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APRENDIZAGEM DO LÉXICO EM PL2/PLE

4.1. Abordagem metodológica

Pretende-se, nesta parte prática, seguir uma metodologia e prática pedagógica cujos fundamentos assentem:

na abordagem comunicativa do ensino das LE, articulada com as linhas condutoras do ensino-aprendizagem por tarefas (…), incide fortemente no trabalho centrado no aluno, na procura de diferentes estratégias e de diferentes padrões de interação e numa diversidade de atividades que possibilite a autonomia, a produtividade e motive o discente na sua aprendizagem. (PINTO & MIRANDA, 2006:9)

A nossa abordagem procura associar a abordagem comunicativa (AC), ao ensino centrado no aluno e à planificação por tarefas, dando especial incidência ao léxico, pelo lugar que ocupa na aprendizagem de uma língua. Tivemos também como preocupação o uso e exploração de materiais autênticos em prol da aprendizagem de uma língua, levando a cabo uma reflexão partilhada sobre assuntos do mundo atual. No centro da nossa abordagem didática encontra-se o desenvolvimento da competência lexical, mediante um trabalho sistemático da palavra enquanto veículo de inovação e evolução linguísticas. (CORREIA & LEMOS, 2005, 7:11) Por trabalho sistemático da palavra compreendemos que isso implica abordar as fronteiras entre conceitos e significados; polissemia; relações semânticas; o significado afetivo; o estilo e registo linguísticos em que a palavra surge; as regras gramático-lexicais e a pronúncia.

Tendo em consideração a importância destes aspetos no ensino-aprendizagem do léxico, os pressupostos da metodologia didática por nós desenvolvida assentam na abordagem comunicativa do ensino das línguas estrangeiras (LEGUTKE & THOMAS, 1991), articulada com as linhas condutoras do ensino/aprendizagem por tarefas, Task-based

77 learning, (NUNAN, 1989 e SKEHAN, 1996) e o que defende o QECR: “por exposição directa ao uso autêntico da língua em L2” ou “por exposição directa a enunciados orais e textos escritos especialmente selecionados (p. ex.: progressivos) em L2 (‘informação/input inteligível’) (CE, 2001, 200:201)

Acresce ainda salientar que:

A progressão na aprendizagem de línguas é mais evidente na capacidade para se envolver em actividades linguísticas observáveis e para construir estratégias de comunicação. São, portanto, uma base prática para o escalamento da capacidade linguística. (CE, 2001: 90)

Os objetivos subjacentes à metodologia adotada consistem em:

a) promover a aprendizagem de uma língua estrangeira, combinando o desenvolvimento da competência comunicativa dos aprendentes (ouvir, ler, falar e escrever) com o conhecimento funcional do léxico da língua;

b) articular o ensino do léxico com os aspetos sócio-culturais da língua-alvo, incidindo na reconcetualização;

c) averiguar a dimensão e disponibilidade do léxico disponível; d) observar, refletir e avaliar a prática pedagógica desenvolvida.

Acrescente-se ainda que a orientação didática que estamos a seguir incide fortemente no trabalho centrado no aluno, na procura de diferentes estratégias e de diferentes padrões de interação e numa diversificação de atividades que possibilite a autonomia, a produtividade e motive o discente na sua aprendizagem. Os métodos e estratégias de aprendizagem devem considerar princípios gerais, como os referidos no QECR, que chamam a atenção para a importância de fundar o ensino nos interesses dos alunos, definir objetivos claros e realistas, pôr em prática métodos e materiais adequados e

78 avaliar programas de aprendizagem. Autores como Ana Isabel Andrade e Maria Helena Sá (2003) reforçam a questão do método, destacando aspetos tão importantes como a necessidade de se prestar mais atenção ao processo de aprendizagem do que ao fim para que ela remete, bem como de se incentivar o aluno a correr mais riscos, perdendo o medo do erro. Além disso, o professor de PL2/PLE deverá ter consciência da responsabilidade que tem ao optar por uma determinada atividade, pelas implicações que tem no processo de ensino-aprendizagem.

o professor tem, pois, de seleccionar e organizar actividades úteis porque trabalham os conteúdos pertinentes e porque são as certas e as mais adequadas relativamente aos momentos precisos dos percursos de aprendizagem dos alunos. É importante assim que esteja bem consciente dos custos cognitivos e também que reflicta sobre a pertinência das actividades que vai propondo em função do seu real significado para a construção da competência de comunicação em LE. Só assim poderá construir actividades úteis e rentáveis. (ANDRADE & SÁ, 2003: 141).

Concretamente, o conceito de competência comunicativa, de Hymes, complementado por outros autores, contribuiu bastante para o desenvolvimento de novas ideias no domínio do ensino das línguas estrangeiras, pois engloba tanto o conhecimento da língua como a capacidade de a usar (competência gramatical, sociolinguística, discursiva e estratégica, para uns; competência linguística, sociolinguística e pragmática, para o QECR). O papel do professor deverá ser, preferencialmente, o de quem se preocupa com o ambiente pedagógico e didático que favoreça a aprendizagem, procurando responsabilizar o aluno enquanto elemento ativo na procura de informação. Simultaneamente, o professor deverá ter em conta, sempre, os princípios orientadores da sua atividade – os objetivos, quer gerais, quer específicos, de acordo com as orientações das instituições de que depende. A aprendizagem da língua centrada no

79 desenvolvimento dos quatro domínios comunicativos (compreensão e expressão oral e escrita) e, segundo a abordagem por tarefas (NUNAN, 1989), nas diferentes competências (linguística, discursiva, estratégica, sócio-linguística, intercultural e de processo), foi acompanhada pelo estudo do funcionamento da língua. Os conteúdos gramaticais tratados nas três unidades didáticas foram levados a cabo segundo a orientação funcional do ensino da gramática, a fim de, como defende Inês Duarte (1991; 1997), servir a capacidade comunicativa e não para ser um propósito em si mesmo, diríamos que se aplicou com estes alunos a ideia de que o conhecimento do funcionamento da língua deve ser mais um “saber para” do que um “saber por si”. Cremos que é assim que ele se deve perspetivar no ensino/aprendizagem de PLE.