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A importância da qualidade na tradução

A compilação de documentos para iniciar o processo de tradução é um trabalho

bastante complexo e para ser possível trabalhar numa tradução médica é essencial a

qualidade fazer parte do processo de tradução. A qualidade provém do trabalho do tradutor

e da experiência que possui, o que se insere também a área de especialização que

trabalha. O primeiro aspeto a ter em consideração é o público-alvo a que se destina a

tradução. Quando este não é dirigido a um público geral, cujos conhecimentos médicos

são poucos ou nenhuns, a linguagem terá de ser menos técnica para que a informação

seja compreensível. Nem toda a população possui habilitações e/ou cultura suficiente para

compreender determinado tipo de escrita, o que justifica o facto de haver uma grande

preocupação na redação de determinados textos. Relativamente a um público-alvo

composto por profissionais médicos, a linguagem terá que ser bastante técnica e formal.

Há uma terminologia própria, dirigida a profissionais de uma determinada área que tende

ser utilizada. Contudo, a comunicação entre o médico e o paciente terá de ser simples e

detalhada, de maneira a que o paciente compreenda a sua situação clínica. Segundo Heine

(2003), “os tradutores médicos e intérpretes facilitam o processo de comunicação entre

pacientes e médicos, porque uma falha na comunicação com um paciente pode conduzir

a uma situação de risco de saúde, se, por exemplo, um médico não for capaz de obter

informação de um paciente.” Assim sendo, é essencial que um tradutor experiente garanta

qualidade na tradução. O tradutor tem de possuir capacidade de “detetar erros em textos

médicos” (Karwacka, 2014) e notificar esses mesmos erros ao cliente, para que a qualidade

da tradução não seja afetada. As possíveis soluções para a eficácia de uma tradução com

qualidade é o uso de ferramentas próprias: glossários e dicionários médicos.

Existem vários comportamentos que retiram qualidade à tradução, segundo

Slobodzian-Taylor (2013, p.1):

Texto de partida mal escrito: o texto de partida é crucial para ser possível a

realização de uma boa tradução. O mais pequeno erro no texto a traduzir pode alterar

completamente o significado da frase. A presença de erros gramaticais é um dos

problemas para o tradutor, pois este terá de entrar em contacto com o cliente e explicar a

situação, e confirmar se se trata realmente de um erro para que não afete a tradução e

esta possa ter o mínimo de qualidade necessária num texto médico;

Más traduções: como foi referido no tópico anterior sobre os problemas presentes

na tradução médica, uma má tradução impede que haja qualquer tipo de qualidade num

texto, independentemente da área a que se está a trabalhar. Por outro lado, um tradutor

não especializado terá a tendência de traduzir termos médicos de forma literal e a

sonoridade do texto não será compatível á de um texto médico.

Falta de revisão: a revisão é um dos processos mais importantes para garantir a

qualidade na tradução médica. É neste processo que são utilizados os seis sentidos da

tradução médica.

Falta de tempo: a pressão e a falta de tempo é uma das desvantagens na vida de

um tradutor. O tradutor nem sempre tem a disponibilidade de estudar o texto de partida, tal

como ler textos paralelos, verificar o tipo de vocabulário que é utilizado e até pedir o auxílio

de um revisor para verificar a tradução final. É necessário que o tradutor mantenha a sua

posição como profissional e que se aperceba que não tem possibilidade de mostrar

trabalho com qualidade ao cliente no prazo que lhe foi estipulado. Ao assumir um trabalho

que não pode cumprir atempadamente com o cliente, poderá causar complicações e daí

perderá a credibilidade para com esse cliente. A honestidade, por vezes, é o que os clientes

mais valorizam e fazem com que estes continuem a pedir os serviços aos mesmos

profissionais de tradução médica.

O Infarmed, Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P., é o

instituto responsável pelo controlo de medicamentos e produtos de saúde presentes no

mercado em Portugal. O controlo de saúde deste instituto é de tal modo crucial, que possui

uma série de normas, criadas com o intuito de fornecer apoio para os tradutores e para

que, deste modo, possam garantir a qualidade na tradução dos medicamentos. A

deliberação nº85/CD/2010, referente ao tópico IV “Critérios de qualidade na tradução dos

textos finais do resumo das características do medicamento (RCM), do folheto informativo

(FI) e da rotulagem”, contém sete importantes processos para garantir a qualidade, nas

quais a conformidade da tradução e o modelo Quality Review of Documents (QRD)

pertencem ao processo da tradução. Este modelo possui uma série de regras a respeitar

para garantir a qualidade da tradução médica e que cujo processo é realizado por uma

equipa de linguistas que oferece assistência aos comités científicos da Agência Europeia

de Medicamentos (EMA) e a empresas de vendas de medicamentos, que nomeadamente

traduzem a informação do produto e a sua rotulagem.

A Agência Europeia de Medicamentos (2015) disponibiliza as várias regras a seguir

do modelo QRD:

1. Clareza, consistência e precisão da informação do produto a traduzir;

2. Análise da terminologia usada na tradução e a sua consistência com as versões

originais;

3. Promover a legibilidade da informação do produto;

4. Rever e atualizar modelos de tradução para discussão nos comités científicos e

para a informação do produto, garantindo assim o cumprimento das regras da

União Europeia (UE) em produtos de saúde;

5. Contribuir para o desenvolvimento da compreensão comum na implementação da

legislação e das normas relacionadas com a informação do produto e da rotulagem

do mesmo.

À exceção das regras nº 4 e nº 5, ao longo da tradução dos dois artigos trabalhados

foi possível seguir as normas deste modelo, de forma a garantir qualidade no texto de

chegada.

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