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CAPÍTULO III O PROJETO: VAMOS PEGAR O MUNDO COM AS NOSSAS

4.3. Sujeitos da pesquisa

4.3.1. Amostra para o inquérito por entrevista

Para o inquérito por entrevista, a opção que passamos a apresentar pareceu-nos ser, em primeira ordem, a mais adequada (tabela 6).

Crianças a frequentar a educação pré- escolar 4

Docentes de educação pré - escolar 1

Alunos do 1º ciclo (4 de cada ano de escolaridade) 16

Docentes do 1º ciclo 1

Alunas estagiárias da licenciatura em Educação de Infância, da Escola Superior de Educação de Santarém

Docente da Escola Superior de Educação de Santarém e supervisora de estágios da licenciatura em Educação de Infância

1

Representantes dos encarregados de educação dos 2 graus de ensino – pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico

2

Representantes da autarquia 1

Total 27

TABELA 6: SELEÇÃO SOBRE A AMOSTRA DA POPULAÇÃO PARA O INQUÉRITO POR ENTREVISTA

Verifica-se que o número de crianças a entrevistar é significativamente superior ao número de adultos. Tal facto foi sustentado na intenção em colocarmos o enfoque sobre o impacto do festival junto das próprias crianças, porque comungamos da mesma opinião que Formosinho e Barros (2004) sobre o papel ativo que as crianças devem ter na construção e desenvolvimento do conhecimento, o que implica, necessariamente, que as suas vozes tenham ressonância na avaliação de todos os projetos desenvolvidos, de maneira a ajudarem a projetar novos planos de ação.

De igual modo, num trabalho de investigação sobre uma ação educativa dirigida às crianças, deve reconhecer-se que as suas participações e interpretações são um contributo muito importante no desenvolvimento da compreensão critica do contexto de atuação:

[…] a participação infantil na organização escolar é um desiderato político e social correspondente a uma renovada concepção da infância como geração constituída por sujeitos activos com direitos próprios (não mais como destinatários passivos da acção educativa adulta) e um eixo de renovação da escola pública, das suas finalidades e das suas características estruturais (Sarmento, Fernandes, Tomás, 2007, p. 197)

Mas, para se entrar no mundo das crianças é preciso que exista uma relação de confiança, afeto e cumplicidade de modo a se ser aceite (Graue e Walsh, 2003). Baseadas nesse facto, para o processo de seriação das crianças da educação pré- escolar e alunos do 1º ciclo, pensámos adotar os seguintes critérios:

i. Crianças que estivessem bastante familiarizadas connosco, tenhamos sido, ou somos sua educadora de infãncia;

ii. Crianças possuidoras de especificidades comunicacionais habituadas, ou recetivas, a um trabalho de conversação.

No entanto, colocaram-se-nos questões éticas em relação a estes critérios. Como comunicaríamos a escolha de determinadas crianças e a preterição de outras? É que, como refere Alderson, (1995; 2004, cit. Soares, 2006, p. 34):

A inclusão ou exclusão das crianças na investigação deverão ser eticamente informadas, salvaguardando possíveis discriminações baseadas em critérios de competências, étnicos ou de estatuto social. Para além do mais, a referida selecção deverá decorrer também da implicação das crianças, pois por vezes, os critérios adultos, apesar de eticamente estarem bem-intencionados, são completamente desmontados com as diversas ordens sociais que caracterizam o grupo social da infância, para o qual tais lógicas são ultrapassadas pelas lógicas que regulam os quotidianos concretos.

Como não queríamos, de modo algum, correr o risco de outras crianças se sentirem marginalizadas, optámos por apresentar o estudo e formular o convite à participação a todas as crianças do jardim de infância onde exercemos como educadora de infância e a todos os alunos da escola do 1º ciclo com quem mantemos vínculos diários: pela utilização conjunta do espaço exterior; pelas visitas recíprocas às diversas salas para apresentação de trabalhos e pelo planeamento e concretização de projetos comuns.

Com esta estratégia apercebemo-nos que nenhuma criança se sentiu descriminada e os nossos receios iniciais, relacionados com o aumento de trabalho e os condicionalismos de agenda para tantas horas de entrevista, foram dissipados. Primeiro, porque nem todas as crianças aceitaram ― conversar connosco‖. As crianças mais velhas, do terceiro e quartos anos de escolaridade foram as mais recetivas, o que nas palavras delas representava um motivo de orgulho serem filmadas e poderem participar num ―trabalho da professora‖.

De seguida, como as entrevistas foram realizadas ao longo de um mês, tivemos oportunidade de gerir o nosso calendário com o das crianças, viabilizando dessa forma todos os encontros.

Por último, porque o tempo que passámos em contacto com elas foi muito enriquecedor do ponto de vista da troca de afetos e da captura de sentimentos, emoções, gostos, preferências e opiniões, que se traduziram numa enorme riqueza de informações.

Posto isto, comparativamente ao que inicialmente tínhamos previsto, o número de crianças não se fez representar num aumento substancial e, desse modo, conseguimos concretizar as entrevistas sem excluirmos nenhuma criança (tabela 7).

Crianças a frequentar a educação pré- escolar 6 Alunos do 1º ciclo (4 de cada ano de escolaridade) 18

Total 24

TABELA 7: CRIANÇAS ENTREVISTADAS

A um outro nível, quisemos que os restantes elementos da amostra representassem a comunidade educativa em que se inseriu o festival (tabela 6).

A escolha entre os docentes do pré-escolar recaiu sobre a educadora de infância coordenadora de ciclo (pré-escolar), responsável pela articulação entre este nível de ensino e os graus de ensino subsequentes, no Agrupamento de Escolas ao qual pertencemos, e que esteve a par da construção e concretização do festival. Pareceu- nos pertinente esta escolha, pois o festival embora tenha sido organizado por um estabelecimento de educação pré-escolar acolheu, diariamente, a participação de crianças do 1º ciclo.

Quanto à seleção da docente do 1º ciclo, esta recaiu sobre a coordenadora da escola que detém mais alunos e que legitimamente representava os outros professores.

A entrevista à aluna estagiária da licenciatura em educação de infância prendeu-se com o facto de ter estado diretamente implicada na organização e operacionalização do festival e ter sido uma, de entre as duas, que respondeu afirmativamente ao convite da participação neste estudo.

A entrevista à docente da Escola Superior de Educação mereceu interesse da nossa parte pois importava saber qual a importância destes projetos na formação das alunas estagiárias de Educação de Infância17, visto sermos cooperantes (supervisionamos estágios) desta instituição de Ensino Superior há largos anos.

Os pais foram selecionados de acordo com o cargo que ocupavam como Representantes da Comissão de Pais e tendo em vista a sua implicação mais direta

17 Atualmente, com a reforma dos cursos superiores [pós Bolonha], a designação deste curso passou

a ser de licenciatura em Educação Básica (1º ciclo) com mestrado em Educação Pré-Escolar, ou mestrado em Educação Pré-Escolar e 1º ciclo do Ensino Básico (2º ciclo).

no festival, com a captação de recursos materiais, financeiros e institucionais e disponibilidade na organização da logística.

Quanto à representante da autarquia, a presidente da Junta de Freguesia foi o elemento a apontar, pois participou no festival (já o tinha feito na primeira edição) e mantém uma relação próxima com o trabalho desenvolvido no jardim de infância.