“Translating is not a separate science, but it often does represent specialized skills and can
also require aesthetic sensitivity.”
(Nida, 2006, p. 11)
A tradução não consiste apenas em traduzir de uma língua para outra; é necessário
saber interpretar o texto de partida e transmitir a informação para o texto de chegada. Esta
ponte é o que permite distinguir a tradução feita por um tradutor, de uma feita por uma
pessoa sem formação na área. Para ser possível traduzir um texto, independentemente da
área é crucial haver formação por parte do tradutor, não só a nível linguístico e técnico-
científico como também a nível cultural. A tradução médica, portanto, é uma área muito
específica que necessita de tradutores profissionais, com uma formação que lhes permita
realizar este tipo de trabalho.
Segundo Năznean (n.d., p. 698), “o Inglês tornou-se a língua franca da escrita
científica, em particular a escrita médica.” Embora a língua inglesa seja o meio preferencial
de comunicação entre profissionais médicos, para que os seus artigos tenham um maior
impacto na comunicação científica, os médicos recorrem a tradutores profissionais. No
entanto, os tradutores não possuem formação suficiente para realizarem este tipo de
tradução e os médicos não têm conhecimentos linguísticos para o fazer, daí a importância
da formação do tradutor nesta área. Quando o tradutor adquire competências para tal, não
invalida que não estabeleça contacto com o profissional médico, pois por muitas
competências que o tradutor adquira na área médica, nunca terá conhecimento como o de
um médico.
Outra razão que impede a grande parte dos médicos de realizar as traduções dos
seus trabalhos deve-se ao facto da falta de capacidades tradutológicas, a escolha das
línguas de trabalho que é também um fator importante que incapacita o profissional de
realizar as suas próprias traduções e, por vezes, pela indisponibilidade para realizarem
este tipo de trabalho. Dada esta situação, onde o tradutor irá realizar a tradução de um
trabalho médico, para que seja possível efetuar uma tradução correta e com qualidade é
necessário que o tradutor mantenha um diálogo constante com o profissional de saúde,
expondo todas as questões e/ou dúvidas sobre o documento do cliente. A comunicação é
crucial neste processo de tradução, pois uma má tradução neste âmbito pode contribuir
para a perda de credibilidade não só do tradutor, mas principalmente do médico que
escreveu o artigo.
No mundo da medicina existem vários tipos de tradução, tais como artigos
científicos, relatórios clínicos, folhetos informativos de saúde, bulas, patentes, softwares
médicos e manuais de instrução para equipamento médico, e estes necessitam de
adaptação a nível cultural, uso de técnicas de tradução e dicionários eletrónicos. No que
respeita às técnicas de tradução é bastante comum o uso de memórias de tradução devido
à complexa terminologia médica, o que facilita o processo de tradução entre as respetivas
línguas.
De acordo com Montalt e Davies (2007), existem aspetos a ter em consideração na
tradução médica:
Âmbito de aplicação: O artigo a ser trabalhado pertence à área da psiquiatria, inserida
no estudo farmacológico, nomeadamente ao estudo de medicamentos antidepressivos,
estimulantes e antipsicóticos.
Noções médicas: Necessidade de possuir conhecimentos bem aprofundados sobre
medicina para haver uma comunicação satisfatória entre o tradutor e o médico.
Necessidade de haver formação por parte do tradutor e, sempre que necessário, obter
ajuda de um profissional médico.
Terminologia e linguagem médica: a linguagem médica é fundamental para haver
coerência, clareza e veracidade nestes dois artigos.
Comunicação: as traduções devem adequar-se ao público-alvo a que se dirige: neste
trabalho é necessário haver uma comunicação com uma linguagem mais científica.
Tipologia médica: neste caso, serão trabalhados dois artigos científicos sobre
medicamentos do foro psiquiátrico (antidepressivos, estimulantes e antipsicóticos).
Relativamente à área de Farmacologia, as bulas dos medicamentos são, em grande
medida, a ponte de comunicação entre duas línguas e duas culturas. Como define o
Dicionário Priberam da Língua Portuguesa (DPLP) (http://www.priberam.pt/dlpo/bula), é
um “folheto que normalmente acompanha um medicamento, de conteúdo informativo sobre
composição, posologia, efeitos secundários (…).”
A bula permite que o doente tenha a
possibilidade de compreender a funcionalidade do medicamento a tomar sem ter de
recorrer de forma constante a um médico para saber de informações médicas. Denota-se
que, apesar da informação detalhada e simples na bula do medicamento, é fundamental
que o doente perceba a funcionalidade do mesmo através do médico, sobretudo em casos
em que o doente tenha um historial médico preocupante (trombos, diabetes, alergias de
medicamentos, etc.)
De acordo com o European Scientific Journal foi realizado um estudo em Tirana, na
Albânia, com o objetivo de analisar um dos grandes problemas das bulas dos
medicamentos: a falta de tradução. Este país é um dos muitos que não possui informação
médica traduzida para albanês e esse mesmo estudo demonstra que das 1500 pessoas
que responderam ao inquérito, 35% afirmam que não tinham tradução das bulas dos
medicamentos e 25% mencionam que necessitaram de ajuda de familiares e amigos para
a compreensão das respetivas bulas (n.d.,p.39). Devido à falta de tradutores qualificados
impede que haja a realização de uma tradução correta e que, ao mesmo tempo, a
qualidade não esteja presente. A importância da qualidade neste caso de estudo é muito
importante, pois é o processo que permite analisar a tradução, comprovando a veracidade
da informação que foi transferida para o texto de chegada.
Portanto, este é um dos aspetos mais importantes ter em conta na área da
farmacologia, pois a tradução é um forte meio de comunicação entre línguas que, garante
a um público-alvo generalizado, acesso à informação médica necessária de forma mais
simples e eficaz.
No documento
A tradução e a sua relevância na indústria farmacêutica
(páginas 35-38)