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4 MÉTODO DA PESQUISA

4.2 Coleta e Análise de Dados

Para o estudo foi gerado um material empírico, comprovando a autenticidade da pesquisa, o qual foi obtido por meio da realização de entrevistas semi-estruturadas, observação participativa e não participativa, acesso a documentos do projeto, participações da pesquisadora em eventos de turismo, abordando o tema da pesquisa, entrevistas obtidas em sites e também com a realização de uma pesquisa

online com turistas.

A pesquisadora participou, efetivamente, de reuniões e oficinas de trabalho com um grupo de pessoas atuantes e teve acesso aos documentos do projeto tais como: material de apresentação do projeto, mapa mental, devolutivas das oficinas de trabalho, memorandos, entre outros. Além disso teve acesso a informações participando também como integrante do grupo de trabalho pelo WhatsApp.

Para a coleta de dados foram realizadas vinte e três entrevistas semiestruturadas (Quadro 9), com participantes definidos por meio da técnica bola de neve (GOODMAN, 1961), realizada entre os meses de dezembro de 2017 e abril de 2018. A técnica de composição da amostragem chamada Bola de Neve consiste de uma seleção, que utiliza cadeias de referência, ou seja, uma coleta de informações que se utiliza das redes de contatos dos entrevistados para fornecer ao pesquisador outros contatos potenciais para a pesquisa.

Essa técnica é utilizada em pesquisas sociais nas quais os participantes iniciais de um estudo, denominados ‘sementes’ (GOODMAN, 1961), indicam novos participantes que por sua vez indicam outros participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o ‘ponto de saturação’. `Segundo Vinuto (2014), esse ponto é atingido quando os novos entrevistados não conseguem indicar novos nomes, ou quando passam a repetir os conteúdos já obtidos em entrevistas anteriores, sem acrescentar novas informações relevantes à pesquisa.

As entrevistas tiveram duração entre trinta minutos e uma hora cada. Alguns participantes autorizaram a gravação e outros não, nesses casos foi utilizado um caderno de anotações para fazer os registros. As gravações também foram transcritas, a fim de serem avaliadas com profundidade pela pesquisadora. As

orientações da ANT não direcionam como deve ocorrer a coleta e análise de dados. No entanto, Latour (2012) recomenda aos pesquisadores utilizarem um diário de bordo para registrarem toda e qualquer informação que julgarem pertinentes às suas respectivas pesquisas, qualquer que seja sua fonte ou forma.

Nas primeiras entrevistas foram questionadas a formação e experiência dos entrevistados, seu papel atual na empresa ou instituição que trabalha ou representa, se já adotava tecnologia na empresa, se estava participando ou se conhecia alguma iniciativa de DTI, qual a importância da TIC para o turismo da cidade do Rio de Janeiro e quais eram suas expectativas em relação a inovação do turismo na cidade do Rio de Janeiro.

Após interagir com atores que estavam participando de iniciativas de DTI, foram incluídas outras questões ao roteiro inicial das entrevistas. Além das perguntas anteriores, também foram questionados como seria a participação do entrevistado nessa iniciativa, se mudaria algo na condução dos planos de ação, se estava faltando envolver algum agente do turismo e qual a sua expectativa com o resultado final. Como a entrevista foi semiestruturada, outras questões foram apontadas pelos participantes durante as entrevistas.

A pesquisa realizada com os turistas teve como objetivo examinar, segundo a percepção desse consumidor, a importância apontada na literatura dos DTI para o uso de tecnologias e soluções inovadoras nas viagens como um diferencial para a seleção do destino (GRETZEL et al. 2015b; BOES, BUHALIS e INVERSINI, 2014). O resultado da pesquisa contou com 135 informantes. A pesquisa foi realizada por meio de um formulário eletrônico, composto de perguntas estruturadas e semiestruturada.

Nas entrevistas, buscou-se conhecer iniciativas de DTI na cidade, como ocorreu a formação da rede, os processos de tradução, controvérsias, associações e atuações dos atores humanos e não-humanos na rede. As observações diretas por sua vez, auxiliaram no entendimento do contexto do projeto de transformação do DTI e a montagem da rede. Enquanto que, na observação participante, a pesquisadora tornou-se ativa dentro do contexto observado, e participou das ações na rede, atuando nas oficinas de trabalho

Quadro 9 - Relação de Entrevistados

Entrevistado Cargo Tipo de Empresa

Luciana Leão Proprietária Agência de Turismo Juliana Fuscaldo Proprietária Agência de Turismo Eliana Diretora de Projetos Setur

Raquel Analista de Planejamento TurisRio Patrícia Analista de Planejamento TurisRio Sofia Analista de Planejamento TurisRio Michael Diretor Comercial Rio CVB Flávio Consultor Sebrae Consultoria

Paula Consierge Hotel

Pedro Agente de Turismo Agência de Turismo

João Pedro Guia Empresa de Serviços Turísticos

Débora Proprietária Passeio de Barco

Patrícia Diretora Museu

Ângela Gerente Agência Ecoturismo

Rogério Advogado Clínica de Saúde

Penha Gerente Restaurante

Marília Gestora Museu

Mônica Agente Agência de Turismo

Cláudio Administrador ONG

Ricardo Analista Sebrae Sebrae

Sérgio Gerente Empresa de Transporte

Roberto Gerente Bar Temático

Alexandre Gerente Hotel

Fonte: Autora (2018)

O uso de múltiplas fontes de evidencia na pesquisa de estudo de caso permite que o pesquisador aborde uma variação maior de aspectos históricos e comportamentais, desenvolvendo linhas convergentes de investigação. Dessa forma, qualquer conclusão do estudo de caso é mais convincente, e precisa ser fundamentada em diversas fontes diferentes de informação (YIN, 2010).

Assim, técnicas como triangulação da teoria e fontes de dados (PATTON, 2002) foram empregadas durante a análise, procurando garantir a autenticidade do trabalho. A descrição do projeto foi organizada cronologicamente, a fim de permitir a narração

dos acontecimentos e associação com as etapas da tradução (CALLON, 1986). Além disso, enquanto estava sendo construída a trajetória do caso, foi realizado um workshop com outros pesquisadores, promovendo assim um diálogo entre teoria e prática, conforme orienta Latour (1999).

A narrativa do estudo que conduziu a montagem da rede do DTI e a análise das respostas da pesquisa realizada com os turistas serão relatados a seguir.