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DESDOBRAMENTOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 77 4.1 O QUE É CURRÍCULO E SUAS CONCEPÇÕES NA HISTÓRIA

5 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA-RS 111 1 MAPEAMENTO DO MUNICÍCIPIO E AS ESPECIFICIDADES DO

2.4 FONTES DE PESQUISA E A PRODUÇÃO DOS DADOS

Yin (2010) destaca que na pesquisa do tipo estudo de caso, utilizam-se várias fontes de evidências, que contribuem e complementam os dados produzidos, entre elas o autor destaca: a documentação, entrevistas, observação direta e participativa, artefatos físicos e registros em arquivo. Para desenvolver este estudo optou-se por utilizar como fonte de pesquisa os documentos e os dados estatísticos educacionais, no que concernem as políticas e as especificidades da educação infantil. A produção dos dados foi realizada por meio de observações no contexto escolar, através de

entrevista semiestruturada com a coordenadora pedagógica e com questionário respondido pelas quatro professoras pesquisadas. Creswell (2010, p. 212) destaca que:

Os passos da coleta de dados incluem o estabelecimento dos limites para o estudo, a coleta de informações por meio de observações e entrevistas não estruturadas ou semiestruturadas, de documentos e materiais visuais, assim como do estabelecimento do protocolo para o registro de informações.

O autor afirma que os documentos são fontes de informação pertinente para uma pesquisa, pois representam dados criteriosos e são evidências escritas. Diante disso, utilizou-se como fonte de pesquisa os documentos5 relacionados à legislação educacional em âmbito nacional, que orientam a organização do currículo para primeira etapa da educação básica e os que afirmam o direito à educação para as crianças. Também foi utilizada a legislação de âmbito municipal e institucional, principalmente as Diretrizes Curriculares Municipais para a Educação Infantil do município de Santa Maria/RS e o projeto político-pedagógico da instituição pesquisada. Com estes documentos verificou-se o que estava explícito legalmente e as orientações destinadas para organização curricular, buscando articular estes aspectos com o referencial teórico estudado.

Yin (2010, p. 128) salienta que “[...] para os estudos de caso, o uso mais importante dos documentos é para corroborar e aumentar a evidência de outras fontes”. Assim sendo, na figura a seguir destacam-se alguns dos documentos que foram utilizados, como fonte de pesquisa para desenvolver o presente estudo.

5Quando me refiro ao termo documento em minha metodologia, é no sentido amplo, englobando

também as políticas públicas e os marcos legais, e não somente os documentos fornecidos pelo Ministério da Educação (MEC).

Figura 2 - Fontes de pesquisa documental.

Fonte: Elaborada pela autora, com base nos documentos que foram utilizados como fonte de pesquisa (2016).

Como fonte de pesquisa, também se utilizaram os dados estatísticos educacionais, os que se referem à primeira etapa da educação infantil (creche), com ênfase nas crianças de zero a três anos de idade, no que tange ao número de matrículas, de instituição e a quantidade populacional. Como fonte de pesquisa utilizaram-se o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul e o Observatório do Plano Nacional de Educação. Por meio, destes dados buscou-se mapear a realidade da educação infantil em termos estatísticos, tanto no âmbito nacional, estadual e municipal, para assim complementar os estudos referentes à primeira etapa da educação básica.

Severino (2007, p. 124) destaca que “[...] observação é todo procedimento que permite acesso aos fenômenos estudados. É a etapa imprescindível em tipo ou modalidade de pesquisa”. Sendo assim, um dos instrumentos utilizados para produzir os dados deste estudo, foi a observação participante no contexto escolar, especificamente em uma turma do berçário I e II, que atende crianças do zero aos dois anos de idade. Esta turma possui quatro professores, sendo dois no turno da manhã e dois no turno da tarde, apresentando funcionamento em turno integral. Para Yin:

A observação participante é uma modalidade especial de observação na qual você não é simplesmente um observador passivo. Em vez disso, você pode assumir vários papéis na situação de estudo de caso e participar realmente nos eventos sendo estudados. (2010, p. 138).

A observação participante proporcionou produzir dados mais específicos do contexto estudado, pois foi um momento em que a pesquisadora esteve mais próxima das crianças e dos movimentos da escola, reconhecendo assim, a organização dos espaços e dos tempos do contexto pesquisado. Além de vivenciar experiências diversificadas juntamente com as crianças, através da interação com as mesmas. Diante disso, Yin (2010, p. 139) afirma que:

A oportunidade mais diferenciada está relacionada com a capacidade de obter acesso aos eventos ou grupos que, de outro modo, seriam inacessíveis ao estudo. [...]. Outra oportunidade diferenciada é a capacidade de captar a realidade do ponto de vista de alguém “interno” ao estudo de caso, não alguém externo a ele.

Nesta perspectiva, destaca-se que com a observação participante foi possível a inserção de forma ativa no contexto escolar, podendo levar a pesquisadora a ser percebida como um sujeito da instituição e não somente como pesquisadora. Minayo (2010, p. 70) afirma que “[...] a proximidade com os interlocutores, longe de ser um inconveniente, é uma virtude e uma necessidade”. Por meio, da proximidade conseguiu-se aproximar-se das crianças, dos pais e dos professores, reconhecendo as tensões, os movimentos do currículo e estabelecendo diálogo com toda a comunidade escolar, ampliando o repertório de dados.

Através da observação participante, também foi possível reconhecer e compreender os movimentos curriculares, os desafios e as tensões encontradas no contexto escolar, principalmente em uma turma de berçário, de multi-idade. Diante

disso, verificaram-se as intenções pedagógicas e o comprometimento das professoras, pois, estavam sempre em busca de organizar espaços e tempos, que possibilitasse a construção do conhecimento, as mais diversas experiências e vivências para as crianças, visando a integração e o desenvolvimento integral desses sujeitos.

Conforme Triviños (1987, p. 153): “’Observar’, naturalmente, não é simplesmente olhar. Observar é destacar de um conjunto (objetos, pessoas, animais etc.) algo especificamente, prestando, por exemplo, atenção em suas características (cor, tamanho, etc.)”. Portanto, através das observações realizadas no contexto escolar reconheceram-se os movimentos curriculares, a organização do espaço e do tempo, o planejamento das ações pedagógicas, considerando os gestos, as falas das crianças e suas culturas, reconhecendo assim, as características, especificidades da instituição estudada e as interações estabelecidas entre as crianças e os professores.

Uma das fontes mais importante de informação para o estudo de caso é a entrevista. Esta observação pode ser surpreendente devido à associação habitual entre as entrevistas e métodos de levantamento. No entanto, as entrevistas também são fontes essenciais de informações para os estudos de caso. As entrevistas são conversas guiadas, não investigações estruturadas. (YIN, 2010, p. 133)

Como um dos instrumentos de produção dos dados, desenvolveu-se entrevista semiestruturada com a coordenadora pedagógica da instituição pesquisada. Triviños (1987, p. 152) afirma que “[...] a entrevista semi-estruturada na pesquisa qualitativa reúne condições que a individualizam em relação à entrevista não-diretiva e à entrevista padronizada ou estruturada. [...] obtém resultados verdadeiramente valiosos”. Na entrevista, a coordenadora pedagógica, expôs suas concepções e experiências referentes ao currículo da educação infantil, destacando pressupostos metodológicos e os referenciais utilizados para orientar as práticas pedagógicas que são desenvolvidas pelos professores da escola. Porque a:

[...] entrevista semi-estruturada, em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante (TRIVIÑOS, 1987, p. 146)

Sendo assim, organizou-se a entrevista semiestruturada, com algumas perguntas abertas, para guiar o diálogo com a coordenadora pedagógica da escola. Severino (2007, p. 125) destaca que: “De preferência, deve praticar um diálogo descontraído, deixando o informante à vontade para expressar sem constrangimento suas representações”. As perguntas para o roteiro da entrevista semiestruturada, foram elaboradas a partir das palavras-chave deste estudo, que são: Currículo.

Políticas Públicas. Educação Infantil. Creche. Através das questões e do diálogo,

que foi estabelecido com os sujeitos pesquisados, pode-se reconhecer e identificar as opiniões e as concepções sobre a temática pesquisada. Pois:

As entrevistas podem ser consideradas conversas com finalidade e se caracterizam pela sua forma de organização. Podem ser classificadas em: [...] (b) semiestruturada, que combinam perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se perder à indagação formulada (MINAYO, 2010, p. 64).

Além disso, utilizou-se um questionário com perguntas abertas, este foi respondido por quatro professoras da instituição pesquisada, as mesmas desenvolvem práticas pedagógicas com as crianças de zero a três anos de idade, ou seja, são professoras regentes na turma do berçário e/ou maternal. Conforme Martins (2006, p. 36):

O questionário é um importante e popular instrumento de coleta de dados para uma pesquisa social. Constituiu-se de uma lista ordenada de perguntas que são encaminhadas para potenciais informantes selecionados previamente. O questionário tem que ser respondido por escrito e, geralmente, sem a presença do pesquisador.

O questionário respondido pelas quatro professoras foi organizado pela pesquisadora. O mesmo era composto por treze questões abertas, em que possibilitava aos sujeitos dialogarem sobre as concepções de currículo, infância e políticas públicas para a educação infantil. Segundo Martins (2006, p. 37) as questões abertas são “[...] totalmente desestruturadas- perguntas que conduzem o informante a responder livremente com frases e orações”. Portanto, por meio do questionário percebeu-se o entendimento e compreensão de currículo da educação infantil, a partir das respostas e posicionamentos das professoras pesquisadas. As respostas obtidas, tanto no questionário, como na entrevista com a coordenadora, foram utilizadas no decorrer de texto, buscando articular com as concepções

construídas através da observação participante e dos estudos realizados no decorrer da pesquisa.

Na figura a seguir, destacaram-se de forma sintetizada os instrumentos de produção de dados, os espaços e os sujeitos de pesquisa, conforme a turma de atuação.

Figura 3 - Instrumentos de produção de dados.

Fonte: Elaborada pela autora, com base no percurso metodológico (2016).

Os dados produzidos e as impressões observadas foram, registradas no diário de campo. Para Minayo (2010, p. 71) o “[...] diário de campo, nada mais é que um caderninho, uma caderneta, ou um arquivo eletrônico no qual escrevemos todas as informações [...]”. A entrevista desenvolvida com a coordenadora pedagógica foi gravada e realizaram-se apontamentos dos aspectos e elementos chave no diário de campo. A partir destes registros analisaram-se os dados com profundidade, articulando os mesmos com o referencial teórico estudado e com as demais fontes de pesquisa.