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DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 77 4.1 O QUE É CURRÍCULO E SUAS CONCEPÇÕES NA HISTÓRIA

5 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA-RS 111 1 MAPEAMENTO DO MUNICÍCIPIO E AS ESPECIFICIDADES DO

2.1 ABORDAGEM QUANTI QUALITATIVA

Considerando que se possuem os dados estatísticos educacionais, no âmbito quantitativo, referentes à educação infantil, no que tange ao número de matrículas e de instituições, localizadas no Brasil, no Rio Grande do Sul e no município de Santa Maria/RS, optou-se pela abordagem de pesquisa quanti-qualitativa para, assim, analisar os significados, as tensões e os movimentos curriculares da educação infantil.

Diante disso Fonseca (2002, p. 20) destaca que “[...] diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. [...]. A pesquisa quantitativa se centra na objetividade”. Nesta perspectiva destacou-se que os dados quantitativos foram utilizados para auxiliar na compreensão da educação infantil e dos movimentos curriculares, no âmbito nacional e municipal, para assim analisar as especificidades e complexidades, em relação ao número de matrículas e de crianças com o direito à educação garantido. Portanto, os dados quantitativos e qualitativos foram articulados com o referencial teórico estudado, no decorrer da escrita desta dissertação.

Com a pesquisa qualitativa buscou-se repostas à problemática de pesquisa e contribuindo assim, para os estudos alusivos ao currículo da educação infantil, principalmente no que concernem as crianças de zero a três anos, ou seja, etapa da creche, pois elas possuem o direito à educação, mas legalmente para esses sujeitos não é obrigatória. Neste sentido, dialogou-se com o referencial teórico estudado,

com a legislação pertinente e com os acontecimentos do cotidiano institucional pesquisado, observando e vivenciando este espaço, juntamente com as crianças e professores, para assim analisar os movimentos curriculares e os seus significados.

Conforme Trivinõs (1987), a pesquisa qualitativa emergiu na Antropologia, quando pesquisadores notaram que a cultura e as informações de determinados povos, não poderiam ser quantificáveis, mas necessitavam ser interpretadas e compreendidas. Diante disso, a tradição antropológica, fez com que a pesquisa qualitativa se tornasse conhecida como investigação etnográfica. Triviños (1987, p. 121) salienta que “[...] a participação do investigador como etnógrafo envolve-o na vida própria da comunidade com todas suas essenciais e acidentais. Mas sua ação é disciplinada, orientada por princípios e estratégias gerais”. Nesta perspectiva Minayo afirma que:

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como parte da realidade social (2010, p. 21).

Além disso, a autora destaca que a pesquisa qualitativa se divide em três etapas fundamentais, que são: fase exploratória, trabalho de campo, análise e tratamento do material empírico e documental. A fase exploratória refere-se à produção do projeto de pesquisa e os estudos relacionados com a temática escolhida. O trabalho de campo consiste em conhecer a realidade pesquisada, esta etapa é articulada com os instrumentos de observação, entrevista ou outros. A terceira etapa, que é a análise e tratamento do material empírico e documental, diz respeito ao conjunto de dados, portanto, realiza-se a compreensão e interpretação dos mesmos, articulados com os estudos teóricos.

Em relação à pesquisa qualitativa, também é possível afirmar que ela não é neutra, pois é fortemente influenciada pela lente teórica do pesquisador, ou seja, pelos estudos e autores que se utiliza na fundamentação teórica, mas pode-se destacar que as ações, os significados e os movimentos dos sujeitos e da realidade observada, são de extrema relevância e indispensáveis, pois estes são o foco principal da pesquisa, é através deles que se aprende e responde a problemática pesquisada, articulando estas vivências com os aportes teóricos. Segundo Creswell:

A pesquisa qualitativa é uma forma de investigação interpretativa em que os pesquisadores fazem uma interpretação do que enxergam, ouvem e entendem. Suas interpretações não podem ser separadas de suas origens, história, contextos e entendimentos anteriores. [...] os participantes e os pesquisadores realizando interpretações, ficam claras as múltiplas visões que podem emergir do problema (2010, p. 209).

Através desta breve explanação sobre o que é uma abordagem qualitativa, verificou-se que o pesquisador utiliza como dados os significados e as interpretações de uma determinada realidade, buscando compreender a mesma através do convívio, do diálogo e da observação no contexto pesquisado. Com esta abordagem não se possui como intencionalidade quantificar as situações e a realidade social observada, mas conhecer ela com profundidade conjuntamente com os sujeitos que estão inseridos neste contexto. Para isso, o pesquisador produz os dados de pesquisa no contexto dos sujeitos, vivenciando a realidade e os movimentos deste espaço. Creswell destaca que:

Os pesquisadores qualitativos coletam pessoalmente os dados por meio de exame, de documentos, de observação do comportamento ou de entrevista com os participantes. Eles produzem protocolo- instrumento para a coleta de dados, mas são eles próprios que coletam as informações. [...] coletam múltiplas formas de dados, tais como entrevistas, observações e documentos, em vez de confiarem em uma única fonte de dados (2010, p. 208).

Na pesquisa qualitativa utilizaram-se como procedimentos de produção de dados e técnicas que potencializam a percepção aguçada do pesquisador. Nesse sentido, a observação participante e a entrevista potencializam ao pesquisador entrar em contato com o contexto pesquisado e interagir com os sujeitos. Por exemplo, a entrevista que é realizada pessoalmente com os sujeitos estudados e no contexto em que eles estão inseridos, os documentos, que podem ser públicos ou privados, e materiais audiovisuais, que são as fotografias, filmes entre outros (CRESWELL, 2010) são possibilidades de imersão direta no contexto pesquisado. Portanto, por meio desta abordagem foi possível analisar os significados e as tensões do currículo da educação infantil, principalmente porque o estudo foi desenvolvido em uma instituição, que atende as crianças da educação infantil até o ensino fundamental, perpassando assim pelas duas primeiras etapas da educação básica.