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Contexto Modelo de

3.3 A TEORIA GERAL DE SISTEMAS

No início do século passado, alguns cientistas observaram que existiam fenômenos comuns em diferentes áreas do conhecimento e que problemas similares poderiam ser resolvidos com soluções também similares. Perceberam ainda que algumas características e regras aconteciam em todas as áreas. Nesse contexto, surgiu a definição de sistema como um conjunto de elementos interconectados que se

relacionam com um objetivo comum. Quando nos referimos a “sistemas”, um dos mais importantes cientistas do século XX deve obrigatoriamente ser lembrado: Ludwig von Bertalanffy, o qual elaborou a Teoria Geral de Sistemas.

De acordo com Bertalanffy (2008), em qualquer área de conhecimento os problemas atuais tornaram-se muito complexos, e as soluções requerem abordagens interdisciplinares e sistêmicas. Assim como os demais autores sistemistas, Bertalanffy (2008) também adverte que os problemas não deveriam ser analisados isoladamente, pois partes pontuais de um processo não nos permitem conhecer efetivamente esse processo na íntegra ou um problema complexo. No entanto, se for conhecido o conjunto de componentes de um sistema e o relacionamento entre eles, então altos níveis de compreensão são obtidos através dos sistemas (BERTALANFFY, 2008). A Teoria Geral de Sistemas será fundamentada e empregada com maior profundidade de acordo com o sistemismo proposto por Bunge (2004).

3.3.1 Modelos

De acordo com Ferreira (2005), a palavra modulus provém do latim, originando a palavra modelo, cujo significado associa-se a diferentes sentidos. Molde, forma e padrão são alguns exemplos desses significados. Em linhas gerais, a palavra modelo pode ser entendida como aquilo que serve de exemplo, norma ou referência para alguma coisa em determinadas situações.

Tendo em vista a compreensão das organizações, Galbraith (1977) propõe um modelo descritor da complexidade de uma organização. A Figura 12 apresenta as múltiplas dimensões consideradas no delineamento de um modelo de gestão.

Podem ser observados os vários aspectos interagentes existentes no ambiente a ser modelado, a exemplo de época, local, mercado, público-alvo, tecnologias aplicáveis, comportamento dos clientes, concorrentes e fornecedores, entre outros. É fundamental que as características e as medidas adotadas conforme os modelos possuam o alinhamento sistêmico, pois as ações advindas segundo o modelo devem ser coerentes, e não contraditórias (GALBRAITH, 1977).

Para Sayão (2001), os modelos teóricos são instrumentos de abstração que podem ser destinados à formalização, à representação e à compreensão da realidade. Através dos modelos, pode-se propor, gerar e comunicar entendimento sobre um determinado domínio de conhecimento. De acordo com Selic (2003), um modelo pode ser entendido como uma representação parcial da realidade, sendo caracterizado pelos seguintes atributos:

 abstração: sintetizar o domínio de conhecimento cujo objetivo é representar;

 entendimento: propiciar entendimento relacionado à percepção do domínio modelado;

 precisão: representar adequadamente o domínio modelado;  predição: comportar-se de acordo com o domínio modelado

em algum tipo de avaliação estruturada; e

 baixo custo: facilitar e simplificar a atividade de entendimento do domínio de conhecimento a ser representado.

O sucesso da ciência se justifica em muito devido às aproximações da realidade dos fenômenos que se verificam através dos modelos. Sobretudo, quando se identificam os fenômenos mais relevantes negligenciando os menos relevantes, podemos compreender suficientemente os diferentes aspectos da natureza ou aspectos organizacionais de forma simplificada (SAYÃO, 2001). Nesta pesquisa, os modelos são utilizados em âmbito didático para apresentar problemas e oportunidades dos processos atuais de planejamento do sistema elétrico. Destaca-se, ainda, que o produto desta pesquisa é a proposição de um modelo de referência para reorganizar o processo de planejamento orientado ao conhecimento, tendo em vista o seu aprimoramento. O modelo de referência proposto deverá considerar os aspectos organizacionais relativos à infraestrutura dos processos existentes de planejamento do SDMT, os recursos tecnológicos, as competências profissionais das pessoas que trabalham no processo de planejamento e, sobretudo, os processos relativos à organização, ao

armazenamento e à utilização do conhecimento empregado no planejamento do sistema elétrico, entre outros.

3.3.2 Sistemismo

De acordo com Bunge (2003), o sistemismo preconiza que a natureza tem subsistemas que não podem se desenvolver, a menos que o façam em conjunto, “integrados por vários tipos de vínculos” e “encaixados por um número de mecanismos tais como produção, troca, cooperação e comunicação”. Bunge (2003) sugere ainda a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para a junção desses subsistemas. Os meios e os caminhos da ciência tradicional, esta calcada nos métodos analíticos da abordagem reducionista e do “esquema mecanicista dos modelos causais isoláveis e do tratamento por partes”, já não atendiam adequadamente aos requisitos científicos, surgindo uma necessidade por abordagens de “natureza holística ou sistêmica, generalista ou interdisciplinar” (BERTALANFFY, 2008).

Para identificar soluções em geral, segundo Saritas e Nugroho (2011), os especialistas necessitam reconhecer, através da visão sistêmica, as complexidades e as incertezas atuais e futuras. O conhecimento para realizar uma tarefa requer informações de produtos e serviços numa perspectiva atual e futura em múltiplos contextos. O conhecimento obtido pela perspectiva sistêmica promove sinergia para realizar uma atividade, pois envolve informações numa perspectiva atual e futura em múltiplos contextos (GIORDANO; FULLI, 2012). No contexto externo à organização, os sistemas sociais, tecnológicos, econômicos, ambientais e políticos devem ser considerados. No contexto interno, gerenciamento, processos, motivação, cultura, políticas, poderes e habilidades devem ser identificados em sua maioria. A percepção fidedigna da realidade requer que o especialista pesquise esses componentes de forma integral (SARITAS; NUGROHO, 2011).

Qualquer iniciativa de desenvolvimento tecnológico exige mudança cultural e impreterivelmente deve identificar os aspectos relativos ao conhecimento envolvido no projeto. Bunge (2004) adverte ainda que, além de reconhecer o conhecimento como um objeto de valor inestimável, os especialistas necessitam perceber todos os aspectos dos processos relativos a ele. E nesse contexto, destaca-se a visão sistêmica em função das suas peculiares ubiquidade e capacidade de síntese (BUNGE, 2004).

De acordo com Bunge (2004), ressaltam-se dois postulados: 1. Tudo o que existe, em nível abstrato ou concreto, são sistemas, componentes ou potencial componente de um sistema; e

2. Um sistema deve ser entendido por um conjunto de