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3 A INTELIGÊNCIA NO TURISMO

3.2 Destino Turístico Inteligente

3.2.2 A tecnologia oferece as ferramentas para a transformação

A crescente adoção da internet, nas últimas décadas, significou uma revolução no consumo, produção e comercialização do turismo. O desenvolvimento do comércio eletrônico ganhou projeção mais rapidamente no mercado turístico do que em qualquer outro setor econômico (BUHALIS e LAW, 2008). Mesmo com a quantidade elevada de pequenas e médias empresas, atuando nesse setor, os níveis de adoção das TIC no turismo foram muito elevados. Outra mudança significativa proporcionada pelas tecnologias, nas atividades do turismo, ocorreu com o aumento do uso dos dispositivos móveis tais como smartphones e tablets e o advento das redes sociais (WANG, XIANG e FESENMAIER, 2014), resultando em novas formas de promoção, avaliação e comercialização dos destinos.

No contexto dos destinos turísticos inteligentes, o uso crescente de aplicativos móveis associados a novas ofertas de consumo, serviços e infomação é outro vetor de inovação proporcionado pelas TIC, que elevou a conectividade como um requisito essencial para a gestão e competitividade desses destinos. Essa importância foi ampliada pelo desenvolvimento dos aplicativos utilizando as tecnologias de Internet das coisas (IoT) e sensores para o enriquecimento das experiências turísticas (CHUI, LÖFFLER E ROBERTS, 2010).

O desenvolvimento contínuo de informações e tecnologias de comunicação permitiu que os prestadores de serviços ganhassem conhecimento profundo sobre os seus consumidores. A partir da coleta e armazenamento dos dados provenientes de diversas plataformas tecnológicas utilizadas pelos consumidores. O valor agregado é o resultado do tratamento e análise desse big data que permite uma nova gestão do turismo, oferece oportunidade para a criação de novos negócios e a oferta de serviços personalizados para os turistas (SANTOS, VEIGA e ÁGUAS, 2016).

Os aplicativos inovadores demandam grande quantidade de dados, para consulta, armezenamento e execução. Para solucionar essa demanda os usuários e fornecedores foram favorecidos pelo desenvolvimento de sistemas de armazenamento de informações na nuvem e os serviços associados a esse recurso (OFFUTT, 2013), que possibilitam guardar um volume elevado de dados; oferecendo serviços sob demanda, no qual os usuários podem reconfigurar sua capacidade de

armazenamento, rapidamente, de acordo com suas necessidades e facilidade de acesso aos dados a partir de diversos dispositivos.

Esse armazenamento global de grandes quantidades de dados favorece a cooperação, a partilha de conhecimento e o desenvolvimento de serviços personalizados no âmbito dos DTI (BLANCO, 2015; SÁNCHEZ e MUÑOZ, 2013). Dados abertos representam também grandes oportunidades para os sistemas de gestão, governança, sustentablidade e inteligência turística proporcionando o compartilhamento de informações estratégicas para todos os agentes do turismo (SUN et al., 2016; MCAFEE e BRYNJOLSSON, 2012). A abertura de dados das administrações públicas supõe progresso considerável em termos de transparência, participação e colaboração e podem derivar em novas oportunidades de negócio por meio da exploração desses dados para diferentes propósitos (ROIG e CLAVÉ, 2015).

A evolução tecnológica também afeta a experiência turística, além das soluções convencionais oferecendo serviços multimídias, GPS, as chamadas tecnologias portáteis e vestíveis 7(FESENMAIER e CHOE, 2017); realidade aumentada (CHUNG, HAN, e JOUN, 2015); QR-Code (ALSHATTNAWI, 2013) e aplicativos interativos que foram desenvolvidos para aumentar a segurança pública, cuidados com a saúde e para oferecer informações de mobilidade. Essas soluções proporcionam novas experiências e vivências nos destinos inteligentes.

Do ponto de vista da sustentabilidade, a gestão ambiental se apropria da tecnologia para o controle e monitoramento relacionados à eficiência de energia, gestão dos recursos hídricos, tratamento de resíduos, arquitetura bioclimática, edifícios inteligentes, mobilidade urbana, entre outra (CHOURABI et al., 2012; ACCENTURE, 2011; DIRKS et al, 2009; NAM e PARDO, 2011). Com foco na economia a ligação entre turismo, tecnologia e inovação proporciona o surgimento de empresas startup interessadas em desenvolver produtos e sistemas a partir dos recursos da TIC para atender diversas demandas do turismo inteligente (ZACARIAS et al., 2015).

7 Tecnologia vestível, engloba os equipamentos eletrônicos que contém processadores próprios e que podem ser usados como peças de roupa ou acessórios.

Simultaneamente, as TIC têm levado ao desenvolvimento de novos modelos de negócios, em resposta aos novos hábitos de consumo identificados a partir do uso intensivo da tecnologia (ANGELONI, 2016; BUHALIS e LAW, 2008). Pode-se enfatizar a influência das TIC facilitando os processos de informação, reserva e compra de serviços turísticos e, permitindo dessa forma, uma maior autonomia do consumidor para a tomada de decisão, alterando assim, as formas tradicionais de divulgação e comercialização dos serviços turísticos.

O turista está mais informado, compartilha opiniões nas redes sociais e tem acesso a informações e contratações online. Embora esse comportamento não seja padrão em todos os segmentos da demanda, o turista está, em geral, mais esperto e exigente, na medida que dispõe de mais informações, está conectado e compartilha informações sobre os destinos e serviços (BUHALIS e LAW, 2008). Se o turista evoluiu dessa forma, é necessário que os destinos também evoluam para satisfazer as expectativas da demanda, e, se possível antecipem-se para surpreender os clientes.

A crescente introdução das TIC na gestão empresarial vem ao encontro da necessidade de aumentar sua eficiência e competitividade (CARAGLIU et al., 2009). Os fatores que tem contribuído para esse crescimento tecnológico são: o uso das TIC por parte da demanda; a redução de custos e a facilidade de uso; os incentivos públicos; a necessidade de integrar em sistemas interoperáveis com provedores e canais de comercialização e a maior profissionalização dos agentes do turismo (BUHALIS e O'CONNOR, 2013). Como consequência, o uso das TIC nas empresas turísticas registra níveis ascendentes, principalmente em ferramentas de gestão e presença na Internet.

Atualmente, os turistas têm interesse e necessidade de vivenciar experiências genuínas e inovadoras. Bem como compartilhar essas experiências nas redes sociais. Eles buscam novas experiências, preocupam-se com a sustentabilidade do destino, e querem que a viagem acrescente valor ao seu desenvolvimento pessoal e cultural (NEUHOFER ET AL., 2015).