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Abordagem aos Serviços Educativos dos Museus Centro de Arte

CAPÍTULO II PARA UM EDUCAR COM ARTE: AS EXPRESSÕES ARTÍSTICAS

2.3. Olhar ao redor – exemplos inspiradores

2.3.3. Abordagem aos Serviços Educativos dos Museus Centro de Arte

Anne Banford (2007), numa das várias ações internacionais e nacionais que se têm vindo a desenvolver sobre a importância da educação artística, afirmou:

[…] para se ser capaz de providenciar programas de educação artística às escolas, é necessário o apoio de várias instituições. Portanto, parece que embora a implementação da política da educação artística comece com o governo central, é também necessário o apoio de um número de organizações não governamentais (ONGs) e de organismos culturais

(p. 4).

O Museu, como organismo cultural, deve incluir o valor e o papel da arte no desenvolvimento de capacidades cognitivas e sociais, encontrando soluções para a realização de atividades para um público muito jovem.

Em 1972, a UNESCO considera que o Museu é parte integrante da sociedade e uma instituição ao serviço da mesma, que pode empenhar-se na formação e consciência das comunidades.

Na conferência sobre O museu ao serviço do homem hoje e amanhã - o papel educativo e cultural do Museu9, mencionou-se que os museus não devem estar alheios à transformação permanente que se opera em todas as sociedades. A sua atuação deve basear-se nessa própria mudança com a finalidade de ter um papel socialmente interveniente. Desse modo, entende-se, que o Museu como instituição, deve ser um espaço capaz de se adaptar às necessidades socioculturais do indivíduo. A evolução do conceito de Museu alterou os focos centralizadores desta instituição, passando da exposição do objeto, para uma perspetiva construtivista, onde a interação das partes envolvidas sustenta a geração de conhecimentos.

A museum is a non-profit, permanent institution in the service of society and its development, open to the public, which acquires, conserves, researches, communicates and exhibits the tangible and intangible heritage of humanity and its environment for the purposes of education, study and enjoyment10 (ICOM, 2007).

9Assembleia-geral do ICOM, Nona Conferência Geral do ICOM, O Museu ao Serviço do Homem, Hoje e Amanhã: O Papel educativo e cultural do Museu. Grenoble-França.

10

O museu é acima de tudo um instrumento poderoso para a sociedade, onde esta se identifique e onde […] convierte en una inagotable fuente de estímulos que desarrolen el cococimiento y el pensamiento crítico y participativo de todas y cada una de las personas que se acerquen a él(Roncelo, 2007, p.7).

As diversas transformações sociais e culturais refletem-se nas instituições museológicas, nomeadamente, na própria criação de serviços educativos, cujo objetivo principal é divulgar as coleções dos museus a um público cada vez mais variado e numeroso.

A heterogeneidade desse público: estudantes; famílias; pessoa com deficiência e grupos entre outros submete os próprios museus a readaptações de atuação, direcionando ações educativas com sentido e especializadas a cada um dos grupos.

Para um destes grupos referidos, as crianças, a frequência de museus é mais um desafio para as instituições museológicas. Assiste-se por parte destas instituições à reflexão sobre as melhores formas de oferecer um amplo reportório para atrair este grupo de visitantes. Planificam e desenvolvem atividades de mediação dos objetos e obras de arte com este público através de atividades pedagógicas, culturais e artísticas, fazendo-o com uma prática importante e renovadora. Em muitos dos museus de arte constatamos que existe uma grande preocupação em levar às crianças, mais do que informação, a formação.

Atualmente, os serviços educativos destas instituições têm atividades que fomentam a interdisciplinaridade e o desenvolvimento de competências que vão além das da educação formal. As estratégias utilizadas são muito variadas: fornecem informações; criam propostas sobre assuntos variados. Mas essencialmente, pretendem auxiliar os visitantes a comunicarem com e sobre o que observam e a expressarem-se através de várias formas, nomeadamente, com recursos e estratégias relacionadas com as expressões artísticas.

Em Portugal proliferam bons exemplos de serviços educativos de museus aos quais não somos alheias, mas optamos por referenciar os do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian porque a sua programação é particularmente acompanhada por nós e afigura-se como uma opção no campo das boas práticas em educação artística.

A exploração de obras de arte através de uma aproximação lúdica, com a observação, o questionamento, a exploração de diálogos, o cruzamento de ideias e a emergência de significados, aliada à experimentação de materiais e técnicas, tornam- na como um desafio para a expressividade e criatividade das crianças. As atividades

que nos são propostas11 estimulam a aproximação a novas formas de olhar o mundo através das linguagens da arte, e servem-nos de inspiração à implementação de atividades e projetos na nossa prática pedagógica e à inclusão no Plano Anual de Atividades, de visitas de estudo a esta instituição12.

Sendo os museus espaços de encontro e reflexão, onde a dimensão criativa e produtiva é evidente para o desenvolvimento das crianças e jovens, a sua ligação às escolas é um fator decisivo para o sucesso das suas ações.

As atividades que aí se desenvolvem em parceria com as escolas, consideradas boas práticas, ajudam como elemento significativo noutras práticas, multiplicando caminhos de possibilidades e desafios.

11

DESCOBRIR, Programa Gulbenkian Educação para a Cultura (2012). Este programa foi criado em 2008, e tem como objetivo fazer da Fundação e do seu património artístico e natural um universo a desvendar, através de actividades pedagógicas que estimulem a compreensão crítica individual das várias artes. Fundação Calouste Gulbenkian, (2012, s.p.)

12 No ano letivo 2011/2012, planeámos uma oficina de artes plásticas, concebida e orientada por Margarida Botelho: Os quadros de uma Exposição. A partir da obra Quadros de Uma Exposição, do compositor Mussorgsky, procurámos na música pistas visuais para chegarmos até aos quadros de Viktor Hartmann, arquiteto e pintor seu amigo. Num percurso visual e musical, as crianças criaram a sua própria exposição, inventando novas histórias ―pintadas‖ a partir de sons.

CAPÍTULO III – O PROJETO VAMOS PEGAR O MUNDO COM AS NOSSAS