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3 A INTELIGÊNCIA NO TURISMO

3.2 Destino Turístico Inteligente

3.2.3 TIC e Sustentabilidade transformando o turismo

As transformações que o mercado de turismo tem experimentado possibilitam a aplicação de novos modelos de negócios, que contribuem para um ambiente turístico mais complexo e diversificado oferecendo oportunidades e novas interações entre empresas do setor (BUHALIS e LAW, 2008). A internet e os motores de busca possibilitaram novas fórmulas de comercialização turística a partir das agências de viagens on-line e modelo de negócios de baixo custo, promovendo ofertas de produtos e serviços, como por exemplo o site Lastminute.com. Por sua vez, o crescimento das mídias sociais na Internet, explicam a expansão de sites de viagens como o Tripadvisor e Trivago que, além de fornecer opiniões e conselhos sobre diferentes modalidades de ofertas turísticas, tornaram-se ferramenta de planejamento de viagem com links diretos para opções de reserva.

A configuração de um DTI também resulta no aumento da competitividade, não só a partir do ponto vista tecnológico. As diferentes análises da competitividade no turismo incidem sobre a importância da estratégia, planejamento e gerenciamento do destino como via para melhorar o uso de recursos, adaptar-se melhor aos diferentes contextos do mercado e obter vantagens competitivas (CROUCH e RITCHIE, 2000; DWYER e KIM, 2003).

A sustentabilidade está claramente associada à gestão racional de recursos e eficiência em todos os vetores ambientais de um destino turístico. As diferentes dimensões da sustentabilidade estão contempladas no paradigma das cidades inteligentes: a econômica associada à competitividade, o social à qualidade de vida e a ambiental a uma gestão eficiente dos recursos naturais (GRETZEL, ZHONG E KOO, 2016). Em um destino turístico a importância da conservação dos recursos naturais é ainda mais relevante porque, além da crescente consciência ambiental por parte da demanda, a qualidade ambiental condiciona a experiência turística e é a base para modalidades específicas como: turismo natural, turismo rural, turismo de aventura ou ecoturismo (ZHANG, LI e LIU, 2012).

A preservação ambiental tem impacto direto sobre a atividade turística, as consequências das alterações climáticas têm vindo a intensificar-se, ameaçando as atuais formas de turismo em algumas partes do mundo e afetando veementemente

outras regiões (GIL-GARCIA, PARDO e NAM, 2016). O aumento da conscientização do consumidor quanto aos efeitos nocivos das economias e a preocupação com a sustentabilidade ambiental significam que os destinos percebidos como insustentáveis, correrão riscos de não serem mais destinos visitados por um número crescente de turistas (BENCKENDORFF ET AL., 2012).

No entanto, a desejável simbiose entre turismo e meio ambiente não é frequente e a atividade turística também produz impactos negativos no meio ambiente, tais como degradação da paisagem, produção de resíduos, entre outros (UNWTO, 2017). O equilíbrio entre o desenvolvimento do turismo e a preservação são praticados com resultados desiguais. Neste contexto, o progresso em direção a um destino inteligente beneficia a gestão sustentável do destino com medidas que busquem a progressão para uma verdadeira governança de destinos com sustentabilidade (BLANCO, 2015). Essas ações são a base para o desenvolvimento de iniciativas inovadoras e projetos ambientais e tecnológicos que contribuem para a qualificação de destinos.

Segundo Gretzel et al. (2015b) o propósito compartilhado por todos os atores em um ecossistema de turismo inteligente deve ser a oferta de experiências de turismo aprimoradas e enriquecidas. Para viabilizar esse objetivo a sustentabilidade ambiental e econômica tornam-se prioridades inerentes aos destinos inteligentes. Para conseguir isso é necessário um ecossistema digital que forneça recursos tecnológicos para controle e interação entre os seus diversos componentes, a fim de produzir as ações necessárias para alcançar o objetivo comum. Segundo Buhalis e Amaranggana (2015), as experiências de turismo inteligentes são alcançadas por meio da personalização dos serviços, do contexto de conscientização ambiental e do monitoramento em tempo real.

Neuhofer, Buhalis e Ladkin (2015) identificam a agregação de informações, a conexão onipresente e a sincronização em tempo real como os principais impulsionadores das experiências de turismo inteligente. Gretzel (2014) descreve as experiências de turismo inteligente como tendo uma base tecnológica na medida em que são aprimoradas por meio das tecnologias inteligentes, conectividade móvel e big

data. Destaca que os dois útimos componentes permitem recomendações orientadas

entanto, “a experiência de turismo inteligente é sobre o significado que é co-criado8

por meio da interação com a tecnologia inteligente e o ecossistema de turismo inteligente mais amplo, predominantemente durante a viagem” (GRETZEL et al., 2016, p. 45).

Em suma, a evolução para destinos turísticos inteligentes pressupõe uma nova estratégia de gestão turística, focada em encantar o turista a partir da proposta de adotar as tecnologias para uma maior integração e interação com os turistas (DREDGE, 2015, GETZEL et al. 2015). O processo da transformação oferece uma oportunidade para o destino realizar mudanças nas políticas de sustentabilidade e governança do destino, proporcionando serviços mais eficientes, que promovam uma melhoria na qualidade de vida dos residentes e experiências inovadoras para os turistas. Partindo de um novo quadro de gestão público-privada, do fortalecimento da competitividade e do aumento da aplicação dos recursos das TIC para promover as inovações, sustentabilidade e novas experiências dessa estratégia (BAIDAL, MONZONÍS e SÁNCHEZ, 2015).

A literatura mostra que algumas mudanças decorrentes do plano de transformar um destino turístico tradicional em um destino inteligente consistem em promover inovações e aplicar, inicialmente, as TIC em uma atração turística do destino (WANG et al, 2016; DEL FIORE et al., 2016; CHUNG, HAN e JOUN, 2015), de modo a inovar, por exemplo, uma visita a uma atração turística, oferecendo facilidades de acesso e uma maior interação com o atrativo ou desfrutar de experiências sensoriais durante a visita, trazendo a partir da adoção das TI, inteligência para essas atrações.