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Face à especificidade do trabalho, nomeadamente ao nível da proposta realizada ao nível do fecho do ciclo desde a aquisição, leitura e processamento dos dados biométricos, a sua consequente classificação emocional e geração de conteúdos multimédia adaptados, é considerado relevante a dedicação desta secção, em exclusivo, à identificação e descrição de projectos relacionados que proponham, igualmente, uma abordagem global. Naturalmente que estas propostas contemplam, igualmente, metodologias para o processo de inferência emocional, e eventualmente, soluções de equipamento e produção de conteúdos que podem e devem ser analisadas de forma complementar àquelas já alvo de exposição em pontos anteriores. Como facto adicional, é importante, uma vez mais, realizar a devida contextualização cronológica da publicação destes trabalhos, de forma a correctamente enquadrá-los no tempo com o projecto BioStories.

Face ao exposto, e numa perspectiva de complexidade e completude crescente dos trabalhos a apresentar, importa referir os esforços verificados no sentido do enriquecimento das tradicionais interfaces e mecanismos de comunicação através da introdução de elementos demonstradores do estado emocional, de forma automática, tendo por base a leitura de sinais biométricos [121]. Com um objectivo similar, no entanto com o intuito mais particular da possibilidade de geração automática de conteúdos, aponta-se como exemplo o trabalho proposto no sentido da produção de composições musicais personalizadas, tendo por base a componente afectiva e emocional [122]. Realizando o salto semântico, previamente identificado, na mesma direcção, identifica-se a proposta de desenvolvimento de um gerador automático de conteúdos visuais, baseado unicamente em imagens, a partir da análise dos sinais fisiológicos [123]. Numa perspectiva mais próxima do BioStories, encontra-se os esforços desenvolvidos pelo Philips Lab, que para além das referenciadas Probing

Experiences, que se centram, nomeadamente, ao nível da utilização de sinais biométricos para

o desenvolvimento de um novo paradigma de interacção homem-máquina em que exista um real contexto emocional [124].

Num domínio distinto, porém complementar, encontra-se a utilização da informação contextual emocional, através da leitura de dados biométricos, para a sua inclusão em modelos emocionais de interacção, mormente através da sua incorporação em agentes virtuais ou na sua vertente física robotizados. Neste campo encontram-se os projectos de investigação relacionados com a promoção de modelos de relacionamento com ou sem conteúdos multimédia baseados em medidas de afecto indirectas, sem dados biométricos [125], ou a sua promoção e inclusão, providenciando o fecho do ciclo de informação quer em agentes virtuais, quer em robots [126][127]. Aliás, esta linha de investigação tem vindo, sucessivamente, a conduzir-nos para o campo da modelação de relações empáticas entre agentes sintéticos [128], e entre entidades artificiais e humanos [129], sempre mantendo a preocupação da inferência e modelação do estado emocional do interlocutor e agente de comunicação.

Pese embora as naturais possíveis derivas da linha de abordagem originalmente traçada pelo corrente trabalho, os trabalhos relacionados identificados providenciam uma clara tendência para a promoção de uma crescente e contínua dotação da interacção homem-máquina do contextos afectivos e emocionais em tempo real, tendo por base a aquisição multimodal de sinais biométricos [130]. Realizando uma análise similar mas atendendo ao processo cronológico que estes trabalhos apresentam, é de assinalar a consistente tendência para o interesse por entidades académicas e industriais por este domínio, sendo que se verifica a

clara aposta para a confirmação da metodologia que se propõe com o presente trabalho, baseando a análise no processamento de dados biométricos através de equipamentos de reduzida intrusividade, providenciando a definição de um contexto emocional útil a diversas aplicações, entre as quais a geração adaptada de conteúdos multimédia dinâmicos.

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Realizando uma referência sintética à análise efectuada respeitante à identificação de trabalhos relacionados, importa, primeiramente constatar o extremo dinamismo apresentado neste domínio particular. Tal facto é facilmente verificado pelas transformações apontadas apenas durante o início e o final do presente trabalho, período durante o qual diversas propostas inovadoras foram realizadas, ainda que não necessariamente numa perspectiva agregadora idealizada. Verifica-se igualmente, ainda que a um ritmo significativamente mais estável, a ainda falta de formalização consensual quanto aos conceitos e categorização de estados emocionais, pese embora a panóplia de trabalhos nesse sentido. Numa perspectiva mais tecnológica, regista-se, com agrado o crescente e contínuo interesse sério não só do universo académico de investigação mas também o investimento realizado por diversas indústrias neste contexto, deixando adivinhar a sua materialização e disseminação universal num horizonte temporal relativamente próximo. A conjugação de todos estes factores permite afirmar que o domínio no qual se enquadra o corrente trabalho é impresso a elevados níveis de dinamismo e fulgor, levando a crer que as opções tomadas nesta linha de investigação não só foram as mais acertadas, pelo menos do ponto de vista genérico, como os seus resultados serão certamente alvo de aplicação prática nos mais diversos domínios.

3 Arquitectura e Framework de Desenvolvimento do BioStories

Neste capítulo é alvo de apresentação detalhada a arquitectura genérica base da plataforma de desenvolvimento que serviu de suporte às actividades experimentais conduzidas, bem como à implementação de todos os protótipos do BioStories – a discriminar no capítulo seguinte. De igual modo, esta framework assumiu-se como o elemento catalisador para o surgimento de projectos paralelos, alguns deles de carácter inusitado, tal como é exemplo o projecto de controlo de rato por electromiografia.

A bem da melhor compreensão da temática abordada, opta-se pela estruturação do presente capítulo em duas secções, sendo a primeira dedicada à apresentação da filosofia subjacente à arquitectura definida bem como a enunciação dos elementos motivacionais conducentes à sua implementação; e a segunda de cariz técnico onde são expostas as opções estruturais ao nível da arquitectura desenhada bem como os principais objectivos alcançados e utilizações práticas definidas.