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A tipificação conceitual dos modelos de Proteção Social

1.3 A atuação do Estado e as políticas de cuidado

1.3.1 A tipificação conceitual dos modelos de Proteção Social

O protagonismo da assistência social na provisão de direitos e na universalização dos acessos tem possibilitado a ampliação da Proteção Social, formador do tripé: Previdência Social, Saúde e Seguridade Social. A proteção social visa garantir segurança de sobrevivência (de rendimento e autonomia); de acolhida; de convívio ou vivência familiar (BRASIL, 2009, p. 32).

A partir das diretrizes estabelecidas pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e a Norma Operacional Básica (NOB/SUAS), junto à implantação do SUAS, a proteção social segmentou-se em dois eixos: Proteção Social Básica (PSB) e a Proteção Social Especial (PSE) (CAMARANO; MELLO, 2010).

A Proteção Social Básica opera com objetivo de prevenir situações de risco através do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. O público-alvo é a população em situação de vulnerabilidade social devido aos níveis de pobreza, privação de renda ou de serviços públicos, e/ou fragilização de vínculos familiares (BRASIL, 2005). Os serviços oferecidos pela PSB são: 1) Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF); 2) Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; 3) Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Pessoas Idosas.

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A Proteção Social Especial intervém por meio dos serviços de abrigamento para aqueles que não contam com a proteção e o cuidado de suas famílias. Destina-se a crianças, adolescentes, pessoas com deficiência, pessoas em situação de rua e idosos que tiveram seus direitos violados ou ameaçados na convivência familiar e vivem em situação de risco pessoal e social por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas sócio-educativas, situação de rua, situação de trabalho infantil (BRASIL, 2005).

A Proteção Social Especial divide-se em duas modalidades: A Proteção Social Especial de Média Complexidade, cujos serviços oferecidos às famílias e indivíduos que tiveram seus direitos violados são basicamente: 1) Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI); 2) Serviço Especializado em Abordagem Social; 3) Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC); 4) Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias; 5) Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua. A segunda modalidade é a Proteção Social Especial de Alta Complexidade, responsável pela proteção integral de pessoas em situação de risco. Esta modalidade oferece serviços que envolvem a institucionalização garantindo a estas pessoas o acesso à moradia, alimentação e cuidados necessários, são estes: 1) Serviço de Acolhimento Institucional; 2) Serviço de Acolhimento em República; 3) Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora; 4) Serviço de proteção em situações de calamidades públicas e de emergências.

A PSE integra, portanto, as políticas de cuidado de longa duração, pois organiza ações governamentais, oferece serviços e atenção ao segmento de pessoas idosas requerentes de atendimento pontual no âmbito da assistência social. Os serviços de alta complexidade são, ainda, estendidos para as casas-lares, repúblicas, casas de passagem, albergues, famílias substitutas, famílias acolhedoras e o Atendimento Integral Institucional, sendo este último o foco do presente estudo.

O serviço de Atendimento Integral Institucional concerne às Instituições de Longa Permanência ou tradicionalmente chamadas de instituições “asilares”, e tem como prioridade o atendimento de pessoas com 60 anos ou mais em situação de vulnerabilidade. A Portaria SEAS nº 73/01, do então Ministério da Previdência e Assistência Social, define que os serviços disponibilizados nestas instituições competem às áreas social, psicológica,

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de fisioterapia, de terapia ocupacional, de enfermagem, medicina, odontologia, entre outras. A residência dos idosos é caracterizada sob o regime de internato, devendo dispor de estrutura física equipada e um quadro de funcionários atuante nos cuidados de saúde, assistência, alimentação, higiene e lazer. As ILPIs também são conhecidas por outras denominações comuns, tais como abrigo, asilo, lar, casa de repouso, clínica geriátrica, ancianato.

O atendimento integral institucional conta com uma rede de parcerias articulada a outros órgãos públicos tais como Ministérios da Previdência e Assistência Social, Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde ou congênere, famílias, universidades, organizações não governamentais, voluntários, e outros (BRASIL, 2001).

As instituições são classificadas de acordo com suas modalidades e o tipo de atendimento integral oferecido: Modalidade I- instituição para idosos que cumprem as atividades da vida diária de modo independente, embora utilizem equipamentos de autoajuda. Modalidade II- para idosos dependentes e independentes que necessitam de cuidados especializados e acompanhamento de profissionais de saúde. Esta modalidade de instituição não inclui idosos com dependência física de alto nível e de doença mental incapacitante; Modalidade III- instituição voltada para idosos dependentes que demandam assistência total para a realização de, no mínimo, uma atividade da vida diária. Logo, esta modalidade exige uma equipe interdisciplinar de saúde (BRASIL, 2001). Vale ressaltar que essas modalidades são questionáveis na aplicação prática, pois à medida que o idoso adentra a instituição, os níveis de dependência tendem a evoluir com o avanço da idade, o que tornaria obrigatória a transição de uma instituição para outra em vista da modalidade apropriada. Assim, as instituições transitam entre as três modalidades, não necessariamente enquadrando-se a uma modalidade apenas.

Para cada modalidade institucional são determinados critérios relativos aos custos per capita, formas de manutenção, recursos humanos, equipamentos e instalações (dormitório, refeitório, enfermaria, lavanderia, fisioterapia, terapia ocupacional), projetos arquitetônicos e afins. Com base na Portaria SEAS nº 73/01 (BRASIL, 2001), as instituições devem seguir e adaptar rigorosamente as especificações dos materiais, do mobiliário, das medidas e o dimensionamento espacial, etc., para tornarem-se aptas à execução do atendimento.

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A política de assistência social é financiada mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios e das contribuições sociais. No referente às ILPIs, mantém-se o cofinanciamento entre o Estado e estas instituições, cujo repasse corresponde a um valor per capita mensal para instituições de natureza jurídica pública e filantrópica, conforme o número de idosos residentes atendidos.

No Distrito Federal a parceria com as ILPIs é firmada por intermédio da Secretaria de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDESTMIDH) e está regimentada pela Lei nº 13.019/2014. O pacto é celebrado via chamamento público expedido pela administração pública distrital predisposta a selecionar organizações da sociedade civil, legalmente habilitadas ao cumprimento das normas específicas relativas à política pública em questão.

As normas e regulamentações dispostas na Portaria nº 38/2014 e Portaria nº 114/2016 devem ser categoricamente cumpridas sob o risco de o contrato sofrer impugnação e suspensão. A SEDESTMIDH é também responsável pela distribuição do recurso financeiro per capita favorecido às ILPIs conveniadas. O repasse é efetuado mensalmente e as entidades dependem da verba para a manutenção de suas atividades. O valor per capita condiz com as vagas ocupadas pelos idosos na ILPI, variando entre idosos dependentes e independentes conforme a referência disposta na Portaria nº 114/2016 da SEDESTMIDH (Anexo I), onde constam as categorias de serviços das instituições. Atualmente, o valor per capita repassado ao Serviço de Acolhimento Institucional para Idosos na categoria Abrigo Institucional (essa categoria inclui as ILPIs) contabilizam R$ 1.932,49 por idoso independente, e R$ 2.303,10 por idoso dependente.