfeitas são:

b1 l1

b1+ b2 l2

O processamento da segunda fase começa pelos produtos abertos, em ordem crescente de data de início de suprimento, passando então a produtos fechados, tam- bém respeitando a ordem cronológica. Para estes serão considerados todos os lances submetidos, ou seja lances obrigatórios e lances opcionais, sujeito a restrições de disponibilidade de lastro físico.

3.7 Referências Bibliográ cas

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Conclusão

Esse trabalho apresentou duas aplicações de contratos empíricos, no contexto de seguros saúde para identi cação de problemas informacionais e uma análise através de modelos teóricos e de ferramentas experimentais dos leilões de energia com vistas a questões de políticas regulatórias. Cada um dos artigos contextualizou a contribuição do mesmo para a literatura. Porém, esses estudos indicam conclusões de políticas regulatória e aspectos relevantes para novas pesquisas para cada um desses mercados. Para o caso de seguro saúde, a existência de seleção adversa requer um aumento do espaço de contratos como forma de aumentar o poder de discriminação do mer- cado quanto ao risco dos agentes. O segundo artigo indica a necessidade da taxa de co-participação como uma forma de compatibilizar incentivos do segurado com o in- centivo da seguradora, evitando risco moral. Quanti car os efeitos de assimetria in- formacional e seu impacto na economia ainda são questões relevantes para a política regulatória do setor que demandam estudos teóricos e empíricos.

No contexto do setor elétrico, mostrou-se a necessidade de instituir regras ca- pazes de dirimir as incertezas regulatórias de longo prazo. A modelagem teórica e experimental do mercado de energia, no contexto do novo modelo brasileiro, eviden- ciaria aspectos regulatórios ainda obscuros da ligação entre o ACR – Ambiente de Comercialização Regulada – e o ACL – Ambiente de Comercialização Livre – em contratos de curto e longo prazo.

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