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2 GOVERNOS LULA COMO CONTINUIDADE IRRESTRITA DO MODELO

5.1 ABORDAGEM TEÓRICA

Alguns conceitos empregados neste balanço da bibliografia merecem atenção especial, devido à larga utilização que aqui faremos deles. Por uma questão de método de exposição, optamos por desenvolver, na Introdução, apenas os instrumentos conceituais que compõem a própria estrutura analítica e expositiva do nosso trabalho, que são os conceitos de política econômica, política social e política externa. Eles fazem parte da estrutura da nossa análise bibliográfica. Assim como fizemos com estes, desenvolveremos, nesta seção, os conceitos de bloco no poder, hegemonia, equilíbrio instável de compromisso e autonomia relativa. Os conceitos que apareceram de maneira secundária para o desenvolvimento e compreensão desta seção da pesquisa já foram abordados diretamente em seus contextos específicos ou, quando necessário, desenvolvidos em notas de rodapé. Essas opções foram feitas para permitir ao leitor (a) uma leitura mais fluida.

Por bloco no poder, entendemos a unidade contraditória de todas as camadas, classes e frações da classe dominante de um determinado modo de produção em uma formação social específica, a fim do compartilhamento do poder político e da

manutenção de seus objetivos estratégicos em comum65. A unidade contraditória da classe dominante, especificamente no modo de produção capitalista, é garantida através do Estado capitalista que tem uma autonomia relativa, frente às classes dominantes e pode, por isso, definir uma estratégia de desenvolvimento econômico do modo de produção capitalista, mesmo que em detrimento dos objetivos de curto prazo das classes dominantes. O Estado capitalista é, por conseguinte, arena do conflito burguês, mas é também o ator que formula, estrategicamente, o desenvolvimento capitalista em determinada formação social. “Indica assim a unidade contraditória particular das classes ou frações de classe politicamente dominantes, na sua relação com uma forma particular do Estado capitalista.” 66

. Não se trata, entretanto, de um loteamento do poder político de um Estado entre as classes dominantes da formação social correspondente. Dessa forma, o Estado capitalista:

apresenta uma unidade própria, conjugada com a sua autonomia relativa, não na medida em que constituía o utensílio de uma classe, já politicamente unificada, mas na medida em que constitui, precisamente, o fator de unidade do bloco no poder. Não se trata, portanto, de forças sociais, repartindo entre si o poder institucionalizado; trata-se, sim, de várias classes e frações presentes no terreno da dominação política, que só podem, contudo, assegurar essa dominação na medida em que estejam politicamente unificadas. O Estado extrai a sua unidade própria dessa pluralidade de classes e frações dominantes na medida em que a relação entre elas, não podendo funcionar sob a forma de repartição do poder, necessita do Estado como fator organizador da sua unidade propriamente política. Essa unidade, realizada sob a égide da classe ou fração hegemônica, corresponde assim à unidade do Estado como fator de organização dessa classe ou fração. Nesse sentido, a unidade do poder de Estado reside, em última análise, na sua relação particular com a classe ou fração hegemônica, no fato da correspondência unívoca do Estado com os interesses específicos dessa classe ou fração. (POULANTZAS, 1977, p. 297-298)

O conceito de bloco no poder também está associado, portanto, a outro instrumento conceitual: o de hegemonia, o qual existe para designar a fração de classe que tem, dentro do bloco no poder, a capacidade de representar, necessariamente, duas

65 Agradeço aos jovens pesquisadores do Centro de Estudos Marxistas (CEMARX), vinculado ao IFCH- UNICAMP. Em reuniões coletivas que analisaram as obras de Nicos Poulantzas pude perceber, no decorrer dos debates, que o conceito de bloco no poder é um conceito desenvolvido para sanar os erros opostos e simétricos cometidos por Marx nas obras O 18 de Brumário de Luís Bonaparte e Guerra Civil em França. Nessas obras Marx oscila, na caracterização dos governos de Bonaparte, entre a fusão dos interesses das classes dominantes e a representação exclusiva dos interesses financeiros pelo bloco no poder. O conceito de bloco no poder permite avançarmos nas análises concretas à medida que capta uma representação prioritária (hegemônica) sem, no entanto, excluir os interesses das frações subordinadas. Não há, portanto, uma fusão das frações de classe dominantes e tampouco a exclusão da representação dos interesses subordinados do bloco no poder. Há uma unidade contraditória com uma fração que prevalece.

características possíveis da dominação política de classes67 dentro das formações sociais capitalistas: a capacidade de representar o interesse do povo/nação e a competência de garantir a dominância específica, entre as próprias classes e frações de classe dominantes, na sua relação com o Estado capitalista (POULANTZAS, 1977).

O conceito de hegemonia, na obra de Poulantzas (1977), aparece, por consequência, como um conceito que tem aplicação sobre as práticas políticas da classe dominante, mas que é revestido de dois sentidos. O primeiro, e não necessariamente o mais importante, indica a constituição dos interesses políticos das classes dominantes e sua relação com o Estado capitalista como representativo do “interesse geral” da nação. Essa prática tem como efeito o isolamento econômico e o aumento da dificuldade de organização das classes dominadas. Nosso trabalho se limitará, porém, à análise do segundo aspecto da prática política das classes dominantes, que trata do papel particular de dominação de uma classe, ou fração de classe, sobre as outras classes e frações de classe que integram o bloco no poder (POULANTZAS, 1977). Vejamos, nas palavras do autor, como ele conceitua a palavra hegemonia:

Ora, o conceito de hegemonia, que apenas aplicaremos às práticas políticas das classes dominantes – e não ao Estado – de uma formação capitalista, reveste dois sentidos: 1) Indica a constituição dos interesses políticos dessas classes, na sua relação com o Estado capitalista, como representativos de “interesse geral” desse corpo político que é o “povo-nação” e que tem como substrato o efeito de isolamento econômico. (...) 2) O conceito de hegemonia reveste igualmente uma outra acepção, a qual não é de fato indicada por Gramsci. Veremos, com efeito, que o Estado capitalista e as características específicas da luta de classes em uma formação capitalista tornam possível o funcionamento de um “bloco no poder”, composto de várias classes ou frações politicamente dominantes. Entre essas classes e frações dominantes, uma delas detém um papel dominante particular, o qual pode ser caracterizado como papel hegemônico. Nesse segundo sentido, o conceito de hegemonia exprime a dominação particular de uma das classes ou frações dominantes em relação às outras classes ou frações dominantes de uma formação social capitalista.” (POULANTZAS, 1977, p. 137-138)

Apesar do bloco no poder agregar o conjunto de toda a classe politicamente dominante numa formação social específica, ele permite que haja uma fração de classe dominante que consegue fazer com que o Estado exprima, prioritariamente, a sua dominação particular. Poulantzas (1977) não é, todavia, muito claro em suas obras, ao definir uma metodologia científica para que um analista possa identificar a dominação

67 Esse fato não exclui, todavia, a possibilidade de haver defasagem entre elas, de modo que nem sempre as duas funções sejam coincidentes na mesma classe ou fração de classe num mesmo período cronológico (POULANTZAS, 1977).

particular de uma fração de classe específica dentro de um bloco no poder de uma formação social peculiar e determinada. Sua elaboração teórica, portanto, não seria metodologicamente suficiente para servir a um dos propósitos deste trabalho: apontar a hegemonia nos governos Lula, através das análises elaboradas pela literatura selecionada e sistematizada.

Para tanto, somaremos à contribuição de Poulantzas (1977) os subsídios de Décio Saes (1989), que avança com a teoria daquele autor e nos mostra, de maneira mais desenvolvida, um meio pelo qual podemos detectar qual a fração de classe hegemônica dentro de um bloco no poder de uma formação social específica. A análise do fato, apontado por Poulantzas (1977), de que a fração hegemônica consegue que o Estado priorize os seus interesses específicos em detrimento dos demais interesses das classes e frações dominantes, fez com Saes (1989) chegasse à conclusão de que se trata, em especial, de fazer com que o Estado priorize especificamente os seus interesses na política econômica. Ou seja, o bloco no poder desenvolve políticas econômicas para a classe dominante, mas de maneira prioritária para a classe ou fração de classe hegemônica:

(...) no seio do bloco das classes dominantes, uma classe ou fração prepondera politicamente sobre as demais, na medida em que seus interesses econômicos são satisfeitos em caráter prioritário. Essa preponderância política de uma classe ou fração no seio do bloco no poder é designada por Poulantzas através do termo hegemonia. (SAES, 2001, p. 50).

Entendidos os conceitos poulantzianos de bloco no poder e hegemonia, podemos diferenciá-los dos conceitos de bloco histórico e hegemonia, desenvolvidos e utilizados por Antônio Gramsci (2002). Para esse autor, hegemonia se relaciona à hegemonia intelectual e moral que um grupo ou classe social exerce sobre o conjunto ou sobre parte importante da sociedade. É a proposta de uma nova relação entre estrutura e superestrutura, que tenta se distanciar da determinação da primeira sobre a segunda. Tenta mostrar, portanto, a centralidade da superestrutura na análise das sociedades capitalistas, que Gramsci denomina sociedades avançadas.

No contexto dessa nova proposta, a ideologia – que aparece como constitutiva das relações sociais - e a sociedade civil ganham lugares fundamentais nas analises, de maneira que a estratégia para a tomada do poder de Estado e a constituição de um novo bloco histórico, passa pela centralidade dessas categorias. Ademais, vale destacar que a hegemonia em Gramsci (2002) pode ser exercida mesmo antes da tomada do poder.

Nisso reside uma diferença significativa entre a hegemonia em Gramsci (2002) e a ideia de nação em Poulantzas (1977), que extrapola os limites do bloco no poder e é exercida no conjunto da sociedade. Para as classes dominadas, Gramsci (2002) entende que em grande parte das vezes é exercido o domínio e não a hegemonia. O exercício da hegemonia e do domínio consiste no que ele denomina supremacia:

(...) a supremacia de um grupo se manifesta de dois modos: como “domínio” e como “direção intelectual e moral”. Um grupo social domina os grupos adversários, que visa a “liquidar” ou a submeter, inclusive com a força armada, e dirige os grupos afins e aliados. Um grupo social pode e, aliás, deve, ser dirigente já antes de conquistar o poder governamental (essa é uma das condições fundamentais inclusive para a própria conquista do poder); depois, quando exerce o poder e mesmo se o mantém fortemente nas mãos, torna-se dominante, mas deve continuar a ser também [dirigente]. (GRAMSCI, 2002, p. 62-63)

O emprego do conceito de hegemonia, proposto por Gramsci (2002), também é, sem sombra de dúvida, de grande utilidade para o estudo das sociedades capitalistas. Avaliamos, contudo, que toda teoria deve ter uma técnica de pesquisa e que a técnica ideal para a avaliação da hegemonia no sentido gramsciano foge do desenho de pesquisa deste projeto, já que ele resulta em dimensões não desejadas e recursos metodológicos fora de nosso alcance como, por exemplo, a realização de surveys. Essa técnica de pesquisa seria capaz de fazer um levantamento a respeito da cultura e das ideias hegemônicas, mas demandaria tempo e recurso de que não dispomos. Faz-se necessário, todavia, citarmos, de maneira sintética, a elaboração e o entendimento do conceito de hegemonia em Gramsci (2002), devido ao fato de que essa palavra indica dois conceitos que diferem nas obras dele e nas de Poulantzas (1977). Daí, a necessidade de esclarecermos de qual conceito estamos lançando mão quando usarmos tal palavra no decorrer de nosso texto. Assumimos, desde já, portanto, que os conceitos de bloco no poder e hegemonia em Poulantzas (1977) serão utilizados por nós, por darem conta da analise do Estado capitalista, dos interesses estratégicos das classes dominantes e dos interesses da sua fração hegemônica dentro do bloco no poder.

Assim como fizemos com os conceitos, que nos auxiliarão na forma de exposição dos resultados de nossa pesquisa sobre o Estado capitalista e as classes populares na formação social brasileira no período dos governos Lula, cabe-nos, agora, a tarefa de expor alguns conceitos elaborados por Poulantzas (1977) e que utilizamos em nossa metodologia de pesquisa para a análise dos autores estudados.

Começaremos pela representação dos interesses das classes dominadas, que é uma novidade do Estado capitalista. A possibilidade dessa representação foi aberta, graças à característica particular que o tipo de Estado capitalista apresenta que é a autonomia relativa entre a instância econômica e a da superestrutura política. Devido a essa autonomia, o Estado tem a capacidade de permitir - dentro dos limites dados pelos interesses estratégicos do bloco no poder - concessões às demandas das classes dominadas que atingem determinado nível de pressão e de luta sociais. As lutas políticas das classes dominadas são reorientadas, assim, para as lutas econômicas e, por isso, permite-se o desenvolvimento de uma política social para essas classes. A ideia de nação e de representatividade do interesse geral de um determinado conjunto nacional não é, portanto, uma simples ideia mistificadora (POULANTZAS, 1977). Ela tem um lastro material que varia de acordo com a correlação de forças, é concreta.

As implicações que são decorrentes dessa autonomia relativa do Estado e das políticas sociais que dela são resultantes permitiram que Nicos Poulantzas (1977) elaborasse outro instrumento conceitual complementar, mas de igual importância: o de equilíbrio instável de compromisso. Esse conceito tem o intuito de sistematizar a situação concreta que resulta da existência de uma fração hegemônica dentro do bloco no poder; da necessidade de priorizar economicamente uma fração de classe em detrimento de outras frações de classe dominantes, mas também das concessões necessárias à absorção e à transformação das demandas políticas em demandas econômicas das classes populares. Tal conceito é sintetizado da seguinte maneira pelo autor:

1) Compromisso: na medida em que esse poder corresponde a uma dominação hegemônica de classes, pode dar conta de interesses econômicos de certas classes dominadas, eventualmente contrários ao interesse econômico a curto prazo das classes dominantes, sem que isso atinja o plano dos interesses políticos;

2) Equilíbrio: na medida em que esses “sacrifícios” econômicos, embora reais e criando assim o campo de um equilíbrio, não põem, enquanto tais, em questão o poder político, que fixa precisamente os limites desse equilíbrio; 3) Instável: na medida em que esses limites do equilíbrio são fixados pela conjuntura política. (POULANTZAS, 1977, p. 187)

Desse modo, acrescentamos que é, “por conseguinte, nítido que esse equilíbrio instável de compromisso de modo nenhum indica, segundo a imagem da balança, qualquer equivalência de poder entre as forças presentes” (POULANTZAS, 1977, p. 187). Ou seja, a utilização da palavra ‘equilíbrio’, na elaboração de seu conceito, não

nos autoriza, segundo o próprio Poulantzas (1977), a interpretação de que há uma equivalência de forças nessa relação política entre as classes dominantes e as classes dominadas.

A respeito da ausência de um equilíbrio entre as classes e frações de classe, chegamos ao debate sobre o fracionamento das classes sociais. Ele pode assumir diferentes características, a depender da formação social e da conjuntura concreta em que se realiza a análise. Entretanto, algumas variações são bem conhecidas e sabemos que os tipos mais comuns de fracionamento são os que ocorrem entre o capital interno e o capital externo em uma formação social determinada; ou entre o capital bancário e o capital produtivo interno a uma mesma formação social. Ou seja, pode prevalecer o fracionamento de acordo com a regionalidade do capital ou de acordo com o setor de acumulação do capital. Ainda há um terceiro tipo de fracionamento, que é transversal aos dois descritos, trata-se do fracionamento entre pequeno, médio e grande capital (FARIAS, 2009). A combinação dos tipos de fracionamento pode ser de grande valia para as análises das sociedades capitalistas, mesmo após o surgimento do capital financeiro68. A diferenciação entre as frações da classe dominante, desse modo, continua válida pelo fato de que:

o que é designado como “fusão” do capital industrial e do capital bancário não deve oferecer a imagem de um conjunto estreitamente integrado e isento, doravante, de contradições e de fracionamento; aquela e estes se reproduzem de fato, sob uma nova forma, no próprio seio do capital monopolista. De um lado, o capital financeiro não é uma fração do capital da mesma ordem que o capital industrial e bancário: é a figura de suas relações no próprio seio do processo de sua reunião, na sua reprodução. (POULANTZAS, 1975, p. 116)

Faz-se necessário que realizemos uma última observação conceitual a respeito dessa obra, que é importante, pois se trata de uma questão que se coloca em posição de destaque pela sua íntima relação que estabelece com a problemática da organização e eficiência política de classe e, por isso, de um conceito que nos será útil: o conceito de efeitos pertinentes.

Essa pertinência dos efeitos das práticas de classe, ou frações de classe, atua no campo da luta de classes, seja na econômica, na política ou na ideológica. Pode realizar, portanto, modificações nas estruturas econômicas, políticas e ideológicas. Os efeitos

68

Alguns autores desqualificaram as análises baseadas em frações de classe, por entenderem que com o surgimento do capital financeiro, que é a fusão do capital industrial com o capital bancário, não haveria mais possibilidade de analisar os interesses específicos de cada fração, ou seja, não há maneira de analisa- los em separado após a fusão citada. Para nós, trata-se de uma visão equivocada já que mesmo o capital financeiro possuiu um interesse dominante.

pertinentes sempre estão, portanto, vinculados a uma situação histórica concreta, a uma conjuntura específica. Com o conceito de efeitos pertinentes abre-se a possibilidade de analisarmos de maneira mais completa o fracionamento das classes sociais ao longo dos governos Lula, já que ele nos permite identificar as classes distintas; mesmo que elas não sejam classes autônomas e que não se expressem na cena política em partidos políticos próprios (POULANTZAS, 1977). Um conceito que nos permite tal análise nos interessa, à medida que temos, no Brasil, o caso dos trabalhadores informais que são classe distinta, mas não são autônomos e nem possuem partido próprio. Estão, portanto, dentro da condição necessária para que se analisem os seus efeitos pertinentes: ser uma força social, que tem sua existência econômica, refletindo em suas práticas políticas e ideológicas. Ou seja, que esteja produzindo “efeitos pertinentes” no processo político nacional. Esses efeitos podem se manifestar:

por uma importante modificação das relações de “representação” de classe, refletindo-se a existência econômica de uma classe através de mudanças importantes de estrutura ou de estratégia de uma outra classe, de tal modo que este possa, também, apresentar-se como representante da primeira, no caso em que este partido tem um papel importante na luta política de classes – caso mencionado dos whigs -; ou ainda através de um deslocamento da contradição no quadro da luta política das outras classes, etc. (POULANTZAS, 1977, p. 179)

Para nós é importante reter dessa passagem que a presença de uma classe, ou fração de classe, supõe sua presença ao nível político, mesmo que seja apenas através de efeitos pertinentes; ou seja, não há necessidade de organização de um partido próprio para isso. Portanto, esse instrumento conceitual permitirá, por exemplo, uma melhor análise sobre o conceito de subproletariado - empregado por Singer (2012) -, uma vez que essa fração de classe dominada não é autônoma e não tem um partido próprio que a represente na cena política, mas que, no entanto, indica ser uma força social capaz de produzir “efeitos pertinentes” nos resultados eleitorais, nas políticas governamentais e no próprio partido do governo, o PT.

Da mesma forma, o conceito de efeitos pertinentes também será útil para a análise da tese de Boito Jr. (2012). Além desse autor denominar e considerar a força social dos trabalhadores da massa marginal (o subproletariado, para Singer), também atribui importância, em sua tese, à fração da grande burguesia interna. Mesmo que ela também

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