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CAPÍTULO 4 – PERCURSO METODOLÓGICO

4.2 Abordagem e tipo de pesquisa

Na realização dessa pesquisa foi preciso conjugar as abordagens qualitativa e quantitativa. A utilização da abordagem qualitativa se justificou pela necessidade de desvendar os múltiplos aspectos que envolvem o objeto de estudo escolhido, os alcances e limites das estratégias de democratização do acesso utilizadas pela Universidade de Brasília na implantação da Faculdade UnB Planaltina, no período de 2006 a 2008. A análise qualitativa foi norteadora do processo de descoberta e conhecimento dos diversos contextos e implicações que envolvem esse tema.

Ao definirmos os objetivos da pesquisa, constatamos que a Universidade de Brasília carece de dados mais recentes do perfil socioeconômico de seus alunos, essenciais ao desenvolvimento do estudo em questão. Apesar de todos os anos ser editada uma publicação intitulada “Perfil Socioeconômico dos estudantes da UnB” os dados publicados não são confiáveis, pois, a quantidade de respondentes tem sido muito pequena nos últimos anos. Em alguns casos, cerca de 10% dos estudantes, um número insuficiente para se fazer generalizações67. Diante dessa constatação, foi preciso coletar esses dados a fim de obtermos resultados importantes ao alcance dos objetivos definidos.

Bauer e Gaskell (2000) entendem que a pesquisa quantitativa lida com números e modelos estatísticos para explicar dados, enquanto a pesquisa qualitativa lida com interpretações das realidades sociais. Todavia, esses dois tipos de pesquisa se complementam, sendo necessária uma visão holística do processo de pesquisa social, para que ela possa incluir a definição e a revisão de um problema. De tal modo, diferentes metodologias têm contribuições diversas a oferecer.

Por meio da abordagem quantitativa foi possível definir o perfil socioeconômico dos alunos sujeitos da pesquisa. Por sua vez, por meio da abordagem qualitativa identificamos a percepção de gestores envolvidos no processo de implantação do referido campus, a respeito das estratégias de democratização em curso na FUP. Conjugando as duas abordagens, foi possível identificar as interfaces existentes entre as estratégias de democratização e o perfil socioeconômico dos estudantes ingressantes no período de 2006 a 2008, possibilitando visualizar os primeiros resultados dessa expansão, em termos de democratização do acesso.

67 A partir de 2005, a UnB não distribuiu mais os questionários aos alunos. O instrumento foi disponibilizado

apenas na internet. Como não é obrigatório respondê-lo, talvez esse fator tenha contribuído para a diminuição do número de respondentes.

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Segundo Patton (1986) apud Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2004), a principal característica das pesquisas qualitativas é o fato de que estas seguem a tradição “compreensiva” ou interpretativa. Assim, partem do pressuposto de que as pessoas agem em função de suas crenças, percepções, sentimentos e valores e que seu comportamento tem sempre um sentido, um significado que não se dá a conhecer de modo imediato, precisando ser desvelado.

Dessa forma, a pesquisa qualitativa considera o pesquisador como o principal instrumento de investigação, além da necessidade de contato direto e prolongado com o campo, para poder captar os significados dos comportamentos observados. A natureza predominante dos dados qualitativos, segundo os autores, é a descrição detalhada de situações, eventos, pessoas, interações e comportamentos observados, citações literais do que as pessoas falam sobre suas experiências, atitudes, crenças e pensamentos, trechos ou íntegras de documentos, correspondências, atos ou relatos de casos.

Por sua vez, a pesquisa quantitativa tem caráter mais objetivo. Consoante Portela (2004), nesse tipo de abordagem, os pesquisadores buscam exprimir as relações de dependência funcional entre variáveis para tratarem dos fenômenos. Eles procuram identificar os elementos constituintes do objeto estudado, estabelecendo a estrutura e a evolução das relações entre os elementos. O instrumento mais comum de coleta de dados é o levantamento ou survey. Para análise dos dados, geralmente são utilizados programas padrões de análise estatística como o SPSS (Statistical Package for Social Sciences) e o SAS (Statistics for Social

Sciences).

As duas abordagens descritas nortearam a busca por informações in locu e a apreciação dos dados coletados, visando analisar os alcances e limites das estratégias de democratização do acesso utilizadas pela Universidade de Brasília na implantação da Faculdade UnB Planaltina.

Para esse estudo foi preciso recorrer à pesquisa do tipo descritiva. Para Martins Junior (2008), esse tipo de pesquisa “visa descobrir e observar fenômenos existentes, situações presentes e eventos, procurando descrevê-los, classificá-los, compará-los, interpretá-los e avaliá-los, com o objetivo de aclarar situações para idealizar futuros planos e decisões” (p. 83).

Quanto ao delineamento da pesquisa, optamos pelo tipo não experimental ou ex-post-

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direto sobre as variáveis independentes e a finalidade é analisar os efeitos decorrentes de um determinado fato, após ter ocorrido (GIL, 2007).

Utilizamos, também, survey ou levantamento para, principalmente, conhecer o perfil socioeconômico dos estudantes. Segundo o autor, esse tipo de delineamento caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Portanto, recolhem-se as informações necessárias ao estudo de um grupo significativo de pessoas para, em seguida, proceder à análise dos dados.

Nessa pesquisa, especificamente, procuramos obter informações do maior número possível de estudantes, dentro do universo selecionado, para constituir uma amostragem não probabilística ou survey por saturação, de forma que não foi realizada uma amostra dos alunos entrevistados, mas, buscou-se entrevistar a maior parte dos sujeitos. Logo, os dados obtidos são apenas ilustrativos e não representativos.

A utilização do tipo de pesquisa e dos delineamentos abordados visou atender os objetivos explicitados a seguir.

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