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4. A VALIAÇÃO DE S OFTWARE

Para conceber um novo produto adequado às necessidades dos consumidores é necessário avaliar as potencialidades e impacto que este poderá ter na população alvo. Para tal, é necessário analisar alguns requisitos essenciais para que um novo produto pedagógico possa servir os seus intentos.

De acordo com Costa (1999) não existem muitos estudos que sistematizem a informação sobre a utilização pedagógica de aplicações multimédia, ao mesmo tempo que não existem critérios uniformizados para avaliar a qualidade pedagógica. Estes critérios de avaliação permitiriam concluir sobre o seu valor pedagógico, mas devido à evolução tecnológica não se tem realizado uma avaliação adequada dos produtos em suporte informático.

Uma das formas de avaliação de produtos informáticos poderá ser aquela que se centra nas características do produto permitindo observar o potencial pedagógico desse mesmo produto. Por outras palavras, baseando-se nas características de um determinado produto pedagógico é possível estimar de que forma esse produto pode ser utilizado na aprendizagem, e para desenvolver que tipo de competências, por exemplo (Costa, 1999).

Shackel (1991, cit. por Caldeira, 1998) lista como componentes principais na análise da concepção de um sistema informático: o utilizador, a tarefa, a ferramenta e o meio ambiente. Ao mesmo tempo, Caldeira (1998) afirma que a compreensão das características dos utilizadores e da sua interacção com os

sistemas era insuficiente, pelo que foi durante muito tempo omitida na concepção das interfaces, uma vez que o ser humano possui uma maior plasticidade de adaptação. No entanto, o mesmo autor considera que o utilizador é o mais importante na interacção homem-computador, o que o torna como elemento central na concepção do interface, e logo necessária a sua participação neste processo.

O autor Shneiderman (1987, cit. por Caldeira, 1998) recomenda que na concepção dos interfaces se atente a factores como:

- o formato dos menus;

- as mensagens e os cursores; - a terminologia e as abreviaturas; - o conjunto de caracteres;

- o teclado, terminal e dispositivos de controlo do cursor; - os sons audíveis e os toques;

- a formatação de ecrã e a utilização de janelas múltiplas;

- os tempos de resposta e a velocidade de apresentação da informação; - o uso da cor e sua inversão, contraste, efeitos de realce e de intermitência; - a entrada de dados e a formatação de dispositivos para a saída de dados; - a sintaxe, semântica e sequência de comandos;

- as mensagens de erro e os procedimentos de recuperação; - a ajuda e os tutorias;

- os materiais de treino e referência.

Os critérios de avaliação da usabilidade dos interfaces para Caldeira (1998) dividem-se em critérios gerais e específicos. No primeiro grupo incluem-se a eficácia, a capacidade de gerar aprendizagem, a flexibilidade do sistema e a satisfação de utilizadores específicos em determinado ambiente informático. O segundo grupo engloba o uso de diálogos simples e naturais, o uso da linguagem do utilizador, a consistência, a minimização do uso da memória do utilizador, o controlo das operações, o feedback, a ajuda, os atalhos, a

prevenção de erros e na sua ocorrência a existência de boas mensagens, a confiança no sistema e nos seus desempenhos.

Um estudo realizado por Kuittinen (1998) pretendeu introduzir novos critérios de avaliação de aplicações de instrução com suporte em computador baseadas em quatro âmbitos principais:

- a área temática – estruturas e tipo de informação, ilustração das estruturas de informação e relevância dos objectivos instrucionais;

- a instrução – motivação, visão geral dos conteúdos, pré-requisitos, objectivos de aprendizagem, estrutura, guia de utilização, interacção, feedback de instrução, repetição, prática e avaliação dos resultados da aprendizagem;

- a interface do utilizador – interactividade, elementos do ecrã e suas relações, cor, realces e estrutura;

- o pragmatismo (senso comum) – requisitos do equipamento e do software, recursos humanos, atitudes, documentação adequada que inclua instruções de implementação e utilização.

Em 2000, Pereira descreve alguns dos requisitos que devem ser analisados para se projectarem interfaces gráficos:

- listar as funções;

- definir a descrição funcional;

- desenvolver padrões que definam os ícones; - definir interacções multi e intermodais;

- definir estruturas de apoio que assegurem o uso autónomo para todos; - desenvolver sistemas adaptáveis a todos os dispositivos de input e permitir

diferentes modalidades de output.

A avaliação da qualidade da aplicação informática neste estudo será baseada, para além do que já foi revisto, na investigação recolhida e produzida no âmbito do projecto europeu PEDACTICE - Educational Multimedia in Compulsory School: From Pedagogical Assessment to Product Assessment, de 1998 a 2000. O Projecto PEDACTICE teve entre os seus principais objectivos, a

avaliação de software multimédia educativo, e para tal definiram-se algumas categorias de análise (Costa, 1999):

- Requisitos Técnicos - descrição do hardware e software necessário e viabilidade da sua utilização com o equipamento disponível, com custos razoáveis (equipamento requerido, informação técnica sobre o software e processo de instalação);

- Conteúdo da Aplicação - critérios relacionados com a qualidade e quantidade de informação disponível numa determinada aplicação (conteúdo: científico, sociocultural, étnico, ideológico e pedagógico; estrutura, organização, extensão e densidade da informação; domínio e complexidade do conteúdo);

- Aspectos Pedagógicos - verificar se a aplicação é clara, se está estruturada com base num determinado modelo didáctico e de aprendizagem e quais as suas potencialidades para uma utilização com fins educativos (público visado, contexto curricular de utilização, objectivos de aprendizagem, estratégias de exploração da informação, motivação, autonomia na aprendizagem, interacção social, formas e instrumentos de avaliação); - Interface gráfica - é constituída pelo que o utilizador observa no ecrã e pelas

potencialidades de comunicação e interacção que o sistema pode oferecer (zonas de comunicação e formas de representação da informação);

- Interactividade - maior ou menor riqueza dos elementos da aplicação que permitem diferentes formas e tipos de interacção do utilizador com o sistema (estrutura de comunicação, feedback, grau de participação e controle por parte do utilizador);

- Ferramentas de exploração - fazem parte integrante da interface do utilizador mas assumem uma importância enquanto ferramentas relacionadas com o acesso propriamente dito à informação disponível e instrumentos que permitem ao utilizador deslocar-se dentro da aplicação (mecanismos de ajuda, meios de navegação, sistemas de orientação, sistemas de pesquisa, registo de notas, impressão e exportação da informação);

- Usabilidade - medida da qualidade global do produto, avaliando transversalmente as relações entre os outros componentes considerados (necessidade, utilidade, flexibilidade, versatilidade, fiabilidade/solidez, facilidade de aprendizagem, valor atribuído ao conteúdo, satisfação global, documentação de apoio e avaliação global enquanto instrumento de aprendizagem).

4.1

Síntese

Como se pode concluir existem poucos estudos relacionados com a problemática da avaliação de software educativo. Em relação à avaliação destes produtos dirigidos a uma população especial, não foram encontrados quaisquer estudos.

Como pontos comuns aos diferentes estudos, os autores analisam a interface, a interactividade, a compatibilidade dos sistemas e as potencialidades dos sistemas para valorizarem os produtos informáticos concebidos com objectivos de ensino e aprendizagem de conteúdos.

O projecto de investigação que pareceu ser mais útil para a consecução deste estudo foi o PEDACTICE uma vez que a sua estrutura reflecte o que a maioria dos autores referem como importante para avaliar software educativo. Desta forma serviu como base para a estruturação do questionário descrito na segunda parte deste documento.

PARTE II

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