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1 A expansão econômica e social na Amazônia: migração e sociabilidade da força de

3.2 A territorialização: por uma visão sociológica

Se o lugar é a vivência do cotidiano onde compartilho com diversas pessoas uma mesma realidade, então a o cotidiano é o palco onde vivencio ao mesmo tempo cooperação e conflito; e também onde os vínculos de sociabilidade são fortalecidos. Estar em um mesmo lugar é com- partilhar o cotidiano no tempo e espaço, uma certa mesmidade, que se afeta quando um indiví- duo ou grupo de indivíduos decide (i)migrar. Ou como sugere Bauman,

Essa mesmidade encontra dificuldades no momento em que suas condições começam a desabar: quando o equilíbrio entre a comunicação ‘de dentro’ e ‘de fora’, antes inclinado para o interior, começa a mudar, embaçando a dis- tinção entre ‘nós’ e ‘eles’. A mesmidade se evapora quando a comunicação

entre os de dentro e o mundo exterior se intensifica e passa a ter mais peso que as trocas mútuas internas. (BAUMAN, 2003, p.18).

A territorialidade é o espaço vivenciando, o local que se pertence onde se encontra se- gurança e relações identitárias comuns, onde o conflito é mensurado, a comunicação é audível. Mas, apesar da tolerância no espaço onde vivo, o “meu” lugar não é o espaço de harmonização plena, entretanto, as minhas relações sociais no “meu” lugar as contradições são assimiladas, os confrontos são esperados porque sei distinguir a quem dirijo o confronto. Na desterritoriali- zação se desmaterializam as relações sócias plenas, não tenho domínio e apropriação do espaço, há uma exclusão socioespacial (CARVALHO E MEDEIROS, 2005).

Assim sendo Parauapebas é o lugar da territorialização dos desterritoriaçizados, o tempo e o espaço onde os conflitos sociais se desenvolvem. Que espaço é esse?

Parauapebas é um lugar um tanto singular, pequenas colinas enfileiradas brotam do chão para formar paisagens de pinturas. No final da rua principal da cidade, indo em linha reta, o viajante dá de encontro com os grandes portões de acesso a rica e grandiosa Serra dos Carajás. Só entra quem se identifica aos seguranças da Vale. Os que desejam visitar sem ser funcionários precisam de autorização prévia.

Foto 1: vista da prefeitura. Localizada no morro dos ventos, quadra especial, Ao fundo o centro da cidade, 2014

Fonte: Arquivo pessoal do autor

Parauapebas nasce como um local improvisado para servir de apoio aos vários garimpos que brotavam todos os dias, cercada por casa de lonas, bares, comércio precários, bordeis etc. Mas esse local improvisado não existe mais. Quando se entra na cidade parece que desde o início tudo foi pensando para ser permanente. E isso ocorreu, desde quando a então estatal Vale do Rio Doce montou o primeiro núcleo de moradia de trabalhadores de força de trabalho mi- grante, e com seu projeto urbano trouxe as mesmas mazelas que cercam a falta de direito às cidades, e a principal, a segregação espacial (SOUZA, 2011).

Foto 02 - Rio Verde, Primeiro bairro satélite de Parauapebas, 1984

Fonte: Aziz Ab`Sáber, arquivo pessoal

Apesar da prosperidade aparente, Parauapebas está longe de ser uma cidade que dê con- dições para a população de menor condições econômicas sobreviver, de certo modo é um retrato da região Sudeste, rica mas com uma população pobre. Não foi sem razão que a maioria dessa região votou a favor da divisão do estado do Pará44. Presenciou-se no dia-a-dia da campanha de como foi fácil para a “nova” elite política, os latifundiários e os donos do agronegócio propa- gandearem a falsa impressão de mudança radical em suas vidas com a divisão. Utilizaram para isso a falta de sensibilidade dos governantes para com o Sul do Pará, que historicamente tem secundarizados está região em seus projetos de governança45.

Foto. 03 – Morro do Céu Azul, bairro Novo Horizonte, 2014

Fonte: Arquivo pessoal do autor

Quando se viaja para esta região de ônibus, a ida já se constitui em uma aventura. De Belém a Marabá são cerca de seis horas, em condições normais, ou mais horas, dependendo das

44 O Plesbicito decidiu contrário a divisão. A favor da divisão, Sim: 33,40 % dos votos válidos; contrários a divisão, Não: 66.60 % dos votos válidos. Porém a votação no Sul e Sudeste deu a vitória a favor da divisão (TRE- PA,2011).

45Os gastos em %PIB do governo do estado do Pará com o Sul do Pará nos anos de 2008 foi de 19,1. Gastos por

condições das estradas. A adrenalina é intensa, o medo de assaltos, estradas esburacadas, são apenas alguns momentos marcantes. As paradas constantes em locais sem segurança à noite, são uma experiência que testa a paciência e a tolerância ao medo. Podem ser contadas às deze- nas a quantidade de pessoas que descem e sobem nos entroncamentos ou rodoviárias. Entre- tanto, é nestes ônibus que podemos ouvir os sotaques nordestinos da zona da seca se misturar a de paulistas, mineiros e paraenses. As paradas dos ônibus e de outras conduções são locais de baldeação de pessoas em trânsito para suas moradias ou de migrantes em busca de trabalho em direção ao meio urbano e rural das cidades.

Mesmo para quem já tenha realizado a viagem por muitas vezes, a tensão é a mesma. Entretanto, o fascinante é ouvir as experiências de grupos que conversam em tom alto, como se quisessem que todos compartilhassem as suas experiências de vida, os seus projetos e temores. A forma de se intercambiar com o outro é um complicado desvelo, porém não impede que se escutem desalinhos.

As conversas elevam o nível dos conflitos, “o que essa gente veio fazer aqui? São per- guntas não ditas diretamente; são pronunciadas em tom baixo, e têm um efeito devastador na sociabilidade do migrante. São as palavras do “chegado”, aquele que já está inserido na socie- dade, dirigida ao “chegante”, o indivíduo que está chegando.

As condições das estradas e das cidades que conduzem à Parauapebas nem de longe são o que migrante ouviu falar. Invariavelmente as cidades são cortadas por estradas; muitas são arborizadas e asfaltadas em pequenos trechos em frente às cidades, quanto mais nos aprofun- damos pelas ruas ao interior destas vemos um “dégradé” urbano-social que esmaece a infraes- trutura conforme se chega aos bairros mais pobres.

Foto 04 – Vista do bairro Parque dos Carajás, 2014.

Fonte: Arquivo pessoal do autor

De todos os caminhos à PA 150 sempre foi uma estrada que historicamente pessoas com seus sonhos e esperanças caminharam sobre os seus mais de 900 km de extensão, partindo de Belém em direção a Conceição do Araguaia, fronteira com o estado de Tocantins; para se chegar

a Parauapebas, saindo de Belém, utiliza-se a PA 150 até Marabá, e a PA 475 de Marabá a Parauapebas. Ao longo dessas estradas vimos cidades mudarem com rapidez impressionante e migrantes serem obrigados a se transforar.

Figura 11 - Em azul, estrada que liga Belém a Conceição do Araguaia. Em verde Marabá à Parauapebas

Fonte Maps (Google, 2015)

Apesar de alguns poucos migrantes se deslocarem para o meio rural a maioria não tem a intenção de ir para o interior dos municípios com menos desenvolvimento. Comprova-se isso, com os dados impressos no primeiro capítulo em que a maioria dos migrantes se encontram na região urbana e aumenta o número de migrantes itinerantes.

Atualmente, isso é possível de se observar nas viagens, existe um número crescente de migrantes que não viajam com as famílias, o que permite mobilidade maior, “se não der certo, continuo a minha viagem até encontrar um lugar para me instalar e trazer a família” (anônimo), comenta a maioria dos migrantes de passagem. E cresce também aqueles que buscam trabalho e organizam-se em espécies de repúblicas. Como o migrante sabe que muitas funções nas em- presas são sazonais, não arriscam alugar casa sozinhos e trazer a família, o custo seria maior e a mobilidade para percorrer o corredor da mineração seria menor. O corredor46 da mineração é constituída por municípios em que a Vale realiza novos investimentos e cria novos mercados de trabalho.

Como se afirmou antes, até a década de 1980 os migrantes que se deslocavam para o Pará eram predominantemente de trabalhadores rurais. Os moradores se deslocavam interna- mente com vários propósitos. Ameaçados de perder a terra conquistada, sob as visitas frequen- tes de pistoleiros nas casas dos trabalhadores, os conflitos entre vizinhos, a perseguição policial.

46Atualmente o corredor da mineração são novos empreendimentos da Vale constituído por municípios que cir-

cundam Parauapebas - El Dourado dos Carajás, Ourilândia, Curionopólis, Canaã dos Carajás e a 400 km de Pa- rauapebas, a cidade de Conceição do Araguaia.

Por isso, as conversas em público eram recheadas de códigos. Nas localidades de conflitos, principalmente agrário, os migrantes, para se comunicarem utilizavam palavras pouco compre- ensivas para pessoas que os visitavam.

As palavras e frases constituíam-se em um códigos sociais importantes. Distinguir com precisão os mais variados sotaques era uma a forma de conhecer as representações que infor- mavam o que de fato se está dizendo sobre os assuntos que nem todo mundo deveria compre- ender, ou seja, os migrantes construíam, no âmbito de seu grupo social, informações e o modo de compreendê-las para que outras pessoas que não pertenciam a comunidade, a maioria no meio rural, não entendessem com precisão qual realmente o significado de algumas palavras e frases. Isto, no entanto, daria outro estudo interessante.

Alguns migrantes chegavam na perspectiva de obter um lote de amigos e parentes na cidade ou no meio rural. A vinda de parentes e amigos acontecia porque era uma forma de ter aliados para combater as dificuldades ou ter força de trabalho de confiança.

Outras razões para os deslocamentos do migrante para as cidades não estavam direta- mente associadas à violência, mas também À falta de médicos em localidades distantes das sedes dos municípios, compras de gêneros de primeira necessidade, e de material de trabalho. Os itinerários de viagem são ricos em informação oral. De Belém a Marabá já permite saber que se está caminhando em uma realidade antinômica em que tudo se confunde, e é es- sencialmente nestes conflitos que se gestam os problemas e suas soluções. Homens e mulheres migrantes se trançam em redes sociais, um emaranhado delas que formam teias de relaciona- mentos na novas territorialidades.

De outro modo, reconhecer e relacionar pessoas de regiões do Brasil e seus interesses, é importante para conhecer as sociabilidades, ou, em alguns momentos a negação da sociabili- dade do estranho, que se entrechocam e se agrupam na diversidade.

Os capixabas em sua maioria estavam mais interessados na extração de madeira, explo- rar a força de trabalho e retornar aos seus lugares de origem. O migrante do Sul e Sudeste brasileiro, buscavam terras férteis para plantações e instalar agronegócio, ou a agricultura fa- miliar quando tinham menos posses. O mineiro se inclinava à criação de gado. O maranhense da fronteira com o Pará, de poucos bens materiais, são atraídos pelas redes de parentes e amigos, dirigem-se para o meio rural ou ficam nas cidades com os trabalhos precários. O nordestino, no geral, bem mais sofrido, com um repertório imenso de deslocamentos em seus históricos, se dedica à pequena agricultura de subsistência, ou quando tem bens materiais, ao gado e à agri- cultura. É bom afirmar que essas impressões não podem ser generalizadas, porque como foi escrito antes, essas afirmações são fruto de experiências pessoais, principalmente na década de

1980, e convívio com uma parcela de um universo pouco amplo de migrantes e, portanto, en- contra-se perfil de migrantes de variações diversas, de classes sociais e estratos muito vasto com interesses que as vezes combinam uns com outros objetivos de deslocamento e escolha de forma de viver, entretanto, pra se chegar a realidade de Parauapebas é necessário compreender, pelo menos, esse processo de desterritorialização dos migrantes nos anos de 1980 a 2010

A convivência nos permite muita heurística para compreender a realidade atual. Com atenção o observador constatará a mudança de perfil do migrante na atualidade, mesmo porque muitos são migrantes que estão sempre de passagem e destino definido, que já não se deslocam como aventureiros caminhando às cegas. Se antes era fácil identificar os migrantes pelos seus vestuários, pelos objetos que transportavam, ou até mesmo relacionar os sotaques regionais com a sua condição social, isso já não serve mais como parâmetros de conhecimento imediato da realidade e de experiência social do migrante do sul e sudeste paraense.

A fixação e estabilização de grandes projetos, a intensificação da mobilidade de grandes capitais, as exigências de trabalhadores com escolarização média e superior, instalação de em- preendimentos diversificados, transformaram a região do sul e sudeste paraense economica- mente e politicamente, e também proporcionaram mudanças de hábitos e costumes, mudaram assim, o perfil geral do migrante (SOUZA e PEREIRA, 2008).

Antes, quando se perguntava a um migrante de passagem em que ele ia trabalhar a res- posta sempre era “na lavoura” ou “cuidar de fazenda” (anônimo), ou mesmo em pequenas ati- vidades de serviços, a maioria ligada ao cabo da enxada, pequenos serviços de pedreiro ou de montaria. Agora se a pergunta for: “vai trabalhar em que? A resposta será na maioria: “no que der” (anônimo). Essa resposta dá a falsa impressão de que o migrante venderá a força de traba- lho dele a qualquer um porque não tem formação adequada, ledo engano, como as atividades se diversificaram parcela da força de trabalho migrante também diversificou a sua qualificação. Em alguns casos tanto os que já residem, quanto o migrante permanentemente itinerantes têm formação superior em dois ou mais cursos, não é a maioria; e os que têm apenas a formação do ensino médio, buscam trabalho no comércio e em pequenos escritórios, ou ainda em empresas terceirizadas ligadas aos serviços da Vale. Outros com pouca formação escolar, procuram tra- balho no setor de vigilância de patrimônio, na construção civil (quando já conhecem o trabalho de pedreiro, podem conseguir uma vaga como ajudante), se não conhecem a profissão traba- lham como servente na construção civil, que é uma função onde se adquire prática na atividade e pode-se subir de posto mais rápido que em outras atividades, como no comércio ou técnicos.

A cidade de Parauapebas reflete os dados econômicos que atestam o seu acelerado cres- cimento: polo de atração de força de trabalho de vários estados Brasil, com orçamento maior do que a capital do Pará, Belém.

Parauapebas não é uma cidade planejada, mas já não é meramente uma cidade dormitó- rio. Cresce de forma desordenada. Os prejuízos sociais são da dimensão dos seus dados estatís- ticos. Mais da metade da receita do município é proveniente da extração mineral; é o “combus- tível” que mantém a robustez do orçamento e ao mesmo tempo as mazelas sociais, tudo num “cadinho” (dados no primeiro capítulo). São grandes distorções sustentadas por uma renda per capita idêntica à da cidade do Rio de Janeiro, mas com problemas sociais de cidades do estado do Pará com orçamentos menores. Há mudanças sendo operadas pela prefeitura de Parauapebas em moradias, porém os contrastes permanecem. Afastando-se do centro urbanizado há faveli- zação nos morros por todos os lados, onde mora o precariado.

Em conversas e observação não se percebe que dados negativos perturbam os morado- res, ou que tenham clareza que um dia a “fartura” orçamentaria proveniente dos royalties da Vale vai ter fim. Para muitos a mineração não é um meio, mas um fim. Ou seja, não se pensa na mineração para criar outras infraestruturas para manter riquezas mais permanentes, como por exemplo a verticalização da produção. A realidade e que após mais de 30 anos, 80% da produção in natura sai da mina da Vale e vai direto para o trem que escorre a produção para o exterior (COELHO, 2015).

Isso verte contradições profundas, possibilidade de um futuro melhor ou pobreza cres- cente. Essa situação produz certa desesperança de muitos. Alguns na eminencia do esgota- mento, “se não conseguir um emprego, volto para minha terra” (anônimo). Porém a maioria dos migrantes que quis ser provisório, virou permanente, e agora quer ser um migrante itinerante, isto é, para muitos não tem mais sentido permanecer, o objetivo de melhorar a vida em um lugar que ofereça centenas de oportunidades deita por terra a propaganda do mercado-capital em exi- gir mais e mais qualificação.

A lógica não é exatamente a qualificação, mas fazer com que a força de trabalho seja flexível suficiente para aceitar uma função em escritório e, ao mesmo tempo, quando desem- pregada, outra função como serviços gerais. Ao final, o trabalhador descobre nos limites mais estreitos as condições para a sua reprodução e de sua família, torna-se itinerantes porque não são aproveitados na linha direta da produção das empresas, tanto da Vale como de suas subsi- diárias e das empresas terceirizadas, ocupando-se apenas nos períodos das obras em construção. Quando a construção de prédios e infraestruturas estão prontas, o desemprego é iminente.

Quais conclusões podem ser consideradas como caracterização para uma análise socio- lógica da territorialidade de Parauapebas? Considerando que a territorialidade é o espaço da construção de sociabilidades, o espaço onde é realizada a reprodução da força de trabalho, onde se estruturam novas organizações societária a partir das antigas relações sociais. O ponto de partida para a construção destas sociabilidades é definir que a territorialidade seja um conjugado de sistemas: sistemas de objetos e sistemas de ações indissociáveis. Entre objetos e ações con- sidera-se, segundo Santos (2002), paisagens, a configuração territorial, a divisão social e terri- torial do trabalho, o espaço produtivo, palcos das ações dos sujeitos.

A ação dos sujeitos efetivamente possibilita o dinamismo das redes de relações huma- nas, razão pela qual, Parauapebas é o espaço da territorialidade que atrai forças produtivas. São essas novas forças produtivas que se desorganizam e se organizam.

O modo pelo qual as forças produtivas se organizam em Parauapebas, faz emergir novas característica do perfil do migrante: o surgimento da força de trabalho migrante itinerante, que prefere os centros urbanos; forçados pela forma de exploração do capital, que mudam o perfil profissional se adaptando aos interesses das empresas terceirizadas e das grandes empresas mi- neradoras; a força de trabalho migrante tornou-se permanente contra sua vontade, muitos deci- dem ser itinerantes em volta do polo de atração. A força de trabalho migrante cada vez mais assume funções flexíveis em atividades precarizadas; afetação da sociabilidade por meio da negação dos sistemas reprodução limitando a ação da força de trabalho migrante.

A sociabilidade do migrante é afetada pelo estranhamento com outro, o mal-estar que culturas diferentes causam uma as outras no des(encontro) do espaço social. Com o tempo à sociabilidade é afetada pela falta de perspectiva social, não o vazio de sentidos, mas o excesso de sentidos - negando as reclamações das ideias “pós-modernas” imputando a falta de sentidos ao estranhamento, a cultura sem fronteiras. Essas ainda são questões ainda pouco debatidas no espaço acadêmico, e pouco repercutidas nas políticas públicas de estados e municípios.