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1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

1.2. A utilização da História Oral

A adoção da História Oral (HO) como metodologia de trabalho se fez necessária devido às especificidades do tema abordado. Por se tratar de uma manifestação cultural, com suas origens no meio rural – neste caso específico, o carnaval da Fazenda Cresciumal – a impossibilidade de trabalhar com documentos escritos trouxe inúmeras dificuldades para a reconstrução do passado. Em virtude da escassez de registros documentais que especificamente abordassem as festividades carnavalescas celebradas na Fazenda Cresciumal, optamos por convidar os antigos moradores e participantes do desfile de máscaras para contribuírem com a pesquisa trazendo suas memórias orais.

Paul Thompson (1992) aponta que a HO, ao se dedicar a coleta de depoimentos, produz uma profunda singularidade, algo que é específico desta metodologia e suas potencialidades metodológicas. Ele indica algumas destas potencialidades oferecidas pela história oral como, por exemplo, a possibilidade de registrar as experiências de pessoas, ou grupos sociais, que ficam à margem da história dita oficial; a capacidade de recobrar memórias de grupos locais ou comunitários; a possibilidade da reconstrução do conhecimento histórico a partir de novos olhares ou interpretações; além de favorecer a ampliação do campo de estudo para áreas ou temas até então menosprezados pelas tradicionais correntes historiográficas.

Assim, apontamos a importância da HO para segmentos da sociedade que não são contemplados pelos meios de comunicação oficiais ou que vivem à margem do sistema. Verena Alberti (2013, p. 22) destaca assim sua relevância:

O importante é não esquecer que a contribuição da história oral é sempre maior naquelas áreas de obscuridade, seja no estudo das elites, seja das grandes massas. [...] a obscuridade resulta do desinteresse das fontes oficiais pela experiência popular, da ausência de documentos, da teia protetora e autodefensiva que se cria naturalmente em torno dos movimentos populares, a partir de suas próprias lideranças.

Em virtude de tais obstáculos, optamos por lançar mão da metodologia da HO por entendermos que tal metodologia supriria assim nossa demanda, pois pode fornecer novas perspectivas para a análise do carnaval de máscaras pesquisado por nós.

Maria Isaura Pereira de Queiroz (1991) discorrendo sobre o uso da oralidade, destaca que a narrativa sempre se constituiu, ao longo de inúmeras épocas, como o

principal meio difusor e de conservação do conhecimento. Sendo assim o relato oral precede outras formas de transmissão do saber, pois este sempre esteve presente nas relações humanas e se configurou, a partir da educação humana, como meio formador de hábitos e de criação de saberes compartilhados.

Em virtude das possibilidades que a oralidade provoca, principalmente a partir das visões de mundo e experiências vivenciadas pelos depoentes, Maria Isaura afirma que:

É o termo que recobre uma quantidade de relatos a respeito de fatos não registrados por outro tipo de documentação, ou cuja documentação se quer completar. [...] Ela registra a experiência de um só indivíduo ou de diversos indivíduos de uma mesma coletividade. Neste último caso, busca-se uma convergência de relatos sobre um mesmo acontecimento ou sobre um período de tempo. A história oral pode captar a experiência efetiva dos narradores, mas destes também recolhe tradições e mitos, narrativas de ficção, crenças existentes no grupo, assim como relatos que contadores de histórias, poetas, cantadores inventaram num momento dado. Na verdade, tudo quanto se narra oralmente é história, seja história de alguém, seja a história de um grupo, seja a história real, seja ela mítica (1991, p.5).

Na obra Manual de História Oral (2013), Verena Alberti, ressalta que a HO tem a capacidade de reconstruir o fato histórico de uma maneira mais vívida, pois o narrador carrega em si, além de suas memórias, suas reinterpretações deste passado. Assim, o relato construído carrega em si as marcas de seu tempo. Portanto, a HO não pretende transpor os fatos históricos de tempos passados ou experiências vivenciadas para os dias atuais, não se trata simplesmente de resgatá-los, mas sim de revelar novas visões e diferentes interpretações desse passado. Durante a realização das entrevistas junto aos ex- moradores da Fazenda Cresciumal, foi possível perceber na prática essas considerações, pois vários dos ex-moradores desconheciam determinados fatos ocorridos sobre a origem do carnaval, mas sempre frisaram suas experiências dentro do espaço festivo como, por exemplo, quando questionados sobre as determinadas brincadeiras realizadas enquanto ocorria o desfile de carnaval, muitos desconheciam sua origem, mas reforçavam o caráter tradicional da brincadeira entre eles, além de destacar os sentidos por eles experimentados, como a visível alegria do desfile, como o medo dos palhaços e monstros, presente em certas situações.

Sendo assim, para Lucilia de Almeida Neves Delgado (2006, p. 15), não se trata de um “compartilhamento da história vivida, mas, sim, o registro de depoimentos sobre

essa história vivida”, ou seja, a HO não se presta somente ao papel de recuperar a história “tal como foi”, mas sim de reconstituir o passado, através das narrativas e da trajetória de vida do entrevistado. Destarte, “a reconstituição dessa dinâmica, pelo processo de recordação, que inclui, ênfases, lapsos, esquecimentos, omissões, contribui para a reconstituição do que passou, segundo o olhar de cada depoente” (DELGADO, 2006, p. 16).

Ainda sobre o conceito de HO, conceito este construído ao longo de diversas décadas, Verena Alberti certifica que se trata de “um método de pesquisa (histórica, antropológica, sociológica, etc.) que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participaram de, ou testemunharam acontecimentos, conjunturas, visões de mundo, como forma de se aproximar do objeto de estudo”. Completa a autora: “trata-se de estudar acontecimentos históricos, instituições, grupos sociais, categorias profissionais, movimentos, conjunturas etc. à luz de depoimentos de pessoas que deles participaram ou os testemunharam” (ALBERTI, 2013, p.24).

Uma importante constatação a ser feita, diz respeito ao caráter interdisciplinar que a HO adquiriu. Há nesse sentido um intercâmbio entre várias áreas das ciências sociais como, por exemplo, a sociologia, a antropologia e a psicologia. Ao longo de sua trajetória, a HO, para Alberti (2013), acabou por tomar emprestado diversos instrumentos metodológicos e técnicos das outras disciplinas sociais, como também foi capaz de ampliar o seu conjunto temático. Desta forma, “o interessante é destacar a gradativa conformação multidisciplinar, por inclusão e assimilação, crítica ou não, de temas, problemas, métodos e técnicas de trabalho de diversas disciplinas sociais”. (ALBERTI, 2013, p. 18).

A partir destas explanações feitas, entendemos a HO como método de ampliação do conhecimento histórico e como fonte de consulta para a complementação de outras fontes, até mesmo porque o historiador, inúmeras vezes, necessita de grande diversidade de fontes históricas. Desse modo, reconhecemos que a diversidade das fontes históricas, sejam elas decorrentes dos documentos escritos, dos relatos orais e das imagens, a partir da riqueza que a complementaridade entre as mesmas pode permitir, como instrumentos de análises fundamentais para a reconstrução do processo histórico. Segundo Demartini, (1994)

Esta complementaridade é necessária, pois através destas diferentes fontes poderemos acompanhar o registro que se efetiva em momentos distintos: ‘O fato de lidarmos com fontes distintas nos remete ainda à questão de que, desta forma também temos condições de recorrer a fontes escritas já usuais podendo explorá-las sob novas perspectivas. O deslocamento de enfoque que as fontes orais nos colocam permite trabalharmos com os arquivos e fontes existentes com uma riqueza muito maior, procurando vê-los sob novos contextos e questões’. (DEMARTINI, 1994, apud LANG, 1998, p. 17):

Segundo Lang (1998), até mesmo nos trabalhos em que as fontes orais se constituem na principal fonte de pesquisa é necessário também conjugá-las a outras fontes de dados. Assim, em nossa pesquisa procuramos fazer uso dessas orientações e para tanto, procuramos conjugar dados referentes ao carnaval de máscaras da Fazenda Cresciumal na imprensa local e regional, a partir dos periódicos consultados, das fotografias cedidas pelos participantes, ou feitas pelo próprio pesquisador, além claro, das entrevistas realizadas.

A diversidade de fontes compreendendo documentos escritos, relatos orais e imagens torna-se fundamental, especialmente pela riqueza que a complementaridade entre as mesmas pode permitir. Em vários estudos, pudemos constatar como documentos escritos podiam nos levar aos informantes e ajudar na realização de entrevistas, mas os informantes com seus relatos nos levaram também a novos documentos, dos quais muitas vezes eram os únicos possuidores, e à formulação de novas questões. ‘Nesse processo, o documento escrito e o documento iconográfico, embora preexistente no tempo, datados de épocas passadas, só entraram no tempo da pesquisa, isto é, no tempo presente, através dos documentos orais’ (LANG, 1998, p.16)

Um ponto que merece ser discutido acerca do uso da HO é a participação direta do pesquisador na constituição de documentos históricos de origem oral. De certa forma, ao se trabalhar com a HO, há uma intencionalidade clara de criação de documentos históricos. Desta maneira ela carrega em si a capacidade de produção de fontes ou documentos que possibilitam o desenvolvimento de pesquisas, além de garantir para futuros pesquisadores uma farta documentação, a partir da criação de acervos orais em centros de pesquisa. Este material, pode ser reunido em um acervo, organizado e disponibilizado a outros pesquisadores, que poderão, ao fazer uso dessa documentação, realizar novas interpretações. É de nosso interesse, ao final da pesquisa, mediante expressa autorização dos participantes, a doação de todo o material produzido: o áudio das entrevistas, as cópias de sua transcrição e a própria dissertação para a Associação de Máscaras da Cresciumal. Nessa perspectiva, pensamos a HO como um instrumento de

construção de novas fontes para a pesquisa histórica, tal como aponta Lozano (2006, p. 17):

A história oral poderia distinguir-se como um procedimento destinado à constituição de novas fontes para a pesquisa histórica, com base nos depoimentos orais colhidos sistematicamente em pesquisas específicas, sob métodos, problemas e pressupostos teóricos explícitos. Fazer história oral significa, portanto, produzir conhecimentos históricos, científicos, e não simplesmente fazer um relato ordenado da vida e da experiência dos “outros”.

Esses documentos, originários da HO e agora na forma escrita, passam a constituir-se em documentos como quaisquer outros, sujeitos, portanto, a novas interpretações e análises. Assim, caberá aos novos intérpretes do documento, a partir de seus interesses, imprimir outras reflexões e indagações.

É importante frisar que ao produzir tais documentos, o pesquisador deixa evidente – por mais que se procure uma pretensa neutralidade – sua interpretação como marca, pois são várias as situações em que a subjetividade se torna presente, desde a escolha dos entrevistados, o roteiro das perguntas feitas, até o processo de transcrição entre outras circunstâncias. Assim, o processo de escolha dos entrevistados foi feito a partir de determinadas escolhas, desta forma, cabe ao pesquisador elencar seus critérios.

A escolha dos entrevistados se mostrou, logo de início, uma importante etapa da pesquisa, pois é a partir das lembranças e elaborações do passado destas pessoas que se dará a reconstituição de elementos centrais desta manifestação cultural local. Nesse sentido, a escolha das pessoas foi feita a partir do envolvimento destas com os festejos carnavalescos no passado e nos dias atuais e pela representatividade que estas têm dentro de um grupo social específico, no caso, os ex-moradores da Fazenda Cresciumal.

Verena Alberti (2013, p. 43), afirma que:

O ideal seria poder escolher entrevistados dispostos a revelar sua experiência em diálogo franco e aberto e que, de sua posição no grupo ou em relação ao tema pesquisado, fossem capazes de fornecer, além de informações substantivas e versões particularizadas, uma visão de conjunto a respeito do universo estudado.

Inicialmente, foram entrevistadas doze pessoas, todos nascidos na Fazenda Cresciumal, sendo oito homens e quatro mulheres, o reduzido de mulheres se explica em virtude da pouca participação destas diretamente no desfile de máscaras.

Gráfico 1 – Grupo total de entrevistados.

Gráfico 2 – Grupo de entrevistados divididos por faixa etária.

12 8 4 6 6 T O T A L D E E N T R E V I S T A D O S G Ê N E R O I D A D E

GRUPO DE ENTREVISTADOS

Geral Homens Mulheres Velhos Jovens

6 6

IDENTIFICAÇÃO DOS ENTREVISTADOS - Classificação etária

Adultos/Idosos Jovens Solange Kilian Monique Bezerra Bruna Quirino Jacqueline Bezerra Jefferson Rezende Anderson Kilian Cláudio Avanzo Geraldo Petruz Hélcio Rezende José Kilian Celso Rezende Ednaldo Petruz

Gráfico 3 – Grupo de entrevistados divididos por gênero.

O primeiro grupo criado (gráfico 2) deu origem a dois segmentos: “adultos/idosos” e “jovens foliões”. O segmento formado pelos velhos foliões foi composto por pessoas que durante anos tiveram a oportunidade de celebrar o carnaval em seu local original, ou seja, a Fazenda Cresciumal e puderam, deste modo, vivenciar com maior proximidade o desenvolvimento do carnaval festejado. Este grupo contou com a participação de homens de variadas faixas etárias, os mais novos com idade variando entre 55 e 60 anos, enquanto que o mais velho completou 70 anos em 2017. Atualmente, ninguém desse grupo participa do desfile de carnaval trajando máscaras, somente atuam como colaboradores na organização e como jurados, ou mesmo só participando das brincadeiras de carnaval que ocorrem no momento do desfile. O segundo segmento, dos jovens foliões, contou com a participação de pessoas com idade entre 25 e 35 anos. Esses sentiram as transformações verificadas a partir da mudança do local do desfile, que passou a ocorrer no espaço urbano. Nesse sentido, sua escolha se justifica em virtude das percepções observadas pelos próprios foliões.

O segundo grupo (gráfico 3) estabelecido mediante a divisão feita por gênero, contempla a participação feminina. Procuramos assim compreender como os dois gêneros veem o desenvolvimento das atividades carnavalescas, e principalmente, como as mulheres viram sua inserção neste espaço festivo, visto que o ambiente carnavalesco, principalmente na Fazenda, era basicamente composto por homens. Há que se destacar

4

8

IDENTIFICAÇÃO DOS ENTREVISTADOS - Divisão por gênero

MULHERES HOMENS Cláudio Avanzo Geraldo Petruz Hélcio Rezende José Kilian Celso Rezende Ednaldo Petruz Anderson Kilian Jefferson Rezende Solange Kilian Monique Bezerra Bruna Quirino Jacqueline Bezerra

que é somente no decorrer dos anos 90 que as mulheres passam a serem vistas festejando o carnaval usando máscaras. Ao longo da história do carnaval da Cresciumal, homens e mulheres desempenharam papéis distintos. Foi observado que durante a maior parte do tempo de existência deste carnaval, as mulheres ficaram excluídas do desfile. As funções atribuídas às mulheres consistiam em costurar as fantasias e auxiliar os homens a finalizar o acabamento dos disfarces. Não havia participação feminina no desfile, somente a partir dos anos 1990 é que as mulheres passaram a participar. Entretanto, percebemos que, em um primeiro momento, apenas crianças e adolescentes estavam inseridas no desfile. Em consequência disso, se faz necessário compreender como as mulheres viam o carnaval realizado na fazenda. Vale a pena destacar que, atualmente, com a ocorrência do desfile na cidade, o número de pessoas do sexo feminino tem aumentado a cada ano e, na categoria infantil, tem-se igualado ao número de meninos. A participação das mulheres e das crianças nesse ambiente carnavalesco será discutida em um ponto específico de nossa pesquisa. Assim sendo, justifica-se a escolha de tais indivíduos para o trabalho que objetivamos: analisar o carnaval de máscaras da Fazenda Cresciumal a partir de suas memórias. Destarte, “informantes válidos são, portanto, aqueles que, no momento histórico escolhido, tiveram vivência do que se procura conhecer, informantes que, porém, deveriam ter experiência de vida diversas uns dos outros” (QUEIROZ, 1991, p. 102).

Em um primeiro contato com os interessados em participar da pesquisa, procuramos explicar nossas intenções de trabalho e como ocorreriam as entrevistas, colocando assim o entrevistado a par de todo o processo. Foi apresentado a todos os participantes da pesquisa o Termo do Consentimento Livre e Esclarecido para que tomassem consciência da importância de sua participação, assim como de seus direitos9.

A produção de um roteiro pode proporcionar uma melhor estruturação e compreensão de determinados dados, levantados anteriormente, com as questões que se pretende investigar a partir dos relatos dos participantes da pesquisa.

Segundo Alberti (2013, p. 160):

Sua função é dupla: promove a síntese das questões levantadas durante a pesquisa em fontes primárias e secundárias e constitui instrumento fundamental para orientar as atividades subsequentes, especialmente a

9 Projeto aprovado pelo CEP/UNICAMP sob o parecer 2.338.093; CAAE: 69203917.2.0000.5404 em

elaboração dos roteiros individuais. [….] Trata-se de um esforço de sistematizar os dados levantados até então e de articulá-los com as questões que impulsionam a pesquisa.

Desta forma, a união desses elementos suscitará uma abrangente visão do objeto de estudo e daquilo que se almeja alcançar com a realização das entrevistas. É necessário frisar que nem todas as questões abordadas pelo roteiro terão peso igual para todos os depoentes, mas, ao mesmo tempo, como destaca Alberti (2013, p. 161), é importante “abarcar as questões que foram definidas como gerais a todos os entrevistados”. Assim sendo, “a unidade dada pelo roteiro geral permite que se identifiquem divergências, recorrências ou ainda concordâncias entre as diferentes versões obtidas ao longo da pesquisa, aprofundando-se as possibilidades de análise do acervo”.

Em nossa pesquisa, como já anunciamos, trabalhamos com vários grupos etários e com gêneros distintos com o intuito de abarcar diferentes versões sobre o mesmo assunto, fato este que nos possibilitou comparar pontos de vista distintos dados pelas diferentes posições ocupadas pelos informantes10.

As entrevistas realizadas ocorreram basicamente nas residências dos entrevistados, somente duas é que ocorreram fora de seus domicílios, a de Jefferson Rezende, que foi realizada no barracão, local onde ele tem trabalhado com a fabricação das máscaras, pois vale destacar que durante vários finais de semana, pude acompanhar

10 Durante o processo de construção desta pesquisa, principalmente na etapa de coleta dos depoimentos,

conseguimos estabelecer uma boa relação com o grupo de entrevistados. Após levarmos em consideração determinados critérios, definidos previamente, procuramos entrar em contato com esses indivíduos para esclarecermos os objetivos do trabalho. Em linhas gerais, todos os depoentes deram importantes contribuições à pesquisa. Ao longo de toda essa etapa, verificamos que algumas dessas pessoas se sentiram mais à vontade para compartilhar suas lembranças, nos fornecendo, portanto, valiosas informações, enquanto que outras, se mostraram um pouco mais fechadas, mais cautelosas em suas respostas. É evidente que, por terem mais vivência e maior conhecimento sobre o passado local, certas pessoas, possibilitaram maiores esclarecimentos e prestaram depoimento com maior riqueza de detalhes. Valorizamos aqui as conversas que tivemos com o senhor Cláudio Avanzo, que nos trouxe uma versão diferente dos demais entrevistados e a abertura concedida por Jefferson Rezende, que nos possibilitou estar junto ao processo de criação de suas máscaras, além de nos ter feito o convite para usar uma delas. Outra importante participação foi a de Hélcio Rezende, que por presidir a AMASC, nos viabilizou acompanhar as atividades promovidas por essa entidade. Seu Geraldo D. Petruz nos legou um rico material de pesquisa, pois seu relato acabou sendo também filmado, o que suscitou reflexões acerca da utilização deste tipo de mídia e como os entrevistados se portam nessas condições. E por fim, reconhecemos de igual modo, a relevante contribuição dada por Solange Kilian, Bruna Quirino e as irmãs Jacqueline Bezerra e Monique Bezerra, que atribuíram importantes visões sobre o carnaval festejado na fazenda.

grande parte do processo de criação das máscaras; e a de Hélcio Rezende, que a pedido do próprio entrevistado, foi realizada no Museu Histórico de Leme. A escolha do local se fez em decorrência do fato de ainda o depoente morar na Fazenda Cresciumal.

Outra questão também merece ser ressaltada: somente duas entrevistas – até o momento – é que ultrapassaram mais de uma sessão, enquadram-se nessa situação: Geraldo Donizete Petruz, e Hélcio Rezende. Nesses dois casos, as sessões extras ocorreram em virtude da possibilidade de ampliar as questões levantadas inicialmente pelo roteiro de entrevistas. No caso do Hélcio, a segunda conversa foi em decorrência das ações realizadas pela AMASC, associação por ele presidida. Já com relação ao outro depoente, Geraldo Donizete Petruz, optamos por uma nova conversa para mostrar a ele

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